Negando o amor

1842 Words
Amanhece e o visor do celular marca próxima das 11:00, levanto vou até o banheiro e vejo que meu rosto está todo sujo devido não ter tirado a maquiagem ontem, decido então tomar um banho e um analgésico, pois, estou com uma dor de cabeça terrível. Já com as forças revigoradas e devidamente vestida, me sento na cama para responder as várias mensagens da Jéssica perguntando o que aconteceu porque não fomos ontem, explico que quando chegamos não a vimos e depois a achamos beijando um rapaz, então não quisemos atrapalhar, ficamos pouco, logo viemos embora. E Dois áudios que são do Leonardo, com o coração apertado, escuto o que ele enviou que é perguntando como estou. Não tive coragem de responder. — Mais tarde respondo! — Deixo o Celular em cima da cama e vou até à cozinha atraída pelo cheiro do café da minha mãe. — Bom dia, mamãe! — Dou um beijo no seu rosto tirando sua atenção do celular. — Bom dia filha! Toma café acabei de fazer! — Toma um gole na sua xícara e volta a atenção para o celular. — Vim aqui justamente para isso! Vamos almoçar no shopping hoje? — Pergunto tomando um gole do café sem açúcar. — Ela responde. — O Leonardo disse que vem almoçar aqui hoje! Disse para eu fazer strogonoff — Revirei os olhos. — Não acredito! Que abusado! — Está tudo bem entre vocês? Parece que não gostou muito. — Sim! Só não queria ver a cara dele hoje, mais ok! Quer ajuda? — Pergunto. — Não! Pode ir fazer suas coisas. — Responde. Acabo de tomar meu café e vou arrumar meu quarto, já que trabalho e estudo a semana toda e só vai se acumulando mais e mais bagunça. Coloco meus fones em uma música bem alegre, então começo a organizar as coisas, e depois vou lavar o banheiro, ao terminar quase tenho um infarto, porque Leonardo está em pé na porta com um sorriso debochado devido ao estado deplorável em que eu me encontro. — Quer me matar do coração, criatura? — Coloco as mãos sobre o peito. — O que você estava fazendo dentro do banheiro cantando alto e com a porta aberta? — Respondo. — Estava lavando o banheiro, ué! — Tento parecer brava. — Você não me contou que tinha se convidado para almoçar na minha casa! Não tem vergonha na sua cara não? — Acabei esquecendo de te falar ontem, estou com saudade da comida da sua mãe. — Faz bico. — Digo carrancuda. — Que coisa! É só ir almoçar no restaurante dela, o único dia que ela tem folga na semana, você faz ela cozinhar. — Ainda está brava comigo? Posso ir embora se quiser — Abaixa a cabeça. — Está louco? Minha mãe me mata! Pode ficar e não estou brava não, por quê, deveria? — Só penso que você poderia ter me comunicado né? Olha a situação que você me encontra! — Se senta na cama encarando uma foto de nós dois que fica no criado mudo. — Já te vi bem pior, não esquenta! — Sorri fraco — pelo o que aconteceu ontem! — suspira. — O que aconteceu ontem? — Evito entrar no assunto. — Não finja ser sonsa, Lorena! — Me encara sério. — Por favor Leonardo! Vamos esquecer isso, nós não merecemos nos machucar. — Me jogo sobre a cama ao lado dele. — E não entendo o porquê disso agora? Convivemos há anos juntos e nunca aconteceu isso. Me diz o que está acontecendo? Por favor! — Você não me deixou dizer ontem, porém hoje eu preciso de dizer! — Ele fica de frente a mim fazendo me olhando nos olhos. — Já imagino o que vai dizer, prefiro que não diga! —Fecho os olhos e suspiro. — Quero que nossa amizade continue pura e bonita, sem nenhum tipo de rancor. — Sinto um pesar enorme nos meus ombros. — Estou apaixonado por você! E estou disposto a te fazer a pessoa mais feliz desse mundo. — Suspira aliviado. — Não pode ser! — balanço a cabeça, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. — Por quê? Me diz? Julga que não sou bom o suficiente para você é isso? Eu te conheço melhor que a sua própria mãe, tenho um trabalho estável, estou no último ano da faculdade, tenho um apartamento, o que tem de errado comigo Lorena? Fala! — Ele grita, com a voz embargada. — Não é isso Léo! Estou sem palavras, por mais que já imaginava ser isso, soou como um soco em meu estomago. — Não sente o mesmo né? — O encaro sem conseguir responder uma palavra. — O que é então? — Pergunta e uma lágrima escorre pelo seu rosto. — Tenho medo de me apaixonar por você, e não dar certo e isso vai acabar com a nossa amizade, prefiro a incerteza do futuro do que não ter você nunca mais na minha vida. — Suspiro — Quando você quase me beijou ontem, foi como se meu coração, meu corpo e minha alma estivessem pedindo isso há anos, não sei explicar — abaixo a cabeça — por esse motivo que tive aquela reação e quero esquecer o que aconteceu. — Mas só não vai dar certo se você não quiser! — Sorri fraco. — Relacionamentos são complexos, no começo tudo é lindo, nos amamos intensamente, algum tempo depois perde a cor, a vida e o jeito é cada um seguir seu rumo. Todos são assim! — Suspiro — E eu sou uma pessoa que tem o gênio forte, turrona e bem chata — continuo com a cabeça baixa — você não me aguentaria um Mês! — Ai minha pequena! Te aguento há mais de uma década, conheço teu mau humor, tuas TPMS, sua chatice — abre um sorriso — Mas conheço também teu coração puro, sua boa vontade em ajudar a todos que precisam, do quanto fica feliz quando alguém te presenteia, como mergulha fundo em amores rasos, fica linda corada quando te elogio, é a mulher mais chorona, meiga e bipolar que eu conheço — levanta meu queixo com a ponta do dedo — Sorrio envergonhada. — Não! — n**o, balançando a cabeça, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. — Não vou te forçar a nada! – Ele finaliza enquanto seca as minhas lágrimas. — Você me deixou sem palavras! — Seguro sua mão sobre o meu rosto. — Crianças o almoço está pronto! — Minha mãe anuncia aparecendo na porta do quarto. — Estamos indo! Obrigada por avisar Mãe – Suspiro, tentando não demonstrar que estava chorando. — Está tudo bem? — Ela pergunta. — Sim! – Leonardo responde sorrindo. — Ok então! — Sai de nossas vistas. — Vem, vamos? — Leonardo, Levanta e Puxa minha mão. — Sim! — Respondo ainda envergonhada — O abraço pela cintura e ele beija minha testa. Durante o almoço, falamos de assuntos aleatórios, sobre a faculdade, a infância, Mamãe falou sobre o restaurante e seus clientes apaixonados. O clima segue descontraído, após o almoço Leonardo e eu fomos lavar a louça como era o costume. — Se continuar jogando água em mim, vou matar você de cócegas — Leonardo diz balançando o pano de prato. — Duvido! — Grito, Enchendo as mãos com água e atirando no seu rosto, só não tinha intenção de acertar seus olhos. — Aí meu olho essa água tem sabão! — Ele grita. — Ai desculpa Léo! Deixa-me ver! — me aproximo dele preocupada — vem vamos lavar lá no banheiro, vou passar soro fisiológico — puxo sua mão até o banheiro. — Vou te processar, por quase me deixar cego com detergente — faz bico. — Nossa quanto drama! Nem foi tão sério assim — passo o algodão com soro fisiológico em um de seus olhos — Pode me pedir o que quiser em troca — abro um sorriso. — Opa ai eu gostei! — Ele sorri malicioso — Porém pega leve tá? — tento me defender. — Calma boba! Nada demais vamos para o meu apartamento, jogar no meu game novo? — Pergunta. — Olha! Até que enfim me convidou pra estreia teu game novo — dou um soco leve no seu braço. — Ai! Quase me deixa cego agora quer quebrar meu braço? —Grita — Quer mesmo que eu te processe? — Me prende na parede do pequeno cômodo. — Vai em frente! — Tento segurar o riso. — Jamais faria algo do tipo com você! — Cola nossas testas. — Você é muito babaca! — Sussurro, com a respiração descompensada. — Vem, vamos sair daqui! diz me puxando para fora do banheiro. — O que vocês estavam fazendo no banheiro? — Minha mãe pergunta surpresa, caminhando em nossa direção. — Sua filha quase me deixou cego, sabe? Jogou detergente no meu olho — abre um sorriso sacana. — Lorena! Tá ficando doida? Se tivesse realmente deixado ele cego? — minha mãe questiona preocupada. Minha mãe gosta muito do Leonardo desde que éramos crianças, ele sempre foi muito terrível, vivia caindo e se machucando e na maioria das vezes cuidou dele igual cuidava de mim. Quando o Pai do Léo faleceu a mãe dele decidiu ir morar em uma fazenda no interior então minha mãe meio que adotou ele, antes de terminar a reforma do seu apartamento ficou praticamente morando na minha casa, quando a reforma terminou, senti falta de dormir com ele no chão da sala por mais uma semana. — Nossa Mãe que exagero! Lavei o olho dele com água e soro fisiológico, está tudo bem! Foi sem querer — respondo séria. — Vem vamos acabar de lavar a louça, por que vamos pra minha casa! — Me puxa pela mão arrastando até a cozinha. — Não sei por que você fala as coisas para a minha mãe! Sabe que ela acredita e ainda briga comigo — Faço bico. — Não foi minha intenção! — Sorri. Após terminamos de lavar a louça, Leonardo ainda me ajudou a organizar a bagunça ficou no meu quarto e em logo em seguida partimos para seu apartamento. Ele parecia uma verdadeira criança mostrando o brinquedo novo que acabará de ganhar, o brilho nos seus olhos e o sorriso por essa conquista, é contagiante. — Vem? Vai ficar parada aí? — Senta no chão a frente da TV enorme na sala. — Não! Claro que não! — desperto de meus devaneios. Jogamos alguns jogos juntos mas cansei e preferi ficar admirando ele e sua essência semelhante a de uma criança que me faz tão bem. Quando ele cansou de jogar decidimos assistir um filme, pela milésima vez assistimos 10 coisas que eu odeio em você. Como já sei as falas do filme Léo fez a promessa de nunca mais assistir comigo, após o filme acabar entramos em uma pequena discussão que terminou com uma guerra de travesseiros e uma revanche de cócegas, parecíamos duas crianças. Até o momento que nossas respirações ficaram descompensadas e novamente quase nos beijamos.
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