Rebecca e Adriano agiam apenas como bons amigos.
Eles passava bons momentos naquele que se tornou o seu local secreto, e apenas Jorge juntava - se a eles de vez em quando.
Ele notou que ao lado de Rebecca o seu melhor amigo ficava mais feliz e bem - disposto, e como resultado as suas notas nas provas eram excelentes.
E foi numa das pausas entre as aulas que ele decidiu falar com Rebecca que tornou - se também a sua melhor amiga.
- Becca! Posso falar com você?
- Claro Júlio. Senta. Está tudo bem?
- Tudo ótimo. Aliás, o que eu quero é te agradecer.
- Porque motivo?
- Pelo bem que você faz para o meu amigo. O Adriano é como um irmão.
E desde que você entrou na vida dele muitas coisas mudaram e para melhor.
- A sério?! Mas o que eu fiz para isso acontecer?
- Você simplesmente apareceu. Ele adora você Becca. Mas sendo tão reservado, com certeza não dirá nada tão cedo.
- Nós somos amigos Júlio. Acho que isso é mais do que suficiente.
- Eu soube que foste embora da minha festa porque alguém te insultou.
- Já me esqueci disso. Lamento ter saído sem me despedir de ti.
- Tudo bem. Garanto que não volta a acontecer. Aliás, eu gostei demais do teu presente. Muito Obrigado.
- Nada por isso. E quais são os planos para as férias?
- Vou fazer uma viagem com a minha família. A minha irmã mais velha vai casar e a festa será na casa da nossa Avó que é dona de um vinhedo enorme no sul de França.
- Uau! Deve ser um lugar lindo.
- É mesmo. Mesmo indo lá tantas vezes, eu ainda fico deslumbrado com a beleza e tamanho do lugar.
- Posso imaginar. Eu adoraria poder viajar. Mas os meus pais não têm tantos recursos. Então apenas vou ficar com eles.
- Sabes! A minha irmã é uma excelente pessoa e adora fazer amizades. Aliás, ela mesma me deu permissão para levar mais três pessoas, ou melhor, três amigos.
- O que você quer dizer?
- Serei claro. Já fiz o convite para a Rita e para o Luciano. Eles estão preparados para ir comigo. Você aceita ser a minha terceira convidada?
- O quê? Estás a falar sério Júlio? Mas, eu nunca sai daqui. Nem sequer sei o que usar num casamento da alta sociedade.
- Por favor não exageres. Não tens que te preocupar com mais nada a não ser saber que nós vamos divertir. Ficaremos por lá duas semanas. E além disso, vamos voltar antes das férias terminarem e podes passar muito tempo com os teus pais.
O que você me diz?
- Eu aceito sim. Muito obrigada Júlio. Mas, como faço para obter o visto?
- Eu cuido disso. Só tens que me dar alguns documentos. Enviarei uma mensagem dizendo quais.
- Está bem. Eu vou ligar para os meus pais e contarei tudo.
- Achas que eles vão concordar?
- Não será fácil, mas eu já sou adulta e não vou pedir permissão. Apenas vou comunicar a minha decisão.
- Está bem. Eu tenho aula agora. Hoje á noite haverá um encontro na minha casa para falarmos sobre a viagem. Vou esperar você e a Rita às 19 horas.
- Está bem. Obrigada.
- Só mais uma coisa Júlio. Você teria convidado a Teresa? Ela é uma das minhas melhores amigas.
- Não. Eu não a convidaria porque não gosto nem confio nela. Ela me parece uma pessoa muito falsa. Desculpe, mas tudo nela me parece esforçado demais. Até mesmo a amizade que ela demonstra para você.
- Eu entendo. Aliás, a Rita e o Luciano também não gostam dela, e têm opiniões como essa que acabaste de dar.
- Então vou te dar um conselho.
Tenha cuidado está bem. Não olhe para ela pondo a vossa amizade em frente. Seja objetiva. E talvez você seja capaz de ver o que nós também vemos. Até mais tarde.
