CAPITULO 48

1212 Words
Helena estava sentada em sua pequena escrivaninha no apartamento que dividia com Lucia, concentrada em seu laptop. O brilho da tela iluminava seu rosto enquanto ela digitava mensagens para Bruno. Eles haviam se estabelecido em uma rotina de troca de mensagens sobre o cotidiano, compartilhando detalhes de suas vidas separadas. Ela contava a ele sobre o escritório de advocacia onde trabalhava, os desafios que enfrentava e como estava progredindo em sua carreira jurídica. Helena também compartilhava suas experiências na faculdade de Direito, falando sobre as aulas, os colegas e os preparativos para sua festa de formatura, que se aproximava a passos largos. Por outro lado, Bruno detalhava sua vida em Paraty, como a loja de bicicletas da família estava indo bem e como estava investindo tempo em criar um novo plano de negócios para expandir o empreendimento. Ele também falava sobre sua mãe, Loreta, que tinha Alzheimer, e como estava se esforçando para proporcionar a ela o melhor cuidado possível. Apesar da distância e dos desafios que enfrentavam, Bruno e Helena encontraram conforto um no outro através das mensagens. Eles sabiam que ainda se amavam profundamente, mas as circunstâncias que os separaram pareciam insuperáveis. Mesmo assim, o carinho e o cuidado que expressavam em suas mensagens eram inegáveis. Um dia, Helena decidiu visitar sua mãe, Regina. Ela queria discutir os convites para sua festa de formatura da faculdade de Direito. Regina estava empolgada com a ocasião e começou a falar sobre os detalhes do evento enquanto Helena tentava manter o foco na conversa. No entanto, seu telefone vibrava constantemente com as mensagens de Bruno, que sentia a necessidade de compartilhar cada pensamento e acontecimento com Helena. Ela olhava de relance para o dispositivo, distraída, enquanto tentava acompanhar a conversa com sua mãe. Regina percebeu a distração da filha e franziu a testa. "Helena, você parece estar em outro mundo. O que está acontecendo? Você não pode prestar atenção por alguns minutos?", ela perguntou com uma pitada de irritação. Helena suspirou, sentindo a pressão do momento. "Mãe, desculpe. É que estou em meio a uma conversa importante no momento." "Conversa importante? Com quem?" Regina perguntou curiosa. Helena hesitou por um momento, debatendo internamente se deveria compartilhar ou não. Finalmente, decidiu ser honesta. "Com Bruno, mãe." Os olhos de Regina se estreitaram, e uma expressão de desaprovação apareceu em seu rosto. "O Bruno? Aquele garoto de Paraty?Você não pode estar falando sério, Helena." Helena assentiu, sentindo um nó se formar em sua garganta. "Sim, mãe. Ainda somos amigos, e ele é uma parte importante da minha vida." Regina franziu a testa, parecendo desapontada. "Helena, você não está pensando em convidar aquele rapaz para a sua festa de formatura, está?" Helena se sentiu defensiva. "Por que não, mãe? Ele foi uma parte significativa da minha jornada até aqui. Além disso, ele é meu amigo." Regina suspirou, claramente descontente. "Helena, você terminou com ele por um motivo. Não pense em convidá-lo para sua festa de formatura. Eu não quero vê-lo lá." Helena se sentiu defensiva. "Por que não, mãe? Ele foi uma parte significativa da minha jornada até aqui. Além disso, ele é meu amigo." A discussão se intensificou, com ambas expressando suas opiniões com fervor. Regina estava preocupada com a influência de Bruno na vida de Helena, enquanto Helena se sentia frustrada por sua mãe não compreender a importância dele. Helena se levantou abruptamente, a raiva pulsando dentro dela. "Mãe, eu não quero falar sobre isso agora." Ela saiu da casa da mãe, irritada e frustrada. A tensão entre elas cresceu a ponto de Helena sair da casa da mãe, sentindo-se magoada e incompreendida. Enquanto