Chapter II

2054 Words
Episode: Welcome to the Glass Palace - É adorável! Eu prometo. - Johanna dizia enquanto as criadas terminavam de guardar os pertences do garoto nas grandes malas de couro. - Imagine um formidável palácio, todo adornado de cristal, onde se relacionará com tantos príncipes diferentes, e até mesmo algumas princesas!  - Princesas? - Louis questionou surpreso, ajudando a dobrar suas vestimentas embora as criadas insistissem para não o fazer. - Era de meu achismo que fosse exclusivo a rapazes. - Bom, teoricamente, é. Mas são realizados múltiplos eventos formais em que convidam princesas de muitos reinos. Querem avaliar o comportamento de vocês na presença de damas.  Louis soltou um ruído como 'humf' em concordância ao que sua mãe o explicava.  - Como se esses rapazes precisassem de garotas para se satisfazerem... - Johanna murmurou debochada. As criadas ao seu redor seguraram visivelmente o riso. Louis se limitou a sorrir, negando com a cabeça. - Este seu jeito descabido e irônico fará-me falta, vossa majestade. - Tomlinson reverberou, aproximando-se da mulher de cabelos longos de cor semelhante aos seus próprios e olhos acolhedores, maternais.  Johanna seria o oposto de Louis. Ela estava sempre comentando, rindo ou contando histórias que escapuliam das normas de etiqueta esperadas. Havia algo em sua voz que sempre fascinou o pequeno príncipe, ela transmitia conforto como um raio de sol que queimava-o no interior. Intenso e despreocupado. - Espero um dia encontrar uma pretendente que se faça uma rainha como a senhora. - afirmou emocionado, impedindo que aquela saudade premeditada de passar três meses distantes de seu reino e família afogassem sua confiança. - Você diz, uma imprudente desmiolada? - Johanna sugeriu de bom humor, ganhando finalmente um riso de Louis. Ele não fora capaz de contê-lo, nem mesmo as criadas (que se desculparam envergonhadas por tal feito). - Não. - o príncipe garantiu, tomando as mãos de sua mãe com uma delicadeza exímia. -Alguém que saiba ser feliz sem se limitar por etiquetas. - Um tanto contraditório isso vindo do dono delas, não acha?  Outro sorriso ameaçou bordar os lábios finos do príncipe. Contudo, ele se manteve rígido e em silêncio. - Eu e seu pai nos conhecemos no Palácio de Vidro, em uma noite de gala promissora. Assim como seus avós paternos. - acrescentou a rainha. - Talvez a tradição esteja lá para nossa família. - piscou atrevida antes de selar carinhosamente a testa do filho e deixar o aposento para cuidar de seus próprios afazeres. *** Após os cinco dias restantes no castelo de Riverland e uma última celebração provida de bebidas e aperitivos em excesso aberto a todos do Reino, o aclamando príncipe - potencialmente futuro Rei - entrou na carruagem de elegante porte com o brasão da família esculpido: uma grande figura branca de bordas douradas e uma flor de lis central de ouro. Uma iluminura simplória e delicada que retratava fielmente a personalidade de seus líderes. Louis utilizou as muitas horas de viagem para divagar sobre sua família. Ele sorria dócil a cada memória saboreada. Crescer sendo o irmão do meio entre outros quatro era quase uma afronta ao seu lema de viver em extremos e evitando médias.  Embora, ele jamais ousasse reclamar. Acreditava que ter nascido exatamente entre todos os filhos o cedera a oportunidade de viver em constante aprendizagem e ensinamento, tendo a oportunidade de descobrir o mundo sob os olhos de Julian e Heric, e de introduzir o mundo para os olhos novatos de Chris e Roger. Fora espectador e protagonista no crescimento. E talvez isso o tenha rendido uma grande habilidade de avaliação externa e senso crítico. Além de, certamente, tornar-se o xodó da rainha, já que enquanto os dois mais velhos seguiam fielmente o pai para aprenderem tarefas de um rei, ele auxiliava a mãe na criação e supervisão dos menores. Houve uma fase complicada na vida dos residentes do suntuoso palácio. Louis recordava-se bem. Johanna havia engravidado pela sexta vez.  A parteira - amiga da família desde o casamento real - havia adiantado que seria uma menina. O formato da dilatação de Johanna indiciava algo e a parteira garantia que seria uma princesa. Não poderiam estar mais contentes. Uma pequena garotinha estava a caminho para uma família já imensa e repleta de amor.  