Capítulo 44

2134 Words
ELLA. Eu escutei-o regressar para a sua cama, e eu permaneci na mesma posição, de costas para ele, atordoada. Os meus dedos subiram para os meus lábios, nostálgica com o que aconteceu e eu estou-me odiando por isso. Todo o mínimo detalhe inconveniente que aconteceu hoje está perturbando a minha cabeça, e descargas de arrepios indecentes tomam o meu corpo por todos os motivos errados. Por causa dele, justamente por causa dele. Argh, você tinha uma e única chance, Ella! Eu devia ter perfurado a garganta daquele filho da mãe no primeiro milésimo ou até mesmo com a arma dele apontada para o meu crânio. Eu não sei em que momento aconteceu, mas o meu cérebro desistiu de tentar me incomodar com esse assunto e dessa vez sem medo eu adormeci, afinal, se ele quisesse matar-me, ele teria feito naquele instante. Ele tinha a arma bem na minha temporada e o deu indicador no gatilho, com muita audácia. Exausta eu acabei dormindo. (•••) Eu despertei sentindo algo frio e com uma textura simultaneamente suave e escamosa na minha pele que ficou eriçada ao extremo, principalmente quando senti enrolar e deslizar pela minha pele. No mesmo instante eu abri os olhos, me deparando como um par de olhos incomuns e o animal mais repugnante que já vi na vida subir pela minha pele. - AH! - eu literalmente grito sentindo o meu corpo queimar de medo, vendo uma cobra, enorme enrolada na minha perna e rastejando por cima do meu lençol e de mim. Ela é pesada, eu não sei se devo me mexer mais ou se eu serei picada por ela. - Ei, não grite. - a voz do Alexander soa próxima à cama, e eu não sei se olho para ele ou para a cobra que parece que vai dar o bote a qualquer momento. Eu observo as suas belas costas largas e tatuadas antes dele se virar e olhar para mim com o seu olhar azul, nada obviamente alarmado. - Ela não gosta de barulho, e se a mexer, ela ficará irritada. - ele diz com uma calma que me irrita, e eu sinto cada parte do meu corpo paralisar. Ele diz isso como se fosse nada… Isso é algum animal de estimação dele? Não me surpreenderia nada, mas… Socorro, socorro, socorro! Podia ser uma onça, um leão, um tubarão, mas uma coisa dessa rastejante, horrível, o meu coração literalmente bate tão forte que o meu batimento soa por todo o quarto. Eu estou empancada, vendo essa coisa escamosa retirar a língua e subindo em mim, deslizando pela minha perna. - Tira… - eu falo entredentes, para ele que sorri. - Não me diga que tem medo de um animal tão indefeso, Ella. - ele fala e eu perco o ar sentindo ela me apertar. Ela tem cara de venenosa, ela está vindo até mim. Ele quer literalmente me matar. - Indefesa? - eu falo numa linha de voz. O som que ela faz arrepia até as minhas entranhas. - Ela é tão indefesa quanto você. - ele diz vindo até mim, de banho tomado, gotículas de água estão na parte superior dos seus musculosos e largos ombros. Ele está apenas com calças, sem camisa exibindo o seu corpo, irrefutável esbelto, e as tatuagens que condizem perfeitamente com ele. Eu vou matar esse desgraçado eu juro. Ele para na minha frente fechando o relógio no seu pulso. - Ela acordou você, ela não ataca pessoas enquanto dormem. - ele fala sarcástico e realmente sinto lágrimas preencherem os meus olhos de medo, Estática. A minha respiração some e regressa mais pesada. Ela está se enrolado em mim. Eu não tenho forças nem sequer para erguer um dedo, ela é extremamente repugnante. Zzzzz. O som que ela faz, os olhos dela, a cor dela, a textura dela, tudo mexe comigo de forma que ninguém ou animal nenhum alguma vez fez. Ela é enorme. Eu não devia o dar o prazer de me ver assim, mas é bem mais forte que eu. - Tire… - eu falo sentindo a minha morte chegar e ele diverte-se. - Humn, ela gostou do sofá. - ele diz fazendo pouco caso, e eu