— Adrian...
— Estou brincando, Madeline - ele gargalhou alto, me assustando um pouco. Mas mesmo com sua risada escandalosa, senti um pouco de amargura em suas palavras. — Mas se você realmente quiser ir nós vamos... - mudou de repente de assunto, após sua pequena crise de risos forçada — Só não diga depois que eu não avisei.
Assenti.
— Eu gostei da sua madrasta... - falei, tentando mudar de assunto.
— Ela não é minha madrasta... - ele corrigiu voltando a sus carranca — Ela e meu pai só se veem porque ela acabou engravidando da minha irmã.
— Mas ela não é namorada dele?
— Ela acha que sim. - deu de ombros indiferente — Meu pai é um bom homem, mas não sabe ficar com uma mulher só, por isso que minha mãe foi embora.
— Sinto muito, por sua mãe.
— O importante é que ela é feliz. - ele sorriu, mas pareceu triste.
— Vocês se veem com frequência?
— Às vezes, ela mantêm contato - explicou. — Meu pai não gosta que eu a veja, ele tem medo que eu vá morar com ela.
—Tem vontade de ir morar com ela?
— Não sei se seria capaz de deixar meu pai. No fim das contas, ele quem ficou comigo e ele me ama do jeito dele. - suspirou. — O que faria no meu lugar?
— Eu nem mesmo veria minha mãe. - revelei sincera — Sou uma pessoa muito rancorosa, não consigo perdoar facilmente. Te admiro muito por ainda ver ela.
— Eu tenho o coração mole - riu — Me apego rápido as pessoas, por isso tento manter distância de Bea, não sei quanto tempo ela vai poder ficar.
Toquei seu ombro em uma espécie de carinho. Adrian parecia perdido e eu entendia aquele sentimento. Ficamos calados então até chegarmos próximo a minha casa, onde pedi que ele parasse pra não corrermos risco.
— Obrigada por hoje, foi divertido. - precionei os lábios sem saber o que dizer. — Foi legal conhecer mais de você.
— Também adorei, Madie. Eu espero que possamos sair juntos mais vezes. - ele tocou meu rosto e nos aproximamos para um beijo de "até mais" que foi bem mais demorado do que devia. Se alguém nos visse eu estaria ferrada, mas eu não conseguia parar. — Amanhã nos vemos na escola? - perguntou encostando sua testa na minha e eu assenti.
Finalmente sai do carro depois de pegar minhas muitas sacolas e caminhei até em casa, subindo diretamente para meu quarto. Quando abri a porta me surpreendi com Valéria na porta, me esperando com os braços cruzados.
— Posso ajudar? - perguntei.
— Onde você estava? Meu pai me pediu pra faltar na ginástica pra ver se você tava bem e a bonita não tava em casa! - acusou, cheia da razão.
A encarei sem entender. Tudo bom, linda?
— Agora pra sair de casa eu tenho que te avisar com antecedência? Me poupe, Valéria. - tentei passar por ela, mas ela impediu.
— Quem te deu isso? Que eu saiba você não pode pegar dinheiro da conta at-
— Por que você simplesmente não cuida da sua vida? - perguntei entre dentes — Você nunca fala comigo e quando fala é assim? Por favor, olha pra minha cara e vê se eu vou ser mandada por você ou por qualquer outra pessoa. - a empurrei e passei por ela, entrando no meu quarto e trancando a porta irritada.
Quem ela pensa que é?
Coloquei as sacolas em um canto e fui atrás do meu celular, que estava jogado na cama. Me surpreendi com a quantidade de mensagem das meninas e algumas ligações perdidas.
Decidi ligar pra Esmie primeiro, era a mais ajuizada das duas, se eu ligasse pra Catalina, seria xingada por todos os palavrões que ela conhecia, e não eram poucos.
— Onde estava, seu projeto de p**a? - a voz de Catalina me surpreendeu. Conferi se tinha ligado pra pessoa certa e sim, era o número de Esmeralda. As duas provavelmente estariam juntas. — Sabe o quanto ficamos preocupadas? - agora sim era a voz da dona do celular. — Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - perguntou com aquele jeito meigo. — Não seja boba, amor, é óbvio que ela tá bem, o Adrian também faltou aula hoje, o que acha que eles estavam fazendo? No hospital não era! - Sina soltou debochada.
