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A Segunda Esposa( livro 1 da série Sangue árabe))

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contract marriage
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harem
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Blurb

Khadija Zahrah Abdala perdeu seus pais quando tinha dez anos de idade. Seu pai era árabe, sua mãe inglesa. Ela nunca precisou seguir os costumes rígidos, seus pais eram mais liberais. Mas com a morte deles, tudo mudou e Khadija foi morar com seu velho tio, irmão mais velho de seu pai e que por muito tempo morou no Marrocos e que segue a tradição ao pé da letra.

Ela passa então, a ser criada para casar, seguindo a tradição, pois segundo seu tio, essa era a função da mulher no mundo árabe.

Um pretendente lhe é arranjado. Zafir Youseef Xarif. Um CEO, lindo, charmoso e rico...ela se casa com ele.

Zafir se mostra tudo que uma mulher deseja ver em um homem. Romântico, cuidadoso, carinhoso. Logo ela se apaixona por ele e deixa de se sentir como um cordeirinho sacrificado.

Mas Khadija não sabe, ela será a SEGUNDA ESPOSA.

Que reviravolta c***l!

Eu tinha que compartilhar meu marido. Não era um sapato, não era um vestido, ou um colar, mas sim o homem que eu amava.

Como esquecer tudo que vivemos?

Como não me importar?

Como deixar de sofrer?

Essa era eu. Eu tinha tudo, mas num único momento tudo mudou.

Agora você conhecerá minha história.

