Eu me perguntava o que havia acabado de acontecer. Após me dizer aquelas palavras, Adrian saiu do pequeno local repleto de produtos e utensílios de limpeza, me deixando lá, entre meus pensamentos ainda mais confusos.
Parte de mim queria dizer a Adrian que eu não pertencia a ninguém além de mim mesma, mas outra se sentia querida em ouvir aquilo, mesmo que fosse contra tudo aquilo que eu acreditava.
Minha relação com Adrian Mendonza estava tomando grandes proporções e eu tinha medo disso, pois eu tinha uma vida me esperando lá fora. Uma vida que ninguém mesmo sabia, mas ainda sim me esperava fora de tudo aquilo.
Uma vida que havia sido planejada por meus finados pais, temendo que o pior acontecesse com eles e aconteceu. Uma vida cheia de responsabilidades, já que assim que eu terminasse a escola, eu assumiria a empresa deixada por eles, uma vida que mesmo que eu quisesse, não teria espaço para Adrian. Não para ele e nem para ninguém.
Eu não poderia tornar tudo mais difícil para nós dois, se apegando a ele ainda mais, a qualquer momento poderia ser chamada para assumir o meu lugar de direito, não queria acabar sofrendo e fazendo Adrian sofrer com a eminente separação, afinal, Paris não era logo ali na esquina. E Adrian, ele também tinha vida, não era como se eu fosse pedir para ele abrir mão de seus sonhos para ir ao meu lado para um país desconhecido por uma simples possível paixão boba, que eu queria acreditar que continuava apenas sendo desejo mútuo.
Eu estava dando liberdade a ele de entrar aos poucos na minha vida, mas isso tinha que parar, eu tinha que por um ponto final nisso antes que tudo ficasse pior e no final só sobrasse mágoas e recentimentos.
— O que diabos está fazendo aqui?! - uma voz masculina me fez pular assustada e eu dei de cara com o zelador me encarando com cara de poucos amigos. — O sinal já tocou, menina! Corra antes de perca sua aula e seja mandada para a diretoria!
— Deus do Céu! Me desculpe! - exclamei saindo do lugar, sem saber onde por a cara com tanta vergonha.
Corri para a sala e após dizer para o professor que eu estava com cólica, eu entrei na sala, me sentei ao lado de Caleb, que mascava com chiclete nenhum pouco interessado na aula de geometria dada pelo senhor Evans, um senhor barrigudo e careca.
— Onde você estava? - perguntou baixo, se aproximando.
— Cólica. - dei a mesma desculpa que dei ao professor, e assim como ele, Caleb me olhou desconfiado. — Se sangrasse sete dias todo mês, não estaria me olhando assim. - murmurei abrindo meu caderno e ele levantou as mãos, como um gesto de rendição. — Sobre o que ele está falando? - mudei de assunto.
— Não faço idéia. - deu de ombros me fazendo rir. — Não sou de exatas.
— Nem eu.
***
— Será que aquele i****a se perdeu? - Catalina perguntou impaciente após bater no volante. Estávamos no carro esperando seu primo a alguns minutos — Vocês não estavam juntos? - direcionou o olhar a mim.
— Sim, mas ele disse que ia ao banheiro e que eu não precisava esperar. - me expliquei enfiando-me entre os bancos da frente.
— Calma, Cata. - Esmie disse olhando carinhosamente para a loira. — Ele deve ester chegando.
— Se ele não chegar em menos de cinco malditos minutos eu juro que o deixo aqui! - exclamou precionando a buzina do carro com força.
— Catalina! - Esmie a repreendeu, agora ela estava irritada. - Por favor, não precisa desse escândalo.
— Mas-
— Ali vem ele! - interrinpi apontando para a frente, onde Caleb saia do portão cercado por algumas meninas, duas delas eu reconheci, eram Valéria e Anna.
Revirei os olhos.
— Não sabia que seu primo era mesmo um projeto de badboy. - Esmie sussurrou vendo a cena de boca aberta. - Pensei que estava brincando mais cedo.
Eu estava no mesmo estado que ela. Ele não parecia ser do tipo que gostava daquele tipo de coisa. Então ele era como Adrian e Raúl Lobo. Em poucos dias estaria no grupinho deles.
— Ele só parece um garotinho amável, mas é um grande babaca, confiem em mim. - Catalina disse entre dentes ainda irritada. — Agora eu tenho que ser a babá desse pirralho. Isso sim é castigo.
— Menos Cata, menos - Esmie interviu. - Ele continua sendo seu primo.
— Não por querer. - retrucou.
— Desculpem pela demora, meninas. - Caleb falou abrindo a porta do carro.
— Para, para, para... - Catalina olhou pra trás semicerrando os olhos. — O que é isso?
Só então eu percebi quem entrava no carro atrás do primo dela. Simplesmente Valéria.
— Como ela é prima de Mads, acabei chamando ela para ir com a gente, elas moram juntas, pelo o que eu entendi. - Caleb explicou inocentemente.
— Simplesmente a convidou? - Cata estava indignada.
— É, algum problema? - Caleb perguntou ainda perdido. Mas antes que Cata pudesse estourar, Esmie tocou sua perna, a calando, eu tomei a iniciativa, para tentar apaziguar as coisas.
— Seus pais não podem gostar de você ir com a gente Valéria - limpei a garganta. — Sua mãe então, ela não vai ficar nenhum pouco feliz, ainda por cima vai por a culpa em mim. Você sabe.
— Não se preocupe, Madeline, dos meus pais cuido eu. - soltou erguendo o queixo. — E outra, Caleb quem me convidou, eu não podia simplesmente negar.
— Desde quando se tornou tão educada? - debochou Catalina revirando os olhos.
— Vamos logo, Cata - pediu Esmie, tentando evitar mais um bate-boca.
O clima até em casa não foi nem de longe um dos melhores, apesar de Caleb sempre tentar puxar assunto, no fim só ele e Valéria conversaram. Agradeci quando ochegamos e nem me despedir das meninas direito, corri para dentro o mais rápido possível.
Caleb m*l havia chegado, mas já estava causando tanto.
Meus pensamentos foram para Adrian.
Se Valéria estivesse enteressada em Caleb, ela deixaria Adrian em paz, esqueceria dele de vez.
Isso seria ótimo.
Não pra mim, claro, até porque eu não tinha nada haver, mas pra ela própria, já que ela ia acabar se decepcionando, Adrian tinha deixado claro que não queria nada com ela.
Após tomar me livrar das minhas roupas e tomar um banho, descansei a tarde inteira, esperando que ele desse sinal de vida, mas, diferente do que eu pensei, não recebi nenhuma mensagem ou aviso de que ele viria.