VICIOUS

OITO

— Não vai. Fica. - pedi segurando a bainha de sua blusa, impedindo-o de se mover — Eu vou cuidar do seu machucado, tudo bem? - falei calma.

— Não quero que cuide do meu machucado, Madeline - suspirou voltando a fechar as janelas — Quero que me ajude a relaxar e esquecer um pouco minhas obrigações, como sempre fazemos. Não é isso que você quer?

— Me deixe pelo menos fazer uma massagem antes, pra você não se machucar ainda mais, tudo bem? - murmurei e ele assentiu — Venha aqui. - chamei tirando sua blusa com cuidado, o virando de costas, estava quase tudo roxo e azulado, devia estar muito dolorido e sensível — Quando ver Pablo juro por Deus que vou mata-lo.

Ouvi uma risada baixa de Adrian.

— Essas coisas acontecem, não fique brava. - ele disse, mas não me convenceu.

— Senta no chão, vou fazer uma massagem em você. - ordenei e ele obedeceu. Abri meu guarda roupa e peguei entre meus produtos um óleo de massagens que eu havia trago de Paris comigo, eu quase nunca usava, mas o cheiro era delicioso.

Despejei um pouco nas minhas mãos, me aproximando de suas costas, tomando todo o cuidado do mundo para não acabar pesando a mão.

— Não sabia que era tão boa com massagens. - sussurrou, parecia estar gostando.

— Eu sou boa em muitas coisas, você devia estar acostumado. - brinquei ouvindo sua risada baixa.

— É realmente uma caixinha cheia de surpresas.

— Porque estava tão irritado antes? - perguntei e notei o espanto de Adrian quando enrijeceu as costas. Eu nunca perguntava sobre sua vida pessoal, e nem gostava de envolver as coisas nisso, não sabia o que tinha acontecido comigo.

Eu só.... eu só estava preocupada!

— O campeonato estadual vai começar em poucas semanas, meu pai quer que eu me saia bem na escola, o treinador quer que eu me doe por completo ao futebol, segundo ele nossos jogos vão ter olheiros de ligas importantes. - ele encolheu os ombros.

— Quer ser jogador profissional? - perguntei e ele assentiu meio envergonhado. — Se é seu sonho, devia correr atrás disso então.

— Meu pai...

— Ele é contra? - perguntei e ele negou.

— É complicado, sabe? Ele não totalmente contra, mae só tem medo que eu não consiga ir muito longe - riu — Ele também era apaixonado por futebol, mas meus avós eram contra, obrigaram ele a estudar direito, então ele, não sei, fica dividido em me deixar seguir meu sonho e o medo de dar tudo errado e eu me tornar a vergonha da família.

— Sinto muito, mas, se é seu sonho e se seu pai vai te apoiar, mesmo não seja em 100%, devia se meter de cabeça. - apoiei meu queixo em ombro não machucado e ele me olhou. — Vou te apoiar também.

— Obrigada, Madie. - sussurrou.

— Posso te ajudar com as matérias, se não tiver tempo de estudar por causa dos treinos, pra suas notas não ficarem tão ruins.

— Eu gosto muito da idéia, essa é mais uma desculpas para te ver. - falou malicioso e eu revirei os olhos, voltando a massagear suas costas.

— Não precisa de desculpas pra me ver. - falei — Já passamos dessa fase.

— Parece que nós somos n-

A fala de Adrian foi interrompida por batidas na porta.

— Quem é? - perguntei vendo Adrian me olhar desesperado.

— Valéria - a voz da minha prima só o deixou mais nervoso e ele se levantou quando eu apontei para o banheiro, caminhando silenciosamente para lá.

— Precisa de alguma coisa? - perguntei, olhando ao redor, para ver se não tinha nenhum sinal de Noah no quarto.

— Podemos conversar? - perguntou.

— Sobre? - perguntei.

— Preciso de um conselho. - suspirou — Me deixe entrar, por favor.

— Já vou. - olhei mais uma vez e foi então que eu vi a blusa de Adrian perto da janela. Corri até lá e joguei com o pé para debaixo da cama.

Quando finalmente abri a porta, Valéria entrou no meu quarto de uma vez, indo se sentar na cama.

— Teve muitos namorados quando morava em Paris? - perguntou.

— Alguns - me senti no puff da minha escrivaninha, assim tinha uma visão privilegiada da porta do banheiro — Posso saber o motivo dessa pergunta?

— Sim, o que fazia quando queria chamar algum deles pra sair pela primeira vez?

— Normalmente eu os conhecia em festas, nunca gostei de garotos da mesma escola que eu, depois que se apegam, não é fácil se livrar deles. - dei de ombros. — Mas se eu queria sair com alguém, eu simplesmente ia lá e chamava.

— Foi o que eu fiz, mas recebi um não. - ela suspirou. — Olha pra mim, quem em sã consciência ia recusar a sair comigo?! - apontou indignada para o próprio rosto. - eu sou bonita, popular....

— Ahn.... - a olhei um pouco confusa.

— Chamei Adrian pra ir comigo a festa da Daniela, as meninas disseram que ele estava a fim de mim, então eu fiquei confiante e o chamei, mas ele disse que não! - ela parecia indignada. — Ele olhou pra mim e disse "NÃO!"

— Isso é normal, Valéria - falei — Eu também já levei alguns fora, faz parte da vida.

— Eu gosto de Adrian.

— Vocês já tiveram algo? - perguntei inocente, se tivesse acontecido algo entre eles dois, eu finalmente saberia.

— Não, eu simplesmente gosto dele, ele é bonito, popular, joga futebol e... - ele parou pra pensar — O sorriso dele é bonito e ele é gentil! Somos o par perfeito!

— Tenta falar isso pra Adrian então... - falei. Não sabia o que dizer.

— Acho que ele gosta da Rosália - ela falou rápido — Ela é uma das únicas garotas que ele mantém por perto. Preciso mostrar a ele que sou tão boa ou melhor que ela!

— Ele e Rosália tem... algo? - perguntei sentindo a garganta seca.

— É o que dizem, todo mundo sabe que ele tem alguém, mas ninguém sabe quem é esse alguém. - suspirou — E uma vez, Adrian deixou bem claro que Savannah era seu tipo ideal. Ele disse que gosta de ruivas.

— Ah...

— Pode me ajudar a conquista-lo, Madeline? - perguntou, ou melhor, implorou. — Você disse que teve muitos namorados, não foi? Você deve saber como conquistar um homem.

— Talvez eu saiba, mas não gosto de garotos como o Adrian.

— Não?

— Não. - afirmei — Gosto de caras maduros, universitários, e gosto de loiros com olhos azuis.

— Ok. Estou indo então. Tchau. - Valéria suspirou e saiu do meu quarto batendo a porta com força.

Tranquei a porta e esperei alguns segundos antes de ir ver Adrian no banheiro.

— Então você gosta de ruivas? - indaguei cruzando os braços.

— Então não gosta de caras como o Adrian?!