Meu nome é Marjorie,e quando tinha 15 anos,dois dias após o meu aniversário,eu conheci aquele que seria o amor da minha vida e o início dos meus problemas:Júlio.Ele foi o primeiro e único homem que amei.E acredito que pelo menos por um tempo tenha me amado,pouco,mas amou sim....
Eu tinha beleza,juventude,e graça. Quando o conheci era a menina que todos olhavam,com os olhos cor de mel e os cabelos compridos em caracóis, chamava atenção por onde passava.Minha mãe ficava desesperada quando saía comigo,pois chamava atenção de meninos,e até homens mais velhos.
Ele era mais velho do que eu 7 anos, mas não parecia, acho até que por uma época eu parecia ser mais velha,para meu desespero,pois como mulher sempre fui muito vaidosa,e ciumenta.
Por ele e para ele eu fiz coisas das quais não me orgulho, mas era cega, minha vida estava atrelada a dele...e eu não queria mudar isso.
Não pensem que amar um homem que vive do crime é fácil ,até porque eu nem sabia, no início,aonde estava me metendo...Descobri quando já não queria sair mais,já não me importava quem ele era.
Já não acreditava em ninguém,só nele.E oque ele dizia era lei para mim.
Fui com ele do paraíso ao inferno...e porque fiz isso? Por amor...
Sei que vão me julgar, pois nós, mulheres de bandido, somos olhadas com desprezo pela sociedade,pensam que nós somos as dondocas do crime,e que abusamos da nossa condição de mulher de bandido por nos acharmos intocáveis.....
Eu nunca fui assim,na verdade me afastei de todos quando o bagulho ficou doido, como Júlio dizia,com exceção das minhas amigas que também eram envolvidas,ou mulher dos caras,só Bela permaneceu sendo minha amiga...pelo menos eu achava isso.
Eu fui uma"dama do tráfico" mas conheci mulheres que se envolveram por necessidade,outras foram empurradas para a vida errada,os motivos são diferentes ,muitas viviam e sustentavam casa,ou filho!Somos mulheres,antes e acima de tudo,que amam,odeiam,choram,e sofrem...Eu sofri tudo que podia por amor e por falta de juízo,ou de vergonha como dizia minha mãe.
Para algumas pessoas não é fácil se afastar de tudo que o crime representa,poder,bens materiais...Para mim não,eu viveria sem o luxo e riqueza que tive para ter Júlio ao meu lado.Moraria com ele até numa cabana.Mas eu só queria amar,ser amada,e viver a estória de amor que sonhei Quando minha mãe perguntava qual era o meu sonho,eu dizia que era ser veterinária e casar de noiva.Eu dizia isso com 7,8 anos.Minha mãe contava que eu sempre chorava em casamentos...Piada...Hoje eu sei bem que a vida a dois é muito difícil,principalmente com um homem possessivo,ciumento,e bandido!
Meu erro foi amar demais, não escutar a minha mãe,meu primo Thiago...Eu mudei muito,mudei quando me envolvi com Júlio,e acredito que piorava com o passar do tempo.
Sei que o crime não é um creme,como Júlio costumava dizer.Ele dizia que qualquer erro "vale ir pra vala"é morte ou prisão.
Lembro dele com a arma na minha cabeça gritando e perguntando:
"-Quer morrer?é isso que você quer?
Eu sempre respondia não,aí então ele mandava eu me ligar.Todo mundo tinha medo dele,menos eu.
Muitas vezes ia para a rua atrás dele,e voltava decepcionada por não encontrar,brigava,gritava.Medo eu nunca tive,e ele dizia que nem respeito.
Nada foi esquecido,as vezes me pego lembrando de coisas que aconteceram antes de eu me tornar a Marjorie do Júlio,a mulher dele.Antes eu era pura,tranquila,depois eu fiquei meio neurótica igual a ele.
Tive uma relação intensa,forte,com risos,alegrias...e acho que tudo que vivi rende sim uma boa estória.A estória da minha vida,
minhas memórias....as memórias de uma mulher de bandido!