Lottie foi o nome escolhido por Louis. Talvez ele tenha tido a intenção de alimentar um pouco o próprio ego ao selecionar um nome que parecesse derivar do seu. Ela seria sua garotinha, o príncipe sempre desejou uma irmã. Mas, com o surgimento de complicações puérperas, a rainha acabou perdendo sua filha, que nascera morta. Foi o primeiro grande choque no Reino em muito tempo de serenidade. Uma semana de luto, choros e lamentações. Louis, porém, manteve-se firme. Evidentemente triste em seu interior, contudo demonstrando-se otimista e sorrindo incentivador como forma de apoio para a desolada rainha. - Senhor? - uma voz masculina despertou-o do transe. - Chegamos. **** -  Este é o Salão dos Homens, vossas altezas têm acesso ilimitado a ele sempre que estiverem com tempo livre. - um cavalheiro francês chamado Don Luminiére guiava-os pelos cômodos. Louis admitia que o Palácio de Vidro, apesar de despojar de dimensões menores das que considerara, era excêntrico e confortavelmente fino.  Possuía um ar gracioso com quatro andares, tetos altos, cortinas de renda francesa, lustres de cristais nórdicos, móveis de madeira nobre, aparadores de mogno com anjos esculpidos, esculturas de mármore adornando os imensos salões e, sobretudo, os próprios 'vidros', que acabavam por nominar o 'Palácio de Vidro'. A maioria das paredes dos salões eram substituídas por janelas de vidro que íam do teto aos rodapés. Algumas salas não dispunham deles, de acordo com Don Luminiére eram escritórios ou recintos particulares, no entanto não teriam acesso a elas a menos que fosse previamente definido. No terreno adiante do jardim de inverno havia uma estufa de plantas raras, e no noroeste estava localizada uma igreja de teto feito de vitrais coloridos. Um ar divino, esquecido e afastado de toda a estrutura pomposa, que remetera a Louis um espaço aconchegante e pouco visitado. Perfeito. Ele decerto aproveitaria alguns dias para ler livros escondido naquela estrutura pragmática. Algo o remetia a paz, a qual prezava em demasiado. - Os cronogramas serão fixados na porta de vossos aposentos, onde haverão duas criadas particulares a sua espera, que lhe auxiliarão em todas as tarefas que forem solicitadas. - Conhecer-las-emos ainda neste dia? - um jovem interviu. Ele era alto, de corpo magro e fios escuros em um topete perfeito. Príncipe Zayn Malik, de Arlen.  Seus olhos agitados entregavam que sua inquietação seria algo a se trabalhar no processo de torna-los aptos para serem reis. Um rei deve manter-se calmo sob qualquer circunstância, distinguir inexoravelmente o exterior do interior, mantendo este recluso para si mesmo. Don Luminiére, contudo, não pareceu se incomodar. Quiça estivesse acostumado com o alvoroço dos primeiros dias de treinamento. - Sim, vossa alteza. - respondeu-o gentil, curvando-se em cumprimento real. - Elas já estão no terceiro andar, dos aposentos, arrumando as roupas de cama e os pertences que trouxeram de vossos reinos. Com um silêncio de concordância, o cavalheiro prosseguiu. - Como sabem, a Anistia dos Tronos é um acordo estabelecido há centenas de anos pelo rei Franco para com os reinos que são considerados amigos, nesta nação da Grã-Bretanha. Como forma de preservar a Paz entre ingleses e francos, determinara-se que cada príncipe escolhido para suceder o cargo do rei, de seu próprio reino, terá que passar por uma avaliação de três meses no Palácio de Vidro, monitorado por olheiros do rei franco, a fim de garantir que os selecionados serão aptos de redigirem uma nação em completa anistia com as outras.  Os olhos alheios brilharam em empolgação. - Para tanto exigimos que vocês sigam as regras, participem das atividades que visam melhoria da etiqueta, reforço acadêmico, e provas em que testaremos vossas capacidades de liderarem exércitos, trabalharem em equipe, arquitetarem planos de fuga, e principalmente, administrarem reinos, sendo bons anfitriões e líderes respeitáveis. Talvez os olhares agora estremecessem de medo. - Exigimos aquilo que se exige em qualquer rei: imponência, soberania e austeridade. Sendo inexoravelmente condenados atos de agressão, desentendimentos e ausência nas tarefas solicitadas. Isto é uma Escola para príncipes cujo seu encerramento se dará com uma cerimônia de valor simbólico que simula a coroação dos que passarem nas avaliações. Caso