Capítulo 66

2717 Words
ELLA. Nada além do que vi ser o normal por aqui, aconteceu. O Salvatore desceu, para a minha repulsa, mas a raiva atroz que estou a sentir ajudou-me a agir conforme a minha mente ordena que eu aja. O Alexander está furioso, ou provavelmente intrigado com a forma que eu estou a agir, mas sinceramente, eu não estou nem aí. Ele não pode chamar-me atenção aqui e com certeza é isso que está o fazendo querer tirar a minha língua como os olhos azuis dele indicam. Eu não sei se eu realmente estou melhor, ou se é o cortisol produzido pela minha raiva, que aumentou o meu fluxo sanguíneo e deixou-me desse jeito. Mas oh, eu sinto como se depois dessa madrugada, o vão que entorpecia a minha mente desde a madrugada em que ele e as dezenas dos seus cães de guarda invadiram o lugar onde era o meu Porto Seguro, saiu, e me fez voltar aos meus sensos. E isso é perigoso, e com certeza não é apenas para mim. - Nos encontraremos no restaurante, querida. - a Kassandra diz, prestes a ir com a senhora Ginevra para seja lá o que ela faz… Seleção de mulheres para tráfico… Ou fingir caridade para a mídia… - Tudo bem. - eu falo, me levantando também, já que o Salvatore já subiu novamente e eu quero ir investigar. Ela sai, e o Alexander se levanta do meu lado, igual o Leonardo faz do meu lado oposto e o Stefano na minha frente. - Para onde vai? - o Alexander questiona baixando-se relativamente, falando próximo ao meu ouvido e eu me afasto estrategicamente empurrando a cadeira. - Eu vou subir, estou cansada. - eu falo levantando o meu olhar para ele, que penetra o meu, e depois eu levo o meu olhar para a Chiben, que se levanta com a ajuda do Stefano. - Vai agora tirar o gesso, Chiben? - eu questiono-a e ela assente. - Vou. - ela diz rápida e curta e eu assinto. - Espero que corra tudo bem. - eu falo e ela olha-me estranho. E eu sinceramente estou me divertindo com isso. - Obrigada. - ela diz, me estranhando. - Se estava tão cansada, não devia ter insistido tanto para sair, o Alexander avisou para você. - a Clarisse diz e eu jogo o meu cabelo para o lado olhando para o seu rosto. - Eu quero apenas descansar, Clarisse. - eu pontuo e ela me observa atenta. - Mais tarde eu irei me encontrar com a minha futura cunhada e a minha sogra, eu penso que até lá eu posso descansar um pouco. - eu digo-lhe e antes mesmo dela revidar eu caminho para fora dali mandando tchau, para o Leonardo. - Bom trabalho, cunhado. - eu falo e ele abre um sorriso. - Até logo, Ella. - ele diz e eu sorrio sumindo dali sentindo o olhar do Alexander em mim. Eu não pretendo me dirigir a ele tão cedo. Eu subo às escadas e vou apressada para o quarto, literalmente para tomar outro banho. A quantidade de repulsa que eu sinto, é inexplicável. Engolir cada um deles, faz-me sentir extremamente suja. Mais suja do que alguma vez eu me senti. É algo estranho e inexplicável, porém, autoexplicativa ainda assim. Eu tomo um banho longo, e não faço nada para além de vestir um pijama e dormir. Depois do banho eu realmente apaguei, exausta e todos os meus músculos tensos, relaxam. E eu realmente adormeci. Adormeci por tempo suficiente, pois a minha cabeça decidiu me atormentar, e criar pesadelos que me despertassem logo. - Argh… - eu suspiro, me espreguiçando e estalando tanto o meu pescoço e os meus braços. Ainda sentada na cama, eu estico as minhas mãos até a ponta dos meus pés, eu preciso voltar a exercitar-me. Estou cansada disso aqui. Eu levanto-me da cama e olho para o painel. - Você dormiu bastante. - eu falo comigo mesma me agachando no chão, são onze horas. Eu fiz algumas flexões para satisfazer o meu corpo, e assim que me canso, eu