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O Garoto que Ninguém Amava

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Blurb

Dêmon tinha apenas nove anos quando se apaixonou pela primeira vez, uma paixão inocente e idealizada pelos contos infantis que costumava ler. Sem pensar muito, não hesitou em contar para seus pais a grande novidade: estava gostando de uma pessoa e essa pessoa era um garoto, assim como ele. Daquele momento em diante, sua vida que já estava passando por altos e baixos acabou desmoronando de vez.

Oito anos depois, cursando pela segunda vez o primeiro ano do ensino médio, Dêmon não tem nenhuma perspectiva de futuro profissional e muito menos de um relacionamento romântico. No entanto, sua rotina pacata e entediante vai ser virada de cabeça pra baixo com a chegada inesperada de um novo aluno no meio do ano letivo: César, estudante do segundo ano do ensino médio que se destaca tanto nas notas quanto nos esportes.

Dêmon nunca pensou, não ousou cogitar, que conseguiria chamar-lhe a atenção e muito menos que poderiam vir a ter algum tipo de relacionamento, nem uma simples amizade, por um motivo muito racional: Ele é o garoto que ninguém ama e sabe que continuará sendo assim enquanto não sair da pequena cidade onde morou por sua vida inteira. Acontece que Dêmon se esqueceu que não conhece o César, muito menos sua fervorosa determinação em convencê-lo do contrário e lhe mostrar que alguém pode sim amá-lo.

