— Vamos minha deusa?
— Para onde? — Perguntei apertando a toalha felpuda em meu corpo outra vez. Estávamos os dois sentados na cama com a bandeja quase vazia entre nós, só tinha às duas jarras e os dois copos. — Se você não percebe, estou nua… E você também. — Digo de forma óbvia e ele sorrir.
Não que eu não goste de vê-lo nu, ele é gostoso demais e é meu, mas além de gostoso é muito mandão. Entortei a boca ao lembra-me de agora a pouco.
O Ministro me fez comer dois sanduíches e um copo de iogurte, sozinha, não estou reclamando. Amo o seu jeito atencioso e carinhoso, mas a verdade é, que quero conversar com ele a respeito de nossa pequena discussão a dois dias, mas estou com receio de quebrar o clima maravilhoso que se formou entre nós.
— Vamos conversar um pouco na varanda. A gente namora tem um tempo, Elisa e ainda não paramos para nos conhecer.
Penso que essa é a minha chance.
— Mas precisa ser na varanda? Não tem risco… Hum… Você sabe…
— Não, não se preocupe com isso, Andrei já resolveu.
— Como?
A última coisa que quero é ser surpreendida outra vez com um drone assassino.
— Eu não entendo muito sobre isso, mas Andrei mandou estalar um aparelho nas cercas elétricas que transmite continuamente pulsos eletromagnéticos.
— Só isso fará os drones assassinos ficarem longe?
— Não só os drones, mas todo tipo de tecnologia que ultrapasse a altura permitida, nesse caso a altura da cerca.
Caramba, é cada coisa que vejo. Suspirei demostrando total alívio.
— Me perdoe minha deusa, eu sinto muito mesmo. — Diz me abraçando com o olhar culpado.
— Pelo quê? Não foi você quem atirou em mim.
— Mas eu devia estar lá para te proteger, algo que tenho falhado bastante.
— Então é isso? — Exclamei me afastando de seu abraço e encarando seus olhos. — Por isso você estava com aquela cara e queria terminar tudo comigo?
— Terminar não, dá, um tempo. — Me corrige.
— Para mim, dar no mesmo, ministro… Mudou de ideia a respeito disso?
— Mudei! Você não sairá de perto de mim. — Sorriu com a sua determinação.
— Só sairei quando o presidente te chamar.
— Você entendeu o que eu quis dizer, não é? — Ele indagou.
— Entendi sim! — Respondi com o sorriso travesso e ele retribuiu ao sorriso, antes de entortar sua boca e negar com a cabeça.
— Sobre eu querer te afastar de mim… Hum… Tem outros motivos, mas eu…
— Não pode falar. — Completei por ele.
— Sim, não posso falar! Mas, eu não quero você longe de mim! Cheguei a essa conclusão no mesmo dia, não vim antes porque precisa liberar algumas energias.
— Energia negativa, não se esqueça disso. — Digo e ele entorta a boca mais uma vez e rir.
— Realmente. — Ele afirmou.
— Imaginei que o motivo da sua demora fosse esse. — Declarei. — Agora sobre o outro motivo, aquele de você se culpar por não está comigo para me proteger… A verdade é que você não pode estar em dois lugares em simultâneo, ministro, não pode ficar se culpando por tudo, para com isso. A gente se arrepende de escolhas erradas, teme o futuro, eu sei, assim é a vida, mas o importante é não deixarmos de viver, ainda porque a gente não sabe o que acontecerá… Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo. — Acrescentei com um sorriso contido.
— Peter Drucker. — Ele diz sorrindo abertamente. — Não imaginei que você gostasse de gestão administrativa.
— Não sei nem para onde vai. — Confessei envergonhada.
— Você acabou de citar Peter Drucker. — Abre os braços como estivesse constatando o óbvio. — Supus que soubesse.
— Já ouviu falar em Google? — Ele confirmou achando graça. — Lá a gente encontra de tudo.
— Você sempre me surpreende, sabia? Você me diverte como ninguém, minha deusa.
— Eu? Não falei nada de mais… Sou tão sem graça.
— Afirmo: de sem graça você não têm é nada, minha deusa.
— Sou selvagem demais para o seu jeito elegante. — Ele balança a cabeça em negativo.
— Minha deusa você tem uma elegância nata, tem um lado selvagem, mas na maior parte do tempo costuma usar apenas em nossa i********e, mas não vou mentir amo todas as suas facetas. — Ele sorrir como estivesse pensando em uma piada interna.
— O que foi?
