Fernanda narrando
- está decidido com base na pesquisa da Fernanda hoje ela vai para o morro do rocinha - o major fala e eu vejo o Henrique olhar de cara feia
- sim senhor- falo batendo continência a ele que também me cumprimenta
- você sobe hoje em dia de baile que é mais fácil o acesso e tenta se infiltrar lá dentro já de cara, se não você da o seu jeito - ele fala rude - mas você está de frente nessa operação - major fala e me dispensa
Saio da sala com a mente borbulhando de como vou fazer pra entrar no baile, não posso nem ir de carro, vou ter que deixar mais distante e subir de mototáxi que é mais fácil acesso e assim eu faço o primeiro contato
- Fernanda eu não acho seguro você ir - Henrique pega no meu braço me virando pra ele
- você não tem que achar nada Henrique - falo seria com ele - a ordem veio de cima e voce sabe o quanto eu sempre me dediquei a essa missão- falo e ele me encara de cara fechada - nosso trabalho é arriscado e sempre foi e eu não tenho medo de favela - falo seria e dou as costas a ele indo embora
Eu e Henrique já ficamos uma vez, saímos pra jantar mas não rolou nada além de uns beijos, o cara é obcecado por mim, grudento, num nível que chega a ser chato, não tenho paciência
Vou pra casa e logo as lembranças de todos os momentos com meus pais vem à mente, até hoje não aceito a forma que eles morreram, isso me consome por dentro e todos os dias da hora que eu acordo a hora que eu vou dormir, eu moro em laranjeiras, perto do batalhão do bope e bem longe da rocinha, do outro lado do túnel, esse apartamento me traz tantas lembranças dos meus pais, quantas coisas eu vivi com eles aqui, eu sinto tanta a falta deles, eu queria que tudo fosse diferente, e a minha decisao de continuar na casa onde eu nasci foi justamente pra eu ter alguma lembrança palpável deles, por mais que eles não saiam da minha mente, essa é uma forma que eu me sinto ainda mais perto deles
A única coisa que sei sobre a morte deles foi que eles morreram na rocinha, mas nada além disso, e por isso eu sempre me dediquei muito em saber o que acontece naquela favela mas é praticamente impossível, aquela favela parece um túmulo, nem x9 consegue se manter lá dentro, e foi por isso que eu dei a ideia de entrar e descobrir tudo, uma mulher geralmente consegue se aproximar de alguém grande, e eu vou com foco nisso, descobrir informações sobre os grandes
Tomo meu banho, faço minha depilação, esfolio minha pele, passo meu óleo de cereja, meu creme de corpo, saio enrolada na toalha e escovo meus cabelos, entro no meu closet e escolho um vestido justo verde, com um decote que super valoriza o meu colo, vou correr o risco e entrar desarmada, não seria louca de entrar armada lá, coloco meus acessórios dourados, faço uma maquiagem clássica, com uma boca vermelha e um salto de marca branco que me deixa ainda mais linda, passo meu perfume good girl e estou pronta e gosto do que vejo no espelho
Tenho 1,63 de altura, 26 anos, cabelos castanhos na altura do ombro, um corpo modesta parte bem distribuído, s***s médios, quadril largo, b***a grande, coxas proporcionais e sou muito branquinha, o tipo que chega na praia e não consegue pegar uma cor porque fica vermelha igual camarão, meu sonho um bronze mas no máximo que consigo é uma insolação, contradição com uma carioca
Entrei no bope nova, meus pais eram do bope, então eu sempre segui por esse caminho, eles me ensinaram desde nova e eu sempre quis seguir os passos deles, lembro como se fosse ontem o dia que eles foram mortos, e eu que era super acostumada com as missões deles nunca fiquei preocupada, mas nessa eu não queria que eles fossem de jeito nenhum, eu chorava, implorava, quase esperneava feito uma criança, coisa que eu não era mais, mas eles foram e dois dias depois chegou a notícia que eles foram resgatados mortos, eu nunca consegui descobrir muitos detalhes, mas eu mergulhei de cabeça na minha formação e hoje sou tenente do bope, mas só faço trabalhos internos e me dedicava a investigações, já participei de muita operação mas nunca na rocinha e nunca com meu nome, sempre me preservei muito nesse sentido, no bope só chamam pelo meu sobrenome, Munhoz, e eu odeio que me chamem pelo nome, Henrique acha que tem essa liberdade e sempre toma uma cortada pela sua ousadia que eu não suporto
Saio de casa no meu carro levando apenas uma bolsinha de lado, documento falso que já tem toda uma ficha limpa pra mim preparada e meu celular pessoal que não uso em nada pra trabalho e nem ninguém tem esse número