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Khadija Zahrah Abdala
Vestida com roupas discretas, que não valorizavam em nada minhas formas, cheguei da rua e entrei no hall da casa de tio Ali. Minha liberdade há tempos estava comprometida. Estava vestida com roupas escolhidas pelos meus tios. Minhas lindas roupas se foram, agora eu vestia para agradá-los. Meus tios eram tradicionais, austeros seguiam os costumes. O cheiro forte de incenso indicava que alguma coisa estava diferente. Meu tio recebia alguma visita. Lembrei-me do carro preto e imponente estacionado em frente à garagem. Era um clima inconfundível de recepção a alguém importante. Uma nuvem n***a passou na minha mente quando me lembrei de que —meu tio sempre que podia batia na mesma tecla —eu já estava na idade de me casar. Ele vivia me preparando psicologicamente para isso. Com essa sensação de mudança que eu teria na minha vida, eu estaquei. Senti um nó na garganta que lembrava medo. Da sala eu podia ouvir o burburinho de vozes. Tremendo me aproximei mais. —Ela chegará daqui a pouco. Só foi comprar café. Apertei o pacote de café que eu carregava em minhas mãos. Droga! Ele estava falando de mim para alguém. Respirei fundo, com o coração agitado no peito e as pernas moles, passei pelo hall e entrei na sala. No lindo sofá n***o um homem grisalho estava sentado com uma mulher também grisalha. Ele deveria beira uns 80 anos e ela uns 65. Meu tio quando me viu sorriu. Eu estremeci. —Khadija! Vem minha querida, quero te apresentar a família de seu futuro noivo... Me senti uma prisioneira de uma situação que eu já tinha discutido com meu tio e que não concordava. Se meus pais fossem vivos, eu não estaria nessa situação. Desde que eles morreram em um acidente de carro, eu estava morando com meu velho tio, que tinha uma mente retrógada, com pensamentos de nossos antigos costumes. —Salam Aleikum. —Eu cumprimentei a todos. Baixei os olhos e o rosto em respeito, serviçal, como meu tio ensinou e não encarei o senhor à minha frente. —Aleikum Salam. —O senhor me cumprimentou com um sorriso. —Khadija, sente-se habibi. Você se lembra que conversamos a respeito desse dia? Meu tio me apontou um lugar vago no sofá ao lado dele. Assenti para ele obediente, coloquei o pacote no aparador e as chaves e me sentei. Me sentindo encurralada, fitei minhas mãos no colo.  —Esse é o senhor e senhora Youseef Xarif. Eles vieram especialmente para te conhecer. Eu encarei meu tio e assenti, sorri para ele e depois olhei para eles. Eu não sabia o que fazer, estava um pouco envergonhada com a situação. —Você cursou até que ano? —O Senhor perguntou. —Fiz até o ensino médio. Meu tio sorriu e explicou: —Ela não prosseguiu com os estudos devido a tristeza que acometeu nossa família. Khadija perdeu os pais cedo, veio então morar comigo. Desde esse dia, eu a tenho preparado para contrair matrimônio. —Você tem quantos anos minha jovem? — A senhora Youseef Xarif me perguntou. Respirei fundo e me obriguei a olhar para ela. —Vinte e dois anos. — Engoli, lutando contra as lágrimas; isso era difícil, muito mais difícil do que eu imaginara O senhorzinho sorriu em aprovação. Era natural na minha cultura as famílias, no caso, os pais do meu pretendente, conhecerem a futura esposa primeiro. Caso eles se agradassem, eu conheceria o filho deles. —Você sabe cozinhar? —A senhora Youssef perguntou. Meu tio respondeu por mim: —Maravilhosamente bem. Ela aprendeu com sua falecida mãe. Faz um carneiro como ninguém. E a minha esposa também tem lhe dado algumas aulas de culinária. —Tudo bem, só perguntei para conhecê-la melhor. —Sim, para saber se eu era prendada e serviria bem meu marido. A senhora sorriu para mim com simpatia, eu forcei um sorriso. —Você não parece muito feliz com a possibilidade de se casar? A pergunta dos Youssef me fez me lembrar das palavras de meu tio quando eu passei a morar com eles: "Esqueça sua vida passada, você agora tem obrigações comigo, afinal, eu que te sustentarei daqui por diante."  Na minha ingenuidade eu não sabia o peso delas. Agora eu as entendo muito bem, eu apenas serei sacrificada como um carneiro. Como emudeci, meu tio me olhou com apreensão: —Imagina! É que minha Khadija é tímida. Não é habibi?  Eu fiquei com dó dele, afinal ele fora criado assim e pensava ser o melhor para mim. Como um robô, eu concordei com um gesto de cabeça dizendo: —Sim, meu tio. Titia surgiu na sala e convidou todos à participarem do café da tarde. Logo ocupamos nossos lugares à mesa. Como em câmera lenta, observei meu tio e minha tia não pouparem elogios à minha pessoa. Quem era o meu pretendente? Por que esse mundo era tão machista ao ponto de eles virem a minha casa para me conhecerem, sendo que meu tio, nem conhecia direito meu noivo? Com certeza o fato de ele ser rico era o requisito necessário para eu ser sacrificada. E a índole do homem, ninguém questionava? Logo ouvi eles comentarem que meu casamento seria no Marrocos. O quê? Por que eu teria que ir até Marrocos para me casar? Pelo que eu entendi, meu noivo morava em Londres? Quando começamos a comer, a conversa finalizou. Isso meu falecido pai me ensinou. Sentar-se à mesa para comer era algo sagrado, como um ritual, sem conversas, sem distrações. No máximo elogios pela comida. Enquanto eu comia, seguindo todas as regras de etiqueta, usando os talheres certos, cada vez que nos era servido um prato —Assimiladas por um curso que fiz e p**o por meu tio— a palavra "Marrocos", ficou piscando na minha cabeça. Fica calma. Seus familiares são procedentes de lá, e seu noivo deve ter uma família numerosa lá, também. Horas depois no meu quarto, eu me sentia enjoada, meu estômago doía por puro nervoso. Peguei meu notebook e joguei na busca da google o nome Zafir Youseef Xarif. Logo encontrei um artigo, sem foto: “O CEO Zafir Youseef Xarif que comanda a T&S Têxtil, em uma entrevista para a revista Economy, disse que tem superado suas metas a cada trimestre. A T&S, com 50 anos de atuação no mercado, se anteciparam as modernas tendências de gestão corporativa. Uma referência Internacional no seguimento confeccionista, posicionando-se como maior corporação verticalizada no setor têxtil. Zafir Youseef Xarif tem uma história familiar de sucesso na administração visionária voltada sempre para o futuro.  Iniciado em 1967 pela família Xarif, uma das mais tradicionais do mundo árabe, pioneira no empreendedorismo têxtil, eles refletem os imigrantes que fizeram a história social econômica do país. O conglomerado possui um dos mais modernos complexos de fabricação têxtil do País. Também fazem parte do Grupo a Construtora Youssef. Mesmo com as sucessivas oscilações do mercado o Grupo Têxtil apostou na manutenção dos investimentos e incremento de uma administração sólida e alinhada com a necessidade do mercado, aplicando nos últimos 4 anos, mais de R$ 20 milhões para aquisição de equipamentos, ampliação e modernização de seu parque fabril. " Sem foto, sem vida familiar, nada... O que eu sabia? Um homem muito rico. Ele poderia ter de trinta a oitenta anos. Fechei meu notebook me sentindo infeliz, a incerteza me incomodava. Meus nervos estavam à flor da pele, impotente sem saber como seria meu futuro.

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