Capítulo 1- 5 anos depois

1548 Words
O passado pode doer, mas da maneira que eu vejo, você pode fugir dele ou aprender com ele." " Jessica da Silva 5 anos depois Já se passaram cinco anos, e não posso esconder que ainda penso no mascarado sempre que olho para minha filha. Abandonei meus planos de formatura na França e voltei ao Brasil quando minha avó faleceu antes do nascimento da minha filha. Eu estava com medo de perder meu avô também, e minhas irmãs precisavam de mim, então, deixei para trás meu sonho de ser estilista para assumir o negócio da família. Hoje foi um daqueles dias exaustivos na padaria, onde entro muito cedo. Finalmente, consegui fechar a loja e voltar para casa, mas ao entrar, encontrei todos reunidos à mesa de jantar com Dona Vera, nossa vizinha e madrinha da nossa falecida mãe, uma amiga de longa data da família que é cartomante. Ela estava fazendo previsões sobre o futuro, e eu estava esgotada pelo agitado dia na padaria. Além disso, meu avô não estava bem de saúde, então eu sabia que precisaria cuidar de tudo. Apesar do cansaço, a curiosidade me fez ficar na porta ouvindo o que Dona Vera tinha a dizer. - O que a senhora vê, Comadre? - Meu avô, sempre fascinado pelo futuro, perguntou. - Vocês não vão acreditar, mas nunca vi algo assim antes. - Dona Vera respondeu, deixando todos nós atônitos. Eu me apoiei no batente da porta para ouvir melhor. - Como assim, Comadre? - Meu avô quis saber. - Vejo três cataclismos que vão mudar as suas vidas. - Dona Vera disse, aumentando ainda mais o espanto de todos na sala. Foi neste momento que entrei fazendo a minha filha pular da cadeira. - Cataclismos? O que isso significa. - Perguntei, me aproximando da minha pequena que pediu para ir para o meu colo. - Cataclismos são eventos raros que causam mudanças significativas na vida das pessoas, como reviravoltas do destino... - Mas esses cataclismos serão bons ou ruins? - Meu avô quis saber, mantendo seu interesse nas previsões que Dona Vera fazia, mesmo ela não as considerando sorte ou azar, mas sim dois lados da sorte. - Isso eu não posso ver, mas o importante é que todos estejam com os olhos bem abertos - Dona Vera concluiu. Belinha gesticulava animadamente no meu colo, e eu a beijei na bochecha, sorrindo. - Tenho certeza de que o primeiro cataclismo acontecerá amanhã . - Jack, minha outra irmã, disse animada ao se levantar e começar a dançar pela sala. - No evento em que vou trabalhar, haverá muitos homens ricos e milionários, e um deles será meu futuro marido! - Ela exclamou, pulando no sofá. - Jack, desce daí! - repreendi, não querendo que ela alimentasse esses devaneios na frente de Belinha. Eu desejava que ela se concentrasse em estudar e construir uma carreira sólida, em vez de sonhar com um príncipe encantado que aparecesse com um sapatinho de cristal. - Escute sua irmã, Jack. O dinheiro deve ser conquistado com esforço e trabalho duro. Você não terá minha ajuda para sempre, e sua irmã tem sua própria vida para levar - Meu avô acrescentou, e eu assenti, concordando com ele. Jack precisava amadurecer e compreender a realidade da vida. - Mamãezinha, a senhora pode fazer sopa para o jantar? - Belinha pediu com seu jeitinho fofo e me encheu de beijos. Ela tinha o dom de me derreter com seu carinho. - Claro que faço, meu amor. Mas antes, minha princesa precisa tomar um banho para tirar esse cheiro de padaria. - Falei, entrando no banheiro com ela e a enchendo de beijos. Minha vida nos últimos cinco anos estava cheia de responsabilidades e desafios, e eu precisava cuidar da minha família e administrar a padaria da família. Meu sonho de ser estilista ainda existia, mas agora estava em segundo plano, priorizando minhas irmãs e minha filha Belinha. À medida que a noite avançava, eu me perguntava o que o futuro reservava para nós, com esses "cataclismos" que Dona Vera previra, e o mascarado do passado ainda rondava meus pensamentos. Essa era minha rotina noturna. Após dar banho na Belinha e pedir para a Beck fazer o mesmo, preparei o jantar com Belinha ao meu lado, compartilhando seu dia comigo enquanto esperava Beck para revisar suas lições e tirar dúvidas. - Mamãe, posso ir à casa da Dona Vera? Ela disse que tinha algo para me entregar - Beck entrou na cozinha, recém-saída do banho, depositando um beijo na minha cabeça. - Só se for