CAPÍTULO 10: OS TEUS PAIS ESTÃO VIVOS

1340 Words
Um mês se passou depois do desentendimento,, desde então nunca mais falei com Merciana. Eu tinha saído e ao retornar para casa por volta das 17:13, encontrei Jackson visivelmente ansioso e furioso. Ele compartilhou a notícia de que havia recebido um telefonema informando que o assassino de nossos pais estaria na praia morena às 18 horas. — Por que está tão abalado, Jackson? - questionei, preocupado. — Recebi uma ligação dizendo que o assassino de nossos pais estará na praia morena às 18 horas. — Então o que está fazendo parado aí? Ligue para nossos homens imediatamente. Quero a praia morena cercada, sem erros. Vamos pegar esse criminoso. A urgência na voz de Jackson evidenciava a gravidade da situação, e juntos, traçamos planos para confrontar o passado sombrio que assombrava nossa família. Após minutos de espera na praia morena, nossa equipe, devidamente armada, observava a movimentação com tensão, acompanhada pelo mais recente integrante, Edgar Bacavaca, da Team Sangrenta. Subitamente, uma limusine surge, desencadeando um caos ao disparar indiscriminadamente pela praia, atingindo até mesmo inocentes. Diante da ameaça iminente, a ordem de reação não poderia ser postergada, e dei o comando para o início da troca de tiros. O confronto se desenrola freneticamente, enquanto a equipe se esforça para enfrentar os bandidos. Contudo, a situação toma um rumo inesperado quando os policiais chegam ao local, adicionando mais intensidade à batalha. Em um momento de extrema tensão, um dos criminosos direciona sua arma para mim, até que Edgar, recém-chegado à equipe, se revela como um verdadeiro herói. Em um ato surpreendente, Edgar sacrifica a própria vida ao me empurrar, assumindo o impacto da bala em meu lugar. A admiração toma conta de mim diante do altruísmo incomum e corajoso demonstrado por Edgar. Sem hesitar, ergo seu corpo nos ombros, ordenando a retirada imediata. Foi um momento marcante e inédito para todos nós, ao fugirmos estrategicamente pelos esgotos, abandonando a batalha pela primeira vez. Cada movimento, desde a aparição dos bandidos até o planejamento da fuga, foi meticulosamente calculado, destacando a complexidade e a intensidade da missão na praia morena. Após escaparmos discretamente pela praia morena, alcançamos nossos meios de transporte no lado oposto, evitando sermos detectados tanto pelos policiais quanto pelos bandidos. Ao chegar em casa, percebi a gravidade da situação e instruí Jackson a remover a bala. No entanto, ele recusou, enfatizando que não era médico. Diante dessa realidade incontestável, tomei a decisão de chamar um profissional de saúde. Em breve, um médico avaliou o estado crítico de Edgar, revelando a necessidade urgente de um doador de sangue. Diante do impasse, e com Merciana distante por um mês, fui compelido a superar o orgulho e ligar para ela. Cada minuto que passava era crucial para a vida de Edgar. Após uma série de tentativas frustradas, Jackson sugeriu chamar Teresa, indicando que ela talvez atendesse. Segui o conselho, ligando para Teresa, cujo celular tocou sem resposta por um tempo agonizante. Finalmente, decidindo tentar pela última vez, liguei novamente para Teresa. Para minha imensa gratidão, ela atendeu, revelando que estava, na verdade, segurando o celular, envolvida nas distrações cotidianas, como assistir ao conteúdo da tiktoker Sara Cuca. O alívio inundou-me ao finalmente conseguir contato, proporcionando uma chance crucial para salvar a vida de Edgar. Num momento de desespero, ao ligar para Teresa, fui recebido por sua fúria evidente diante das alegações. O desabafo de Teresa sobre as consequências dos meus atos estava repleto de revolta, principalmente pela situação crítica de Edgar. — O que você quer? Já não causou o suficiente à minha amiga? - questionou Teresa, visivelmente furiosa. — Desculpe por isso, mas algo terrível aconteceu com o Edgar. — O que fizeram com o Edgar? — Ele está gravemente ferido em minha casa, e eu preciso que você avise a Merciana para que ela venha até aqui. — Você baleou o Edgar, seu canalha! - Teresa exclamou, com lágrimas nos olhos. — Avisa a Merciana