Episódio 1

1152 Words
Romeu Os sons monótonos dos instrumentos me deixam louco. Parece que eu mesmo estou pronto para tirar os cabos das tomadas, cortar a eletricidade, e esperar tudo isso acabar! Imagens da nossa última conversa começa a ecoar na minha cabeça. — Irmão... Quantas vezes eu já disse isso! Use o cérebro Felix! Bem, não foi à toa que a natureza lhe deu essa massa cinzenta no crânio! Felix riu e orgulhosamente se autodenominou um maníaco por adrenalina. — Entenda, Romeu, a culpa não é minha! É adrenalina! Eu preciso que ele viva normalmente! — Procure adrenalina de outro jeito! — Com o quê? Ele sorriu com os seus trinta e dois dentes brancos perfeitos como a neve... — Ganhando dinheiro, por exemplo! Causa adrenalina também! Jogar na bolsa é incrível, é pura adrenalina! — Bom, mano, isso não é para mim agora! Eu... chegarei a isso em... anos! Quando eu me tornar como você, um velho e triste oligarca. — Eu não sou um oligarca. — OK! Eu sei. Você é apenas um cara rico, muito rico. Escute, calma, vai ficar tudo bem, mano... Eu odiava a sua linguagem de pássaros, uma mistura de anglicismos idio*tas com gírias românticas de prisão. Como eu poderia perder isso? Eu sabia que a sua mãe era uma mulher frívola, sim, gentil, ingênua, mas simplesmente frívola. Você não pode confiar em alguém assim para criar um homem. E o pai... o pai amava demais a sua jovem esposa para se opor a ela. Eu me culpei pelo fato do meu irmão ter se tornado do jeito que ele se tornou! Nem o meu pai, nem a minha madrasta. Eu culpei a mim mesmo! Era necessário mandar Félix para a “escola de cadetes”, onde rapidamente aprenderia a “amar a sua pátria”. E eu não estaria sentado na enfermaria agora, esperando o terrível veredicto dos médicos. Eu me pergunto o que eles vão dizer? O cérebro do seu irmão está morto, não adianta manter o corpo vivo! Morte cerebral! Ele já estava com morte cerebral quando entrou no carro para participar de corridas ilegais! E onde? Num país onde, em princípio, se pode obter a pena de morte para tudo o que é ilegal! Saio para o corredor. Eu preciso tomar café. Uma pequena porção da única adrenalina que sou capa de consumir agora. O meu assistente mais próximo, o chefe do meu serviço de segurança, Pavel Streltsov, caminha pelo corredor com passos rápidos e claros. Sagitário, esse é o apelido que dei para ele. Sim, tenho um ponto fraco, dou apelidos a todos. Eu não consigo resistir. — Romeu Igorevich, encontramos algo interessante. Ele entregou o telefone de Felix. Eu estou surpreso. E o que há de tão interessante nisso? A buc*eta nua de alguma mulher? — Leia a mensagem. Respondeu Sagitário, como se tivesse examinado os meus pensamentos. Já estou com treze semanas, amor, você não se importa mesmo? — O que isso significa? — Bom, pelo que entendi, uma senhora está grávida de um filho do Félix. — Grávida? Então... ela vai ter um filho com o meu irmão? — Bem, ela escreve que já está com treze semanas, os abortos na Rússia podem ser feitos até a décima segunda. Mais tarde apenas por motivos médicos ou... devido a grandes complicações. — Ou você pode se livrar do seu bebê por muito dinheiro! — Você quer se livrar disso? — Não. Quero que essa jovem cade*la dê à luz a esse bebê! Talvez este seja nosso único herdeiro! — Bem... ela pode não ser uma v***a e... — Não importune, sagitário! Eu não gosto disso, você sabe! Olho para o “segurança”, percebendo que não devo descontar a minha raiva nele. — O que mais você descobriu? — Bem... O nome dela é Anastasia Lvovna Romanova. — Nossa, com certeza ela não pertence à família real né? Um sobrenome muito comum. — Anastasia Lvovna mora na região de Moscou, um novo micro distrito em Khimki. — O que Felix esqueceu nesses Khimki? Como ele se envolveu com ela? — Bem... isso é... É mais provável que ela tenha se iludido com ele. A menina não é uma va*dia, ela tem ensino superior. — De quanto tempo ela está agora? — Provavelmente cerca de quatro meses. Bem, na última foto. A foto de uma gestante no terceiro mês foi enviada há muito tempo. O que quer dizer, que ela já deu à luz. — Quando? — Ainda estamos acertando a data exata. Mas... ela enviou esta mensagem em janeiro, e agora é início de novembro. — Houve apenas uma mensagem? — Não. Talvez os anteriores tenham sido excluídos. Ou talvez posteriores também. Enquanto procuramos, estamos tentando descobrir. Eu faço as contas na minha cabeça. Treze semanas... três meses. Além de mais seis. — Acontece que ela deu à luz em julho? Presente de aniversário para Félix? — Sim... Um presente de fato! Um presente do destino! Um bebê do Félix! Eu preciso dele. Farei qualquer coisa para tirar esse bebê da sua infeliz mãe. — Então. Prepare o avião, decolaremos em breve. Colete todas as informações sobre esta mulher. O quê, onde, quando, como? Eu quero saber tudo! Com quem ela mora, com quem ela dorme, com o que ela respira! Quanto a criança? Eu não tenho ideia do que fazer. Como convencer a mãe a desistir do filho? Mas sou obrigado a trazer este herdeiro para a nossa família. Esta é a única chance de ajudar o meu pai e a sua esposa a sobreviver à provável morte do seu amado filho. Anastácia. — Minha querida, cabelos dourados, linda! Quem é minha linda garota? Vamos dar um passeio agora? Olho para a bebê e o meu coração se enche de ternura e amor por ela! Minha Alice! Querida! Tão linda! Calma, quieta! Como um anjo! Desde as primeiras semanas de vida, ela não acordou quase hora nenhuma à noite. Eu a alimento às doze e depois só às sete da manhã. Ela também dorme muito durante o dia e quase não chora! Às vezes até tenho pena que ela só esteja dormindo, tenho vontade de brincar com ela, observá-la, conversar com ela, arrulhar, embora ela ainda seja um bebê e esteja aprendendo a pronunciar os primeiros sons. Às vezes acho que ela sabe. Ela sabe que acabou neste mundo completamente por acidente. E que a pessoa mais importante da vida não precisa dela... Aquele que garantiu o amor eterno. Ele alcançou o seu objetivo e partiu para o pôr do sol. Aberração moral. Suspirei, olhando para o bebê, que estava deitado com ar importante num modesto carrinho. Eu me pergunto se ele a visse? O que ele diria? ‍ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌​​​‌‌​​‌‌​‌​‌​ ​​
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