surto, não me importando com mais p***a nenhuma eu grito, me chacoalhando e levantando-me apressadamente do sofá em parampas, se eu continuasse parada ela me daria o bote na mesma. Enrolada no meu pé eu pisei-a e a sensação foi a mais nojenta de todas, e ainda por cima cai sem exatamente ver onde está a sua cabeça, eu só queria livrar-me dela e simplesmente comecei a rastejar-me pelo chão alarmada e sacudindo a minha perna, me atrapalhando entre o seu corpo e o lençol. - Você vai machucá-la, fique calma. - ele diz indignado comigo. Eu? Eu irei machucar uma cobra? Eu levanto-me com medo de pisar no chão com medo de que tenha outras aqui, arrepiada para c*****o, vendo ele tirá-la do lençol e carregá-la como se nada fosse e ela mexe-se, e enrola-se nele, e eu sinto todos os meus cabelos ficarem em pé de tão arrepiados que estão, enquanto ele a leva para uma espécie de aquário, uma casa de vidro obviamente específica para uma cobra do tamanho dela e a pousa com cautela, com cuidado, até a tapar. E eu o observo pasma, com o meu coração acelerado e com medo de que tenha mais uma por aqui rastejando. Quando essa merda chegou? Ela não estava aqui ontem. - Você tem um problema na sua cabeça? - eu questiono indo até ele espalmando as minhas mãos nele, que segura logo em seguida. - Acalme-se. - ele fala como se não fosse nada, e eu retiro as minhas mãos da dele fula. - Tire essa merda daqui. - eu falo e ele me observa frustrado. Ele realmente gosta da cobra, ele não trouxe essa jibóia aqui só para me provocar. - A Laila ficará aqui, e você agirá de forma mais decente. - ele fala indo para a casa de banho e eu sigo-o vendo ele lavar as suas enormes mãos, e em seguida as limpa. Laila, e a cobra ainda tem nome. - Se é corajosa o suficiente para roubar uma faca na sala de jantar e colocá-la contra o meu pescoço, pode agir corajosamente diante de uma cobra que não fez nada com você. - ele diz saindo da casa de banho e a fúria queima-me por dentro, vendo ele pegar a sua camisa preta que estava por cima da cama. - Não fez nada? - eu o questiono abismada. - Essa coisa estava em cima de mim, c*****o! - eu exclamo fula, e ele me observa sem paciência vestindo a camisa. - Você estava em cima de mim ontem, mia cara. - ele fala e eu sinto o meu rosto queimar abruptamente. - Qual é a diferença? - ele ousa questionar. - Qual é a diferença? - ele questiona indignada. - Aquilo é uma cobra. - eu falo, e ele sorri, ajustando a sua roupa de treino e eu procuro manter a minha cabeça elevada e com o meu olhar no seu rosto. - E você não é? - ele questiona e num misto de raiva e indignação, eu alcancei o vaso do meu lado de decoração do meu lado e lanço na direção dele com uma fúria indomável. E antes mesmo do vaso de vidro explodir no rosto dele, ele agarra-o com uma só mão. A p***a de uma mão, num reflexo impressionante. - Não me enfureça, Ella. - ele diz levantando o seu olhar para mim, e agora, sim, eu vejo a possível faísca de fúria no seu olhar azul, depositando o vaso na mesa de cabeceira. - Ewww… - eu balbucio extremamente arrepiada, querendo retirar a minha pele de mim mesma. Ele retira o seu olhar de mim. - Isso é seu. - ele diz curto, lançando a caixa de um celular para a ponta da cama. E oh, como é bobo. - Foi esperta demais para se aproveitar da minha mãe, mas penso que é esperta o suficiente para se comportar, e saber que o seu celular está trackeado e você estará sendo vigiada, Ella. - ele diz e eu reviro os olhos. - Prepare-se para o pequeno-almoço, será daqui a uma hora. - ele fala e eu limito-me em levantar o meu olhar até ao painel próximo à porta. São cinco e cinquenta e dois e eu fui acordada por uma estúpida cobra de estimação. Zzzzz. O som que esse animal está a fazer deixa-me extremamente arrepiada. - Certo. - eu digo-lhe, é