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Uma Canção Para Órfãs (Um trono para irmãs—Livro #3)

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“O ANEL DO FEITICEIRO reúne todos os ingredientes para um sucesso instantâneo: tramas, intrigas, mistério, bravos cavaleiros e florescentes relacionamentos repletos de corações partidos, decepções e traições. O livro manterá o leitor entretido por horas e agradará a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do gênero de fantasia.”
--Books and Movie Reviews, Roberto Mattos

“Uma fantasia mística que tece elementos de mistério e intriga ao longo de sua história. EM BUSCA DE HERÓIS trata-se de armar-se de coragem e de viver uma vida com propósito, a qual conduz ao crescimento, maturidade e excelência.… Para aqueles que procuram aventuras de fantasia substanciais: os protagonistas, a trama, e a ação fornecem um vigoroso conjunto de situações que se concentram na evolução de Thor; quem deixará de ser um garoto sonhador, para ser um jovem adulto e enfrentar situações nas quais a sobrevivência seria improvável... É apenas o começo do que promete ser uma série épica para adultos jovens.”
--Midwest Book Review (D. Donovan, eBook Reviewer)

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CAPÍTULO UM
CAPÍTULO UM Kate estava em frente a Siobhan, sentindo-se tão nervosa como se sentia antes de qualquer luta. Ela dever-se-ia ter sentido segura; ela estava no terreno da forja de Thomas, e era suposto que esta mulher fosse a sua professora. E, no entanto, ela sentia-se como se o mundo estivesse prestes a desaparecer debaixo de si. "Ouviste-me?" perguntou Siobhan. "Chegou o momento de me pagares o favor que me deves, aprendiza." O favor que Kate tinha regateado quando estava na fonte em troca dos treinos de Siobhan. O favor que ela temia até então, porque sabia que, o que quer que Siobhan pedisse, seria terrível. A mulher da floresta era estranha e caprichosa, poderosa e perigosa na mesma medida. Qualquer tarefa que ela estabelecesse seria difícil, e provavelmente desagradável. Kate tinha concordado, embora não tivesse escolha. "Que favor?" Kate perguntou finalmente. Ela procurou em volta por Thomas ou Will, mas não era porque ela achasse que o ferreiro ou o seu filho a poderiam salvar disto. Era antes porque ela queria se certificar de que nenhum deles era apanhado no que quer que fosse que Siobhan estivesse a fazer. O ferreiro não estava lá, e Will também não. Em vez disso, ela e Siobhan estavam agora perto da fonte da casa de Siobhan, com as águas a correrem puras pela primeira vez, em vez da sua pedra estar seca e cheia de folhas. Kate sabia que tinha de ser uma ilusão, mas quando Siobhan entrou lá para dentro, a fonte pareceu suficientemente sólida. Até humedeceu a bainha do seu vestido. "Porque é que estás tão assustada, Kate?" ela perguntou. "Só te estou a pedir um favor. Tens medo que eu te mande para Morgassa para caçar um ovo de roc nas planícies de sal ou para lutar contra supostas criaturas do invocador nas Colónias Longínquas? Eu teria pensado que tu irias gostar desse tipo de coisa." "E é por isso que tu não o farias" supôs Kate. Siobhan curvou um sorriso ao ouvir aquilo. "Tu achas que eu sou c***l, não é? Que eu ajo sem motivo? O vento pode ser c***l se estiveres ao vento sem casaco, e não consegues entender as suas razões mais do que... bem, qualquer coisa que eu diga que tu não consegues fazer, será para ti um desafio, portanto não vamos fazer isso." "Tu não és o vento" salientou Kate. "O vento não consegue pensar, não consegue sentir, não consegue distinguir o certo do errado." “Oh, é isso?” Siobhan perguntou. Ela estava agora na borda da sua fonte. Ainda assim, Kate teve a impressão de que se tentasse fazer o mesmo, iria cair e dar um trambolhão para cima das ervas em torno da forja de Thomas. "Achas que eu sou má?" Kate não queria concordar com isso, mas não se conseguia lembrar de nenhuma maneira de discordar sem mentir. Siobhan talvez não