vou para a casa de banho, refrescar-me. Fiz a minha higiene oral, lavei o meu rosto, e arranjei o meu cabelo. Passei um lipgloss, e fui me vestir. Eu escolho algo prático, porque ficar com aquelas duas é a coisa mais entediante existente. Eu coloco umas bermudas jeans, oversized, de lavagem clara, uma blusa básica de cor branca, umas sapatilhas de cores bege e branca, um cinto no mesmo tom bege, coloquei alguns acessórios para não parecer demasiado básico, para eles, e uma bolsa qualquer que tem aqui. Passo perfume, e só. O meu olhar vai até a AirTag que eu escondi aqui e suspiro fundo. Eu devia destruir isso, mas isso os iria preocupar ainda mais que o devido. E eu não vou andar com isso, porque já basta o James, eu não irei suportar, se mais um deles se ferir tentando combater contra esses marmanjos. Eu deixo a AirTag no mesmo lugar. Eu não estou pronta para perder a minha cabeça mais uma vez. E nem meter mais nenhum deles nesse buraco n***o, tão pouco o senhor Smith, porque com certeza essa AirTag está associada a algum dispositivo do Kaio. O James passa mais tempo na casa do Kaio ou até na minha do que na dele, e eu tenho certeza que os celulares e outras coisas deles inclusive as minhas estão sendo rastreadas por eles. O único que deve ter tido menos interferência é o Kaio, e eu quero que isso continue assim. Eu fecho a gaveta caminhando até a porta. Eu saio do quarto, e simplesmente desço até onde sei que é suposto ser o quarto do Salvatore. E a urgência de descobrir o motivo pelo qual, eu só vejo o rosto dele duas ou apenas uma vez por dia. Não que eu esteja a reclamar, mas eu preciso, eu necessito, que a cabeça dele esteja descolada do resto do seu corpo o quanto antes, antes que eu não consiga conter mais o sangue nos meus olhos. Eu chego ao segundo andar, e está vazio, esse lugar é enorme, e eu não literalmente sei que cômodo é pertencente a quem. É extremamente estranho que nem os cães de guarda estão aqui. - Humn… - eu murmuro desconfiada entortando a minha cabeça ligeiramente para o lado, caminhando até a porta do outro lado do corredor. Ele é o mais isolado aqui, faria sentido se esse for o da Kassandra e o do monstro que ela aceita e se deixa ser corna. - … - eu sorrio pensando nisso e revirando os meus olhos com o quão doentio tudo isso é. Eu encosto o meu ouvido a porta e de imediato eu escuto a voz da Clarisse. - Ele vai causar mais mortes, e mais problemas do que causa, Salvatore. - eu ouço ela falar e eu imediatamente franzo o meu cenho curiosa, e procurando escutar melhor, visto que as vozes soam distantes. De quem ela está a falar? E espera? Aqui é o quarto dela? Porque senão for, isso é ainda mais nojento. - Ontem mesmo, aparentemente um dos homens do Marconi manejou infiltrar-se cá na mansão, e ele ainda assim pretende sair com a… esposa, essa noite. - ela está falando do Alexander. - E eu não confio naquela moça, tem algo nela, que não me deixa confortável. - ela diz e eu sorrio indignada e franzo o cenho. Bem… por que será? - Ela fez alguma coisa? - eu finalmente ouço a voz dele e arrepios saem disparados pelo meu corpo. - Não, mas… - ela é imediatamente interrompido. - Então deixe a moça em paz. - ele pontua autoritário. - E não prenda o Alexander, ele sabe o que faz, e se existe alguém que precisa desse seu controle e desconfiança é o seu filho. - ele diz e eu franzo o cenho. Seu filho… Nossa, por que não me surpreende que lhe falte um pouco mais de instinto paternal? Por que será? - Nosso filho. - ela pontua e a sua voz soa obviamente chateada. - E o irresponsável aqui de todos os seus filhos, não é o Stefano e sim o Alexander. - ela diz. - Cale a boca. - ele