Capítulo 51

3004 Words
ELLA. Eu estou a ficar tão doida que eu estou cogitando pegar uma caneta e um papel, com o meu número e colocar no banheiro. Eu sei que o senhor Smith já deve saber de tudo, e com certeza já colocou alguém a seguir-me e talvez eu esteja louca... Não, eu não estou, eu sei que os meninos virão para cá se virem as fotos dos paparazzis, mesmo eu tendo deixado claro que eles não devem se arriscar. Eles não devem mesmo se arriscar, eu não devo alimentar as maluquices deles, não hoje e não agora. Eu só preciso arranjar um jeito de deixar eles saberem que eu estou bem e depois do que vi, eu só me tranquilizarei completamente se eu souber que eles realmente estão bem. O que eu faço? Eu ouço o celular tocar, e vejo o nome do Alexander aparecer e eu apenas decido desligar o celular. São quase dezassete horas, e eu estou exausta, como podem perder tanto tempo vendo uma coisa apenas, e eu sinceramente não sei quem ele pensa que é para ligar para mim. Ele acha mesmo que depois da merda que ele fez, eu vou querer falar com ele? E ainda ao celular, sem nem no meu melhor dia, eu gostaria que ele existisse. Aja paciência. Eu silencio essa merda e termino todo o conteúdo da taça de champanhe que elas oferecem aqui, acompanhado do olhar da Kassandra. - Para onde vai, querida? - ela questiona. - Eu vou ao banheiro. - eu digo-lhe e ela assente. A Natalie está no provador, novamente por alguma razão desconhecida. Eu vou até lá e realmente vou a uma das cabines fazer xixi, e saio, com a minha cabeça pior do que estava essa manhã. Nem o álcool do champanhe ajudou. Ele literalmente cercou-me por tudo quanto é canto. - ... - eu inspiro fundo sem paciência para tudo isso, jogando água fria no meu pescoço. Com os olhos fechados eu sinto a presença de alguém dentro do banheiro e eu abro, confirmando a minha suspeita e mesmo assim surpresa, afinal de contas eu torcia que fosse uma cliente que eu pudesse roubar o celular por uns segundos. - Porque não atendeu o celular? - ele questiona, me observando através do espelho e eu noto que ele também trocou a roupa. Dessa vez está com uma camisa de linho, com os primeiros botões subtilmente abertos, de cor branca e... por que eu estou prestando atenção nisso? Eu reviro os olhos ignorando os meus batimentos cardíacos e vou secar a minha mão ignorando a presença dele. O meu ódio por ele, não pode ser descrito de tão enorme que é. Eu odeio tanto que não quero nem colocar os meus olhos nele. - Venha. - ele diz e eu suspiro fundo o observando. - Você não tinha um funeral para atender hoje? - eu questiono-o e por alguma razão, a expressão dele é de sem paciência também, como se eu sou quem está no banheiro feminino chamando por ele. - Eu vou levar você junto comigo, visto que é a responsável. - ele responde sarcasticamente, e eu resolvo sair sem lhe prestar atenção. Eu saio na frente e sinto ele vir atrás de mim. Idiota! Eu achei que eu voltaria para a merda daquele lugar a tempo de pegar uma faca, antes dele levar-me para sei lá onde. Mas o que ele pode fazer comigo, mesmo? Nada, ele não pode me machucar, não pode nada... só quer fazer eu perder mais do meu tempo com ele, satisfazendo o enorme ego dele. - Oh, Alexander! - a Natalie diz vindo até ele animada, e o mesmo a oferece um sorriso. Ela o dá dois beijos no rosto, e bem, com certeza ele tem uma cunhada preferida, e vamos combinar que após ter uma Chiben como cunhada, a Natalie parece um anjo. - Como você está? - o Alexander a questiona e o sorriso dela é largo. - Ótima, e muito ansiosa. - ela comenta. - Isso é normal. - ele comenta, pegando na minha mão por alguma razão, e eu seguro-me para não revirar os olhos, já que não só os olhos da Natalie desceram para as nossas, como o da Kassandra, e das funcionárias da loja. Um fingindo de merda. - Eu comentava com a Ella, que vocês fazem um belo casal, eu não vi isso vindo.