conseguisse chegar aos cantos da mente de Kate, mais do que os poderes de Kate conseguiam tocar em Siobhan, mas ela suspeitava que a outra mulher saberia se ela agora mentisse. Ela manteve-se em silêncio em vez disso. "As freiras da tua Deusa Mascarada teriam dito que tu eras má por tu as matares" Siobhan salientou. "Os homens que tu massacraste do Novo Exército ter-te-iam chamado coisa má e pior. Tenho a certeza de que há um milhar de homens nas ruas de Ashton agora que te chamariam de má, só por conseguires ler as mentes dos outros." "Estás a tentar dizer-me que és boa, então?" Kate ripostou. Siobhan encolheu os ombros. "Estou a tentar dizer-te o favor que deves fazer. A coisa necessária. Porque é isso que a vida é, Kate. Uma sucessão de coisas necessárias. Conheces a maldição do poder?" Isso soava bastante como uma das lições de Siobhan. O melhor que Kate podia dizer a favor disso era que pelo menos ela não estava a ser esfaqueada nesta lição. "Não" disse Kate. "Não conheço a maldição do poder." "É simples" disse Siobhan. "Se tens poder, então tudo o que fazes afetará o mundo. Se tens poder e consegues ver o que está por vir, então até mesmo escolher não agir continua a ser uma escolha. Tu és responsável pelo mundo apenas por estar nele, e eu estou nele há muito tempo." "Há quanto tempo?" Kate perguntou. Siobhan abanou a cabeça. "Esse é o tipo de pergunta cuja resposta tem um preço, e tu ainda não pagaste o preço pelos treinos, aprendiza." "Este teu favor" disse Kate. Ela ainda o estava a temer, e nada do que Siobhan havia dito tornava as coisas mais fáceis. "É uma coisa suficientemente simples" disse Siobhan. "Há alguém que deve morrer." Ela fê-lo parecer tão suave como se ela estivesse a pedir a Kate para varrer o chão ou para ir buscar água para tomar um banho. Ela passou uma mão em redor e a água da fonte brilhou, mostrando uma jovem que atravessava um jardim. Ela usava tecidos ricos, mas nenhuma das insígnias de uma casa nobre. A esposa ou a filha de um comerciante, então? Alguém que tinha ganhado dinheiro de outra forma? Ela era suficientemente bonita, com um sorriso que, perante uma piada inédita, parecia desfrutar do mundo. "Quem é?" Kate perguntou. "O nome dela é Gertrude Illiard" disse Siobhan. "Ela vive em Ashton, no recinto familiar do seu pai, o comerciante Savis Illiard." Kate esperou por mais do que aquilo, mas Siobhan não disse mais nada. Ela não deu nenhuma explicação, nenhuma indicação sobre porque é que esta jovem tinha de morrer. "Ela cometeu algum crime?" Kate perguntou. "Fez alguma coisa terrível?" Siobhan levantou uma sobrancelha. "Precisas de saber algo assim para poderes m***r? Não acredito que precises." Kate percebeu que a raiva dela estava a aumentar com aquilo. Como é que Siobhan se atrevia a pedir-lhe para ela fazer uma coisa dessas? Como é que ela se atrevia a exigir que Kate sujasse as suas mãos de sangue sem o menor motivo ou explicação? "Eu não sou uma assassina qualquer que tu podes enviar para onde queres" disse Kate. "A sério?" Siobhan ergueu-se, impulsionando-se da borda da fonte num movimento estranhamente infantil, como se estivesse a sair de um baloiço ou a saltar da borda de uma carroça como um diabrete que havia roubado um passeio pela cidade. "Já mataste imensas vezes antes." "Isso é diferente" insistiu Kate. "Todos os momentos da vida são uma coisa de beleza única" Siobhan concordou. "Mas todos os momentos são uma coisa aborrecida, o mesmo que todos os outros também. Tu já mataste imensas pessoas, Kate. Porque é que esta é tão diferente?" "Essas pessoas mereciam-no" disse Kate. "Oh, essas pessoas mereciam-no" disse Siobhan, e Kate conseguiu perceber o escárnio na sua voz, mesmo que os constantes escudos que a outra mulher mantinha significassem que Kate não conseguia captar nenhum dos seus pensamentos por detrás de tudo isto. "As freiras mereceram-no por tudo o que te fizeram e o traficante de escravas pelo que fez à tua irmã?" "Sim" disse Kate. Ela estava certa