Onomatofobia

36| Ela o Levou Junto.

Meus olhos se arregalam, e eu olho para os lados a procura dos olhos verdes dele.

– Niall – chamo – John e Diana, eles, estão aqui...

– É, eu sei. E é por isso que você precisa sair daqui se não quiser participar da confusão – ele me puxa pelo braço, porém eu n**o.

– Eu não posso, Niall. Tio Will...

– Vamos logo, eu digo que você passou m*l e foi embo...

– Clhöe? O que está fazendo aqui?! – os meus olhos se arregalam e eu me viro para o dono da voz rouca atrás de mim – Por que está apertando o braço dela dessa jeito? – Styles repreende Niall que me solta engolindo o seco.

– Eu tenho que ir – anunciei, porém ele me barra.

– Eu não sabia que vinha – comenta.

– Eu também não sabia que você viria.

– Clhöe Querida, venha log... Harry? – Diana arqueia a sobrancelha e eu dou um passo para trás – H– Harry filho, você...

– Vamos embora Clhöe – Styles está mais surpreso do que Diana, porém dá as costas, dali com as mãos em meu ombro, me levando junto.

Ele morde o maxilar escondendo a mão no bolso da calça jeans.

– Harry espera! – grita e eu me viro para ela. Os olhos lacrimejando e a boca entreaberta.

– Styles – tento dizer alguma coisa, mas ele me interrompe.

– Vamos embora.

– Ela está te chamando.

– Não Clhöe, ela não está me chamando, agora vamos, embora. Não quero você perto dessa mulher – ele diz duramente.

Vejo John se aproximar dali e os seus olhos se arregalam junto com os meus. Ele segura Diana para que ela não se aproxime. Está paralisada, e eu me seguro para não chorar também.

Ele não pode saber que eu os conheço. Não agora que estamos nos acertando.

Caminho para fora da livraria junto com ele, em silêncio e o mesmo aperta meu pulso, como se eu fosse fugir se ele me soltasse.

Continuamos a andar por algumas ruas e ele desativa o alarme do carro.

– Harry! – alguém grita antes que eu entre dentro do carro – precisamos conversar – é John, com as mãos escondidas no bolso do casaco cinza de botões grandes.

– A gente não tem nada para conversar – disse ele ignorando o próprio pai.

– Só me dê cinco minutos – insiste John dessa vez segurando braço de Styles e eu lança-lhe um olhar repreensivo para que nos deixe ir.

Dou um passo para trás, porém Styles faz um gesto para que eu entre no carro e eu faço.

– Já passou um minuto. Você só tem quatro – Styles informa fazendo John soltar um longo suspiro.

– Nós sentimos sua falta. Sua mãe precisa de você Harry. Você não pode simplesmente ignorá-la.

– E o que você quer que eu faça?

– Só volte para casa. Nós podemos superar o passado – Styles gargalha fazendo meu coração bater mais depressa.

– Não há nada para superar.

– Você sabe do que eu estou falando. Ela não vai mais voltar e você já é bem crescido para entender isso! – Agora já sei de quem Styles puxou a parte de tocar no ponto fraco das pessoas.

– Você não tem o direito de falar dela! Você a matou!

– Não havia mais o que fazer.

– Os seus cinco minutos já terminaram – Styles abre a porta do carro para entrar, mas John o segura novamente.

– Escute, você não pode fazer isso Harry! Você não pode passar o resto da vida me culpando! Culpando a sua mãe! Ela é a sua mãe m***a! Será que você não vê o que está fazendo?! Está acabando conosco! Já fazem quatro anos! Quatro anos sem nos falar!

– Eu não ligo – seco. Rude. Direto. Styles.

– Acha que EMILLY ficaria feliz te vendo desse jeito?! – num movimento brusco Styles acerta o rosto de John com os punhos fechados e um grito agudo sai de meus lábios sem meus comandos.

Saio de dentro do carro correndo em direção aos dois que agora estão no chão. Styles está simplesmente socando o rosto do próprio pai. John por sua vez tenta segurar o filho. Sem sucesso, seu rosto em poucos minutos está sangrando e eu grito para que Styles pare. Também sem sucesso.

– Eu mandei você ficar na d***a do carro! – ele se vira para mim por um instante com os punhos fechados mas eu ignoro a ordem dele – entra logo no do carro c*****o! – ordena ele novamente e eu sinto cada músculo de meu corpo se contrair.

– Harry para com isso. O que você está fazendo? – vejo John tentando segurar ele e minhas mãos atacam a mim mesma.

Estão cada vez mais forte. Cada vez piores. Machucando cada vez mais.

– Harry! As coisas não precisam ser assim – novamente John exclama tentando acalmar o filho.

