Théo Taylor/ David Jones
Wilson dirigia com cautela, tentando evitar os buracos na estrada, mas alguns eram inevitáveis. No banco de trás, David segurava a mão de Veronica, que gritava de dor sempre que o carro passava por um deles.
- Vai com calma, Wilson, vai com calma.
Ele pediu, a preocupação evidente em sua voz.
Wilson olhou rapidamente pelo retrovisor, tentando tranquilizar Veronica.
- Baby, estamos chegando.
Ele disse para Veronica, tentando confortá-la enquanto dirigia o mais suavemente possível.
Quando chegaram ao hospital, David saiu rapidamente do carro e pegou Veronica com cuidado. Um enfermeiro percebeu a situação e prontamente trouxe uma cadeira de rodas. Imediatamente, David colocou Veronica na cadeira enquanto Théo se adiantava para falar com o enfermeiro.
- Provavelmente, ela fraturou uma costela...
Explicou Théo, tentando fornecer o máximo de informações possível para agilizar o atendimento. O enfermeiro assentiu e, com eficiência, começou a levar Veronica para a área de triagem.
Théo e David observavam ansiosamente enquanto Veronica era levada pelos enfermeiros. O celular de David tocou, e no visor, Théo viu que era Lorenzo.
David atendeu rapidamente.
- Cara, achamos que ela quebrou a costela... Não! Não venham...
Disse David, tentando manter a calma.
Théo esperou pacientemente ao lado de David enquanto ele encerrava a ligação.
Théo se aproximou de David, com uma expressão séria no rosto.
- Eu entendo e respeito sua relação com o casal. Mas da próxima vez que ele machucar a Veronica, não me importa que ele seja seu melhor amigo... eu mato o desgraçado!
Théo disse , sua voz carregada de determinação.
Antes que David pudesse responder, uma enfermeira veio na direção de Théo.
- Senhor, o senhor está sangrando...
- Eu estou bem...
Théo respondeu rapidamente, tentando dispensar a preocupação.
A enfermeira insistiu e acabou levando Théo para atendimento, deixando David sozinho na recepção do hospital. Ele olhou em volta, sentindo a pressão da situação aumentar enquanto esperava por notícias de Veronica.
Chiara / Lorenzo
Chiara e Lorenzo já estavam em casa, cada um havia chegado em seu próprio carro. Lorenzo, preocupado, imediatamente ligou para David para saber notícias de Veronica. Ele encerrou a ligação com um suspiro pesado e encontrou Chiara, ainda muito abalada, de pé na sua frente.
- Eles acham que Veronica fraturou a costela...
Disse Lorenzo, a preocupação evidente em seu tom.
Chiara respirou fundo e se sentou no sofá, tentando manter a calma.
- Você passou dos limites, Lorenzo... o que você fez foi inadmissível!
Lorenzo ainda estava furioso com Théo e seu rosto refletia essa raiva.
- Me explica então, Chiara, como deveria ter agido. Estou te ouvindo...
Chiara se levantou de repente, a frustração transbordando.
- Théo nunca me tocou! Nunca!!
Lorenzo olhou para ela, confuso.
- Mas você disse...
Ela o interrompeu, a voz firme.
- Sim, eu disse que estou apaixonada por ele! Eu em nenhum momento disse que tivemos uma relação.
A confusão e a raiva de Lorenzo se misturavam enquanto ele tentava processar as palavras de Chiara. O silêncio entre eles era pesado, cada um absorvendo o impacto das revelações.
Lorenzo ainda estava processando o que Chiara havia dito.
- Como você se apaixonou por alguém sem que ele tenha te tocado? Não... você não quer me contar...
- Chega!!!
Chiara gritou, interrompendo Lorenzo.
- Quer saber? Ele foi maravilhoso, ele estava lá para mim, só para mim... pela primeira vez em anos, alguém esteve lá só para mim...
