UM

1500 Words
MADELINE O despertador irritante, como sempre, tocou exatamente às sete da manhã. Abri os olhos rápido, e suspirei ao ver o que eu usava como travesseiro. Me levantei e mesmo contra a minha vontade, fui acorda-lo. — Adrian? - chamei baixinho para que o resto da casa não ouvisse — p***a - eu puxei a coberta e pulei em cima dele, tentando ao máximo não fazer barulho pra não chamar tanta atenção — Adrian, c*****o! — O quê...? - ele resmungou virando de lado, enfiando o rosto em meu travesseiro. — Adrian, você vai se atrasar... Ele abriu os olhos esverdeados lentamente e olhou para o relógio digital em cima da minha mesinha ao lado da cama. — Que dia é hoje? - sua voz saiu baixa e mais rouca que o normal. —Quarta-feira, você tem treino - eu o lembrei — Se veste logo e vai pra sua casa... - pedi baixinho e mordi o lábio, percebendo minha situação. Eu estava sentada em cima de Adrian — Vamos nos atrasar. Você tem que ir. — Tenho mesmo? - perguntou rouco levando suas mãos grandes até minhas coxas descobertas. — Preferiria ficar o dia inteiro com você... — Outro dia quem sabe. - eu segurei suas mãos e as afastei do meu corpo. — Agora, se veste e vai pra sua casa. Eu saí de cima dele para que ele pudesse se levantar. Adrian vestiu a calça jeans que usava noite passada e calçou seu tênis de marca . — Vai dar minha blusa ou você quer que eu vá assim? - me olhou com a sobrancelha erguida, apontando para seu corpo. Bufei e tirei sua blusa, ficado apenas com um shortinho de malha que eu usava para dormir. Entreguei a blusa a Adrian, que me olhava com aquela cara de pervertido que só ele tinha. — Sete e dez... - cantarolei, cruzando os braços sobre meus s***s descobertos. — Você é bem chatinha quando quer, não é, Madeline? - ele levantou da cama. — Te vejo na escola? Assenti e o vi sair da casa pela janela. Não me preocupei em ver se ele havia chegado ao chão em segurança, faziam alguns meses que ele fazia isso, desde o dia em que começamos a nos ver ele decidiu que viria me fazer visitinhas sempre que quisesse, e ele nunca tinha dado um jeito de se machucar enquanto fazia isso. Tomei banho, escovei meu cabelo e vesti o uniforme da escola. Eu gostava, parecia uniforme dos filmes e das séries asiáticas que eu assírias quase sempre. A blusa social branca com botões na frente, fazia conjunto com a saia rodada de pregas de tecido xadrez, nas cores verde, branco e preto, o blazer com a mesma estampa, uma gravata preta, as meias 3/4 branca e a sapatilha envernizada preta. Eu completava com uma tiara larga e branca e um r**o de cavalo alto. Peguei minha mochila branca de couro e saí do quarto, encontrando minha prima, Valéria, no corredor. Ela usava o mesmo uniforme que eu, mas parecia mil vezes mais bonita. Talvez pelo salto alto ou pelos dois botões da sua camisa estarem aberta, ou talvez, porque Val era simplesmente muito bonita. — Bom dia. - eu murmurei passando por ela. Fazia isso por respeito aos pais dela, já que ele nunca me respondia. Desci as escadas e fui direto para a cozinha. — Bom dia, tia. — Bom dia, Madeline. - ela me lançou um de seus sorrisos falsos e encheu um copo com suco de laranja. Não era pra mim, era pra Valéria. — Bom dia, meu amor. - Tio Heitor deixou um beijo em minha têmpora, sempre que ele fazia isso, a lembrança do meu pai invadia minha mente. - Dormiu bem? — Bom dia. - eu sorri de verdade pela primeira vez no dia — Sim, e o senhor? — Na medida do possível. Você quer café ou suco? — Ah, eu não quero nada. Eu só estou esperando as meninas passarem aqui para me buscar. - falei, sem precisar citar nomes. Eu tinha apenas duas amigas e eles sabiam disso. — Não gosto que ande com elas, Madeline, já falei pra você, - Tia Amara falou — Aquelas duas, não são um bom exemplo. — Deixe a menina, Amara! - Tio Heitor a interrompeu impaciente - Abra sua mente, as coisas mudaram. — Eu concordo com a mamãe, pai - Valéria disse entrando na cozinha. — Não é normal duas mulheres transarem. — Se preocupe com você, Valéria! - Meu Tio a repreendeu. — O que as pessoas fazem com as vidas delas, não diz respeito