disso, pelo menos. "E o rapaz que tu mataste na estrada por se atrever a vir atrás de ti?" Siobhan continuou. Kate questionou-se sobre o quanto exatamente a outra mulher sabia. "E os soldados na praia por... como é que justificavas essa, Kate? Foi porque eles estavam a invadir a tua casa, ou foi só porque as tuas ordens te tinham levado até ali, e quando a luta começa, não há tempo para perguntar porquê?" Kate deu um passo atrás afastando-se de Siobhan, principalmente porque, se Kate a atingisse, ela suspeitava que fossem haver demasiadas consequências com as quais ela teria de lidar. "Mesmo agora" disse Siobhan, "eu suspeito que eu poderia colocar uma dúzia de homens ou mulheres à tua frente nos quais tu enfiarias uma lâmina de bom grado. Eu poderia encontrar-te inimigo após inimigo, e tu irias abatê-los. Ainda assim, isto é diferente?" "Ela é inocente" disse Kate. "Tanto quanto tu sabes" Siobhan respondeu. "Ou talvez eu simplesmente não te tenha contado sobre todas as inúmeras mortes pelas quais ela é responsável. Toda a miséria." Kate pestanejou e ela estava do outro lado da fonte. "Ou talvez eu simplesmente não te tenha contado sobre todo o bem que ela fez, todas as vidas que ela salvou." "Tu não me vais dizer qual é, pois não?" Kate perguntou. "Eu dei-te uma tarefa" disse Siobhan. "Espero que tu a executes. As tuas perguntas e escrúpulos não entram nisso. Isto é sobre a lealdade que uma aprendiza deve ao seu professor." Portanto, ela queria saber se Kate iria m***r só porque ela havia ordenado. "Tu própria conseguias m***r esta mulher, não conseguias?" Kate supôs. "Eu já vi o que tu consegues fazer, aparecendo do nada assim. m***r uma pessoa, tu tens poderes para o fazer." "E quem diz que eu não o vou fazer?" perguntou Siobhan. "Talvez a maneira mais fácil para eu o fazer é enviar a minha aprendiza." "Ou talvez tu só queiras ver o que eu farei" adivinhou Kate. "Isto é um tipo de teste." "Tudo é um teste, querida" disse Siobhan. "Ainda não percebeste essa parte? Tu vais fazer isto." O que iria acontecer quando ela o fizesse? Será que Siobhan iria mesmo permitir que ela matasse uma estranha qualquer? Talvez esse fosse o jogo que ela estava a jogar. Talvez a intenção dela fosse fazer com que Kate fosse até ao limite do assassinato e depois parasse o seu teste. Kate esperava que isso fosse verdade, mas mesmo assim, ela não gostava que lhe dissessem desta forma o que fazer. Esse não era um termo suficientemente forte para o que Kate sentia naquele momento. Ela odiava isto. Ela odiava os constantes jogos de Siobhan, o seu d****o constante de a transformar em algum tipo de ferramenta para usar. Correr pela floresta sendo perseguida por fantasmas tinha sido suficientemente mau. Isto era pior. "E se eu disser não?" Kate perguntou. A expressão de Siobhan ficou sombria. "Achas que chegas a isso?" ela perguntou. "Tu és minha aprendiza, juraste-me. Eu posso fazer o que quiser contigo." As plantas surgiram em torno de Kate naquele momento, com os espinhos afiados a transformarem-nas em armas. Elas não lhe tocaram, mas a ameaça era óbvia. Aparentemente Siobhan ainda não tinha terminado. Ela gesticulou novamente sobre a água da fonte e a cena que era mostrada mudou. "Eu poderia levar-te e entregar-te a um dos jardins de prazer da Issettia do Sul" disse Siobhan. "Há um rei lá que pode estar inclinado a ser cooperativo em troca pelo dom." Kate teve um breve vislumbre de miúdas vestidas de seda a correrem de um lado para o outro à frente de um homem com o dobro da idade delas. "Eu poderia levar-te e colocar-te nas linhas dos escravos das Colónias Próximas" continuou Siobhan, gesticulando para que a cena mostrasse longas filas de trabalhadores a trabalhar com picaretas e pás numa mina aberta. "Talvez eu te diga onde encontrar as melhores pedras para os comerciantes que fazem o que eu desejo." A cena mudou outra vez, mostrando o que era obviamente uma câmara de t*****a. Homens e mulheres gritavam enquanto figuras mascaradas trabalhavam