VINTE

1500 Words
— A sua mãe é um amor, Esmie - falo para Esmeralda enquanto a ajudo guardar os pratos no armário suspensp. Apesar de eu ter comido fast food com Adrian antes, a senhora Navarro fez questão de que eu jantasse com ela e Esmeralda quando cheguei. — Sim, ela é, mas só com você, por algum motivo ela gosta de você. - resmungou e eu ri sem graça. esmie tinha me confessado uma vez que sua mãe não aprovava seu namoro com Cata por suas classes sociais serem diferentes. Catalina Gallego, assim como eu, era uma herdeira. Os pais eram donos de uma rede de resorts espalhados por toda a Espanha. Diferente de mim, Cata, era uma patricinha mimada e só estava tomando jeito por conta da namorada, ou, pelo menos estava... Já Esmie é de classe média e sua mãe não queria que essa diferente entre as duas acabasse fazendo a filha sofrer. Era ridículo, mas na sociedade era normal julgar as pessoas por seus bens materiais e aparência, deixando de fora o caráter e a personalidade. Isso me enojava. — Me sinto honrada - brinquei, tentando amenizar o clima pesado. Esse eea um assunto delicado. — Está tudo bem? - mudei de assunto — Percebi que esteve meio área todo o jantar. — Cata e eu, nós não estamos muito bem, eu acho - deu de ombros. — Sinto ela cada vez mais distante de mim. - suspirou guardando os pratos no armário. - Mas tenho medo de ser apenas paranóia minha. Não sei. — Cata ama você. - garanti e ela assentiu abrindo um sorriso amarelo. — Estou gostando de ter você aqui esses dias. - Esmie mudou de assunto drasticamente — É divertido. — Também gosto de ficar aqui, com você. É bem melhor do que aquele ninho de cobra que eu chamo de casa. - falei fazendo beicinho e ela gargalhou. — Você é maior de idade e tem dinheiro, por que ainda não foi morar em um lugar só seu? — Não sei. - ri sem graça. — Meu tio me lembra meu pai, apesar de não poder fazer muito por mim, perto dele eu me sinto em casa. É meu único parente vivo. Minha única família. — Nem toda família precisa ter ligação sanguínea. - Esmie disse me abrindo um dos seus sorrisos acolhedores e eu me joguei sobre ela, a abraçando. Esmeralda demorou um pouco para me abraçar de volta, ela sabia que eu não gostava de muito contado físico. — Acho que estou de TPM. - falei a ouvindo rir. — Até as pessoas fortes precisam de abraços. - disse ainda me apertando. — Obrigada, Esmie. — Tudo bem, apenas me leve para Paris quando for a hora. Eu gargalhei. — Vou levar. Você vai ser minha sócia. *** Catalina não pode buscar a gente pois ia acabar atrasado por sei lá o que, então a Senhora Navarro fez questão de nos deixar na escola antes de ir para o trabalho. Esmie estava visivelmente chateada com Cata. Era a primeira vez que não íamos juntas para a escola desde que as duas começaram a namorar. — Boa aula meninas. - Senhora Navarro disse e logo deu partida outra vez, se afastando de nós rapidamente. Esmeralda e eu caminhamos caladas até a entrada até a entrada do prédio principal, mas fomos surpreendida por Raúl Lobo. — Madeline! - ele jogou o braço sobre meus ombros. Como se fôssemos amigos de longa data. O olhei com uma sobrancelha erguida, sem entender seu comportamento — Estefânia, não é? - perguntou encarando minha amiga é eu me segurei para não rir da cara de indignação que ela fez. — Esmeralda, Esmeralda Navarro - o corrigiu nada contente. — Me desculpe, eu sou péssimo para gravar nomes. - falou envergonhado e ela assentiu. — Precisa de algo, Raúl? - Perguntei. Não era normal Josh vir falar comigo, principalmente na frente de tantos alunos. — Não. - o ruivo deu de ombros — Só vim cumprimentar minha cunhadinha e sua amiga bonita - ele piscou para Esmie eu comecei a rir. — Vamos indo pra aula então. - Esmie resmungou pegando meu pulso e me puxando rápido para longe dele. — Ele é legal. - disse ainda rindo e a ouvi bufar. — Daqui a pouco vai começar a andar com eles e sua melhor amiga vai ser a Rosália Lobo. - debochou parando em frente ao seu armário. — Não me fale dela. - fiz careta lembrando do nosso último encontro. — Adrian e ela não tem nada. - Esmie