- a Natalie comenta nos encarando sugestivamente e eu sinto ele sorrir. - Eu concordo. - a Kassandra diz. - Eu preciso levá-la agora. - o Alexander diz. - Nos veremos mais tarde. - ele diz para a Natalie que assente. - Até mais tarde. - eu despeço-as. - Até mais tarde! - ambas respondem, enquanto a funcionária traz mais um closet móvel para cá e o Alexander leva-me para fora do ateliê com ele, ainda pegando na minha mão. O meu olhar verifica o lugar e eu localizo os homens dele em pontos estratégicos, e as pessoas passando por aqui, não tiram os olhos desse ser. O contacto da enorme mão dele consumindo a minha na sua, está-me dando mais dores de cabeça. - Não é preciso que me toque o tempo, todo. - eu falo retirando a minha mão da dele, e passando-a nos meus cabelos de forma que não pareça propositado para os que estão nos encarando. - Então aja como deve, para não ser necessária a minha intervenção, Ella. - ele fala amargurado e frio, e eu sinceramente, ignoro. A minha cabeça está a doer demais para tudo isso. Ele coloca a maldita de uma cobra em cima de mim enquanto eu dormia, lançou-me para a merda de um terrário, me asfixiou, tudo que era esperado dele pela sua natureza, mas ele fez toda essa merda por causa de uma maldita cobra chamada Laila. Eu estou tão saturada, que nem para onde ele me está a levar, que eu só quero que ele faça o que quer e me deixe em paz. Em paz de vez, que finalmente me dê espaço para fazer o que eu quero. Chegamos ao estacionamento, e simplesmente tudo se tornou extremamente estranho. Ele meteu-me num carro diferente do dele, igual ao que ele me tirou do meu bairro, e foi num outro. - Um grande filho da mãe, i****a do c*****o. - eu murmuro p**a com tudo isso já. Ele está abusando do facto dele ser um covarde e simplesmente ter-me imobilizado de todas as formas de fazer o que eu faria com ele em condições normais. No habitat dele, e com os meus amigos nas suas mãos. Um mafioso não é e jamais será de confiança, principalmente alguém como ele. - Ele está a fazer isso para me intimidar… - eu falo comigo mesma, matutando para onde merdas ele está me levando. - Ele quer me torturar, quer se vingar da merda do animal repugnante de estimação dele, achando que eu terei medo e suplicarei por perdão em independentemente da merda que ele está planejando. - eu falo comigo mesma. - Ele acha que eu tenho medo dele. - eu falo inconformada revirando os meus olhos, indignada. Depois de algum tempo o carro parou, e em segundos a porta foi aberta pelo Jake, e foi o suficiente para eu revirar os meus olhos saindo desse carro. Um lugar deserto, uma coisa que parece um cativeiro e eu sorrio levando o meu olhar para o Alexander que sai do carro ajustando o seu relógio no pulso. O céu já está escuro e esse lugar nem parece ter janelas. - Quer dizer alguma coisa antes de me colocar num lugar escuro por algumas horas, como o seu castigo, Riina. - eu questiono-o e ele sorri, ficando bem na minha frente, com os seus olhos gélidos em mim. - Eu quero que use o seu tempo… - ele fala pousando a sua mão no meu queixo e eu viro o meu rosto para o lado, me desfazendo do seu toque, mas no mesmo instante eu sinto as mãos do Jake prenderem as minhas, e as minhas costas doem tanto, a minha cabeça também, que sabendo que não vai dar em nada, eu o deixo ter um momento de glória por alguns instantes. - Lá dentro. - ele completa deslizando o seu dedo pelo meu rosto e colocando os meus cabelos por detrás da orelha, olhando no fundo dos meus olhos, e o meu corpo incendeia de raiva. - Para refletir sobre o que anda a fazer e relembrar qual é o seu lugar, Robin Hood. - ele diz e a minha respiração de torna pesada de tanto ódio que eu sinto dele. - Devia saber quem eu sou, antes de me fazer perder a paciência. - ele fala frio. - Mais alguma coisa? - eu o questiono, querendo acabar logo com isso. - Poupe a sua voz. - ele diz casualmente pegando na merda do celular dele, o atendendo, e fazendo um sinal com a mão para o Jake me arrastar para lá. - Veremos o quão selvagem, você é. - ele fala bem próximo da minha vida e foi a gota de água. Mais forte que a minha dor e mais forte