ANASTÁCIA
Tudo está tremendo por dentro.
Eu nem entendo por que isso estava acontecendo? Bem, sim, eu... Vamos encarar. Ele obviamente estava esperando por mim, não estava? Queria conversar? Para que?
Estou começando a ficar paranoica novamente. O que ele quer de mim? Quem é ele? Um cobrador?
Hmm, os cobradores são assim? Eles dirigem carros como esses?
Porém, o que eu sei sobre cobradores?
Sim, também não sei muito sobre as pessoas. Afinal, eu vivi anos num casulo aconchegante, sem problemas. Quando eu estava com Leo.
Ele tentou me proteger de tudo.
Até os problemas com a filha mais velha.
De qualquer forma, ela não me aceitou imediatamente.
Lembro-me de como me apresentei a ela.
— Anastasia.
— Sim, eu também. Ela disse como um com desafio. — Só que todo mundo me chama de Tasia.
— Legal, e eu não tenho a sorte de ter um apelido legal, como você.
Então, ela percebeu que eu também estava reivindicando o meu nome e organizou um boicote contra nós. Ela ficou em silêncio por um mês. Eu até queria usar o meu nome de solteira, mas Leo insistiu que eu me tornasse Romanova.
— Será mais fácil com Maria, Anastácia.
Sim, realmente foi mais fácil. Todos sabiam que eu era a mãe da Maria.
Quando fizemos as pazes com Tasia, ela disse que deveríamos usar o nosso “nome de mesmo nome” iguais. É como se fossemos uma só. Foi o que ela disse.
Pois é... agora uso ao máximo. Mas, eu não tinha o que fazer. Eu tive que ajudar Tasia.
Saio menos do que deveria. Estava frio, e eu tinha que trabalhar.
Agora eu tinha uma dívida para pagar.
Entendo que provavelmente Paulo não aceitará o dinheiro de volta. MAS…
Não posso deixar de pagar. Não é certo.
Quando Maria descobriu ontem, ela estava praticamente andando nas nuvens, de tão feliz!
Olhei para ela e pensei, esse é o sentido da vida!
Felicidade das crianças! Olhos ardentes! Sorria de orelha a orelha! Prazer!
A minha Maria, minha filha.
Eu entendo que não dei à luz ela, mas ela é MINHA! Fui eu quem não dormiu à noite quando ela estava doente! Estive em hospitais, ou concussão, ou catapora, dor de garganta. Sempre! Em todos os momentos.
A primeira ida ao jardim de infância, a primeira matinê, o primeiro poema aprendido.
Pela primeira vez na primeira aula. Primeiro professor.
ABC, leitura, inglês. Treinamento físico!!!
Quem a ensinou a esquiar? Eu. Leo tentou, mas... infelizmente! E quanto à patinação?
Eu também.
Eu sempre tentei ser uma verdadeira mãe para ela.
No começo fiquei ligando para minha mãe e minha avó, perguntando o que fazer, como?
Mamãe deixou escapar uma vez sem pensar: por que você está preocupada, você não é mãe dela!
E eu fiquei tremendo. — Como? Eu sou mãe dela sim.
Fiquei ofendida e não falei com a minha mãe por um mês. Então percebi que também estava errada. Liguei e pedi desculpas.
E ela se desculpou e disse: sinto muito, você está pensando na sua filha e eu estou pensando na minha.
Mamãe estava pensando em mim.
Quando Leo morreu, os meus pais ajudaram-me muito. Moralmente. E também nos apoiaram financeiramente enquanto tiveram oportunidade.
Ambos estão aposentados. Papai está constantemente doente. Remédios, fisioterapia, médicos.
Eles sempre tentam ajudar de alguma forma. Pelo menos vegetais da horta. Tudo é para uso futuro.
— Mãe, no que você está pensando?
Maria está girando na minha frente há cerca de cinco minutos. Ela estava com um vestido de Tasia.
Eles não ficam bem em mim! Tasia é alta e magra. Parece uma modelo. Sempre foi uma garota muito bonita.
E Maria ainda é uma criança. Gordinha, forte, e desengonçada. Ele tem atualmente cerca de 1,55 de altura. Um pouco mais baixo que eu. Dez centímetros.
O vestido da Tasia, claro, não fica bom nela. Mas o moletom e as calças grandes ficam bem.
— Posso levá-los para São Petersburgo, certo?
— Maria, você irá para São Petersburgo depois do Ano Novo! É muito cedo para fazer as malas.