com ferros quentes. "Ou talvez eu te dê aos sacerdotes da Deusa Mascarada, para teres penitência pelos teus crimes." "Não o farias" disse Kate. Siobhan estendeu a mão, agarrando Kate tão depressa que ela quase não teve tempo para pensar antes da outra mulher lhe colocar à força a cabeça debaixo da água da fonte. Ela gritou, mas isso só fez com que ela não tivesse tempo para respirar enquanto a sua cabeça mergulhava na água. O frio da água cercou-a, e, apesar de Kate lutar, parecia que a força dela a abandonara naqueles momentos. "Tu não sabes o que eu faria, e o que eu não faria" disse Siobhan, com a sua voz a parecer vir de longe. "Tu pensas que eu penso o mesmo que tu sobre o mundo. Tu achas que eu vou parar em breve, ou ser gentil, ou ignorar os teus insultos. Eu poderia enviar-te para fazer qualquer coisa que eu quisesse, e tu continuarias a ser minha. Minha para eu fazer o que eu quisesse." Kate viu coisas na água naquele momento. Ela viu figuras a gritar em completa agonia. Ela viu um espaço cheio de dor, violência, terror e impotência. Ela reconheceu algumas delas, porque ela as tinha matado, ou os seus fantasmas, pelo menos. Ela tinha visto as suas imagens quando a tinham perseguido através da floresta. Eram guerreiros que haviam sido jurados a Siobhan. "Eles traíram-me" disse Siobhan, "e pagaram pela sua traição. Tu vais manter a tua palavra para comigo, ou vou transformar-te em algo mais útil. Faz o que eu quero, ou juntar-te-ás a eles para me servires como eles." Ela soltou Kate então, e Kate apareceu, balançando enquanto lutava por ar. A fonte já havia desaparecido agora, e elas estavam no quintal do ferreiro mais uma vez. Siobhan estava agora ligeiramente afastada dela, como se nada tivesse acontecido. "Eu quero ser tua amiga, Kate" disse ela. "Tu não me quererias como inimiga. Mas eu farei o que devo." "O que deves?" Kate retorquiu. "Achas que tens de me ameaçar ou de mandar m***r pessoas?" Siobhan estendeu as mãos. "Como eu disse, é a maldição dos poderosos. Tu tens potencial para ser muito útil no que está por vir, e eu vou aproveitar isso ao máximo." "Eu não o farei" disse Kate. "Não vou m***r uma miúda sem haver um motivo." Kate atacou então, não fisicamente, mas com os seus poderes. Ela acumulou a sua força e atirou-a como uma pedra contra as paredes que estavam ao redor da mente de Siobhan. A força ressaltou, com o brilho do seu poder a desvanecer. "Tu não tens o poder para me enfrentares" disse Siobhan, "e tu não consegues chegar ao ponto de fazer essa escolha. Deixa-me tornar isto mais simples para ti." Ela gesticulou e a fonte apareceu novamente, com as águas a deslocarem-se. Desta vez, quando a imagem estabilizou, ela não precisou de perguntar para quem ela estava a olhar. "Sophia?" Kate perguntou. "Deixa-a em paz, Siobhan, estou a avisar-te..." Siobhan agarrou-a novamente, forçando-a a olhar para aquela imagem com a força terrível que ela parecia possuir aqui. "Alguém vai morrer" disse Siobhan. "Tu podes escolher quem, simplesmente escolhendo se matas Gertrude Illiard. Tu podes matá-la, ou então a tua irmã pode morrer. A escolha é tua." Kate olhava para ela. Ela sabia que não era uma escolha, não exatamente. Não quando isso envolvia a sua irmã. "Pois bem" disse ela. "Eu faço-o. Eu farei o que tu quiseres. Ela virou-se, dirigindo-se para Ashton. Ela não se despediu de Will, Thomas ou Winifred, em parte porque ela não queria arriscar levar Siobhan até tão perto deles e, em parte, porque ela tinha a certeza de que, de alguma forma, eles iriam ver o que ela precisava de fazer a seguir, e eles iriam ter vergonha dela por isso. Kate estava envergonhada. Ela odiava pensar no que estava prestes a fazer e odiava ter tão pouca escolha nisso. Ela apenas tinha de esperar que tudo aquilo fosse um teste, e que Siobhan a fosse deter a tempo. "Eu tenho de fazer isto" dizia ela enquanto caminhava. "Eu tenho." Sim, sussurrou-lhe a voz de Siobhan, tens.

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