Becca ficou pensativa com as palavras de Júlio. Ele tinha sido bem directo e sério nas suas palavras.
- Becca?! Estás bem amiga?
- Teresa! Não ouvi você chegar.
Sim. Está tudo bem. Só estava pensando no meu plano para as férias.
- O que vais fazer?
- Vou ver os meus pais. Mas não ficarei com eles. Farei uma viagem de duas semanas em breve.
- A sério!? E quando pensavas me contar?
- Ora amiga. Ainda não está nada certo. Por isso tenho que falar com eles. Foi um convite da minha madrinha e não pude recusar.
- Legal. Eu também vou para casa.
Mas, passarei muito tempo na praia.
- Que óptimo. Podemos combinar alguma coisa juntas nas próximas férias.
- Combinado amiga. E tens visto o Luciano?
- Algumas vezes. Com a chegada dos exames não temos falado muito. Mas soube que ele fará uma viagem com o Júlio.
- Uau! Você está bem próxima dos populares. Até a Rita fala comigo, mas é apenas porque você é nossa amiga.
- Não exageres Teresa. Tu também tens outros amigos. Eu realmente não me importo com isso.
- Eu sei querida. Mas, os meus outros amigos não são os mais populares da Universidade.
- É sério Teresa?! Eu realmente não entendo porque isso te incomoda tanto. Para mim eles são pessoas normais e não mais do que isso.
A diferença é que são de famílias com muito dinheiro.
- Eu também sou. Mas, não escolho amizades do mesmo círculo social.
Escolho as pessoas pela bondade de seu coração. Por isso somos amigas.
- Tens razão. Mas sabes de uma coisa?
Eu não trocaria nada do que tenho só para ter dinheiro. Eu sou muito feliz.
Dinheiro nenhum pode comprar isso.
Teresa percebeu o brilho nos olhos de Rebecca. Soube então que ela tinha realmente um bom coração.
Rebecca jamais ficaria com alguém por interesse na situação financeira, ao contrário de Teresa que estava disposta a fazer qualquer coisa para mudar a sua situação financeira, sem ao menos se importar com os membros da sua família.
*******TERESA
Teresa cresceu num lar cheio de amor. Sendo a mais velha de 4 filhos, ela começou a mudar a sua personalidade quando chegou na adolescência e foi para uma escola onde a maior parte dos jovens era oriunda de famílias muito ricas" A Elite da Alta Sociedade".
Sua mãe Mariana trabalha como Supervisora de uma Creche.
Ela dava a formação para as novas cuidadoras e ganhava um bom salário. Já o pai Fernando é funcionário de uma instituição bancária. A sua excelente habilidade para fazer contas impressionou os seus chefes e foi promovido.
Apesar de ver o esforço dos pais a ser recompensado, Teresa tinha vergonha deles. Ela se mantinha afastada de seus irmãos e fazia o possível para não ser ligada a nenhum deles.
Depois dela tinha nascido seu irmão Tomás que estava com 16 anos de idade e desejava ser arquitecto.
Depois dele estavam as gêmeas Maura e Paula ambas de 14 anos de idade.
A diferença entre as duas era bem duas pelo menos na questão da aparência.
Maura tem cabelo preto, encaracolado e longo. Com uma vibrantes olhos azuis, ela os escondia por trás de um par de óculos que em nada escondiam a sua beleza. Ela também é menos faladora que a irmã, mas tem poucas, boas e verdadeiras amizades. O seu sonho é ser Designer não apenas de interiores, mas também de calçados, roupas, jóias e acessórios.
Já Paula adora conversar. Tem o mesmo grupo de amigos que a irmã e um enorme coração. Ao contrário de Maura, seu cabelo é castanho cor de mel e também longo e encaracolado.
Ela adora deixar visível os seus olhos azuis e usa pintura que os deixam bem realçados.
As duas também têm em comum o facto de não terem uma boa relação com Teresa. Tomás é o mais ligado às duas e deseja que os três um dia sejam sócios, e ganhem muito dinheiro mas sem passar por cima de ninguém.