contrário vo- - Vocês voltarão para o vosso reino e tentarão no ano seguinte, novamente. - uma voz imprudente e desafiadora interrompeu Don Luminiére. Todas as cabeças voltaram-se imediatamente para o dono da inconveniente interrupção. E, sim, era exatamente quem esperavam ser. A lenda. O Príncipe de Malta. O garoto de altura exagerada, olhar predador e dissimulado, e esbanjador de uma pose incrivelmente insolente. Tudo sobre o príncipe Harry Edward Styles era um advérbio de modo. No caso, incrivel-mente. Uma incrível e repugnante mente. Sua reputação planava entre os reinos, deixando todos ali cientes de quem era. - Não acertei? - ele questionou em deboche, atuando uma careta confusa. - Jurava que seu discurso terminava assim, Lulu. Don Luminiére estreitou os olhos para a figura petulante, não se permitindo exaltar os ânimos. - De certo, vossa Alteza. - respirou fundo. Parecia desejar recobrar seus miolos, voltando-se para os demais príncipes. - Se não cumprirem devidamente as regras, acabarão sendo repetentes na Anistia dos Tronos, tendo seus irmãos representando-vos na próxima temporada, ou, se for por decisão do rei vigente, vocês mesmo retornarão no ano seguinte para tentar novamente. - Escola de Príncipes possuí o dom da reprovação, afinal. - Príncipe Harry murmurou, seguindo um risinho irônico. - Exato. Poderão vossas altezas acabarem falhando. - pronunciando tal frase Don Luminiére encarou com um pouco de firmeza um príncipe no meio de tantos. Um olhar específico para um príncipe específico. Poderiam-no descrever como um charmoso cavalheiro loiro, de olhos azuis e sorriso encantador. No entanto, tratava-se de Niall Horan, o futuro herdeiro do trono de Ravena, de origem irlandesa e fama manchada. Sabe-se que era a segunda temporada do príncipe no Palácio de Vidro e apenas isso. Não era comum que histórias feitas lá fossem esclarecidas para o exterior. No entanto, nada impedia que os reinos especulassem. A especulação mais aclamada se baseia em um fato: Niall odeia o príncipe Harry Edward Styles.  Sua aversão pelo outro é inegável tanto quanto a separação natural de água e óleo de cozinha em um recipiente. Ninguém efetivamente entende o porquê. E, apesar da curiosidade atiçar os ouvidos alheios, nada foi confirmado... Até então. Ao receber atenção dos demais o príncipe Niall Horan devolveu o olhar direto de Don Luminiére com seu rosto enrubescendo-se a medida que tomava consciência de quantos rapazes o avaliavam. Foi inevitável que se encolhesse um pouco, perdendo a postura ereta suposta para reis. - Ou, ao invés de repetentes. - Don Luminiére retomou sua fala. - Poderão se consagrar como verdadeiras mobílias deste palácio . Certo, vossa alteza?  Seu alvo era claro. Mas as palavras ácidas não diluíram a postura arrogante do príncipe Harry Edwart Styles, que imediatamente repuxou seus lábios em um sorriso divertido. - Ora, ora, eu os visito há cinco temporadas e já me consideram parte da equipe? Que grande honra, Lulu.  Sua réplica arrancara suspiros surpresos de todos os príncipes afetados. No entanto, Louis e Niall pareciam ser exceção. O príncipe Tomlinson flagrou Niall revirando seus olhos azuis de modo incordial e entediado. Ele próprio, embora, somente encarou o senhor Styles por breves segundos até retornar sua atenção a Don Luminiére, com uma serenidade intocável em seu rosto, como se estivesse assistindo a uma cena desinteressante e rotineira. Louis nunca fora de alimentar intrigas. Enquanto seus irmãos faziam ameaças uns para os outros ao disputarem com extrema competitividade quaisquer jogos em seus tempos de meninice, William costumava fita-los quieto, concentrado em sua própria vitória em vez de tentar inibir as dos outros. Agora não seria diferente.  Nada que acontecesse sem seu envolvimento, tomaria vossa participação. Tornar-se rei exigia plenitude. Certamente ele reparara na insolência sem tamanho do príncipe de Malta, porém nunca encaixara-se em sua persona julgar desnecessariamente. - Espero que esta sexta seja vossa última, alteza. - Don Luminiére disse sem se permitir abalar, devolvendo um sorriso quase natural e gentil. Encenado demais, embora.  - Quem sabe.  Harry Edward Styles lançou um piscadela audaciosa. E o mundo tremeu pela tempestade antecipada.
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