CAPÍTULO 33

1253 Words
Talinara traz um envelope no horário do banho, com algumas dicas do que tenho que fazer, ela conta que foi enviado por Aline, não o abro, minha mente está fervilhando, louca para descobrir qual o objetivo e tempo que estão se acabando, será que Aline cogita dar o golpe da barriga? Será que tem um plano de fuga, ou algo do tipo, o que pode ser mais importante para ela do que perder o coração do lorde? “Talinara, o pai de Aline parece sempre?” pergunto querendo conhecer mais. “Ava deixe isso para lá" ela pediu com voz de reprovação. “Apenas responda, deixe de ser medrosa”. “Ele vem pouco”. “Ele irá investigar meu passado, você ouviu?”. “Ouvi, ele é um homem estranho, quando descobrir que você é uma desafortunada, te deixará em paz”. Sorrio com a verdade dolorida que me conta, depois entro no banho, a deixando para fora, refletindo sobre esnobar o lorde, acredito que posso ganhar a liberdade mais rápido, se fizer o que Aline quiser, mas não sinto-me bem, ou honesta com isso, é como se minha consciência moral desaprovasse esnobar alguém com mão tão habilidosas. Era mais fácil provocar uma mulher. Sei que o lorde Robert não é meu objetivo, mesmo tendo gostado tanto do que proporcionou-me que a lembrança faz meu corpo estremecer, mas algo profundo acontece em meu íntimo, o meu coração n**a o pedido de Aline, mesmo que minha razão diga que serei mais feliz se tornar-me aliada. Termino o banho e paro em frente ao espelho no banheiro, pego os óleos corporais com alegria e os esbanjo sobre meu corpo, aproveitando o luxo que acabará em breve. Tocando cada parte do meu corpo, em uma massagem calma e delicada, esfregando várias vezes cada pedaço, deixando que o olhar penetrante do lorde roube minha consciência, lembrando também de sua respiração desejosa. Percebo que minha pele se arrepia e meu corpo grita com intensidade, movendo estranhamente meu coração em um desejo de o conhecer mais. Lembro-me da poesia recitada, do olhar curioso assistindo-me, e dou-me conta que quero-o por perto. “Se com apenas um dia sinto-me assim” penso lutando contra algo bom e prazeroso nascendo em meus sentimos, “Imagina se acontece novamente, terei que distanciar-me, acredito ser o melhor, não devido a Aline, mas pelo medo de entregar o coração para ele". Quando saio do banho, Talinara não está. Pego o envelope deixado em cima da mesa, continuo enrolada na toalha, abro e encontro o seguinte recado “Aproveite das regalias de se afastar do lorde”. Franzo a testa confusa, a maioria das mulheres não sabe escrever, será que Aline também tem um intelecto diferenciado ou pai escreveu para ela? Levanto-me perguntando o que Aline preparou para mim, e se é seguro comer o que oferece-me, ciente que acontecerá no quarto para não esbarrar no lorde. Logo lembro-me de quem faz as refeições é a mãe de Talinara, acredito que Aline nunca segurou em uma faca, porque tive a oportunidade de observar as mãos de princesa que tem, são lisas e bem cuidadas, diferente das minhas que estão cheias de calos e machucados, devido às tarefas. Decido colocar algo para dormir, não preciso arrumar-me para comer no quarto fechado. Escolho um vestido leve, penso se ouvirei os passos do lorde seguindo para o quarto de Aline, onde o casal se reconciliará, meu coração se entristece sem minha autorização, sinto uma dor na alma que confundi minha razão e escurece meus olhos com lágrimas involuntárias. Não acho que o sentimento ousado que permeia minha mente, seja ciúmes ou paixão, mas sim, raiva por perder, por ter que ouvir os gemidos de Aline, assim como ouviu os meus. Estou pessima. Termino de vestir-me, sinto como dói perder, perceber que engolirei minhas palavras enquanto ela dá para o lorde o que não dei. Não entendo o que acontece em minha mente, esses pensamentos são confusos, estranhos e dolorosos, diferente de tudo o que vivi. Pego um livro para ler, o recito em voz alta, escolho um conto de terror, que li várias vezes, na intenção de tirar da minha mente essa confusão, e levar ela para algo tão sombrio quanto meu coração nesse momento. Talinara chega sorridente, percebo que quer dizer algo, mas não lhe dou atenção, estou com raiva e bicuda, sei que ela não tem culpa, mas a raiva que sinto fala mais alto. “Está bem?” ela pergunta ignorando meu humor, enquanto serve o jantar na mesa, olho de longe, e entendo o bilhete de Aline, quando observo o banquete que traz. “Então se fizer o que ela pedi, essa será a vida que terei?” pergunto observando a distância, “Comerei bem, engordarei como uma porca, mas permanecerei em carcere privado, fugindo de um homem que não escolhi para mim”. “O que houve, Ava, está nervosa?” ela percebe o mau-humor. “Não, apenas refletindo na vida” respondo enquanto o coração parece que explodirá de raiva, “Mas e você, por que está tão feliz, se encontrará com Peter essa noite?”. “Não, mas soube que esse ano a festa da colheita será aqui, o que significa que todos ficarão ocupados conosco e passaremos um tempo de paz, o que acha?”. “Acho que tem medo de estar comigo” brinco observando que tem algumas frutas de sobremesa que dá para guardar para os dias maus de Aline, ninguém sabe quando seu bom humor terminará “Que festa essa?” pergunto lembrando de ter ouvido algo. “É uma festa de ação de graças que os familiares do lorde faziam, e agora ele faz”. “Agradecem o quê?” “A fartura que sempre tiveram”. “Agradecem a cidade?” Talinara franze a testa devido à minha petulância. “Não, a Deus?”. Percebo seu desconforto e a deixo em paz, mesmo que para mim, fazer uma festa enorme para ricos não seja uma forma de agradecer a Deus. Levanto e passo a comer, escutando os detalhes da tal festa, ela está animada com todas as coisas, parece ser algo maravilhoso e muito animado, e que ele faz cada ano em uma propriedade diferente. “Será que ele engana Aline e leva as mulheres para as outras propriedades, assim fica livre da megera?” pergunto a interrompendo. “Claro que não” ela responde sorrindo “Aline participa em todas as festas ao seu lado, exibida como um belo troféu”. “Um iludido troféu, quer dizer né? Exibida como a mulher que o servi na cama, mas nunca é assumida”. “Ava se controle por favor”. “Por favor?” pergunto rindo, mas paro logo quando ela me encara. “Ava se importa se for um pouco mais cedo?”. “Não, pode ir, nem eu estou suportando-me, não quero te desanimar.” Sorrio a vendo sair, depois sento-me na a mesa e passo a comer refletindo sobre pensamentos perturbados que estou tendo. Aprendi com o tempo que a luta pela sobriedade é contínua contra meus próprios pensamentos, que a ilusão e a loucura caminham de mãos dadas em uma estrada delicada entre a razão e a emoção, sei que minha mente está agitada e criando de mais, percebo os pensamentos que estou criando geram dor em mim e preciso me policiar quanto a isso.

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