Ricardo para na porta, os seus olhos fixos na figura de Estela deitada na cama a sua frente. Ele podia ver que os seus ferimentos estavam enfaixados, o seu rosto estava pálido e ela respirava com dificuldade. Saindo do seu estado de paralisia Ricardo se aproxima lentamente da cama, a figura de Estela ficando mais frágil a medida que ele se aproximava. Puxando uma cadeira ao lado, Ricardo se senta, colocando a pequena mão de Estela nas suas.
_ Eu estou aqui Estela, vou cuidar de você. - diz ele dando um beijo na sua mão.
Ele sentia como se tivesse fracassado com Estela, ele se culpava por ela estar naquele estado e amaldiçoava-se por não ter dado um fim no pai dela, quando teve oportunidade. Ver Estela daquela forma o fez pensar em como os seus inimigos haviam se aproximado de quem ele mais amava, e agora ele teria a difícil tarefa de eliminar o m*l pela raiz.
Ricardo não se lembrava de quando tinha adormecido ao lado da cama de Estela, mas ele lembrava-se do exato momento em que havia despertado.
Uma mão acariciava os seus cabelos lentamente, assim que ele ergue a cabeça encontra o olhar de dor de Estela, lágrimas descendo em silêncio por seu rosto.
_ Estela! - diz Ricardo se levantando rapidamente. - É tão bom te ver acordada.
Estela não responde a Ricardo, apenas permite que o choro irrompa por seu peito, os seus soluços sacudindo o seu pequeno corpo de forma incontrolável.
_ Shiiii. - diz Ricardo dando a volta e a puxando com cuidado para seu peito, mas Estela se afasta o empurrando para longe dela.
Ricardo não entendia o que tinha feito de errado, mas ele não permitiria que ela o afastasse no momento em que mais precisava dele para estar ao seu lado.
_ Não faça isso Estela, não vou te deixar sozinha. - diz ele olhando sério nos seus olhos, ela não responde e apenas chora mais. Ricardo se vira quando a porta do quarto se abre, Síria e Alícia entram lentamente.
_ Vai tomar um banho e comer algo chefe, nós vamos cuidar dela enquanto isso. - diz Alícia aproximando-se e pegando a mão de Estela na sua.
_ Não vou deixá-la. - diz Ricardo determinado, ele não suportava se afastar dela naquele momento.
_ Vá Ricardo, ela vai ficar bem.- diz Síria olhando fixamente para ele, então Ricardo entende que elas desejavam conversar com Estela, e a presença dele não ajudaria.
_ Tudo bem, - diz cedendo. - Volto rápido Estela, vou trazer algo para você comer.
Assim que Ricardo deixa o quarto Estela se permite chorar ainda mais forte, ela só queria colocar para fora tudo o que tinha passado, a dor o desespero, e principalmente a impotência de não poder fazer nada.
Naqueles minutos em que ela havia sido agredida, ela pensava ter perdido a sua dignidade, ela sentia-se fraca e inútil, e naquele momento ela colocava todas as suas frustrações para fora.
_ Não tenha medo Estela, estamos aqui com você. - diz Alícia.
_ Você não vai passar por isso sozinha, você faz parte da nossa família e cuidamos dos nossos. - diz Síria segurando a sua outra mão. Estela olha para ela e balança a cabeça negando o que ela tinha dito.
_ Sim, você é nossa irmã Estela, o que ouve não vai mudar isso, nem para nós, nem para o Ricardo. - diz ela a olhando seria.
_ Ele... ele não vai me querer. - diz Estela olhando Síria com os seus olhos brilhando de dor, os seus lábios tremiam. - Eu estou suja.
Estela começa a esfregar os seus braços com a mão de forma descontrolada, era como se ela tentasse tirar a dor que havia no seu peito com aquele gesto, como se pudesse apagar os toques de alguém que ela não desejava no seu corpo.
_ Para Estela! - diz Síria segurando os seus braços. - Você não tem culpa!
_ Você não é suja Estela, e o Ricardo não vai abandoná-la por isso, ele se preocupa muito com você. - diz Alícia acariciando o seu rosto.
_ Não!
_ Não importa o que você diz, não vamos deixá-la sozinha, você não está sozinha. - diz Síria soltando os seus braços. Quando Estela começa a chorar novamente ela apenas a puxa com cuidado para si e a abraça. Alguns minutos depois a porta se abre e Ricardo entra com uma bandeja nas mãos.
_ Voltamos mais tarde para vê-la. - diz Síria dando um beijo na sua testa.
_ E coma tudo o que o chefe trouxe. - diz Alícia sorrindo.
Assim que elas saem Estela se retrai evitando o olhar de Ricardo. Com cuidado ele coloca a bandeja na mesa ao lado, a sua mão envolve as dela, e quando ela tenta puxar Ricardo não permite a segurando com firmeza.
_ Me diga por que você está decidida a me afastar? Quero cuidar de você Estela, como realmente merece. - diz Ricardo numa voz suave.
_ Não devia se casar comigo. - diz ela olhando para ele com lágrimas escorrendo por seu rosto, aquilo corta o coração de Ricardo, ele queria ver Estela sorrindo, vivendo o que nunca pode, não triste daquela forma. O ódio no seu coração aumenta a cada lágrima que descia pelo delicado rosto dela.
_ Eu escolhi você, e não quero mais ninguém. - diz Ricardo secando as lágrimas de Estela. - Agora coma um pouco, não quero te ver doente.
Ele pega uma tigela de sopa da bandeja, com uma colher e leva até os lábios de Estela.
_ Não sou criança. - diz ela com a voz baixa.
_ Como disse, quero cuidar de você. - diz Ricardo.
Com relutância Estela abre a boca e prova da sopa, o gosto era bom e ela percebe que estava com muita fome. Rapidamente ela esvazia todo o conteúdo da tigela. Ricardo lhe dá um pouco de água e fica satisfeito por ela ter comido tudo.
Naquele momento Ricardo só desejava ficar ao lado de Estela, provar a ela que ele realmente a desejava e que não pretendia abrir mão dela, já George, Ricardo já tinha um plano para lidar com ele, algo que exigisse o uso de vários instrumentos mortais.