18" Entre Lembranças e Esperança "

1362 Words
Maria Luiza Viemos parar em uma casa bem grande, mais parecia uma mansão, especialmente em Angra. Nunca estive aqui antes, na verdade, nunca saí do Complexo do Alemão. Estava no carro com Lobo e Águia na frente, e eu e Lc no banco de trás. Durante o tempo que ficamos dentro do carro, foi bastante divertido, créditos para Lc. Descemos do carro e entramos na casa, que era maravilhosa por dentro e por fora. Havia vários empregados na casa, e algumas pessoas com jalecos médicos. Lobo foi cumprimentando as pessoas enquanto uma mulher alta, de cabelos pretos, por volta dos 35 anos, vestida com um jaleco branco, veio na direção dele. Dr_ Que bom que veio hoje, Lobo! - ela disse, e Lobo a olhou confuso. Lobo_ O que aconteceu? Dr _ A Sra. Mariana estava chamando por um nome, Malu! - meus olhos se arregalaram na hora, e Águia me olhou dando um sorriso de lado. Lobo_ Parece que ela sente sua falta, acho melhor você ir lá ver e falar com ela. Concordei com a cabeça, sentindo um nó se formar na garganta, e segui a mulher até um cômodo escuro e gelado. O ambiente parecia carregado de tensão e tristeza. Quando acenderam a luz, uma claridade intensa inundou o quarto, e meus olhos arderam por um momento até se acostumarem. Era um quarto hospitalar improvisado, com equipamentos médicos ao redor. No centro, estava ela, minha mãe, deitada em uma cama hospitalar, cercada por vários fios ligados ao corpo, monitorando seus sinais vitais. Ela estava mais magra do que eu me lembrava, e isso me partiu o coração. Corri até ela, as lágrimas já escorriam pelo meu rosto. Cheguei perto e dei um beijo suave em sua testa, segurando sua mão com carinho, como se temesse que ela pudesse desaparecer a qualquer momento. Seu rosto estava pálido, mas ainda havia uma serenidade nele, como se estivesse apenas dormindo. Fiquei ali, olhando para ela por alguns segundos, deixando a realidade da situação se instalar em minha mente. O ambiente estava silencioso, exceto pelo suave zumbido dos equipamentos médicos. Cada bip parecia uma contagem regressiva, e meu coração apertava com a angústia de ver minha mãe naquela condição. Todo o cenário era avassalador, e eu me sentia impotente diante da fragilidade dela. Mas ainda assim, segurei sua mão com firmeza, como se pudesse transmitir todo o amor e apoio que sentia através desse gesto. Malu_Ela está assim há muito tempo? - perguntei para a mulher, com a voz embargada Dr_ Chegando perto de um mês. Ela nunca tinha dado sinais de melhora até ontem à noite, quando começou a chamar por esse nome, Malu. Suponho que seja você, certo? - ela sorriu amigavelmente para mim, e eu concordei. Malu_ Sou eu sim! - sorri de lado. Dr_ Vou deixar vocês sozinhas. Tente conversar com ela, talvez ajude, e me chamo Eliza, estarei aqui fora, qualquer coisa é só me chamar! - concordei e ela saiu. Me virei novamente para minha mãe, sentindo meu coração apertado dentro do peito, sem saber ao certo o que dizer, nervosa demais para articular as palavras que estavam presas na minha garganta. Era como se estivesse presa em um sonho surreal, incapaz de acreditar que estava diante dela novamente. Até aquela manhã, para mim, ela estava morta. Receber essa notícia de que ela estava viva era como um turbilhão de emoções que eu m*l conseguia compreender. Malu_ Oi, mãe. - minha voz saiu num sussurro, carregada de emoção. Senti um nó se formar em minha garganta enquanto as lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto. - Senti tanto a sua falta, sabe? - continuei, lutando para controlar as emoções que ameaçavam me dominar. - Sofri tanto quando soube que você tinha morrido. Senti que perdi minha vida junto com a sua. Aproximei-me mais da cama, segurando sua mão com firmeza, como se buscasse algum conforto naquele contato. Malu_ Fiquei tão triste por não poder me despedir, por não poder dar o último abraço, o último beijo, o último