agora, senão o Edgar não sobreviverá. Em questão de minutos, Merciana e Teresa chegaram à minha casa. Merciana, visivelmente angustiada, adentrou a residência já chorando, deparando-se com seu irmão estendido na sala. — Meu irmãozinho, o que fizeram com você? - indagava Merciana, soluçando. — Você é a irmã do Edgar? - questionou o médico. — Sou eu mesma - respondeu Merciana, ainda chorando. — Então, não percamos mais tempo. Qual é o seu grupo sanguíneo? - indagou o médico. — Grupo A. — Ótimo. Deite-se aqui para iniciarmos o processo de doação - orientou o médico, agindo rapidamente para salvar a vida de Edgar. Enquanto Merciana doava seu apoio a Teresa, esta questionou com preocupação: "O que levou a esse incidente de tiros?" — Apenas trocávamos comentários negativos sem responder à pergunta. — Vocês são silenciosos? Não dizem nada? — Sempre mantemos o silêncio até que o doutor sugeriu que, se quisessem jogar cartas, fizessem isso lá fora, pois aqui precisávamos de ajuda tanto física quanto espiritual, através da fé. — Está certo, doutor. Você está totalmente certo - disse Teresa. Assim permanecemos, até que fossem 23 horas e o paciente mostrava sinais de recuperação. — Quem é você? Responda-me, quem é você? - perguntou Merciana, batendo em meu peito enquanto chorava. — Me desculpe. — Só consegues dizer desculpa? — É a única palavra que aprendi desde que te conheci. — Então, quem é você afinal? - indagou Merciana, com a voz já rouca. — Avisai para se afastar, alertei que meu mundo é cheio de segredos e escuridão, repleto de tristezas e lágrimas que nos fortaleceram - disse, olhando nos olhos de Merciana. — E o quê, meu irmão tem a ver com isso? - perguntou ela. — Seu irmão buscava agitação, e foi isso que encontrou ao meu lado. — E foi por isso que tentaste matá-lo? — Nunca tentei matá-lo; ao contrário, ele salvou minha vida - confessei, os olhos encharcados de lágrimas. Foi um momento surpreendente, pois pela primeira vez desde a perda dos meus pais, lágrimas escaparam dos meus olhos. Prometi a mim mesmo que jamais choraria novamente e impus a mesma regra ao meu irmão. No entanto, naquele instante, as lágrimas fluíam porque alguém havia sacrificado por mim. Era como se, finalmente, estivesse desenvolvendo sentimentos genuínos pelos outros. Preferiria ter sido atingido pela bala do que ver Merciana desapontada comigo. — Por quê ele salvaria sua vida? - perguntou Merciana. — Ele, ele... - gaguejei, incapaz de articular uma resposta. Decidi beijá-la, talvez na esperança de acalmá-la, mas imediatamente Merciana se afastou. — O que você pensa que está fazendo? - indagou ela. — Desculpe, pensei que isso pudesse acalmar você - disse, olhando nos olhos dela. — Você é realmente doente - afirmou Merciana. — Vamos tirar o Edgar daqui, amiga. — Nem pensar, não posso permitir que saiam a essa hora carregando um doente - disse com seriedade. — Aloisio está certo - concordou Teresa. — Você também, amiga? Está se juntando a eles? - questionou Merciana. — Não estou com eles, mas eles estão certos. Já é tarde; melhor passarmos a noite aqui - afirmou Teresa. Merciana insistia em levar Edgar, mas depois de alguns minutos, Teresa conseguiu convencê-la a ficar. Como distração ligamos a televisão e nos acomodamos para assistir, porém o clima tenso persistia, compreensivelmente, após alguém se ferir por minha causa. Enquanto Jackson e Teresa preparavam o jantar, a atmosfera começou a se descontrair durante a refeição, houve conversa, risadas, as meninas já não sentiam assim mais tanta raiva de nós, acho que a série game of thrones serviu de suporte para nossa reconciliação e entendimento, depois de algumas horas todos acabaram se entregando ao sono, exceto eu, que permaneci no sofá observando Merciana com admiração, como se meus olhos tivessem vida própria. "Por que estás aí parado? Parece um zumbi faminto", despertou e disse Merciana, ainda sonolenta. "Não é nada, só não consigo dormir", respondi, fixando meu olhar nela. "Estou com fome", disse Merciana, recobrando-se do sono. "Na cozinha ainda há comida, e você está certa, estou faminto também." CONTINUA ...
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