Chego na entrada do morro e paro o carro mais afastado e vou na direção da barreira onde ficam alguns mototáxis
- que isso paty tá indo pro baile ?- um mototáxi pergunta é um menor com um fuzil me encara maliciosamente
- tô me leva lá ?- pergunto e ele concorda na mesma hora subindo na moto
- bora paty sabe andar de moto ?- ele tira onda e eu dou uma risada subindo na sua garupa
- bora - falo tocando seu ombro e ele arranca subindo a favela
De longe já se ouve o barulho da música, muitas motos e carros subindo e descendo, o fluxo de pessoas nas ruas e calçadas é grande, muitas mulheres praticamente peladas cheia de ouro no pescoço e doidas por um bandido pra bancar elas, até grávidas tem, o menino me deixa na entrada da rua do baile
- precisa pagar não paty essa foi por conta da casa - ele fala recusando o dinheiro
- que isso pô teu trabalho - falo e ele n**a com um sorriso malandro
- não é sempre que se tem uma oportunidade dessa morena - ele fala me olhando da cabeça aos pés - bom baile se pá nós se tromba mais tarde - ele fala e sai com a moto acelerando e empinando entre as pessoas
Eu entro na rua do baile e me sinto um alienígena, as mulheres me encaram com nojo e os homens com cobiça, vejo alguma mulheres brigando com seus namorados quando eu passo e vou me misturando, paro no bar e peço um energético
- por conta da casa morena - um homem muito bonito fala
- não precisava obrigada - falo sorrindo de lado pra ele
- primeiro baile ?- ele pergunta e eu concordo - e veio sozinha ?- ele fala perplexo
- as colegas ficaram com medo de subir mas eu vim assim mesmo- falo blefando dando de ombros e ele da risada
- mulheres bonitas sempre são bem tratadas - ele pisca pra mim e eu levanto a latinha de energético o cumprimentando e ele vai atender outras pessoas
Vejo o chefe ser anunciado e tocar a música da faccao, não é possível que esse seja o dono, que p***a de homem lindo do c*****o, sem camisa, todo tatuado, um corpo que eu fiquei até sem ar, cheio de ouro no pescoço e por onde ele passa as pessoas param pra falar com ele e falta pouco as mulheres tirarem a roupa pra dar pra ele no meio de todo mundo, ele passa o olho rápido por mim e eu finjo que não estou vendo, vejo ele subir no tal camarote e passar o olho por todo o baile, começo a dançar, sou carioca né, claro que querendo ou não eu sei dançar funk é muito bem
Alguns caras chegam em mim e eu n**o me afastando e continuo dançando
- coe paty vai mais um energético?- o menino me pergunta e eu confirmo
- só se tu deixar eu pagar por esse né - falo brincando com ele que n**a
- teu primeiro baile pô já te passei a visão - ele fala divertido me entregando a latinha e eu confirmo discretamente se está lacrada, Deus me livre pegar batizada e ser drogada no primeiro contato
- coe novinha tá sozinha delícia - um homem bebado chega em mim tentando me agarrar e eu me afasto dele
- sai fora pô- falo bolada já e ele tenta me agarrar, quando vou acertar um soco nele ouço uma voz
- mano Th mandou se afastar - um garoto com um fuzil apontado fala e o homem de n***o ficou branco e saiu rápido pedindo perdão - coe paty patrão mandou tu subir pro camarote- o garoto fala e eu n**o, também não vou ser facinha, tenho que saber jogar pra ter o que eu quero
- tô bem aqui obrigada - falo e ele n**a rindo
- não foi pedido não dona foi ordem - ele fala autoritário e eu n**o
- prefiro ir embora então isso eu posso né ?- falo cruzando os braços e ele pega o radinho falando algo que eu não consigo ouvir por conta da música - tô indo - falo me virando e ele segura no meu braço
- patrão tá vindo trocar uma ideia com tu acalma aí - ele fala rude e eu bufo virando os olhos
Um corredor se abre e eu vejo o gostoso que passou por mim vindo na minha direção, de cara fechada e com vários segurancas em volta ele me encara malicioso de cima abaixo e eu mantenho meu olhar preso nos seus olhos, ele chega perto e seu perfume da pra sentir a km daqui, suas tatuagens chamam muita atenção, ele deve ter mais de dois metros de altura certeza, esse homem é absurdo de grande
- te dei o papo pra subir e tu não quer porque tá desmerecendo a minha favela- ele fala rude parado na minha frente e o baile todo nos encara- tô esperando tua resposta- ele fala se aproximando ainda mais de mim e eu respiro fundo para lhe responder à altura