Perdida no morro

Capítulo 3

Larissa narrando

Peguei as poucas malas que haviam em minha mão, me despedi daquela casa, lembrei dos poucos momentos bons que tive com minha mãe. Talvez se ela estivesse aqui, agora seria tudo diferente.

Sai do quarto, passei pela sala e graças à Deus a bruxa não está.

Não iria me despedir de meu "pai"

porque pra ele se eu for, não seria nada mais a menos que um peso tirado de suas costas.

Ele poderia ser feliz com sua amada bruxa, sem a filha bastarda pra atrapalhar.

Olhei ao redor da fazenda, e ah ... Aquela árvore, árvore onde eu vivi os mais belos momentos com Bruno , ah Bruno porque será que ele me abandonou? Será que têm algo errado em mim? É tão difícil entender , tão difícil.

Em pensar que até ontem eu imaginava ser a cinderela, e Bruno o meu príncipe que viria me tirar da casa de minha madrasta e me levar para seu palácio. Pelo amor de Deus , acorda Larissa ! Isso só acontece em conto de fadas, sua realidade é essa e da realidade não se pode sequer fugir.

Já ia colocando meus pés na rua quando o carro que eu pedi havia chegado, eu tinha minhas economias , heranças de minha mãe que por direito eram minhas. Ainda daria pra viver bem por um ano.

Até que a filha da cruz credo apareceu em minha frente com aquele arzinho de vitória.

- Já vai querida Larissa ? - ela disse com ironia .

- Poupe me das suas ironias Melyssa, eu tô feliz sabe? Nunca mais vou ver essa sua cara plastificada. - sorri.

- Já tava mais do que na hora de eu me ver livre de você garota escrota. Mas antes, sabe o que vai acontecer com seu amado Bruno?

- É o quê que você quer agora sua lambisgóia? - falei com raiva.

- Ele vai se casar , com uma das garotas mais ricas da cidade. Maribel Hernández. Grande o amor que ele sentia por você né querida? - ela sorriu vitoriosa.

- Você tá inventando isso!

- Não Larissa, não tô inventando. Se toca ele só queria tirar sua virgindade, e agora vai correr pros braços de outra.

Sai daquela casa à mil, entrei no carro que me esperava em frente a fazenda e fui o caminho todo chorando baixinho... Porquê? Porque tudo isso?

" Ele só queria tirar sua virgindade"

" Ele vai se casar "

Essas palavras estavam me machucando profundamente, todo aquele amor que ele dizia sentir era tudo mentira, ele só queria me usar e depois que conseguiu isso com certeza eu era motivo de deboche pra ele.

Me reestabilizei, sai do carro que me deixou no aeroporto, não foi difícil passar por eu ser de menor porquê eu tinha uma amiga que trabalhava no aeroporto. Enquanto esperava meu vôo fiquei me despedindo de Juliane.

- Eu vou sentir sua falta. - Juliane

disse triste.

- Eu também, você é a amiga mais verdadeira que já tive. - dei um abraço nela quando vi meu vôo chegando.

- Vai , se cuida lá no Rio Lari .

Terminei de me despedir dela , e entrei naquele avião. Parecia que meu passado estava indo embora junto comigo naquele avião.

Mas, eu acho que nunca ... nunca vou conseguir esquecer Bruno apesar de tudo que ele me fez eu ainda o amava, eu o amava. Infelizmente ele foi o meu primeiro homem, único namorado que já tive desde os 14 anos. Foi o pior erro da minha vida.

Mas o que me deixava mas revoltada era que eu ainda o amava.

Eu não podia amar alguém que me fez tão m*l.

Fui o vôo todo olhando o céu pela janela do avião, as vezes chorava , as vezes dormia e até dormindo eu sonhava com Bruno.

Dói... E sabe porque a decepção dói tanto? Porque ela nunca vêm de um inimigo.

Depois de horas... Enfim desembarquei , estava exausta só queria dormir em uma cama qualquer.

Olhei ao redor do aeroporto procurando um sinal de Luísa, logo ela apareceu com um sorriso estampado no rosto.

- Primaaa linda. - ela me abraçou exageradamente.

- Luísa , que saudades prima! - a abracei mais forte.

- Nossa Lari , você se tornou uma mulher e tanto.

- Nem sou ainda. - sorri fraco.

- Por um lado eu fiquei feliz que você veio pra cá, por outro... Saber que tudo isso aconteceu doeu em mim Lari.

- Pois é nem me fale.. - falei cabisbaixa.

- Tá , mas esquece isso! Vamos pra casa, você precisa descansar , tomar um banho.

- E minha tia?

- Ah , ela está ótima. As vezes quando saio do trabalho, vou visitar ela.

- Hmm.. Que bom - dei de ombros.

Pegamos um táxi em frente ao aeroporto, e fomos o caminho conversando. Luísa estava linda, totalmente diferente de quando eramos garotas, seus cabelos ruivos agora estavam cortados e desfiados, seu corpo ganhou mais forma ela estava linda.

No caminho ela foi me contando sobre o trabalho dela, ela trabalhava em casa de família, e as vezes dormia lá . É um trabalho digno, e provavelmente é disso que vou ter que sobreviver porque não tenho experiência em mais nada.

- Chegamos. - ela disse quando chegamos em um apartamento super confortável.

Era o último do corredor. Peguei minhas malas e Luísa me ajudou com algumas.

- Vêm prima, vou te mostrar seu quarto. - ela me guiou até o quarto.

Era pequeno mas super confortável e arejado, tinha um guarda - roupas, um criado mudo e uma cama de solteiro e uma janela que dava pra ver a orla do Rio De Janeiro.

- Nossa, você mora na Orla? - perguntei e ela assentiu.

- É, você sabe. Meu pai têm uma boa condição financeira, não gosto de depender dele pra nada, mais pelo menos aceitei esse apartamento.

- Entendi.

O pai dela foi um rapaz que minha tia conheceu ainda na juventude, porém que não à assumiu. Mas pelo menos registrou e deu tudo à Luísa , incluindo amor. Coisa que o meu " pai " nunca soube me dar.

- Prima, olha ai no guarda - roupas têm toalhas , lençóis e tudo que você precisa. Você pode ir tomar banho, aqui tem WiFi, tudo que você precisar gata.

- Valeu Lu, obrigada por tudo que cê tá fazendo. Eu vou arranjar um lugar pra ficar, não quero te incomodar.

- Oxe , tá louca? Tu acha que vou deixar minha única prima que eu adoro se mudar daqui?

- Mas eu não quero te incomodar .

- Eu amei você vim pra cá, eu passava os meus dias sozinha aqui.

- Se é assim . - sorri .

Luísa ficou assistindo Tv e mexendo no celular, tomei

um banho e fui desarrumar as roupas da mala e pôr no guarda roupas.

Quando vi já tinha anoitecido, amanhã iria resolver minha vida.

Ou quer dizer, ao menos "tentar"