que eu. Usando a minha perna, eu enquilino-me ligeiramente para frente, com ele ainda prendendo as minhas mãos, e com o pé eu golpeio as suas costas, fazendo-o cair de cabeça na minha frente, e por conta do seu peso e aperto ainda estar em mim, ele me puxou com ele, como previsto, num pequeno mortal para o chão. Mas eu fui rápida, aproveitando-me da surpresa dele, e levei o meu cotovelo para o seu rosto com toda a minha força, levantando-me por cima dele. Dolorido, confuso, ele pega um dos meus pés, mas eu tenho dois e com o outro, eu literalmente piso o rosto dele, e como ele já estava machucado, fazer ele sangrar e sentir mais dor, foi fácil demais, e satisfatório. Ele soltou o meu pé de tão desnorteado que ficou que achei que ele ia desmaiar por alguns instantes. - … - a p***a das minhas costas estão doendo mais ainda, e bem… esse mínimo tempo, foi o que consegui apenas para surrar esse desgraçado, mas também para quatro homens me pegarem e imobilizarem-me, antes que eu golpeie o Jake, novamente. - Filha da p**a… - ele fala gemendo de dor, enquanto esses homens me puxam para esse lugar a força. - Você é doente da cabeça? - o Alexander questiona retoricamente, passando o seu olhar de mim, se dando conta do que aconteceu em poucos segundos quando ele estava de costas falando ao celular. Ele vem na direção do Jake, enquanto os outros homens o levantam do chão. Os quatro puxaram-me para a porta, enquanto os outros apontavam as suas armas para mim e por mais que eu me rebatesse, nada aconteceu. Eu só senti a porta ser aberta atrás de mim, e eles lançarem-me para dentro da merda desse lugar, que mesmo por fora aparentar estar todo fechado, ser frio. A minha b***a bateu no que acho ser concreto gelado, não consigo ver merda nenhuma de tão escuro que tudo está. - ARGH! - eu exclamo de raiva. - Desgraçados. - eu balbucio, tocando no chão para alcançar a alça da bolsa que senti se soltar de mim. Vou usar a lanterna do celular. - … - eu ouço um barulho estranho, e inspiro fundo, abrindo a bolsa assim que acho a bolsa. Com certeza aqui teriam ratos. - Filho da mãe… - a minha frase nem termina direito, quando eu sinto algo roçar a minha perna e eu levanto-me, afastando esse rato da minha perna. Eu retiro o celular quando repentinamente sinto algo enrolar a minha perna, e o meu sensor gritou, dizendo que essa textura não é da merda de um rato, e arrepiada, eu paralisei, deslizando a minha mão até a lanterna. Zzzzz… - … - os meus lábios tremem de medo literalmente e o meu corpo fica tremendamente arrepiado e sem reação, quando a luz ilumina o chão. - … - agora lágrimas vertem sem aviso prévio dos meus olhos enquanto eu sinto até os meus ossos secarem. Cobras… Olhos desses bichos venenosos estão em mim, as suas línguas esquisitas saem acompanhados desse som que arrepia a minha espinha. Os seus corpos rastejantes, escamosos e longos aproximam-se de mim e eu declaradamente preferia que ele tivesse me matado antes de me colocar aqui. - … - nenhum som sai da minha boca. Não é a Laila, mas são várias, várias das suas irmãs, os meus olhos vem o meu pesadelo no exato espaço e tempo que eu estou. Nesses sapatos e ainda de vestido, eu sinto essa deslizar pela minha perna, e eu quero morrer. Devem ter umas… cem, duzentas aqui, e elas não são tão gordas capazes de me engolir como a Laila, mas são extremamente finas, e longas, o que torna tudo mais complicado, elas têm cara de serem venenosas e eu… Eu sinto os meus órgãos internos apertarem-se, e o meu rosto encharcar. Eu estou literalmente paralisada, observando esses rostos enfadonhos e essas línguas venenosas, todas se aproximando de mim. Zzzzz… O meu ar some, o meu coração falha, enquanto o meu peito aperta, o meu corpo está literalmente paralisado. Sem reação, alguma eu choro escutando movimento de carros saindo daqui e eu fecho os olhos sentindo uma tontura forte tomar a minha cabeça. AHHHH! ARGH. ARGH. ARGH. Que merda… Eu não devia ter tanto medo assim, mas eu estou. Cheia de medo, e para piorar sem