afirmou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo fechando o armário após pegar alguns livros. — Não pode virar inimiga de qualquer garota que se aproxima dele, Mads. — Ela quem começou. - dei de ombros. — E eu não faço questão da amizade de ninguém. Se ela me tratar novamente como fez ontem, eu vou devolver na mesma moeda. Esmeralda riu negando com a cabeça. *** — Lembrou que tem casa? - a voz de Amara foi a primeira coisa que ouvi ao abrir a porta da casa. A mulher me olhava debochada e eu devolvi o olhar. — Como foi, querida? - Tio Heitor surgiu em minha frente. — Se divertiu? Comeu certinho? — Sim tio, não se preocupe. - afirmei e ele assentiu. — Vou subir agora, estou cansada. — Tudo bem. - ele se afastou. — Chegaram umas caixas para você ontem, estão no seu quarto. Assenti subindo as escadas rapidamente. Me tranquei no quarto, tirando o uniforme e peguei as caixas para abri-las. Todas bem embaladas, me deram um trabalhão para abrir, mas não pude deixar de sorrir quando vi um álbum com a capa cor de rosa pastel entre os pedaços de isopor. Eram as fotos do aniversário de Linsey. Me surpreendi com a rapidez que faziam essas coisas, menos de dois dias e eu estava com um álbum com belas fotos nas mãos. A primeira foto era da aniversariante. Linsey sorria abertamente exibindo dentinhos pequenos e em falta. As três primeiras páginas eram apenas fotos dela, em poses diferentes. A quarta página me fez arregalar os olhos. A primeira foto era a de Harry, Bea, Lin e Adrian, a segunda foto era a que tiramos juntos. Eu estava lá, sorrindo para a câmera, junto com eles. Parecia uma foto em família. Esse pensamento me fez sorrir. Na quinta página, fotos de Harry Bea e Linsey. Na sexta e sétima apenas Adrian e Linsey, várias fotos dos dois sorridentes preenchiam as duas páginas. Na seguinte outra vez eu aparecia, junto com Adrian e Linsey. As outras quase dez páginas. Eram fotos de Lin com a família de Bea. Abri a outra caixa e a primeira coisa que vi foi um bilhete. "Obrigada por ter vindo, minha norinha", seguido por um coração meio tortinho e um "Bea" em belas letras cursivas. Afastei os papéis e me surpreendi ao ver uma foto minha e de Adrian em uma moldura grande e bonita. Eu lembrava daquele momento, mas não fazia ideia de que eles haviam tirado foto de nós dois sentados no sofá e nos olhando sorrindo. Aquela foto, por algum motivo, fez meu coração bater mais rápido. Eu não queria aceitar, mas eu estava realmente me apaixonando? Meu olhar para Adrian, o dele pra mim. Era tão intenso. Ninguém tinha me olhado daquela forma e eu com toda certeza nunca havia olhado para ninguém daquele jeito. — Onde eu fui me meter... - resmunguei tocando o rosto de Adrian da foto calmamente com as pontas dos dedos. — Madie?! - uma voz masculina me fez pular assustada. — p***a! O que está fazendo aqui? - perguntei tentando me acalmar. — Eu estava passando e resolvi te fazer uma visita. - ele deu de ombros inocente — Bonita foto. - disse e só então percebi que ainda estava com a moldura nas mãos. — Bea me mandou. - expliquei a colocando de volta na caixa. — A temporada de jogos esta começando, não devia estar treinado, senhor capitão do time? - brinquei me aproximando dele. — Vim pedir um beijo de boa sorte. - se curvou, deixando nossos rostos próximos. Olhei em seus olhos e o beijei profundamente, o abraçando pelo pescoço e sentindo suas mãos tocarem minha cintura. — Não precisa de sorte. - sussurrei contra seus lábios. — Você é o melhor. — Você nunca nem me viu jogar. - disse rindo. — É o melhor em muitos coisas, no futebol não vai ser diferente. - afirmei e ele sorriu. — Obrigada. - ele se afastou. — Não vamos poder nos ver pelas próximas semanas, vou me concentrar nos treinamentos para dar o meu melhor. — Sem problemas. - afirmei, sabendo que ele estava sendo sincero — Depois vou cobrar, com juros. Antes de sair pela janela tão discreto quanto entrou, Adrian deixou um casto beijo em meu queixo e abriu um sorriso malicioso. O que está havendo comigo?
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