Bons tempos duram pouquissimo

609 Words
O Natal é uma importante época em Águeda, uma das cidades mais natalícias do país. Decorações de todos os tamanhos e feitios, terra com o maior e menor pai natal é uma cidade que reluz nesta tão amada época. Durante o tempo que não tivemos problemas ainda conseguimos 1 hora para descer a cidade e ver as muitas decorações em formatos de árvores, bancos e renas. Tudo cheio de luzes que a enfeitar, parece um pequeno jardim, na verdade, onde pequenas casas de madeira estão abertas para tirar fotografias e partilhar bons momentos. Foi a melhor hora que passamos no final de novembro, como já tinha dito a felicidade não dura sempre. Magali tinha emprestado o telemóvel a Sofia para lhes tirar fotos em frente ao pai natal e em algumas das casas de madeira. Eu apenas tirei ao pai natal, não ligava ao feriado, mas não queria passar essa informação, apenas Sofia sabia da minha aversão pelo Natal, feriado que ela própria não gostava. — Clara, vem tirar foto connosco! – Magali estava sentada numa das casas com enfeites brancos, lembrava a primeira neve só que em papel. Nunca nos esquecemos da nossa primeira vez a cair neve. Tive sorte de visitar a Serra da Estrela naquela altura. — Não ligo muito a fotografias, posso ajudar a tirar… - Sorriu levemente, a minha avó era louca pelo Natal, a sua época preferida de celebrar, além dos anos do meu avô. — Anda lá. – Margarida apela a minha simpatia. – Alegriaaaa… Prolonga a palavra tanto que fico com ela, o resto do dia na cabeça, alegria realmente. Não era essa a minha memória dos últimos natais, mais tristeza que alegria para ser exata. Após tirar fotos e passear um pouco pelo local, paramos numa das barracas de tripas e churros. Tinha também carrosséis para crianças, mesmo sendo cedo já se encontravam algumas pessoas na baixa aguedense. — Quero um churro de leite em pó, por favor. – O meu pensamento foi interrompido pelo pedido delas na barraca. — A sonhar de dia? Sofia sabia ler bem as pessoas, demasiado bem até. Começa a orvalhar levemente, o céu estava escuro, afinal pelas 18h no inverno já é noite posta. Não se viam as estrelas infelizmente. Mas o orvalho leve lembra o meu nome de menina, gota de orvalho. A minha avó tinha os mais estranhos nomes para dar, o meu avô era chamado de contra-relógio. Contudo, o seu nome era em parte apropriado, o homem fazia tudo ao contrário ou andava atrasado pelo menos 2 horas num dia. Nunca cheguei a saber o significado do meu, após me habituar a ele nunca lhe perguntei. Tenho apenas a boa memória dele. — Boas lembranças para variar. – Não era mentira de todo. — Estou a ver, não queres comer nada? – Recebe o troco da tripa de chocolate preto que pediu. — Não, já comi. – Olho em volta, as pessoas realmente gostavam da quadra festiva, todo mundo ria e sorria. Olho para o rio, não tem muitas luzes a sua escuridão é quase completa, alguém passeava junto do mesmo sozinho. Não consigo ver a cara, contudo a sua forma era robusta, definitivamente um homem, e parecia usar roupa preta o que não facilitava a minha visão. Consigo ver um pouco da forma, estava virado para a margem, normalmente as pessoas veem pelas luzes, ele apenas olha o rio. — Mais um solitário… - Não consigo controlar o meu murmuro. — O quê? – Gael limpava a boca após comer o seu churro por completo. — Nada. – Dou o meu melhor sorriso. – Vamos então, está a ficar frio!!
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