Durante o jantar o telefone tocou e Mariana foi atender.
- Alô!
- Boa noite Mamãe!
- Teresa!? Filha como você está?
- Estou bem Mãe. E vocês como estão?
- Estamos bem filha. Você vem mesmo passar as férias com a gente?
- Claro que não Mamãe. Eu já tenho planos e não pretendo mudar eles.
Eu venho por dois dias e depois farei uma viagem.
- Tudo bem filha. Me avise quando estiver para vir. Vou preparar o teu quarto.
- A Senhora chama aquele buraco de quarto?
- Muitas coisas mudaram nos últimos meses filha.NVocê verá com os teus próprios olhos. E tem mais, eu e o teu pai temos algo para você.
- Tudo bem. Eu venho na semana que vem após os meus exames.
Até mais Mamãe.
- Até mais filha.
Mariana sentou e sentia - se culpada por ver Teresa tornar - se uma pessoa má, mesquinha e ambiciosa. Ela criou ilusões na mente da filha e a mesma cresceu acreditando que podia ter tudo o que desejava. Só que Teresa não pretendia fazer nenhum esforço para isso.
- Mamãe! A Senhora está bem?
- Sim filho. Estou bem. É que sempre que falo com a vossa irmã eu me sinto m*l. Ela é assim por minha culpa.
- Não é verdade querida. Nós devíamos ter percebido. Além disso, temos outros filhos e nenhum deles é como a irmã.
- Ainda bem né Papai. Eu odiaria ser tão falsa como a minha irmã.
Não é mesmo Maura?
- Isso mesmo. Mas vamos esquecer a Teresa? O Jantar está perfeito Mamãe.
- Obrigada meus amores. Vamos comer. Este é um jantar de comemoração pela nossa nova casa.
- Verdade Mamãe. E eu tenho óptimas notícias.
- Fale filho! Eu e a tua mãe queremos muito ouvir.
- Eu enviei a minha candidatura para as melhores Universidades de Arquitetura. E fui aceito na mais requisitada de todas. A concorrência é enorme, e ainda assim eu fui aceito em primeiro lugar. Como bônus não vou pagar a mensalidade, mas pretendo trabalhar para garantir as outras despesas.
- Isto é sério Mano? Parabéns. Você realmente merece.
- Obrigado Maura. Sentirei a vossa falta.
- Como assim filho? Qual é a Universidade em que você foi aceito?
- É a Universidade Amaral Gourgel Mamãe.
- Mas....Esta Universidade fica em Espanha. Não é mesmo?
- É sim Papai. E por isso eu me apliquei bastante nas minhas aulas de espanhol e também no curso. Posso afirmar com orgulho que agora sou bem fluente.
- Isto merece um brinde...- Paula levantou. Ao nosso irmão muito inteligente e que merece do melhor.
A família brindou por ser um momento feliz. Ao contrário de Teresa, os seus irmãos estavam a começar a viver momentos felizes que dariam espaço para outros ainda melhores.
Por outro lado, Teresa não imaginava o quanto a sua família tinha mudado.
Seus pais estavam a pagar uma nova casa e já tinham feito a mudança.
A casa era maior que a antiga que eles tiveram de vender para pagar a primeira parte. A mesma tinha 4 quartos, mas em breve o de Tomás ficaria vazio. Ele estava no final do seu ensino médio e se preparava para a Unidade.
O quarto de Teresa estava muito bonito e tudo foi feito do jeito que ela mesma iria escolher.
Suas irmãs partilhavam o quarto. O mesmo sendo enorme tinha espaço mais que suficiente para as duas.
Ao desprezar a sua família, Teresa estava a perder os momentos que poderiam ser muito importantes para o seu futuro.
O caminho escolhido por ela não foi melhor. E num momento ela iria descobrir por si mesma, que as consequências das nossas escolhas são bastante pesadas, mas que devem ser assumidas individualmente, não permitindo que outros recebam a culpa por algo acerca do qual não tiveram a responsabilidade.
A vida daria á Teresa uma boa lição de humildade.