Desde que Estela havia chegado da prova do seu vestido ela via que o seu pai estava estranho, ele andava de um lado para o outro falando ao telefone, sempre que ela estava por perto ele esbravejava com ela, então ela fez o que sempre fazia naquelas ocasiões, se escondia no seu quarto com medo.
Estela acorda no outro dia sentindo o seu corpo doendo por ter dormido dentro do seu armário, chegava a ser cómico já que ela era uma mulher adulta, mas aquele lugar havia se tornado o seu refúgio da dor e fúria do seu pai. Com cuidado ela abre a porta e sai, quando não vê ninguém no seu quarto ela pega algumas roupas e vai tomar um banho. De banho tomado Estela abre a porta do seu quarto lentamente e começa a descer as escadas com cuidado, olhando para os lados ela não avista o seu pai, então vai até a cozinha pegar algo para comer, quando ela estava abrindo a geladeira ela ouve passos se aproximando, então rapidamente ela entra na despensa da cozinha, o seu pai odiava quando ela pegava comida sem pedir a ele. George estava ao telefone, com as mesmas roupas do dia anterior, ele falava ao telefone.
_ ...não posso arriscar, esse casamento vai ser minha salvação. - dizia ele enquanto pegava um pouco de café na cafeteira. - Não, depois do casamento damos um jeito nele, você precisa aguentar mais um pouco.
As palavras do seu pai chamam a atenção de Estela, ela sabia que ele devia estar planejando alguma coisa para Ricardo, o seu pai havia criado um ódio mortal depois das surras que havia levado, ele queria vingança por ser humilhado, o que Estela temia terrivelmente, ela sabia do que o seu pai era capaz e não desejava passar por isso. Naquele momento ela havia se arrependido por não ter aceitado o que Sofia tinha-lhe dito e contado tudo a Ricardo.
_ ... O que tem Estela? - ao ouvir o seu nome Estela se esforça para prestar atenção na conversa. - Não sabia que gostava da minha filha.
Estela gela, seja lá o que o seu pai estivesse planejando ela sabia que não seria bom. George nunca havia se preocupado com seu bem estar, no mínimo ele devia estar buscando uma forma de vendê-la.
_ ... depois que ele estiver morto pode fazer o que quiser com ela, não me importa. - diz George ao telefone. Estela leva a mão a boca para conter um grito que ameaçava deixar a sua garganta, ela sentia as lágrimas, descer por seu rosto enquanto ouvia a conversa do seu pai ao telefone.
_ ... então você vem hoje a noite, ótimo vou guardar uma bebida para nós. - diz George saindo da cozinha.
Estela espera longos minutos antes de ter certeza que o seu pai não voltaria, então lentamente ela abre a porta da despensa e caminha com passos trêmulos, ela sentia que iria desmoronar a qualquer momento, a suas pernas pareciam que tinham virado gelatina de tão nervosa que ela estava.
Assim que ela percebe que não tinha ninguém no corredor ela sobe as escadas as presas, antes de chegar ao final ela tropeça e cai, assustada ela olha para os lados para ver se o seu pai tinha ouvido, quando não vê ninguém ela se levanta e corre para o seu quarto.
Estela entra e tranca a porta, ela estava tão nervosa que não sabia o que fazer e repreendeu-se mais uma vez por não ter ouvido Sofia. Se lembrando do telefone que Ricardo tinha-lhe dado, ela corre até a sua cama e paga o telefone debaixo do seu colchão.
Ela tinha outro celular, mas era controlado por seu pai, tudo o que ela fazia o seu pai via, segundo ele era uma forma de evitar que ela aprontasse por suas costas, mas Estela sabia que não era bem isso.
Estela olha o celular e tenta ligá-lo, mas a bateria estava descarregada, ela amaldiçoasse por não ter sido mais cuidadosa, então corre até o seu banheiro e coloca o telefone para carregar, ela precisava falar com Ricardo, ele era sua única esperança de sair dali. Ela tranca-se no banheiro e fica ali esperando o telefone carregar, os seus nervos estavam em frangalhos de tão estressada que estava com aquela situação. Antes que pudesse perceber ela pega no sono.
Estela acorda sobressaltada com uma batida forte na porta do seu quarto, por mais que ela tive-se no banheiro ela podia ouvir o seu pai esmurrando a porta. O pânico a domina, Estela paralisa por um segundo se dando conta que tinha adormecido, pela pequena janela do banheiro ela via o céu escuro do lado de fora. Com cuidado ela abre a porta do banheiro, o seu pai ainda não havia conseguido entrar no seu quarto.
_ Estou tomando banho! - grita ela na tentativa de o distrair.
_ Não me interessa! Já disse para não trancar essa porta! - grita ele de novo forçando a porta. - Abre Estrela!
Estela sente seu corpo se tencionar, ele não iria desistir de entrar, então ela tranca a porta do banheiro e rapidamente pega o telefone sobre a pia, com dedos trémulos ela liga o aparelho bem no momento em que ouve o barulho do seu pai arrombando a porta do seu quarto.
_ Vai, por favor! - diz ela ao celular que iniciava suas funções.
_ Abre Estela! - grita o seu pai batendo na porta. Estela estremece e se afasta da porta. O telefone se inicia e ela rapidamente encontra o numero de Ricardo na agenda, ela disca e espera. Ela ouve os chutes do seu pai na porta do banheiro e as lágrimas caiem com mais intensidade por seu rosto. Na segunda vez que ela liga ela ouve a voz de Ricardo.
_ Ricardo? - diz Estela com a voz tremula.
_ Quem é? - pergunta.
_ Sou eu, Estela, Preciso da sua ajuda! - diz Estela se encolhendo quando o seu pai chuta novamente a porta.
_ Estela eu...
_Não! Por favor! - grita Estela quando a porta abre e o seu pai com outro homem entram e vem na sua direção.
_ Vagabunda! - diz ele dando um tapa no seu rosto e tirando o celular da sua mão. George joga o telefone no chão e o esmaga com os seus pés. Estela tremia num canto com olhos arregalados.
_ Vou te ensinar uma lição que nunca mais vai esquecer. - diz George aproximando-se de Estela com um sorriso sombrio no rosto.