Capítulo 5 - A second date

1906 Words
Eu estava no banco de trás do carro de Austin, quieta e olhando para a janela e pensando sobre a noite que eu havia acabado de ter.  A essa altura, William deveria estar em um carro também, e eu não sabia pensar em outra coisa a não ser ele. Não conseguia parar de sorrir igual uma boba, e nem sabia tentar disfarçar para meus amigos não comentarem mas estava impossível. A noite tinha sido tão perfeita, ele tinha sido tão perfeito, que até parecia sonho. Depois do beijo, lembro que demos algumas risadas, contamos alguns fatos engraçados da infância, ele foi bem reservado mas contou algumas coisas, falamos sobre como grande parte dos jovens tinham problemas psicológicos, e confessamos que já fomos problemáticos um dia. Houve muita risada até chegar o fim do encontro, onde ele me deixou no estacionamento perto dos meus amigos e precisava ir. Enquanto esperávamos o carro, beijamos mais algumas vezes e ele me protegeu do frio num abraço quente e apertado, tão aconchegante que deu vontade de nunca mais soltá-lo. Eu só desejei ficar ali para sempre, e por fim ele abriu a porta para eu ir embora. Parecia até sonho, ele parecia um sonho. Eu havia passado por tanta coisa até chegar aqui que era até difícil acreditar que ele existia. Um rapaz doce, gentil, bem humorado e com gosto impecável para roupas. Fora que ele tinha o sorriso e os olhos mais lindos do mundo, nunca soube que o castanho podia ser tão espetacular quantos os dele eram. Em momento nenhum sequer comentamos sobre uma segunda vez, e durante todo o percurso de volta até o apartamento, eu vim torcendo para que houvesse uma outra vez, por que tinha sido bom demais para não continuar. Eu queria muito continuar... – Aya está quieta e sorrindo igual boba.- Ouvi Austin comentar, tentando me provocar. Não obtendo sucesso já que eu estava no mundo da lua e nada nem ninguém, mesmo Austin, poderia me tirar a paz que eu estava sentindo.  – Ele é o cara mais perfeito que eu já conheci.- murmurei, surpreendendo meus amigos com tamanha calma e recebendo um sorriso singelo de volta de Drey. – Você está apaixonada. – Completamente apaixonada.- admiti para ela, sorrindo pra mim mesma e voltando a olhar pela janela.- Ele é simplesmente... perfeito! – Vocês ficaram muito fofos juntos.- Audrey comentou, fazendo meus pensamentos voarem ainda mais longe, fazendo a imagem dele criar raízes no meu pensamento. William era meu mais novo escape. Me tirava do mundo real de uma forma que nem eu saberia explicar, aqueles olhos me tiravam de órbita e aquele sorriso? Ele parecia um anjo, com absoluta certeza Deus desenhou ele com as próprias mãos com todo o cuidado existente.  – Eu sei.- foi a única coisa que consegui pronunciar antes de ficar submersa a pensamentos e sonhos distantes. *** – Tenho que acordar cedo, tenho que acordar cedo, por que ainda estou acordada? - repito para mim mesma enquanto sirvo mais uma xícara de café e coço os olhos pela milésima vez naquela noite. Era plena três da madrugada, e eu estava parecendo uma coruja, não conseguia dormir de jeito nenhum. Meus pensamentos estavam longe, num certo rapaz de olhos castanhos dos quais eu me despedi á algumas horas no telefone, e talvez esse fosse o motivo pelo qual eu não conseguia dormir. Eu não me sentia assim a muito tempo, não sabia o que era gostar de alguém ou ao menos achar que gosta de alguém á um tempo, desde o que aconteceu com o Henry, desde o trauma que passei, tinha medo de me envolver com qualquer um. Mas mesmo com tanto receio eu ainda era uma garota boba que se apaixonava fácil, qualquer afeto de carinho, eu já estaria no mundo dos sonhos imaginando um futuro, um relacionamento, eu era precoce e sabia disso.  Talvez esse seja o motivo da insônia. Apesar de ter gostado muito do William, ainda tinha certo medo de que as coisas acontecessem como sempre aconteceram. Mas estava cedo para pensar nesse tipo de coisa, não estava? Saímos somente uma vez, estávamos planejando uma segunda ainda, não é como se fôssemos nos casar na semana que vem. Balancei a cabeça negativamente enquanto deixava a xícara vazia no meu criado mudo e me preparava para tentar dormir. Eram só pensamentos bobos, eu deveria parar de ser tão detalhista. *** – Parece que alguém teve uma noite ótima.- alfinetou John, assim que me viu bocejar pela centésima vez naquela manhã. Ele não sabia mesmo notar que eu não dava bola para as suas piadas sem graças. – isso se chama noite de insônia, acho que isso é péssimo.- murmurei indignada, não caindo nas garras malignas dele. Ele era um saco, vivia faltando por farrear. Não sabia muito bem por que ele ainda trabalhava aqui mas que isso atrapalhava minha vida, por que no final das contas, quem substituía ele era eu.  – de novo? - pergunta, ergo os ombros, indiferente. Devia explicações a ele desde quando?.- você devia fazer terapia. – tenho m*l dinheiro para me sustentar.- murmurei, – Mentirosa, você ganha uma fortuna.- me faz soltar uma gargalhada enorme, ironicamente. Ele mais que ninguém sabia que meu salário era uma merda.- está até de celular novo! – eu precisei trocar! Se eu ganhasse bem, teria tirado a vista, isso aqui custou minha vida por longos dois anos.- rebati, fazendo o mesmo rir pelo meu desespero. – 24 motivos para não sair do trabalho.- continuou e eu assenti indignada, apesar do aperto no coração que tive ao pensar dessa forma. Eu gostava dos Young e adorava trabalhar com flores. Não era difícil, não era cansativo e eu tinha os chefes mais legais do mundo.  