à nenhuma de vocês duas. Eu sabia que uma discussão começaria ali, mas por sorte, ouvi a buzina do carro de Catalina e depois de me despedir de todos, eu saí quase correndo. — Como vai o meu casal, favorito? - Perguntei entrando pela porta traseira do carro da loira. — Muito bem. - Cata respondeu sugestiva olhando para a namorada. — Sem detalhes, por favor. - eu brinquei. — E como foi sua noite com o Mendonza? - Esmeralda quem perguntou. — Como as outras... — Ainda não sei por que você não quer que ninguém sabia que o Mendonza come na sua mão, Mads - Cata comentou parando em um sinal vermelho. — A chata da sua prima ia surtar tanto se soubesse que o jogador de futebol que ela tanto idólatra, fode com você toda santa noite... — Eu entendo a Mads, no começo do nosso relacionamento, eu também não queria falar pra ninguém... - Esmrelada disse segurando a perna da namorada. — Eu e ele não namoramos. - eu me intrometi na conversa das duas — Nós só ficamos. Eu sou uma garota fodidamente carente que gosta da atenção que recebe do cara mais popular da escola. És isso. Adrian gosta do meu corpo e eu gosto da atenção que eu recebo. — Mesmo assim, nunca pensou como seria se, vocês, namorassem? - Catalina insistiu — Quando eu e a Esme começamos a sair, eu queria gritar pra todo mundo que eu tinha achado o amor da minha vida. - ela lançou um olhar cheio de significados a namorada, que retribuiu na mesma intensidade. Catalina e Esmeralda me dão esperanças. Elas, mesmo sem perceber, mostram, que eu vou ser feliz um dia. Catalina Gallego era uma loira alta, com porte de modelo da Victoria Secrets. Ela era uma it girl sem fazer muito esforço, sempre usando roupas da moda e acessórios de luxo. Ela me lembrava minhas amigas de Paris. Esmeralda Navarro parecia a protagonista de uma filme de romance dos anos 2000. Ela era meiga, gentil, tinha os melhores conselhos e um estilo romântico de ser. Esmie era mais baixa que eu, e tinha descendência coreana, a mãe veio da Coréia do Sul para as férias e se apaixonou pelo pai dela, um espanhol legítimo, o que resultou em uma mistura linda. Esme tinha a pele mais pálida que eu, os olhinhos puxados, os cabelos eram longos e ondulados, mas tinha um corpo avantajado. Ela era linda. Catalina parou o carro esportivo em frente ao prédio da Escuela Elite de Madrid. A EEM, que era a melhor escola de Madrid, mas eu a detestava. Esme e Cata eram as únicas pessoas que tornavam aquela experiência aceitável. E talvez, o Mendonza. — Podemos passar na lanchonete antes da aula? - perguntei a elas. — Não comeu? - Esmeralda perguntou. Eu neguei. - Temos uns vinte minutos, então vamos. — Eu tenho que ir até a biblioteca, terminar meu trabalho de física... - Cata fez careta saindo do carro e batendo a porta com força. Ela sempre deixava os trabalhos para a última hora. — Eu vejo vocês na aula? Eu e Esmie afirmamos e entramos na escola de braços entrelaçados. Caminhamos pelos corredores quase vazios até a lanchonete em silêncio. Assim como o resto da escola, o local tinham poucas pessoas, geralmente os alunos não chegavam muito cedo, apesar da escola ser tão requisitada, a maioria dos alunos não se importava com o preço que os pais pagavam para que eles pudessem estudar ali. — O que vai querer? - ela perguntou. — Um pudim... — Sério? Essa hora, Madeline? Dei de ombros e fui comprar meu doce. Eu não conseguia comer muitas coisas. Ultimamente, a única coisa que me descia era pudim de leite condensado com morango e pistache, ou besteiras que enganavam meu estômago. — Você devia se alimentar melhor. - Esmie resmungou. Eu a ignorei e seguimos pelo corredor. Então, quando eu estava chegando ao meu armário para pegar meus livros, eu o vi. Ele estava com as costas no armário, de braços cruzados, ele usava a blusa do time de futebol e estava cercado por pessoas, a maior parte, eram garotas. Valéria estava lá também, se esfregando nele. Ele me viu e sorriu disfarçadamente. Aquele sorriso cafajeste que me fazia chorar em locais que jamais deviam ser citados. Desgraçado.
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