óbvio que ele vai treinar. - Diga para alguém vir tirar essa sua coisa daqui. - eu falo. - Terá de aprender a conviver com ela, Robin Hood, não a provoque ou ela engolirá você, principessa. - ele diz sarcástico e sai logo em seguida. Zzzzz. - Ohhh, que desgraça… - eu falo completamente arrepiada olhando para esse animal nojento. Eu baixo o meu olhar por aqui, para me certificar que ela é a única rastejante por aqui, e graças a Deus sim. - É claro que ele teria justamente uma cobra como animal de estimação, eu falo retirando todos os lençóis do sofá absolutamente tudo, até as dele e deixo aglomeradas, próxima à porta para que alguém as venha buscar, e deitar. E após tomar banho, esse pijama também irá. - Oh… - eu balbucio arrepiada. - Laila, é o seu nome não é? - eu falo olhando para essa criatura peçonhenta. - Não devia ter vindo para cá. - eu falo. - Pior ainda, se enrolado em mim. - eu digo-lhe e suspiro. - Eu só preciso matar você para puder tomar o meu banho e tirar a sujeira que você deixou em mim, tranquilamente. - eu falo, olhando para tudo quanto é canto, pensando no que fazer. Eu entro na casa de banho, e rapidamente a ideia veio. Água… Eu pego rapidamente uma prancha de cabelo que tem aqui, ela entrará no terrário. Eu encho num recipiente água que baste, e volto para o quarto. Zzzzz. - … - eu balbucio arrepiada, sentindo o toque sufocante dela em mim ainda. Ligo a prancha no adaptador que induz esse terrário e aproveitando que a cabeça dela estava do outro lado e enfio a prancha aqui dentro, e logo em seguida água pelo buraco. A reação foi rápida, e em minutos esse animal peçonhento foi para onde devia ir, para receber o dono depois. Eu queria fazer isso? Não. Não necessariamente, eu queria que ele apenas sumisse com ela. Ele não quis, depois dessa coisa ter simplesmente se enrolado em mim. Eu não conseguiria andar ou nem sequer tomar banho com esse animal aqui. E bem, eu queria machucar o Alexander de alguma forma, e se não pode ser ontem, eu farei como eles fizeram comigo. Sem remorsos. Eu arrisco-me e desligo a prancha da ficha e não sou eletrocutada como esperava. Assim que acho o dreno, deixo a água cair no balde, e em seguida, eu retiro a prancha, voltando a fechar tudo e volto ao banheiro, deito a prancha na lata de lixo e depois a água, mil e uma vezes mais calma. Eu retiro o meu pijama e deixo ele lá com os lençóis e ao voltar a casa de banho, entro imediatamente no box raspando a minha pele, de cima a baixo. A textura daquele animal é horripilante, tão horripilante quanto é tocar qualquer pessoa dessa família. Eu lavei o meu cabelo duas vezes, e eu não tenho noção de quanto tempo eu me esfreguei, mas eu parei no momento em que tocar na minha pele doía, estupidamente, vermelha. Eu terminei o banho, e em seguida fiz a minha higiene oral. Sequei o cabelo com o secador de mão, passei a loção corporal e fui para o closet e peguei umas calças jeans de cor creme, uma blusa simples branca, um cinto castanho e uns saltos de uns dois centímetros da mesma cor que o cinto. Para não ficar muito simples, coloco uns acessórios e foi o bastante, passo um perfume e saio do closet, e vou até ao painel, e o observo. Eu sei que essa família não chama os funcionários gritando. Encontrei aqui o botão, e ligo. - Bom dia, pois não, senhorita Ella? - humn, sabem que sou eu. - Ah, bom dia. - eu respondo. - Eu gostaria que algumas coisas fossem retiradas do quarto, podia pedir para que alguém disponível subisse? - eu questiono. - Claro, senhorita. - a pessoa responde. - Obrigada. - eu respondi e desliguei logo em seguida, caminhando até ao celular que ele deixou sorrindo, e retirando-o da caixa. - Você me subestima demasiado, Riina. - eu falo ligando o celular.
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