rápido, estou terminando o jantar... - É rapidinho, eu prometo - Ela falou e eu concordei com a cabeça. Ela saiu apressada. - É rapidinho, eu prometo - Ela falou e eu concordei com a cabeça. Ela saiu apressada. Terminei de preparar o jantar e comemos juntas. Ajudei Belinha com sua lição de casa enquanto Beck compartilhava detalhes do seu dia. Com Belinha já sonolenta, fui para o nosso quarto, onde a deixei assistindo desenhos enquanto eu tomava um banho. Meu corpo clamava por descanso, mas quando passei pela cozinha, percebi que ainda precisava limpar a casa. Vesti meu pijama e voltei para a cama com minha pequena para contar uma história antes de dormir. - Mamãe, eu te amo - Ela disse com um sorriso, e essas palavras faziam todo o meu cansaço e esforço valerem a pena. - Eu também te amo, meu amor - Respondi, fazendo carinho nela. Ela estava agarrada a mim, cheirando meus s***s enquanto pegava no sono. Ela tinha esse hábito de dormir com uma mão no meu seio e o rosto no outro, apenas cheirando-o. Nós morávamos em uma "vila" composta por várias casas, com a padaria na parte da frente e nossa moradia no andar de cima. Nos fundos, havia mais cinco casas no térreo e mais cinco no andar superior. Meu avô comprou a parte correspondente à nossa casa e à padaria, enquanto as outras propriedades pertenciam ao Sr. Antônio. Nossa casa não era grande, com três quartos: minhas irmãs dividiam um, e eu dividia outro com Belinha. Os quartos eram bastante pequenos. O quarto das minhas irmãs tinha uma beliche, e no meu quarto, comprei uma cama de casal onde eu dormia com minha filha. Quando minha filha adormeceu, fui até o quarto das minhas irmãs, pedi para que elas se deitassem e dei um beijo de boa noite em cada uma delas. Só depois disso voltei para a cozinha e sorri ao ver meu avô lavando a louça. Ele sempre tentava me ajudar, sabendo o quanto eu estava sobrecarregada. - Vovô, eu já estava indo para lavar e limpar a cozinha, fui colocar a Belinha para dormir primeiro. - Falei, o fazendo se sentar em uma cadeira antes de começar a lavar a louça. Ele sorriu para mim. - Você acredita no que a Vera disse? - Ele perguntou enquanto eu guardava a louça. - Ela estava certa quando previu o rapaz que estava roubando a padaria e também acertou o resultado de 7x1 na copa. Todos diziam que ela era louca, mas ela estava certa - respondi, terminando de guardar a louça e começando a varrer a cozinha. - Filha, suas irmãs deveriam te ajudar mais. Você passa a manhã toda na padaria, e quando eu preciso, você também fica à tarde. Além disso, tem a Belinha para cuidar, e muitas vezes suas irmãs te dão mais trabalho do que sua filha de 4 anos. Você é uma boa garota, Jessica, e espero muito que você seja feliz - Ele disse, me abraçando. - Eu sou feliz, vovô - Falei, mas ele me lançou um olhar triste. - Filha, eu sei que você não é feliz. Você adiou seus sonhos por causa de suas irmãs. Conheço você, sei que ter uma filha não atrapalharia seus objetivos, mesmo que você a estivesse criando sozinha. E você não vai me dizer o nome desse desgraçado, não é?. - Vovô, me ouça. Foi minha escolha. Eu amo desenhar minhas roupas e sapatos, e não desisti dos meus sonhos, apenas os adiei. Ainda vou me tornar uma grande estilista, mas agora preciso cuidar das minhas filhas. Você já tomou seus remédios? - Perguntei, levando-o de volta ao quarto. - Jéssica, você está me enrolando novamente, não é, minha mocinha? Mas espero que um dia você encontre alguém à sua altura, ou até mesmo uma mulher. Hoje em dia, as coisas estão bem modernas, e eu ainda quero ver você feliz nesta vida, mesmo que eu não esteja mais aqui para testemunhar. - Ele disse com um sorriso, sentando-se na cama. - Boa noite, vovô. - Falei, saindo do quarto. Respirei fundo e trancou toda a casa. Depois de terminar todas as tarefas, voltei para o meu quarto e, ao abrir a porta, fiquei olhando para minha princesa. - Príncipes não existem, minha filha. Já se passaram tantos anos, e eu não consigo esquecer o seu pai, o mascarado. Nem lembro mais da sua voz, mas nunca vou esquecer deste sinal que parece um F. - Falei, tocando no ombro dela, onde havia o mesmo sinal. - Você foi o meu melhor erro que já cometi, pena que eu nunca vou poder responder à pergunta sobre quem é o seu pai...
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