Mas meu salário com certeza era o pior de todos e eu não queria ganhar 30 dólares por dia para o resto da minha vida. Tentei não aprofundar o assunto com John, apesar da conversa me manter bem acordada, não queria conversar muito. Eu precisava era de um bom café puro e forte, coisa que eu só teria daqui á 7 horas.                                                                                    *** Will: Podemos nos ver hoje? já estou com saudades =D Eu: Claro, me pega as 8pm? Olhei a mensagem na tela do meu celular assim que coloquei os pés para fora do trabalho e por algum motivo aquilo me deu energias. Só de pensar que eu iria vê-lo de novo me fazia sentir bem, e alegre. Gostava da sua presença. Corri para o apartamento, para tomar um banho e vestir uma roupa descente. Talvez até arrumar o cabelo melhor. Eu queria muito impressionar ele, por mais que ainda não entendesse o motivo dele ter se interessado por mim, eu devia fazer por merecer tal atenção. Estava sozinha em casa, meus amigos tinham saído, como sempre. Quase todos os fins de semana Audrey ia para a casa do Austin, ficar á sós com ele e outras vezes ficar com a família dele por pelo menos um sábado. O que eu sabia que ela não gostava muito, já que a mãe dele era religiosa e rigorosa. m*l ela sabia as profanidades que eles faziam aqui.  Ri sozinha enquanto terminava de por meus tênis e esperava o horário combinado com William. Não sabia onde exatamente ele estava me levando, mais vesti uma roupa simples, um jeans escuros, meu allstar preferido, e uma blusa preta com renda na manga.  Antes que eu pudesse pensar em algo o interfone tocou e eu corri para descer e atendê-lo. Eu sabia quem era e não conseguia esperar nem mesmo mais um segundo para vê-lo, ele me trazia uma paz inexplicável.  - Uau.- Comentei assim que vi o mesmo parado no portão. Ele estava lindo, e todas as garotas que passavam pela rua pareciam concordar comigo visto que não disfarçavam o olhar.- Onde vamos? eu estou tão simples, eu.. - Está linda, acredite. - Disse, abrindo seu sorriso branquinho e lindo, tentando me confortar. Não tinha como não se sentir bem ao seu lado. - Gosto de você por causa do seu jeitinho diferente. Senti minhas bochechas corarem ao ouvir que ele gostava de mim. Não tínhamos chegado ao ponto de elogios assim ainda, mas ouvir aquilo me deixou tão anestesiada que eu nem ligava estar tão simples ao lado de um homem que parecia um príncipe.  - E eu de você por seu jeito tão...- m*l percebi que estava quase falando bobeira, enquanto eu encarava seu peitoral na camisa polo, colada. Por que ele tinha que ser tão lindo? Era uma piada um homem como esse está dando atenção para uma garota como eu. Suspirei antes de terminar a frase e sorrir tímida ao subir meu olhar ao dele, e ver que o mesmo havia me pego encarado descaradamente.- Especial.  Ele decidiu por não responder, me vendo tão desesperada para fugir daquela confusão que eu mesma me menti, sorrindo divertido com minha confusão. Estendeu sua mão para mim e eu logo a segurei, o seguindo para onde quer que ele estivesse indo.  - O que você mais gosta de fazer, Aya? - Ele então falou, arrumando algum assunto para quebrar o silêncio, visto que eu não conseguia falar nem uma palavra.- Quero dizer, além de ler, escrever e fotografar.  E soltou um riso gostoso.  - Gosto de comer doces.- Comentei divertida, sendo sincera.- Você não imagina o quanto.  - Eu devo imaginar sim, pode apostar. - Ele responde, se divertindo as minhas custas. - Eu não comi muito doce na minha infância, minha mãe é bem rígida mas sempre que dava eu atacava a geladeira para comer bolo.  - Você era uma criança travessa então. - Quem me dera.- Ele falou, enquanto parava e me encarava docemente.- Vamos? E antes que eu pudesse perguntar onde, ele abriu a porta de um carro para mim, um Rolls-royce sweptail. Eu não pude deixar de notar que o carro era extremamente extravagante, era um carro que poucas pessoas tinham com toda certeza do mundo. Então assim que voltei a olhá-lo, ele ficou sem me entender. - Como? ... você?.. meu Deus..- Minhas palavras haviam se perdido na garganta. - O que foi? - Ele parecia muito confuso. Para ele andar num carro luxuoso como o dele parecia normal. O que para mim não era, nem um pouco.  - uau. - Foi só o que consegui expressar para lhe responder sem parecer uma louca interesseira. - Por que tamanha surpresa? - Talvez por que o valor desse carro consiga alimentar a África? - Murmuro irônica. - Ah não, vai por mim, demanda mais dinheiro. Mas meus pais sempre mandam o que pode.- Ele responde, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.  Encarei William por mais algum tempo, não me lembro o quanto, imaginando o que um homem como ele queria comigo. Eu não tinha nada, eu era uma pessoa perdida no mundo. E ele, bem ele parecia ter mais dinheiro que o presidente? Que futuro uma mulher como eu podia dar á um homem com tudo em mãos? Deixei um sorriso frouxo sair dos meus lábios para acalmar a situação.  Tudo bem, era só um cara com muito dinheiro. Nem todos são iguais, não é? Nem todos os cara ricos e bonitões quebravam corações, certo? Eu rezei todos aqueles segundos antes de entrar no seu carro. Rezei pra ele ser diferente do que Henry foi, não sabia se suportaria mais uma decepção. 
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