Sinais & Armadilha

2382 Words
Para evitar escândalo, Marta não divulgou a notícia sobre o casamento do filho. Rebecca estava sem coragem de contar aos pais e decidiu esperar mais um tempo. Rita notou que a amiga estava mais forte e decidida. As suas notas continuavam a ser às melhores da turma e sem dúvida havia uma razão para isso. Durante uma pausa, as duas decidiram conversar sem ter Teresa por perto. - Becca! Você está tão diferente. - Estou feliz amiga. O amor que sinto pelo Adriano me deixa assim. - Que bom. E quando vais falar com os teus pais? Não deixes passar muito tempo. - Eu sei amiga. Mas a verdade é que estou com medo. O meu pai vai ficar furioso. - Entendo. Mas ele deve saber você. - Tens razão eu...- Rebecca então sentiu - se enjoada e correu para o banheiro. Rita a seguiu. - Estás bem Becca? - Sim amiga. Já passou. - Becca! Há quanto tempo te sentes assim? - Faz pouco tempo. Desde que... Não! É muito cedo. - Cedo para quê? - Tive um atraso amiga. E se eu estiver grávida? - Temos que ter a certeza. Vou comprar três testes de farmácia só para garantir. Por outro lado, Teresa já tinha começado a agir. Ela foi ter com Adriano e agia como se tivessem alguma i********e. Os colegas que viam isso começavam a comentar e alguma coisa chegou aos ouvidos de Becca. - Becca! Você ainda está com o Adriano? - Estou sim Tina. Porque perguntas? - Ele foi visto numa briga com a Teresa e pareciam bem próximos. - O quê?! - Verdade. Acho que eles têm alguma coisa. Becca foi ter com Adriano. - Amor! Você brigou com a Teresa? - Sim. Ela veio insinuar que você não é tão boa como pareces. Disse que te aproximaste de mim de propósito. - O quê?! Como ela foi capaz? - Eu a coloquei no lugar. Aquela garota é hipócrita Becca. Como a podes chamar de amiga? Becca foi então procurar por Teresa. - Teresa! Podemos falar? - Claro. O que foi? - O que você quer com o Adriano? Sabes bem que nós estamos casados. - Sim eu sei. Mas vocês mantêm isso em segredo. - Temos razões. É cedo para contar. - Ele não te ama Becca. Ele faz insinuações para mim. Quando ele diz que me odeia é tudo mentira. Becca foi embora. Durante o resto da semana ela ouviu versões diferentes da mesma situação. Estava confusa e não contou para Adriano sobre a sua suspeita. Quando tudo entre eles ficou melhor, eis então que surgiu algo que os faria pôr em causa a confiança presente no seu amor. Becca chegou em casa e tudo estava silencioso e escuro. - Adriano! Amor estás aqui? Como ninguém a respondeu ela ligou mas o celular dele dava desligado. Com o coração acelerado, Rebecca foi até ao quarto mas ele também estava vazio. Ela preparou o jantar, estudou e esperou por Adriano mas ele não apareceu. Preocupada, decidiu ligar para Júlio. - Olá Becca. - Oi Júlio. O Adriano está com você? - Não. Eu não o vi hoje. - A sério?! O celular dele está desligado e até agora ele não chegou em casa. - Se acalma está bem? Eu vou dar um jeito de o encontrar. Rebecca não conseguiu dormir. Ficou toda a madrugada á espera mas Adriano não apareceu. Cedendo ao cansaço, Rebecca foi dormir sem imaginar que o novo dia seria um verdadeiro pesadelo. Ao abrir os olhos e perceber que já tinha amanhecido, Rebecca percebeu um movimento estranho no apartamento. Levantou e foi até á sala. Marta estava lá sentada e parecia satisfeita com alguma coisa. - Marta? O que você faz aqui? - Bom dia. Eu vim falar com você. Tenho uma proposta que não vais recusar. - Estou ouvindo. - Sente - se! Ainda sou a tua sogra. - Mas a Senhora não tem o meu respeito. Onde está o Adriano? - Eu direi se você aceitar a minha proposta. Rebecca sentou e respirou fundo. Sabendo que a sua decisão também poderia acabar com a sua felicidade, ela se dispôs a ouvir o que Marta tinha a dizer. - Por favor fale. - Muito bem. Eu acredito que você ama o meu filho. E sei que por ele farias qualquer coisa. Então você vai cumprir com as minhas exigências. - Exigências? - Isso mesmo. Eu sei de tudo sobre você. Sei da dívida que o teu pai tem com o banco, e também o que vai acontecer se ele não pagar. - A Senhora está me ameaçando? - Claro que não querida. Estou expondo um facto. Você vai assinar o divórcio e deixar o meu filho livre. Em troca eu p**o a dívida da tua família, e