– Não há mais o que fazer p***a. ELA morreu e levou Harry para o túmulo, deixando apenas um Styles para terminar a história.

As minhas pernas fraquejam me puxando para o chão, e minha cabeça bate no retrovisor do carro de Styles.

Vejo Niall surgir no final da rua e o loiro corre em nossa direção tentando tirar Styles de cima de John.

– Styles para com isso – Niall diz tentando tira– lo dali.

– Saia daqui Niall. Isso é um assunto só nosso – a voz de Styles entra pela minha audição estremecendo cada vez mais meu corpo.

Eu fecho os olhos com força me esquivando das suas malditas palavras.

– Cala a boca m***a – Niall vocifera – Pare com essa violência Styles. Tire Clhöe daqui – por um momento houve silêncio e os meus gritos quase inaudíveis de repente se tornaram um grande barulho ecoando pela rua escura.

– Styles, ela precisa de ajuda – Niall vem em minha direção tentando afastar minhas mãos que arranham meu rosto e por um minuto meus olhos se abrem encontrando pelo caminho Styles a me observar apavorado ao lado de Johm.

– Niall... – gemi sentindo seus braços me rodearem – Me tire daqui.

Styles vem em minha direção e eu me encolho sem ter controle dos meus movimentos.

– Clhöe – ele me chama – eu não quis...

– CALA A SUA MALDITA BOCA! – ele arregala os olhos assim que grito e eu mordo o lábio.

– Vem Clhöe, eu te levo para casa – Niall me estende a mão.

– Eu levo ela – Styles repreende.

– Não – n**o – Fica aí por favor – levo as minhas duas mãos até seu peito o impedindo de se aproximar do carro.

– Cara, acho melhor você ir para casa esfriar a cabeça – Niall sugere – Me dê a chave do carro – pede. Styles n**a por um instante, um longo suspiro sai de seus lábios e ele acaba entregando.

. . .

"(...) levou Harry para o túmulo, deixando apenas um Styles para terminar a história!"

Cubro o rosto com a mão tentando abafar meus soluços e vejo Niall tirar os olhos da estrada para me olhar.

– Vai ficar tudo bem Clhöe – divaga.

Não há mais o que fazer...

Não há mais o que fazer...

Não há mais o que fazer...

Emilly está morta...

Não existe mais Harry....

O celular de Niall toca e sem demora ele atende.

– Oi – diz ele – Estamos quase chegando... Acho melhor você ir para casa cara, ela não está bem.... Eu sei, eu sei, dê um tempo para ela... Tudo bem espere um pouco – ele faz uma pausa para me olhar e me entrega o celular – Styles quer falar com você – diz receoso e eu pego o aparelho digital.

– Clhöe você está ai? – ele pergunta mas estou ocupada demais em acalmar meus soluços e não respondo – eu juro que não queria falar aquilo... – houve silêncio do outro lado da linha – eu...eu não sei mais o que dizer, fala alguma coisa Clhöe, diz que está bem – dessa vez sua voz está embargada e me custa acreditar que ele vai chorar? – Clhöe? – ele me chama e eu entrego o celular de volta para Niall.

– Ela não quer falar – Niall responde e por fim desliga.

– Por que ele está fazendo isso? – pergunto e vejo Niall dar os ombros.

– Eu literalmente não sei Clhöe – confessa – Há um tempo atrás eu diria para você ficar longe dele, mas agora não sei mais. Você faz bem pra ele, só que um deslize Clhöe, um mínimo deslize dele, pode machucar você – faz um pausa e ficamos em silêncio.

Depois disso houve silêncio. Niall tem razão. Um mínimo deslize, é o suficiente para ir tudo pelos ares.

Posso dizer que Styles é como o mar revolto, que não se deve chegar perto, caso contrário ele te afoga, te puxa para o fundo com todas as forças, entretanto eu estava lá, a deriva.

– Você vai ficar bem aqui sozinha? – Niall pergunta antes de destravar as portas do carro.

– Sim. Eu só... Am ... Só preciso tomar meu remédio e tomar um banho quente – digo abrindo a porta.

– A gente se vê.

– A gente se vê – me atrapalho para fechar a porta e acabo batendo a mesma forte demais.

Subo os pequenos degraus que levam á porta de entrada e em baixo do tapete, procuro a chave reserva, mas a mesma não está lá.

– Não, não, não, não, nÃo! – me desespero socando a porta e sobressalto para trás assim que a mesma se abre revelando o par de esmeraldas na minha frente.

– A gente precisa ter uma última conversa – é Styles dando passagem para que eu entre e os meus lábios se abrem para manda-lo ir embora, porém eu me impeço de fazer isso.