caminhava pelas ruas de São Paulo, as mensagens de Bruno continuavam a chegar, mas ela não tinha energia para respondê-las naquele momento. Ela estava dividida entre sua mãe, sua família, seu amor por Bruno e a vida que estava construindo em São Paulo. Seu telefone celular vibrou em seu bolso, interrompendo seus pensamentos tumultuados. Helena pegou o aparelho e viu o nome de Bruno na tela. Apesar de seu estado emocional tumultuado, uma pequena sensação de alívio a envolveu ao vê-lo chamando. Ela aceitou a chamada e, com um suspiro, colocou o telefone no ouvido. "Oi, Bruno", ela cumprimentou, tentando manter a voz firme, apesar de toda a turbulência emocional. "Oi, Helena. Como você está?" A voz de Bruno soou suave e preocupada do outro lado da linha. Helena suspirou novamente, sem saber por onde começar. "Estou... bem, na medida do possível. Tive uma grande discussão com minha mãe. Ela está... não sei, simplesmente não aceita a ideia de que podemos ser amigos." Bruno ouviu em silêncio enquanto Helena desabafava sobre a discussão com sua mãe. Ele sabia que as emoções estavam à flor da pele para ambos, e não queria piorar a situação. Depois que Helena terminou de explicar, ele finalmente disse: "Sinto muito que você tenha passado por isso, Helena. Você sabe que eu também gostaria que as coisas fossem diferentes." Helena respirou fundo, tentando se acalmar. "Eu sei, Bruno. Eu só... Não queria que as coisas terminassem assim entre nós." "Eu também não, Helena. Eu ainda me importo muito com você, e sempre vou. Mas parece que as circunstâncias nos forçaram a seguir caminhos diferentes", disse Bruno com tristeza em sua voz. Os dois permaneceram em silêncio por um momento, refletindo sobre as reviravoltas de suas vidas e a difícil decisão que tomaram. Ficar juntos parecia impossível, e eles estavam determinados a continuar a trilhar seus próprios caminhos. Finalmente, Helena quebrou o silêncio. "Bruno, tem uma coisa que eu gostaria de perguntar." "Claro, o que é?" Ele respondeu, curioso. Helena hesitou por um momento, escolhendo suas palavras com cuidado. "Minha formatura da faculdade de Direito está se aproximando. E eu queria te perguntar... se você consideraria vir." A proposta de Helena pegou Bruno de surpresa. Ele não esperava um convite para a formatura, e a ideia de vê-la novamente o deixou com sentimentos conflitantes. Por um lado, ele ainda a amava, mas, por outro, sabia que precisava seguir em frente com sua vida em Paraty. "Helena, eu..." Ele começou a dizer, mas então parou. Ele estava dividido entre seu desejo de vê-la novamente e o entendimento de que a distância entre eles não tinha diminuído. "Eu não sei, Helena. Não é uma boa ideia?" Helena suspirou, desapontada, mas não surpresa pela resposta dele. "Eu entendo, Bruno. A distância entre nós ainda é um problema. Eu só pensei que, talvez, nós pudéssemos esquecer isso por um dia." Bruno permaneceu em silêncio, tentando encontrar as palavras certas para expressar seus sentimentos. "Eu ainda me importo muito com você, Helena, e eu adoraria poder estar lá para apoiá-la em um momento tão importante. Mas acho que seria doloroso demais para ambos." Helena balançou a cabeça, compreendendo a perspectiva dele. "Você está certo, Bruno. Provavelmente seria doloroso. Eu só queria tentar encontrar uma maneira de manter a amizade que temos agora." "Eu também, Helena. Eu realmente queria isso." Bruno suspirou profundamente. "Mas talvez, com o tempo, possamos encontrar um jeito de ser amigos, de verdade, sem que isso seja doloroso." Helena sorriu tristemente. "Espero que sim, Bruno. Então... Até." "Até," Respondeu Bruno. Enquanto desligavam a chamada, ambos sabiam que, por enquanto, era a melhor decisão que poderiam tomar para suas vidas.
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