você vai poder se formar numa outra Universidade. - Espere! A Senhora está a me expulsar da Cidade? É isso mesmo? - Sim. Sabes bem o quanto eu posso ser influente. Prometo que não farei nada com os teus pais. - Por favor seja mais clara. Vá directo ao ponto. - Certo. Eu mandei o meu filho para longe daqui contra a vontade dele. Não foi fácil, mas sim necessário. Fiz isso para impedir que vocês se preparassem contra mim. - Por favor diga as tuas condições. - Muito bem. Primeiro você vai assinar o divórcio e abrir mão de qualquer benefício financeiro. - Eu jamais aceitaria a sua esmola. Mantenha o seu dinheiro longe de mim. - Tudo bem. Você assina o divórcio, vai embora da cidade e não vai tentar nenhum contato com o Adriano. - Eu aceito as suas condições se aceitar as minhas também. - Estou ouvindo. - Muito bem. Primeiro eu assinarei o divórcio apenas diante do Adriano e sem testemunhas. Se for a vontade dele, eu assinarei sem objeções. Sim eu vou embora. Seguirei o meu curso em outra Universidade, mas não vou abrir mão da minha bolsa e seus benefícios. Eu a ganhei por inteligência. E tem mais: Se eu souber que alguém fez alguma coisa contra os meus pais, a Senhora vai se arrepender de ter nascido mulher. Marta apenas sorriu. Ela então levantou e olhou para Becca. - Está bem. Fale com o teu advogado. O nosso também vai cuidar disso. Os teus pais sabem sobre o casamento? - Não. E você não dirá nada ou então o acordo será cancelado. - Tudo bem. Em dois dias o meu filho volta com os papéis. Marta foi embora e Rebecca deixou as lágrimas rolarem. Estava presa e sem opções. O seu celular tocou e era Júlio. - Júlio! - Becca! Eu o encontrei. - A sério?! Onde ele está? - Numa casa fazenda. É da família dele e está sendo bem vigiado. - O quê?! Isto é obra da bruxa da Marta. Eu tenho que falar com ele. Por favor me ajude. - Eu vou tentar. Ligo em meia hora. Becca esperou. Júlio ligou mas não tinha boas notícias. - Lamento Becca. Não há forma de chegar até ele. - Como assim Júlio? Tens a certeza? - Infelizmente tenho. Mas eu prometo que não vou desistir de tentar. - Tudo bem. Obrigada. Becca desligou e passou a mão no seu ventre. Ela tinha uma vida dentro de si. Tinha que pensar nela e tomar uma difícil decisão. Marta fez Adriano sumir e ela não sabia o que fazer para falar com ele antes da assinatura do divórcio. Sem mais opções, Becca pegou nas suas coisas e saiu para a Universidade. Assim que desceu do carro, Rita correu para ter com ela. - Becca! Nossa amiga o que aconteceu? Cadê o Adriano? - Oi Rita. Eu estou tão m*l amiga. Mas podemos conversar mais tarde? - Claro. Vamos sair para almoçar juntas. O mais estranho é que a Teresa também sumiu. - Sumiu?! Desde quando? - Ontem de manhã. Ela simplesmente não apareceu em nenhuma aula. - Que estranho. Nós estamos meio tremidas e já nem sei se ainda somos amigas. - Sabes que nunca gostei dela. Mas sinto por saber que a vossa amizade está assim. - Obrigada amiga. Vou ver se ligo para ela no final das aulas. Assim vou me sentir mais aliviada. - Tudo bem. Espero você no estacionamento para o nosso almoço. - Certo. Até mais tarde. Cada uma foi para a sua turma. Becca estava a tomar um remédio para controlar os seus enjoos. Não queria que ninguém percebesse o seu estado. O almoço com Rita ajudou - a. Marta já tinha demonstrado que não estava para brincadeira em relação ao assunto do divórcio. - Tens a certeza que ela vai cumprir com a palavra? - Não sei amiga. Eu não confio naquela Mulher. Ela está disposta a tudo para me separar do Adriano. - É mesmo uma bruxa. Mas não te preocupes amiga. Eu vou te ajudar no que for necessário. ¹E quanto aos teus pais o que vais fazer? - Não sei. Já foi difícil não contar para eles sobre o casamento. Agora vou me divorciar e dizer que estou grávida? - O Adriano jamais vai aceitar este divórcio. - Eu sei que não. Mas, aquela mulher pode o obrigar a fazer isso. O Adriano assinaria se fosse para garantir a minha segurança. Mais tarde á caminho de casa, Becca tomou uma decisão importante. Tinha que pensar na segurança do seu bebé. Ele estava em primeiro lugar. Marta jamais saberia da existência dele. Jamais. *********DOIS DIAS DEPOIS Becca estava nervosa. Andava de um lado para o outro