a ordena. - Senhora… - outra voz feminina soa mas é rapidamente interrompida. - Se já acabou saia daqui. - eu escuto a voz ríspida da Clarisse, e tanto de dentro desse cômodo, como das escadas eu ouço passos. Merda… Eu corro até o início das escadas e coincidiu com o Gerardo virando-se para subir. E assente assim que me vê e eu faço o mesmo olhando de soslaio a porta ser aberta no final do corredor. - Bom dia, senhorita. - ele diz e eu assinto, vendo rapidamente a face de uma mulher vestida como uma enfermeira e uma maleta, e ela entra na porta bem ao lado do quarto. - Bom dia. - eu falo fingindo um mínimo sorriso. Tentando entender que sítio é aquele que aquela senhora entrou. - Eu ia chamá-la, mas vejo que já está pronta. - ele diz, me observando. - O carro está pronto para levá-la ao encontro da senhora Kassandra. - ele diz e eu assinto. - Vamos. - eu falo e ele assente, me deixando descer na frente dele. Que mortes a Clarisse se refere ao falar do Alexander? Que eles todos são assassinos aqui, não é uma questão, mas ao ponto dela mencionar daquele jeito, eu me questiono se existem coisas que tenham escapado da minha atenção sobre o primogênito e herdeiro de Bratva e La Cosa Nostra. Que ele causa todo o mundo sabe… Eu reviro os meus olhos automaticamente pensando nisso e descendo as escadas. - Gerardo, alguém está doente? - eu decido questionar, só para confirmar a minha suspeita e ele fica pálido, igual um vampiro. E isso já diz muito. - Ninguém está enfermo, senhorita. - ele afirma e eu sorrio. - Por que está escondendo isso de mim? Eu questiono porque vi uma enfermeira aqui. - eu falo colocando-o em roupa justa. - Nenhuma enfermeira viria para cá se ninguém estivesse… enfermo como você disse. - eu falo e consigo sentir o seu medo de falar a distância. - … - ele está pensando numa desculpa. Qualquer coisa que ele disser será uma mentira. - Provavelmente tenha visto a enfermeira de emergência que pernoita na mansão, caso aja… alguma emergência. - ele diz e eu assinto sorrindo. Por trás de uma mentira sempre existe uma verdade. - Oh, tudo bem. - eu falo inocentemente deixando-o tranquilo e caminho com ele até a porta, já juntando algumas peças. - Tenha um bom dia. - ele deseja assim que eu saio, vendo o carro de sempre, e eu inspiro fundo, vendo todos os outros que o irão seguir. - Obrigada. - eu respondo o mordomo e vou para o carro e entro. As portas são trancadas imediatamente, e o bloqueio entre o motorista e o passageiro também está ativo. Eu suspiro fundo, me ajustando a poltrona e pousando as minhas pernas no painel de separação, olhando para o teto e montando o que eu acho na minha cabecinha. Eu dei um tiro no meio da cabeça daquele homem, e ele como o belo vaso r**m que ele é… simplesmente não morreu. Ele ainda está em pé, falando, e existindo, pior de tudo. Mesmo após eu ter certeza e a cicatriz bem no meio da testa dele confirmando que a minha pontaria foi mais do que certeira. Mas com isso… O Alexander, o seu primogênito, inclusive o filho mais independente, que gosta do seu espaço pessoal, que na primeira oportunidade de estar longe, ele está, devasso ambulante, não só se mudou para a mansão onde ele cresceu… E ainda, pediu-me a mim, a filha do pior inimigo do monstro que ele chama de pai, que inclusive emperrou uma bala no meio da testa dele, e ainda sabotou inúmeros dos seus negócios, e ainda matou os seus homens… em casamento! - Eu não estava a pensar direito… - eu falo levando o meu dedo até ao meu lábio, juntando as peças. Minha vida, durante todo esse tempo, foi stalkear cada m****o dessa família, e ele era o mais fácil, de tão mais sociável que é. Inúmeras mulheres