— Meninas - tentei acalma-las. — Amanhã eu conto tudo pra vocês.
— Amanhã nada! - gritaram ao mesmo tempo, fazendo meu ouvido doer. Afastei o celular do ouvido com uma careta.
— Eu estou cansada.
— Problema seu! - Cata berrou. — Como aguentou passar o dia transand-
— Cata! - a interrompi. — Não é nada disso, para de ser doida!
— Então o que? - foi Esmie quem perguntou.
— Nós saímos. Fomos ao shopping...
***
Dormi m*l aquela noite, consequentemente acordei cedo, estava pronta antes das sete. Conferia meu celular de hora em hora, esperando um sinal de vida de um certo alguém, mas nada. Isso não era do seu feitio. Podíamos não trocar mensagem 24/7, mas, ele não passava tanto tempo sem dar as caras.
Ele cansou de mim?
Procurei na minha mente se tinha feito algo que o havia deixado bravo, mas não tinha nada. O dia foi divertido.
Era uma despedida?
Essa ideia me passou pela cabeça. Os presentes, o passeios, tudo poderia ser uma despedida, não podia?
— Madeline? - a voz do meu tio me fez acordar e então percebi que toda a família me encarava.
— Uhn? Oi?
— Vai querer tomar café? - Tia Amara perguntou e eu neguei.
— Está tudo bem, querida? - meu tio perguntou se aproximando e eu assenti. — Val nos disse que saiu ontem, pra onde foi?
— Dei um passeio, tio, não se preocupe... - me levantei do sofá onde eu estava, passando as mãos para desamassar minha saia.
— Val disso que fez compras... - a voz da outra me fez respirar fundo.
— Não posso? - perguntei cruzando os braços — Me desculpe tia Amara, mas estão ultrapassando um pouco os limites.
— Somos seus tios. - a mulher se defendeu indignada.
— Meus tios, não meus pais. - rebati.
— Ora sua-
— Valéria - meu tio a interrompeu.
Senti que se não houvesse ouvido a buzina do carro de Cata, teriamos discutido. Não era fora do comum pequenas discussões entre mim e Amara, graças a Valéria. Geralmente eu tentava evitar, já que eu morava na casa deles, mas quando eu não estava nos meus melhores dias, fazia questão de bater de frente. Esse era um daqueles dias.
— Que cara é essa? - Cata perguntou quando eu entrei no quarto.
— Brigou com alguém? - Esmie perguntou se virando pra me encarar e eu assenti suspirando. — A inusportavel da Valéria? - assenti.
— Essa menina me dá nos nervos. - Cata murmurou dando a partida após dar um murrinho no volante. — Sério, se eu estivesse no seu lugar...
— Não quero envolver Adrian nesse história e usar ela mais do que eu uso. - falei séria.
— Não é como se você o amarrasse e trepaçe nele a força. - Esmie deu de ombros e eu não segurei a gargalhada. As duas olharam pra mim assustadas. — Não, é?
— Eu disse, Mads é uma safada! - Catalina exclamou.
— Como foi isso? - Esmie perguntou curiosa, me encarando com expectativa e eu ri mais ainda.
— Não foram muitas vezes, só umas duas, quatro, seis... - me fiz de boba e a loira gargalhou.
— Ainda não sei como nunca pegaram vocês transando. - a loira disse pensativa — Se fosse comigo tinha descoberto na primeira sentada.
— Todos estão ocupados demais tentando achar uma forma de roubar meu dinheiro, me vigiar não é tão importante, eles não se importam contanto que eu esteja no quarto. - dei de ombros.
— E esse chaveiro? - perguntou Esmie de repente, puxando minha mochila de uma vez. — É novo? Nunca tinha visto.
Assenti encarando o chaveiro em formato de sorvete de casquinha colorido.
— Adrian quem me deu. - falei e foi o suficiente pra ser zoada até chegarmos a escola.