e esperava ouvir a campainha a qualquer momento. Finalmente ela tocou. Esperou dois minutos e só depois foi abrir a porta. Não ficou surpresa ao ver Marta. Ela entrou seguida por um homem que aprecia o advogado, e atrás dele estava Adriano. Ele estava calado e não conseguia olhar para ela. - Adriano! Meu amor o que você tem? - Vocês têm 5 minutos para falarem. Venha comigo doutor. Marta e o advogado foram até outra sala e deixaram o casal a sós. - Adriano! Por favor fale comigo. O que aconteceu? Como a tua mãe te obrigou a fazer isso? Onde você estava? - Pare Becca. Por favor pare de fazer tantas perguntas. - Como assim parar? A tua mãe trouxe um advogado para assinarmos o divórcio e você está assim? Não te vais defender? - Eu sinto muito Becca. Jamais tive a intenção de te magoar. - O Quê?! Como assim? - Ela não me obrigou a nada. Eu mesmo decidi me divorciar. - O quê?! E qual é a razão? - Não te posso dizer. Apenas peço que leias e assines aquele documento. Por favor confie em mim. Antes que Becca pudesse dizer mais alguma coisa a campainha tocou novamente. Ela foi abrir e era o seu advogado. - Doutor Rangel! Entre por favor. - Obrigado Senhora Velasco. - Tratou de tudo? - Sim Senhora. De acordo com as suas instruções. - Óptimo. Vamos sentar. Adriano! Por favor chame a tua mãe. Os cinco sentaram e os papéis foram colocados em cima da mesa. Marta levantou e foi embora. Sabia que a sua presença não era necessária. - Vou esperar por você lá em baixo filho. Becca pegou o documento e leu. Olhou para Adriano que sorriu para ela, mas não devolveu o sorriso. - A Senhora está de acordo? - Sim Doutor. Está tudo perfeito. Becca assinou e entregou para Adriano que fez o mesmo. O documento a seguir também foi lido e assinado pelos dois. - Adeus Adriano! Hoje mesmo eu vou sair daqui. - Não tem que ser assim Becca. - Mas será. Agora por favor vai embora. Não quero mais ver aquela mulher. Adriano saiu com o advogado. Ele não conseguia falar mais. Estava a fazer um grande sacrifício ao abrir mão do seu casamento com Becca. ***********ADRIANO Adriano caminhava para o seu carro quando notou um outro que parava ao seu lado. Não ficou surpreso porque reconheceu o carro da mãe. Ela desceu e deu sinal ao motorista para avançar um pouco. - Mamãe. - Bom dia filho. Podemos conversar? - Não há nada para falarmos. Estou ocupado. - Por favor. Só peço 5 minutos. Por favor. - Está bem. Peça ao teu capanga para me seguir. Marta subiu no carro e seguiu o filho. Ele parou numa cafeteria e desceu. Marta também fez o mesmo e sentou ao lado do filho. - Muito bem Mamãe. Tens 5 minutos e não te dou um minuto a mais. - Está bem. Eu exijo que você se divorcie daquela mulher. - O quê?! Quem é a Senhora para me fazer esta exigência? - Sou tua mãe. Eu não aprovo esta relação e não quero uma aproveitadora a usar o nosso sobrenome. - Aprovar?! Quem pediu a sua aprovação? Olhe bem para mim Mamãe. - Está bem! Então você vai assumir as consequências. - O que vais fazer? - Vou fazer o possível para acabar com a imagem dela. A reputação dela ficará tão manchada que mais ninguém a vai querer em sua vida. - Isto é uma ameaça Mamãe? - Sim é. E farei questão de a fazer cumprir. E tem mais, vou mandar os pais dela para morar debaixo da ponte. Eu os deixarei tão miseráveis que não terão nem mesmo um jornal para se cobrirem do frio. - Estás a falar sério? - Sim. Muito sério. E tem mais, não deves voltar para casa até o dia da assinatura do divórcio. Não vais manter contacto com ela. Nem mesmo uma mensagem. Tens que decidir agora. Caso contrário me bastará uma ligação e tudo vai começar. - Tudo bem. Mas vou no meu carro. E juro que vou m***r a Senhora se alguém tocar num fio de cabelo da Becca ou dos pais dela. - Você me mataria por causa dela? - Não tenha dúvidas disso. Você nem imagina do que realmente eu sou capaz para a defender. - Certo. Eu vou na frente. Adriano estava encurralado. Becca tinha razão. Ele devia ter prestado mais atenção ao comportamento da mãe. Estava tudo calmo demais e isto era muito suspeito. Agora era tarde. Ele teria que deixar Becca, mas tudo isso seria para garantir a segurança dela e da família. Mas Becca poderia entender?
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