por dia, incontáveis até agora, ele e o James numa competição… seria renhida. Ele não quer se casar, não quer estar casado. É por isso que o Leonardo só vai se casar agora, porque como as regras deles funcionam, são demasiado hierárquicas. Com certeza o Stefano casou-se primeiro, apenas para agradar e ter mais atenção do pai. Eu já notei que ele quer e tenta ao máximo fazer isso, tal como a Clarisse. O Alexander obviamente, como qualquer herdeiro dessas organizações, um futuro Don, já tinha uma, prometida. Eu só desconhecia quem era, mas a esse ponto, todos sabemos que se trata dos Marconi, e eles não ficam atrás quando se trata de todo esse negócio. É uma família extremamente influente, não tanto quanto essa, é meio difícil passar a junção de duas das organizações mafiosas do mundo, elas literalmente governam o planeta, governam o governo. Literalmente, caso eu não tenha deixado claro, não é à toa, que nenhuma organização, tal como a FBI, nem as bases inteligentes e secretas como a que o meu pai trabalhava conseguiram fazer alguma coisa. Isso é tenebroso. Mas bem… Continuando. Eu não sei, o porquê dele não ter aceitado a prometida dele, seria um ótimo negócio, se essa foi a escolha dos pais dele, para ter a herdeira dos Marconi como prometida do primogênito. Mas ele, preferiu alguém que o quer tão morto como quer o pai. Ele viu-se obrigado, eu quero dizer… porque ele não se casaria de livre e espontânea vontade com alguma razão que só é conhecida por ele para isso. Eu podia dizer a Clarisse, como eu estava a pensar esse tempo todo, mas acho que é bem mais fundo que isso. Mas o quê? Ele aceitou isso, porque com certeza… a recuperação do Salvatore não foi e não será completa como ele demonstra. É por isso que o Alexander se casou, e tão rápido, e ainda está naquela mansão que ele claramente não suporta. Sejamos honestos. O Salvatore está prestes a morrer? - … - eu sorrio sentindo o meu coração acelerar com a realização. - Eles coseram o buraco que eu fiz na testa dele imediatamente, porque a notícia se espalhou, e eles não conseguiram retirar a maldita bala que ficou emperrada na cabeça de côco daquele filho da p**a. - eu falo animada, e bato na poltrona de mala não me contendo com isso. Ele não quer transpassar isso para mim, porque, quem seria eu para saber tão cedo, que a família que eles mostram ser para a mídia, é completamente diferente? Com certeza que ele está em “recuperação”, com os dias contados para ela começar a falhar. Ou anos, visto que ele é guardado pelo d***o. Mas eu não pretendo deixá-lo viver mesmo se esse for o caso, mesmo que a minha bala o esteja fazendo sofrer. Eu quero que ele olhe nos meus olhos em meio a dor mais forte que ele alguma vez já sentiu, e acabar com ele tal como ele fez com o meu pai. E eu posso entregar a cabeça dele aos filhos… Talvez eu os devesse fazer eles assistirem o pai morrer tal como ele fez com o meu, e depois eu sumo com a mãe deles também… Mas oh, seria injusto. Eles já são crescidos, tem muita proteção, e são crescidos o suficiente para não dependerem dos monstros que os trouxeram ao mundo. Nem dor eles devem processar. Eles foram criados para serem monstros… acho que eles não sentem dor emocional, a indiferença no rosto do Alexander quando o pai caiu nos seus braços com um tiro na testa fala muito. Eles não sentem merda nenhuma, eles não conhecem sentimentos. Jamais sofreriam como eu sofri, a não ser que seja pela dor física, é a única que eles conhecem. - Com que então a minha bala ainda está o matando com calma. - eu falo comigo mesma, um pouco mais centrada na minha cabeça.
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