— Meu padrasto costumava me dizer quando eu era criança: Dmitri, cuidado com as garotas selvagens, elas mastigam você e te cospe com se fosse nada.
— Nossa, que conselho s*******o!
— Concordo com você! Ele é um homem ignorante, seus conselhos eram sempre assim, idiotas.
Com toda certeza ele não gosta do padrasto.
— Fico feliz que você não tenha seguido esses conselhos idiotas, acredito que se tivesse escutado a gente não estaria conversando aqui, nosso encontro não foi lá muito elegante.
— Minha deusa, amar não estava em meus planos, no início cheguei a julgar que seria um erro…
— Você ainda pensa que nosso envolvimento é um erro? — Faço a pergunta em um tom defensivo.
— Se achasse isso ainda, seria o melhor erro da minha vida, mas te respondendo… Não, eu não acho você foi a melhor coisa que aconteceu comigo depois de tanta dor. — Diz ficando com o olhar de tristeza de repente.
Não gosto de vê-lo assim triste, ele parece carregar o mundo nas costas, queria poder ajudá-lo a carregar tanto peso.
— Venha comigo…
— Aonde? — Ele perguntou confuso.
— Para varanda! Você tem razão, a gente precisa se conhecer melhor.
Não dou uma chance dele pensar e vou puxando ele em direção a entrada da varanda, mas acabo lembrando dos bombons que Kátia fez para mim e paro.
— O que foi?
— Deixa só eu pegar um bombom desses.
Só mais um, eu estou me controlando para não comer tudo.
Kátia fez para me alegrar, minha amiga sabe que amo chocolate branco. Ela perguntou se eu estava com vontade de comer algo e eu disse que sim, quero bombons de chocolate branco!
_ Olha lá viu deusa, isso me parece desejo de mulher grávida. — Ela disse com divertimento. Eu nem disse nada, sabia que ela estava brincando, mas ainda assim poderia ser verdade. Quero contar ao Ministro sobre essa possibilidade…
Mas a coragem, cadê?
— Tem certeza que você não quer uma comida um pouco… Adulta? — Ele perguntou com a fisionomia engraçada me tirando de minhas preocupações precipitadas.
— Retire o que você disse! — Ordenei com o tom brincalhão. — Esses bombons são deliciosos, Kátia quem fez para mim.
— Retiro o que falei. — Faz um gesto com às duas mãos, como estivesse se rendendo e sorrir. Pego meu bombom, o coloco na boca e suspiro, e sorrir.
Que delícia. O Ministro olhou para mim admirado e sorrir também. Eu realmente amo esse homem. Penso aceitando a mão que estendeu para mim, me sentindo feliz.
Ainda não havia tido a oportunidade de ficar na varanda, os seguranças nos aconselhavam a não fazer isso. Ao entrar, me deparei com um lugar bem espaçoso, nela tem duas espreguiçadeiras acolchoadas muito confortáveis. Juntamos às duas espreguiçadeiras e deitamos um ao lado do outro, coloquei minha cabeça no peito do ministro e o beijei.
A noite estava maravilhosa, acolhedora, era como se eu sentisse a tranquilidade abraçar meu coração.
— Você não quer vestir uma roupa primeiro? — Perguntei.
— Você quer?
— Gosto de estar assim com você.
— Eu também! — Ele declarou libertando os meus cabelos do coque e o cheirando. — Gosto de tudo em você! — O abracei apertado me sentindo leve.
— Quem começa primeiro, eu ou você? Tornei a perguntar.
— A fazer o quê?
— Você disse que quer me conhecer mais e eu também desejo o mesmo, então vamos aproveitar esse nosso tempo para nos conhecermos, antes que o presidente te chame.
— Ele não chamará, a menos que seja muito urgente, pedir-lhe uma semana de folga para passar um tempo com você.
— Sério? — Exclamei com os olhos arregalados e levantei a cabeça o suficiente para olhar em seus olhos. Ele afirmou com a cabeça e sorrir divertido com minha reação. — Estou muito feliz. — Beijo a sua boca repetidamente.
— Eu também, você não sabe o quanto. — Admitiu retribuindo aos beijos. — Por que você não começa a falar? Sua voz me acalma.
— Por mim tudo bem… Por onde eu começo?
— Por onde você achar melhor minha deusa fique a vontade.
Tentarei! Minha vida não é algo que gosto muito de lembrar, algumas coisas valem a pena, outras prefiro nem comentar a respeito… Mas não tem por onde correr. Quero que ele saiba tudo sobre mim. Esse tudo contribuiu para o crescimento da pessoa que sou hoje.