— Bem, mãe... - Vejo que ela quer muito carregar as coisas da irmã agora. — Anastácia me deu permissão.
— OK então!
Eu a cutuco e imediatamente me lembro de Paulo.
Nós nos correspondemos via messenger. Nada especial.
Oi, como vai?
Desculpa, não pude passar aí, o patrão me deu um trabalho. O patrão astuto, encaminhou ele para um trabalho, e veio até aqui!
Sinto falta do fato de que na mensagem ele falou comigo pelo primeiro nome, embora definitivamente não tenhamos trocado, muitas mensagens! Ele pode achar que pode tomar certas liberdades comigo.
Escrevo em resposta que vi o chefe.
Paulo fica em silêncio por um longo tempo. O chefe é realmente contra a nossa comunicação? E será que estamos incomodando ele?
Então uma pergunta.
— Ele quer uma reunião com você.
— Reunião? De jeito nenhum. Eu paro de responder.
Ele liga de volta, mas não consigo atender, a aula está começando.
Então ele liga novamente.
— Olá.
— Você não respondeu. Eu fiz uma pergunta.
— Desculpe. Eu estou dando aulas online, e havia começado uma. Eu não entendo o que o seu chefe quer comigo, e eu não posso sair com todo esse frio.
— E se ele for até o seu apartamento? Mas, o que ele disse para você, hoje?
— Qual é a do seu chefe? O que exatamente ele está interessado?
— Bem, eu não posso falar sobre isso. Mas, quero saber o que ele te disse.
Engraçado. O que devo responder a ele? Por que esse chefe faz tanta questão de falar comigo? E ele costuma se envolver no relacionamento dos seus funcionários? Bem, vamos ver que tipo de jogo esses dois estão fazendo comigo.
.— Ele exigiu que eu parasse de enganar você.
— Como assim?
— Ele disse que você é um funcionário valioso e o nosso relacionamento está atrapalhando o seu trabalho.
— Sério? Ele disse isso? Aqui vamos nós...
Aparentemente a minha risada abafada me denuncia.
— Você me comprou, certo?
— Sim, por uma pechincha. Já estou rindo abertamente.
— E você não vai me contar a verdade?
— Você está com ciúmes ou o quê?
— Bem... Eu talvez esteja com um pouco!
— Meu Deus, só nos conhecemos há uma semana!
— Anastácia, só não quero que ele te ofenda.
— Por que ele faria isso? E ele costume ofender as mulheres muitas vezes?
— Raramente. Ele não está sempre com mulheres... com meninas... Ele tem uma, amante fixa.
— Ah... - ah, ah! E então, você está entregando a vida amorosa do seu patrão? Que interessante. Agora se ele tem uma amante, por que ele estava me cercando? Por quê? Muito interessante isso, e eu gostaria de entender.
— Eu... eu não sei. Sinto que é uma mentira! Já percebi que Paulo não sabe mentir. Embora o seu trabalho pareça exigir que ele seja capaz de fazer tudo.
— Anastácia, bem, eu realmente não quero que haja nenhum atrito entre vocês, ainda tenho que trabalhar para ele.
— Calma. Eu não briguei com o seu chefe. Não dessa vez.
— Então, o que vocês conversaram?
— Ele disse "olá", perguntei sobre a saúde dele e disse que deveríamos evitar nos comunicar.
— Por que? Você não gosta dele?
— Uau! Esta é uma pergunta digna não de um amigo, mas de um marido! Então, imediatamente eu me corrigi, não quero que ele pense que temos alguma coisa.
— Não acho que eu deveria responder essa sua pergunta, mas porque ele estava resfriado. Certamente um portador do vírus. E eu tenho dois filhos em casa e não podemos ficar doentes!
— Estou feliz.
— Pelo que? Por que não podemos ficar doentes?
— Não. Porque você o rejeitou.
— Ha! E novamente um filme interessante, onde eu não entendo esses dois.
Então esse homem lindo estava dando em cima de mim ou ele está simplesmente tentando me transformar em sua amante, ou alguma coisa assim?
Eu não estou entendo nada.
No bom sentido, gostaria de poder mandar os dois embora! Mas... já usei o dinheiro que Paulo me deu.
Eu preciso devolver ou...
— Desculpe, Paulo, tenho que trabalhar. Vejo você qualquer dia.
— Com certeza!
E no dia seguinte o mensageiro traz um enorme buquê de rosas brancas.
Para Branca de Neve.