reação alguma, sentindo esses animais rastejantes e escamosos roçando a minha pele. Eu jamais, jamais, até agora senti tanto medo em toda a minha vida. JAMAIS. E isso está me fazendo puxar pensamentos que literalmente armazenei dentro da minha cabeça, faz muito tempo, para que eu conseguisse pensar racionalmente. Mas agora está impossível. Ele é um homem tão baixo e inescrupuloso como o pai, covarde, como ele, e eu não esperava menos, mas eu queria acreditar minimamente no contrário. Mas não, para além de tudo isso, ela é o puto de um mimado do c*****o, que tem tudo o que quer, e faz o que quer sempre que pode, sem medir as consequências. Ele tem tudo e resolveu trazer-me para a família dele, pelos motivos mais egocêntricos dele, e inclusive para me torturar. Desde a morte do meu pai, nenhum criminoso colocou as suas mãos em mim, sem que eu tirasse a sua alma dele, mas ele fez tudo isso e saiu ileso por ser covarde o suficiente, para fazer tudo isso armado e com força bruta, quando eu só tenho a mim mesma. A mim mesma desde sempre, quando ele, por mais criminoso e filho da mãe que é, tem tudo que foi tirado de mim. Uma casa enorme, cheia, irmãos, um pai, uma mãe, e até a mãe que eu achava ser minha, é a madrasta dele e tem a família tirada de mim sem escrúpulo algum. Pedir o mínimo de senso e consciência para ele, seria igual falar com uma parede. Ele tem tudo e eu fui tirada o que eu tinha. Eles deixaram-me sozinha nesse mundo, por culpa deles, e ele colocou-me no meio de um cubículo escuro e cheio de cobras, sem puder gritar por ajuda. Afinal? Desde quando eu posso pedir ajuda? Eu abro os meus olhos, com o coração disparado sentindo as minhas pernas serem enroladas e o meu medo supera a paralisia. E sem pensar eu puxo as cobras para longe de mim, e os meus pés saltitam nesse ninho de cobras caminhando até a porta. Se forem colocar o seu veneno em mim, que seja, mas eu não vou ficar parada. Arrepiada e na ponta dos pés como se isso fosse resolver alguma coisa, eu chuto a porta tentando a arrombar, mas nada. Uma, duas, três… e na perna de apoio, eu sinto outras a subir por ela. A minha espinha fica arrepiada, mas o medo dela picar-me ou chegar até onde não deve, visto que eu estou com vestido, eu a aparto de mim. Quando repentinamente, eu sinto uma dor intensa no meu tornozelo, e o meu coração falha sabendo que eu estou literalmente ferrada, quando pela dor e susto o celular caiu no meio das cobras e eu não me atrevi a alcançá-lo. Por instinto eu simplesmente piso, a cobra em questão, e procuro por uma janela, aproveitando o pouco de luz da lanterna, pois o celular caiu com ela para cima. Tem uma estante de ferro aqui, e só, não tem nenhuma janela. - … - eu gemo de dor, sentindo formigamento no meu corpo e a minha visão ficar turva, e chorando eu caminho até ao único lugar que não tem nenhuma cobra, mas repentinamente o que parecia estar perto de tornou extremamente longe. E é torturante andar aqui, principalmente quando a falta de ar, começou a parecer asfixia, e o meu corpo literalmente começou a queimar por dentro. - Pai… - eu literalmente choro sentindo dor, muita dor e muito medo. - Ah… - a minha visão está turva, e os meus pés parecem não funcionar mesmo com a força aplicada. Eu vou morrer… Mas eu me recuso a morrer nesse chão. - Ah… ah, ah… ah… - a minha respiração é difícil, mas eu me esforço, e uso os meus braços que em algum momento perderam a força para me levantar pela estante, torcendo para que elas realmente não consigam cá subir. - AH… - o meu grito nem é tão forte, de tão estranhamente fraca que estou, enquanto chuto uma que tinha se enrolado no meu pé ao subir, e na minha visão turva ela cai. Mesmo sabendo que o veneno está subindo em mim, já, eu esforço-me em rasgar um pedaço do vestido e o amarro onde eu senti a picada desse bicho, sentindo o meu rosto ensopado. Eu vou morrer… Zzzzz. - Pai… - eu choro sentindo a minha visão começar a escurecer gradualmente.
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