CAPÍTULO 5
MUITO DESAGRADÁVEL
Narrado por Isabelly
“Quando não há compreensão, fica muito difícil de conversar”
Eu levanto-me bastante irritada com as atitudes inapropriadas do Richard.
Não sei o que se passa com ele, pois ele nunca foi desagradável comigo, pelo contrário, sempre foi muito gentil e amável, por isso, estranho bastante a sua atitude grosseira.
— E então? — ele continua — Não me vais contar o que tu e aquele parvalhão tanto conversavam?
Eu volto a sentar-me, não quero mostrar a ninguém que estamos a discutir.
— Nada demais, ele apenas veio me desejar felicidades para o nosso casamento.
Richard não parece muito convencido.
— Sim, sei.
Eu volto a levantar-me, não tenho que estar aqui a aturar as birras de um homem feito.
— Olha, Richard, pensa o que tu quiseres, eu não vou ficar aqui a discutir um assunto sem nenhum sentido.
Viro-me e vou embora.
DOIS DIAS DEPOIS
DIA DO CASAMENTO
Narrado por Isabelly
“Que toda a humilhação seja transformada em muito mais coragem para vencer”
Desde a nossa discussão lá na esplanada, que eu e o Richard não voltamos a falar.
Hoje é o dia do nosso casamento e eu olho-me ao espelho e o que vejo refletido não é a imagem de uma noiva prestes a casar. Pareço mais uma noiva que vai para um velório, santo Deus me ajude.
Não contei a ninguém que nós os dois tínhamos discutido, guardei para mim, mas sinto um enorme aperto no peito.
Estou com um péssimo pressentimento.
— Credo, Isabelly, muda essa cara! — a minha mãe me diz ao ajeitar o meu véu.
— Estou com um mau pressentimento, mãe.
Ela olha para mim com o semblante preocupado.
— Como assim, filha?
— Não sei explicar, só sinto.
— Isso é nervoso de noiva, vai correr tudo bem, não te preocupes. Agora vá, coloca um sorriso lindo no rosto e vamos para a igreja.
Eu coloco sim um sorriso, mas bastante amarelo, um sorriso sem vontade nenhuma. A minha vontade é despir este vestido pesado e que me está a fazer um calor horrível e me enfiar na cama.
Esquecer do mundo por vários dias.
Mas saio do quarto em direção ao carro que me vai levar. Uma coisa desnecessária já que a igreja não fica muito longe, mas enfim.
O meu pai todo pomposo me leva como se eu fosse um troféu e aquilo ainda me aborrece mais.
Chegamos à porta da igreja e quando já estou com um pé de fora do carro o pai do Richard vem a correr.
O homem está suado, descomposto e bastante nervoso.
Ele me olha aterrorizado.
— Não saias do carro, Isabelly.
Ibstitivamente volto a colocar o pé que já estava cá fora, dentro do carro, assustada com o homem.
— Mas o que se passa, Frank? — o meu pai pergunta admirado.
— É o Richard.
— Aconteceu alguma coisa com o Richard? — pergunto assustada.
O pai dele me olha.
— Eu não sei, o Richard ainda não chegou, pensei que ele tivesse ido para a farra com os amigos e que viria depois direto. Mas os amigos dele já estão todos aqui e disseram que não estiveram com ele.
O aperto que sentia no meu peito intensifica-se.
— O QUÊ? — o meu pai fala enfurecido. — Frank, o teu filho não pode quebrar a tradição, ele vai desgraçar a minha filha.
— Calma, eu sei, eu sei. Já mandei irem à procura dele. O Richard vai casar com a Isabelly nem que seja amarrado.
— Se eles não casarem sabes muito bem o que vai acontecer, a maldição se concretiza, eles morrem.
— Eu sei tudo isso, caramba, já estou quase a ter um enfarte, calma, vão encontrar o Richard e eles casam.
O certo é que se passou uma hora e nada do Richard aparecer.
Via as pessoas cá fora a falarem sobre o acontecido, umas estavam apavorada, outras chocadas e outras sorriam maldosas.
Eu sentia-me como se fosse uma aberração em que a população gozava.
Meu deus, que vergonha, aconteça o que acontecer vou ser sempre lembrada da noiva que ficou a espera do noivo horas a fio a porta da igreja.
Richard me humilhou de uma maneira c***l.
Eu não merecia isto, toda esta vergonha, toda esta humilhação.
Ao fim de duas horas e depois de mais de metade dos convidados já se ter ido embora eu já não aguento mais, para mim chega de toda esta palhaçada.
— Eu quero me ir embora.
— Não, Isabelly, por favor! — a minha mãe me pede.
— Mãe, por Deus, estamos aqui há mais de duas horas e não há sinais nem da sombra do Richard. Será que vocês ainda não entenderam que ele não vai aparecer? Já viram o quanto eu me sinto humilhada por toda esta situação? Chega, eu vou para casa e se o carro não arrancar agora mesmo daqui eu saio e vou a pé. — falo decidida.
O meu pai faz sinal cá de fora e o carro arranca comigo e com a minha mãe lá dentro de volta à nossa casa.
Acabo por fazer o que tinha vontade antes de sair.
Arranco o vestido de noiva o mandando para o chão de qualquer jeito e enfio-me na cama.
Quero realmente esquecer o mundo.
Uma espiral de acontecimentos aconteceu depois desse dia.
Só no dia seguinte, o Richard deu as caras. Contou que não sabe o que aconteceu, que acordou na cidade vizinha, mas estava tão bêbado que não conseguiu sair da cama.
Os pais dele e ele vieram aqui na minha casa para acertarmos de novo o casamento, mas eu disse a minha mãe para lhes dizer que eu estava extremamente doente e que não estava em condições de receber e nem falar sobre nada.
Mas é preciso ter uma grande cara de p*u.
Uns dias depois atrevi-me a sair à rua e logo me arrependi, fui g****a por quase todas as pessoas que passavam e outras olhavam para mim com imenso dó, mais uma vez me senti imensamente humilhada e voltei para casa em lágrimas.
Não dá para viver assim.
E por tudo isso tomei uma decisão, que vou colocar em prática esta noite mesmo.