adeus. - minha voz falhou, e engoli em seco, lutando contra o choro que queria explodir a qualquer momento. - O mais triste foi acordar todas as manhãs e não te encontrar. Não sentir seu cheirinho, não ouvir sua voz. Limpei as lágrimas do meu rosto, enquanto tentava reunir toda a força para continuar ali, ao lado dela, mesmo que ela não pudesse responder. Apenas estar perto dela novamente já era um alívio e uma dor ao mesmo tempo. A porta se abriu suavemente, e Lobo e Águia entraram no quarto. Lobo tinha uma expressão séria, porém gentil, enquanto Águia parecia preocupado, seus olhos transmitiam uma mistura de compaixão e determinação. Lobo se aproximou da cama e sentou-se do outro lado da minha mãe, ao meu lado, segurando sua mão com cuidado. Seu gesto transmitia conforto e apoio, como se estivesse compartilhando minha preocupação e tristeza. Águia permaneceu mais afastado, observando silenciosamente. Ele parecia entender a gravidade da situação e respeitar o momento, deixando espaço para que eu e Lobo estivéssemos com minha mãe. Lobo_ Eu queria tanto que ela acordasse. Sonhei tanto com o dia do nosso reencontro, mas não imaginei que seria assim. - olhei para ele, com os olhos cheios de lágrimas. Malu_ Fico tão m*l em vê-la desse jeito, é minha culpa ela estar assim! - comecei a chorar e Águia veio me abraçar. Águia_ Já te falei que a culpa não é sua, para de ficar se culpando! - limpou minhas lágrimas. Lobo_ Ele tem razão, Maria Luiza. Não é sua culpa. Agora temos que ter fé que sua mãe vai acordar. - olhou para ela. Malu_ Eu quero levá-la de volta! - falei, e ele me olhou estranho. - Quero tê-la perto de mim. Lobo_ Acho melhor não. Aqui ela tem os médicos, está segura. Malu_ É só você mandar os médicos para lá. Lá também será seguro, e eu vou ficar do lado dela o tempo todo. Talvez isso ajude em alguma coisa. A doutora disse que minha mãe estava chamando pelo meu nome, então ela sente minha falta. Águia_ Maria Luiza tem razão. Vai ser melhor levar a Mariana para lá. Lobo_ Tudo bem, vocês podem ir amanhã de manhã. Vou mandar arrumar o quarto de vocês. Concordei com a cabeça e voltei minha atenção para minha mãe, fazendo carinho nela. Águia_ Fica tranquila, ela vai acordar, e vai ver você se casando! - falou, me fazendo sorrir. Malu_ Quero te agradecer muito por tudo que você está fazendo, por estar ao meu lado nesses momentos que mais preciso! - olhei nos olhos dele. Águia_ Imagina, estou aqui sempre, você sabe disso. - falou meio sem jeito. - Rebeca está toda preocupada atrás de você, acho melhor você ligar para ela. Malu_ Pode me emprestar seu celular? O meu acabou a bateria. Ele me entregou o celular e saiu do quarto. Fui no w******p procurar o contato da Rebeca e encontrei. Mandei um áudio para Rebeca dizendo que estava bem, que tive que resolver algo em Angra, mas que estaria de volta pela manhã. O celular do Águia vibrou, indicando uma mensagem, não da Rebeca, mas de um número desconhecido, com uma foto. Não abri, afinal, não era meu celular. Esperei a resposta da Rebeca. Quando ela respondeu, fui clicar na mensagem, mas o mesmo número que enviou a foto mandou outra mensagem na hora, então acabei abrindo a conversa. Fiquei chocada ao ver um nude e a mulher perguntando quando eles se veriam novamente. Ele já tinha conversado com ela antes, perguntando se ela estava bem e se encontrariam no mesmo lugar de sempre. Não queria admitir, mas não gostei de ver aquilo. Senti um pouco de ciúmes, mas ninguém precisa saber. Saí da conversa e respondi Rebeca. Minutos depois, Águia voltou. Águia_ Lobo já mandou arrumar o quarto lá. Como aqui tem muitos empregados e médicos, não sobrou muitos quartos, então vamos ter que dormir juntos, beleza? - apenas concordei com a cabeça. Malu_ Aqui está seu celular - entreguei. - Sem querer, entrei em uma conversa sua. Estou indo para o quarto. - falei e saí deixando-o lá.
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