Vinte anos depois...
Rafael
Cheguei na faculdade Grenville localizado no Rio de Janeiro, onde dou aula. Sou o professor de pedagogia e psicologia, inclusive agora é essa a minha aula, tenho duas turmas; uma de manhã: as 9:00 e de tarde às 14:00 horas. No geral sou restritamente pontual, odeio me atrasar, porém, justo hoje tive uma discussão seríssima com a Renata.
Estou tentando não pensar nisso nesse momento pois estou no meu ambiente de trabalho.
Passei pelo corredor complementando a todos que encontrava próximo as suas alas de estudo, sou reconhecido pelos alunos como o "professor bonzinho" aquele que ajuda a passar de ano. Se um aluno meu tem dificuldade ajudo-o no que ele precisar. Não gosto de dificultar a vida de ninguém.
Sorriu gentilmente. Amo a minha profissão.
Encontrei alguns funcionários e professores. Ainda bem que a Renata não dá aula hoje. Ufa! Pelo menos algo de bom.
Entrei diretamente na sala exclusiva onde faço a apresentação mestral. Os demais que estavam conversando, param no mesmo instante quando me veem chegar, mostrando respeito. Era disso que mais apreciava neles, a confirmação do respeito mútuo.
A classe da manhã eram os mais fáceis de se le dar.
— Bom dia a todos!
— Bom dia professor Rafael!
Correspondo com um rápido e singelo sorriso para os vinte e cinco alunos. Coloquei a pasta de couro marrom em cima da minha mesa. Em seguida peguei a caneta piloto, indo até ao quadro branco.
1)Psicologia: O que é?
2)Infantil: O que é?
1 _ Ciência que se trata dos estados e processos mentais, do comportamento do ser humano e das suas interações com um ambiente físico e social.
2_ Relativo ou apropriado a infância. Às crianças.
Virei-me para a turma, havendo uns três dedos levantados. Ansiosos para questionar com precisão, querendo interagir no discernimento sobre o assunto.
Melane, Scott e Abraão querem começar bem o dia.
— Primeiro as damas.
Apontei para Melane, sentando na cadeira atrás da mesa.
— Professor Rafael, como saber quando uma criança precisa de um psicólogo? Quais os sintomas de que está necessitado de ajuda?
— Existe uma variação, vários tipos de sintomas: quando um problema emocional vira físico;timidez excessiva, distúrbios alimentares, agressividade, rispidez e intolerância... dificuldade em aprendizagem...
— Agitação e falta de atenção! Concentração! — Respondeu Scott. Interrompendo-me.
— Manias ou fobias, mudanças bruscas de humor! — Finalizou Abraão.
Os dois batem as mãos, simbolizando o contentamento deles em participar.
— Nossa, essa minha turma está de parabéns!
— É mas eu perguntei ao senhor, professor, não ao meus colegas de classe! — Melane comentou com raiva.
— Ai tá! A mudança brusca de humor, precisa de um psicólogo Melane, antes de virar uma, senão, vai é matar uma criança com sua falta de controle emocional garota.
— Chega!!
Se levantou do seu lugar batendo na mesa de estudante, fazendo todos olharem diretamente para ela.
— Cala a boca Scott!!
— Melane, por favor ,se acalme. Scott peça desculpas a ela.
— Perdão, Melane.
Scott foi sincero com as suas desculpas. Todos nós sabíamos o que aconteceu com essa menina no ano passado. Não irei permitir que a magoem na minha frente.
— Obrigada, Scott. — Agradeceu sentando novamente em seu assento.
— Bom, agora que nos acalmamos, iremos continuar. Já notaram que os sintomas são iguais a de um adulto? Só a diferença na forma de tratá-la....
****
O tempo passou rapidamente.
Almocei na cantina da faculdade mesmo, aproveitando para corrigir algumas provas, até da a hora exata da minha próxima aula.
****
Voltei para a mesma sala, meus outros alunos se encontravam todos aqui me agradando. Fechei a porta, indo diretamente para a minha mesa.
Todos se sentam, porém continuam a conversarem entre si. Escutei alguém batendo na porta, um atrasadinho.
— Entre!
A porta se abriu devagar, enquanto estava mechendo na pasta, deixando de observar quem de fato havia se atrasado. Mas a turma falante se calou de repente, fazendo-me desistir de procurar a pauta da lição desse respectivo horário, queria saber a causa ou o causador desse fenômeno sem ao menos dirigir a voz a eles. Lentamente erguir o olhar, avistando de antemão a pessoa que fez essa proeza, e quando completei a mirada não consegui pensar em mais nada que não fosse na linda jovem mulher, olhos verdes, sorriso sedutor direcionado para o seu mestre. A observei sério, concentrado demais na sua extrema beleza e juventude.
— Oi, boa tarde. Me chamo Melissa. Desculpe pelo atraso, sou nova na cidade e só consegui chegar agora.
A voz era sexy. Naturalmente sexy.
Melissa chegou perto da minha mesa, toda poderosa, ficando de costas pra turma. Avistei de viés os rapazes olhando-a, consumindo-a. Lotados por um desejo carnal. Voltei a encarar a face da perdição em pessoa.
— Seja bem vinda a minha aula. E não se preocupe, irei começar agora. Me chamo Rafael.
Estendi a mão na intenção egoísta de apertar a dela. Não deveria toca-la, mas eu desejava.
Imediatamente, Melissa aceitou a mão oferecida, apertando os seus lábios de um jeito sensual, provocante. Olhei aquela boca carnuda, sentindo uma espécie de ânsia. Após isso a menina passou o dedo na palma da minha mão olhando-me sedutoramente. Na mesma hora fui surpreendido por uma forte ereção, instantânea, bruta, avassaladora.
Parecendo saber como deixou-me dá um sorriso de puro deleite. Soltando-me desse aperto devagar buscou sentar na primeira carteira, bem na minha frente. Cruzou as belas pernas, usando uma saia curta de pregas. Esse tipo de roupa deveria ser proibida na faculdade.
A moça despertou o pior dentro de mim.
Continuava a me encarar, agora séria, erguendo uma sobrancelha. Está me desafiando, Melissa?
Concentrei-me neles, não podia vacilar. Precisei disfarçar como ela me afetava.
— Boa tarde, turma!
— Boa tarde, professor Rafael!