CAPÍTULO 2
OS NOSSOS SONHOS
Narrado por Isabelly
“Nunca mude seu jeito de ser. Quem gosta de você, não te modifica, te completa”
— Anda, quero te mostrar uma coisa.
Ele vem logo atrás de mim.
Nas traseiras da minha casa o pôr do sol é das coisas mais lindas de se ver. Parece um lindo quadro.
Nos sentamos lado a lado a contemplar aquela maravilha.
Ficamos calados por um momento, mas não um silêncio constrangedor.
Richard acaba por quebrar o nosso silêncio.
— Isabelly! Posso te fazer uma pergunta?
— Claro que sim, pergunta.
— Tu queres casar comigo?
Eu viro o meu rosto para ele.
— Claro que não, Richard! Além de ser muito nova para casar, tenho sonhos que não os poderei concretizar atrelada a um marido.
Ele volta a rir.
— E que sonhos são esses? Será que posso saber?
Eu olho de novo para a frente.
— Gostava de ser uma pintora, conhecida nos quatro cantos do mundo.
Nem sei porquê lhe confidenciei o meu sonho, nunca o disse a ninguém.
— Uau! — ele exclama admirado — Isso é um grande sonho.
— Pois é, talvez grande demais. — acabo por dizer triste.
— Acho que todos os sonhos devem ser seguidos, sejam eles grandes ou pequenos. — ele diz.
— Achas mesmo?
— Acho sim, e acho o teu sonho maravilhoso. Admiro muito uma pessoa que saiba pintar.
Eu sorrio, realmente o Richard é uma caixinha de surpresas.
— E tu? — pergunto para mudar o foco da minha pessoa — tens algum sonho?
— Gostava de ser escritor, vê lá tu.
Me admiro, nunca imaginei que ele quisesse ser escritor.
— Pareces admirada! — ele fala a sorrir para mim.
— Para te dizer a verdade, sim, não te imagino a seres um escritor. Diria que mais, deixa ver, professor de educação fisica.
— Professor de educação física? Ah não, isso não me atrai em nada.
Ficamos ali algum tempo a conversar alegremente, até que acabam por dar por nós e nos chamam.
A PROMESSA
Narrado por Richard
“Seu processo está te preparando para a promessa”
Hoje tive o prazer de conhecer um pouco melhor a Isabelly e fiquei deveras muito impressionado.
Ela é gentil, simpática, engraçada e muito bonita.
Bem, bonita eu já sabia que ela era, conheço-a desde sempre, mas nunca tive muito interesse nela. Talvez por saber que nós estávamos prometidos um ao outro, não sei.
Ali nas traseiras da sua casa, com o plano de fundo do pôr do sol seria bem romântico se nós fossemos apaixonados um pelo outro.
Acabamos por ser interrompidos por uma das empregadas a nos chamar para irmos jantar.
Claro que o tema de conversa foi o nosso noivado que ficou marcado para o próximo sábado.
Mas tanta pressa nem sei para quê!
Mas no fim, gostei muito da companhia da Isabelly.
Saio da fábrica onde trabalho e faço o caminho a pé como sempre.
No meio do caminho oiço alguém a me chamar.
Por trás de um muro vejo a Jade a chamar por mim disfarçadamente.
Corro até lá.
— O que estás a fazer, Jade, o teu pai mata-te se te vir comigo e matar-me a seguir.
— Eu sei, mas ele foi à cidade vizinha buscar umas coisas que a minha mãe pediu, só volta há hora do jantar.
Ela abraça-me.
— Já sei que o teu noivado com a Isabelly vai já ser neste sábado. Porquê tanta pressa?
— Eu não sei, os meus pais e os pais da Isabelly, dizem que quanto mais depressa nos casarmos mais depressa a maldição passa por nós. — encolho os ombros — Vai se lá saber o que passa na cabeça das pessoas.
— E tu vais por e simplesmente aceitar isso, Richard?
Eu estranho, porque a última vez ela não falou isso.
— Mas tu disseste que eu estando prometido à Isabelly, nós nunca poderíamos ficar juntos, que não querias ser falada!
— Claro que não quero ser falada e também não quero que tu cases com ela. Eu gosto de ti, não quero que cases.
Eu respiro fundo.
— Mas Jade o que posso eu fazer? É uma coisa de família, eu não sei o que fazer.
Ela me olha desconfiada.
— Tu gostas dela? É isso? Por isso é que tu não te estás a opor a casar?
— Tu estás doida? Claro que não. Eu gosto de ti. Queria estar prometido a ti, a mais ninguém.
Ela faz cara de chateada.
— Jade, neste momento não há nada que se possa fazer! Eu queria muito que as coisas não fossem assim, mas sabes que não nos podemos pôr e simplesmente opor.
— Promete que vais achar uma solução para não casar com ela! — ela me pede.
Eu olho para ela.
— Prometo, prometo que vou tentar.
A ESCOLHA DO ANEL
Narrado por Richard
“Muitos querem sinceridade, mas quando o sincero fala, todos se ofendem”
Prometi uma coisa que não sei se vou cumprir, por Deus, no que eu me fui meter.
Achei a Jade muito estranha, ela sempre quis passar despercebida, nunca ninguém sequer desconfiou que nós estamos envolvidos há praticamente um ano e meio, pelo menos eu acho que não.
Todos aqui na aldeia, sabem que eu e a Isabelly estamos prometidos, tudo por causa de uma suposta maldição familiar em que temos que casar, os Thompson e os Harrison. E tem sido assim, já há muitos anos.
Aparentemente todos os que estavam prometidos, casaram, nunca ninguém se rebeliou a não casar, tem filhos e depois a tradição passa de geração em geração e pronto.
Eu acho tudo isto uma grande parvoíce.
Dizem que se não casarem que morrem aos trinta anos.
O certo é que ninguém quis tentar a sua má sorte e casaram antes dos trinta anos.
Eu tenho vinte e dois, e por isso até aos trinta ainda faltam tantos anos, mas os meus pais e os da Isabelly dizem que se é para casar, para quê esperar.
A festa de noivado é amanhã, tudo já está preparado, e eu agora aqui na ourivesaria, tento escolher o anel de noivado que vou dar à Isabelly.
Dou conta que a única coisa que sei da minha noiva, é que ela gosta de pintar.
— Não sei o que escolher, pai! Eu não conheço a Isabelly, nem os seus gostos, nada. Como vocês querem que eu case com uma pessoa que eu praticamente nem conheço?
Ele me olha.
— Não conheces porque és um teimoso de primeira, sempre te dissemos para te dares mais com a menina, mas tu não, achavas que ela era totalmente sem graça e não querias conversas. És um t**o, Richard, isso sim.
Fecho a cara chateado.
Caramba, que m*l disposto.