Matteo
Eu me lembro dos meus tempos de escola sabe, quando eu não me importava com muita coisa e muito disso era porque sempre tive de tudo que precisava de meus pais, e ainda mais, tudo que queria, mas era molecão e no auge dos meus quinze anos só queria competir com meu amigo Alex nos campeonatos de futebol, porque a gente simplesmente era muito bom no que fazia, é isso que dá ser um verdadeiro fanático. Por incrível que pareça a gente nasceu no Rio Grande do Sul, os dois, tendo a mesma regional como superior das nossas famílias, numa cidade chamada Nova Hamburgo que pelo o que eu me lembro bem, tem uma p**a de uma placa bem na entrada da cidade gritando o orgulho dos moradores com a frase “A cidade mais germânica do Brasil” A nossa infância e adolescência foram boas demais, só que bem nessa época, nossos pais decidiram se mudar para São Paulo sem explicar muito bem o motivo, a gente só ficou sabendo que a ordem veio de cima
Cidade grande sem lembrar nada de interior, foi um pouco estranho ter que lidar com um povo frio que achava que os sulistas é que eram geleira em pessoa
Meu nome é Matteo e já muito novo tive que aprender a desviar dos suspiros que provocava nas garotas do colégio, apesar de nunca me importar tanto com essa reação frequente porque sabia que toda a diversão, um dia passa, então pra quê enraizar em coisa que passa rápido. No caso, eu sabia que um dia teria que virar o homem da sociedade e assumir a empresa do meu pai, uma coisa que ele fazia questão de me lembrar praticamente todos os dias. No fim, eu acabei cedendo e curtir o máximo possível a vida com meu amigo e nada mais. O que dava para fazer, a gente fazia, as meninas que dava para pegar, a gente pegava, e seguíamos assim.
Como eu disse, a minha família e a do Alex eram muito amigas, o que facilitou a nossa convivência, até numa relação de irmão, cara, como eu gosto do Alex, ele sempre está lá quando preciso e eu tento fazer o mesmo. Desde criança... a gente passava muito tempo junto e quase todos os dias eu almoçava na sua casa, junto de sua família e quando não era assim, passava lá depois do treino, meus pais não se importavam
Por causa disso, tinha também um ótimo relacionamento com suas irmãs, mais com a Gabriela, que é a irmã mais velha do que com a Luana, mesmo porque, com ela, eu tinha uma diferença de idade de seis anos e por isso sempre achava que os assuntos não eram os mesmos, não conseguia ter papo sabe e mesmo assim, não conseguia parar de imaginar como ela de muitas formas, na minha cabeça de adolescente, já que desde nova, apresentava uma beleza de chamar a atenção. O mais estranho é que não tinha esses tipos de pensamentos com a Gabi, mas também nunca me importei com isso.
Quando completei 18 anos, no final do meu ensino médio, veio a responsabilidade de me preparar para aprender os negócios da empresa de meu pai e por causa disso, fui estudar fora, na Bélgica, um país que eu nem conhecia direito e que tinha uma cultura que me fez ter um choque logo de cara, mas eu não tive outra escolha, era lá que ficava a cede das empresas da família e minha casa pelos próximos seis anos. Me empenhei pra caramba, sabia que era isso que meu pai queria. Eu era o filho mais novo, tinha uma irmã chamada Aline, mas em nossa família, o legado dos negócios é passado apenas ao varão, então a ela só cabia a responsabilidade de ser a filha mimada do papai e se casar com um cara bem sucedido e foi isso que ela fez.
Agora estou aqui, dentro do avião, na classe executiva, rumo à casa de meus pais novamente, pronto a assumir o cargo de presidente das empresas Status Corporation e mergulhar de cabeça às oportunidades que a vida está a fim de me proporcionar.
***
Por Luana
"Nossa, como pode ser tão lindo", era isso que eu pensava todas as vezes que via o melhor do meu irmão, Matteo. Como ele vinha em minha casa com frequência, tinha a oportunidade de vê-lo muito, o problema é que minha timidez nunca deixou que eu me aproximasse do dito cujo para puxar nenhum tipo de assunto, além disso, eu sempre percebi que ele me tratava como um bebê chorão por conta da nossa diferença de idade que nem é tanto assim, então, só me restava mesmo vê-lo de longe e curtir sua presença em casa.
Me lembro de um dia, no final de um campeonato entre a nossa escola e outra da cidade vizinha, acho que se chama jogos interclasses ou interescolas, ter visto ele no maior dos amassos com aquela loira oxigenada do segundo ano, parecia que tinham o mesmo objetivo, tocar com a língua a garganta um do outro. Eu sofri tanto, ele era o meu primeiro amor imaginário e eu estava vendo ele beijar uma boca que não era a minha.
O ginásio estava vazio, isso era normal depois de todas aquelas partidas de jogos, só tinha ficado mesmo o lixo espalhado e eles estavam lá, num ponto cego próximo à arquibancada e quando vi aquilo, tentei sair de fininho para que nenhum deles percebessem a minha presença. Não era só beijo, tinha toques também, toques que eu julguei inapropriados para a idade dos dois, me senti envergonhada. Depois daquela experiência, tentei tirar aquele garoto da minha mente e na maioria das vezes, fingia estar conseguindo, até descobrir que o dito iria embora do país e que eu ficaria muito tempo sem poder olhar a sua beleza nem de longe. Me convenci de que seria o melhor para minha mente, que não daria certo mesmo porque ele já tinha seus 18 anos e eu aqui com 12 e que seria mais fácil de esquecer minha admiração por ele dessa forma, mas no fundo eu sabia que era tudo mentira.
***
Seis anos... E cá estamos nós, curtindo os dias próximos ao natal, só faltam três dias. Esta é a data que eu mais gosto do ano, parece que as pessoas ficam melhores, o clima muda e até o cheiro da cidade fica diferente, eu sempre fico eufórica nesta época. Não posso dizer que São Paulo é a mais acolhedora das cidades, mas eu gosto. Gosto dessa coisa toda chamativa, maravilhosas obras arquitetônicas, e nessa época, ah...ela fica deslumbrante. Passando pela porta do quarto do meu irmão, o escudo falando ao telefone
Alex - Não acredito cara, sério? E quando vai ser isso?
A resposta vem e ele me parece ficar ainda mais agitado
Alex - Mas é daqui ha dois dias, putz, você não sabe como me deixou animado, vai ser véspera de natal, você vai dar uma passadinha aqui né, nem que seja meia hora?
E mais uma vez ele espera a pessoa responder...
Alex - Está certo, a gente se vê então, vai ser épico!
Eu não ia demorar muito para saber com quem meu irmão estava falando, Matteo, minha paixonite de adolescência, aquele que eu tinha decidido esquecer por me achar só mais uma menina b***a que gostava do garanhão jogador de futebol, que ele não era tão importante para estar presente na maioria dos meus pensamentos, aquele que sem saber me fez sofrer a primeira decepção amorosa, sim, ele estava voltando para atormentar meus pensamentos novamente, porque naquele momento, quando meu coração errou as batidas, eu simplesmente percebi que, o que eu acreditava ter sido só mais uma coisa de criança, i****a, infantil, estava mais viva do que nunca em minha mente e em meu coração
"Droga, isso não vai prestar!"