Ela disse, as lágrimas escorrendo pelo rosto.
Lorenzo ficou em silêncio, absorvendo as palavras de Chiara, enquanto ela chorava, revelando a profundidade de seus sentimentos e a solidão que havia sentido por tanto tempo.
Lorenzo se aproximou de Chiara e tentou tocar seu rosto, mas ela se afastou, ainda magoada.
- Se você tivesse me contado...
Lorenzo diz.
Ela sorriu com sarcasmo, a dor evidente em seu rosto.
- Você teria feito o que, Lorenzo? Dado uma surra no meu pai? E eu? O que teria feito? Nada! Absolutamente nada.
As palavras de Chiara pairaram no ar, pesadas com a verdade de suas frustrações. Lorenzo ficou parado, sentindo a distância emocional que havia crescido entre eles, sem saber como atravessá-la.
- O que você espera de mim, Chiara? Me fala!
Lorenzo exclamou, sua voz carregada de frustração e desespero.
Chiara limpou as lágrimas do rosto, tentando se recompor
- Eu preciso de um homem que entenda toda a minha trajetória, que me apoie, que me levante quando eu cair... porque eu irei cair, muitas e muitas vezes! Mas talvez você não perceba, porque nunca foi e nunca será a sua realidade.
As palavras de Chiara ecoaram na sala, cada uma atingindo Lorenzo com a força de um golpe, deixando sem palavras enquanto tentava compreender a profundidade da dor e das necessidades dela.
Chiara se afastou, deixando Lorenzo sozinho na sala, onde ele ficou, perdido em seus próprios pensamentos e sentimentos. A atmosfera estava carregada de tensão e incompreensão. Chiara seguiu pelo corredor lentamente, cada passo pesado com a dor e a frustração que sentia.
Ao entrar no quarto, ela fechou a porta atrás de si e se jogou na cama. Lágrimas escorriam silenciosamente pelo seu rosto enquanto ela encarava o teto, refletindo sobre os eventos recentes. Ela estava triste e profundamente infeliz com tudo o que havia acontecido. Lorenzo, em sua raiva e confusão, não tinha se dado ao trabalho de ouvir sua versão dos fatos. Ele havia perdido a razão, agido impulsivamente e tirado suas próprias conclusões, sem considerar os sentimentos e as necessidades dela.
Chiara pensava em como Lorenzo havia confrontado Théo sem entender a verdadeira natureza de sua relação com ele. Théo era apenas um amigo, alguém que a apoiara e estivera ao seu lado durante momentos difíceis, sem jamais ultrapassar os limites. Lorenzo, ao contrário, havia transformado um gesto de amizade e apoio em algo mais sombrio e cheio de suspeitas.
Ela se sentia traída pela falta de confiança de Lorenzo. Em vez de ser um parceiro que a compreendesse e a ajudasse a enfrentar seus problemas, ele havia tomado para si a tarefa de "resolver" algo que pertencia exclusivamente a ela. O problema com seu pai, suas dores e lutas internas eram coisas que ela precisava enfrentar de seu jeito, com apoio, mas não com intervenções impulsivas e violentas.
Enquanto se afundava na cama, Chiara se sentia esmagada pelo peso de tudo. Ela precisava de alguém que pudesse realmente entender sua trajetória, que a apoiasse genuinamente, sem julgamentos ou conclusões precipitadas. Alguém que estivesse lá para levantá-la quando ela caísse, que reconhecesse suas lutas e não tentasse resolvê-las à força. A realidade de Lorenzo nunca permitiria que ele visse as coisas da maneira que ela precisava que ele visse.
A solidão e a incompreensão a envolviam, deixando ainda mais abatida. As ações de Lorenzo haviam não só prejudicado a amizade com Théo e Veronica , mas também abalado profundamente a relação entre eles dois, tornando ainda mais difícil para Chiara encontrar o apoio e a compreensão que tanto necessitava.