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Uma sexta-feira normal
    Ao terminar mais um dever, resolvo dar-me uma pausa. Ergo o rosto e logo sinto meus olhos serem agredidos pelo sol, impedindo-me de enxergar qualquer coisa senão essa luz cegante. Não demoro a bloqueá-la com uma mão, o que funciona parcialmente bem, pelo menos o suficiente para conseguir ver o campo mais adiante e até os jogadores.     Eu não gosto de futebol, na realidade não gosto de nenhum tipo de esporte, não consigo achar graça em gastar minhas energias com algo tão fútil quanto ficar correndo atrás de uma bola, ainda mais nesse sol escaldante que me deixaria todo suado. Isso não significa que eu não veja beleza nessas atividades, pelo contrário, nesse momento estou vendo muita beleza correndo pelo pátio, as camisas agarradas devido, justamente, à transpiração e alguns até com o peitoral desnudo devido ao calor... Realmente é uma visão extremamente linda, principalmente desses últimos porque a maioria que se atreve a fazer isso tem um físico invejável. É por isso que, quando as aulas terminam, meu lugar favorito em toda a escola é essa arquibancada, pois, quando o sol não atrapalha, eu tenho uma visão privilegiada dos caras mais gatos da escola.     Como estudo há muito tempo nessa escola, praticamente minha vida inteira, e como sou muito observador, eu reconheço todos os outros estudantes de nome e de vista. Só que nos últimos dias, pelos corredores e no pátio, eu venho me deparando com uma pessoa desconhecida, um garoto que eu jamais havia visto antes e que parece ter brotado nessa escola do nada. Isso está me incomodando, principalmente porque ele não é o tipo de pessoa que consegue passar facilmente despercebida.     O cara é branco, até aí nada demais porque a maior parte dos alunos são assim, só que o problema é que o cabelo dele também é branco e não, não é um loiro claro ou muito claro, é branco mesmo. Com certeza é pintado, mas, mesmo não sendo natural, ainda chama muita atenção. Não sei a cor dos olhos, nunca cheguei tão perto para identificar, porém parecem ser escuros. Ele parece ser alto, mais que a média, e é um dos caras sem camisa. Que corpo... Ele deve malhar ou praticar esportes como futebol com muita frequência... Ou o desgraçado só tem genes maravilhosos que o fazem ser assim sem nenhum tipo de esforço.     Fiquei tão perdido olhando para aquele desconhecido que quase não notei a bola vindo na minha direção, se não tivessem começado a gritar eu não teria saído do mundo da lua e muito menos teria conseguido abaixar-me a tempo. Após a ameaça eminente passar, eu subo mais na arquibancada para pegar a bola que parou alguns degraus acima de mim e penso em jogá-la de volta, porém duvido da força dos meus braços, que mais parecem gravetos, e também vejo que já estão subindo para pegá-la, então resolvo aguardar para lhes devolver em mãos. Percebo que quem vem até mim é o André, um garoto que estudava na minha turma até ano passado e que é uma tragédia no futebol, não duvido nada que essa bola errática tenha sido resultado de um chute dele.     - Foi m*l, Salarini. A bola escapou. - Ele se desculpa, entretanto não parece sentir-se nem um pouco culpado. - O que ainda está fazendo aqui na escola?     - Só alguns trabalhos.     - Está muito ocupado?     - Depende da sua urgência. - Respondo, não importa o quão soterrado de trabalhos eu esteja, eu sempre irei aceitar novos pelo prazo e pelo preço certos. - O que você quer?     - Preciso ter copiado no meu caderno a matéria toda de três dias de aula. - O André informa, basicamente dizendo que quer que eu faça isso por ele.     - Esse é um pedido incomum.     - É que eu matei esses dias de aula e minha mãe acabou descobrindo, agora ela tá uma fera e quer toda a matéria que eu perdi copiada no meu caderno até o fim do mês. - Ele explica o ocorrido e, considerando a data que estamos, se eu aceitar terei aproximadamente duas semanas para cumprir a tarefa. - Como você sempre faz por mim aquelas listas de exercícios chatas que os professores passam, imaginei que também pudesse copiar a matéria por mim.     - Não estamos mais na mesma turma, portanto eu preciso que me arranje foto de todo o conteúdo que vai querer que eu transcreva. - Exponho minhas condições, apenas o básico. - Vou precisar ficar com seu caderno após as aulas e durante os finais de semana.     - Sem problema, eu te mando as fotos por mensagem e assim que o jogo acabar eu já te dou o meu caderno.     - O serviço vai custar quinze reais e eu quero cinco de adiantamento. - Aviso, não ligando pra sua cara de choque.     - Quinze reais?! Isso... Isso é um roubo!     - Quinze reais não é nada pra você e se acostume, você sabe que cobro mais caro de quem está nas séries acima da minha. - Rebato, é ridículo alguém como ele, que vem de uma família com grana suficiente para pagar a mensalidade dessa escola, reclamar de quinze reais.     - Certo... Mas você teria troco pra cinquenta? É a menor nota que eu tenho.     - Não, não tenho. - n**o, engolindo em seco ao receber esse t**a na cara. Ele tem, no mínimo, cinquenta reais na carteira e eu nem tenho quarenta e cinco reais. O pior é que eu não quero perder esse trabalho, pois cada centavo importa, ainda mais quinze reais. - Tá, deixa pra lá, você pode me pagar o valor completo quando eu terminar.     - Valeu, Salarini. Você é demais.     - Valeu, Salarini. Você é demais. - Repito quando ele se vai e eu volto a ficar sozinho, optando por partir para o próximo dever antes que eles se acumulem e eu não dê conta. - Eu sou demais... E ele nem sabe o meu nome.     O tempo se segue sem grandes mudanças, apenas o sol que, lentamente, muda o ângulo de incidência dos seus raios conforme a Terra gira. Eu prossigo resolvendo questões que não são minhas até ser novamente interrompido, dessa vez por algo bem mais sutil que uma bola assassina. Não me surpreendo ao ver novamente o André, afinal o combinado era ele me entregar seu caderno após o jogo e, pelo visto, eles já terminaram.     - Ainda hoje eu te mando as fotos. - Ele reafirma, dando um aceno escandaloso antes de partir na direção de seu grupinho de amigos.     - Espera! - Peço de última hora, precisando erguer minha voz acima do volume normal para chamar sua atenção.     - O que foi? - Ele para de se afastar, mas não se aproxima, o que me faz hesitar. Talvez eu seja ouvido pelos outros, no entanto minha curiosidade é tanta que não posso deixar essa oportunidade escapar.     - Quem é o cara novo? - Questiono de uma vez, o André deve saber algo sobre ele já que o desconhecido está o esperando junto à rodinha de amigos dele.     - Quem? Tá falando do César?     Imediatamente meu cérebro me recorda de todo César que estuda ou já estudou nessa escola. Tem um no último ano, facilmente reconhecível pelos braços totalmente tatuados, então eu sei que ele não está por perto. Tem um César no sétimo ano, obviamente jovem demais para andar com a galera descolada do segundo ano do ensino médio, então é claro que ele não está por aqui. Além deles, teve um que saiu da escola há uns dois anos e também tem um professor com esse nome. Nenhum desses compõe o grupinho que estou observando, portanto esse César deve ser justamente o nome do estranho.     - Sim, ele mesmo. - Confirmo, pensando bem no que falar para não soar estranho demais. Imagino que não seja exatamente normal alguém decorar o nome de todos os alunos da escola onde estuda. - Eu não me lembro de tê-lo visto em nenhum dos eventos do colégio.     - Ele é novo, foi transferido durante as férias de julho porque ele e a família mudaram de cidade. Faz mais ou menos um mês que ele começou a frequentar a Santa Madalena, sei disso porque ele tá no segundo ano, na minha turma. - O André entrega todas as informações necessárias para acalmar minhas inquietações, é muito bom saber que ele é mesmo um novato e não alguém que eu, por algum motivo, não notei durante meses.     - Entendi. - Comento, colocando um ponto final no assunto e permitindo que ele fosse embora.     Aproveito da quietude e da solidão, companheiras frequentes e apreciadas por mim, para terminar mais uma tarefa. Confiro a hora em meu relógio de pulso, optando por ir almoçar ao constatar que já são três e meia da tarde. Reúno todos os cadernos e livros estranhos, guardando-os um a um dentro da minha mochila ou, pelo menos, todos que cabem dentro dela. Como esperado, acabo tendo que levar um livro e um caderno nos braços por falta de espaço, nada que eu não esteja acostumado.     Desço com cuidado da arquibancada, querendo evitar uma queda como já aconteceu uma vez. Sigo em direção à escola ao chegar são e salvo no chão ou, melhor dizendo, sigo para o interior da escola. Passo pelo pórtico que sempre fica aberto, exceto quando a escola se fecha, e atravesso inúmeros corredores até chegar no refeitório quase vazio. É assim que eu gosto, por isso sempre verifico o horário para nunca coincidir com o intervalo de alguma turma, não o suporto nessas ocasiões.     Escolho uma mesa vazia, a mais próxima da cantina, para deixar os materiais escolares, inclusive minha própria mochila que pesa demais nas minhas costas. Abro o zíper da frente e pego minha carteira, tirando moedinha por moedinha até juntar a quantia certa para pagar pela comida. A verdade é que tudo que é vendido dentro dessa escola custa os olhos da cara, portanto, como eu não estou interessado em me envolver com o tráfico de órgãos, eu não compraria nada daqui se tivesse que pagar o valor real dos produtos. Eu só me dou esse luxo porque consigo grandes descontos que deixam os preços razoáveis, ainda um pouco mais caros do que se eu comesse fora da escola, mas pelo menos aqui eu sei a procedência da comida e sei que é de qualidade. Eu já tenho problemas demais pra ter que lidar com uma intoxicação alimentar.     Largo minhas coisas na mesa sem medo, afinal a chance de roubarem algo por aqui é praticamente nula. Vou me distanciando até parar diante do caixa que hoje, curiosamente, está sob a responsabilidade de uma mulher diferente. Eu a conheço, foi contratada a uma semana e ainda está no período de experiência, mas, normalmente, não é ela que cuida do caixa.     - Boa tarde, o que deseja?     - Uma lasanha de quatro queijos. - Peço, entregando-lhe a maior parte do dinheiro que eu trouxe. Aguardo pacientemente enquanto ela conta, não tenho pressa já que ainda falta muito para o próximo intervalo.     - Está faltando.     - Como?     - Está faltando 15 reais. - Ela afirma, nem se eu pegasse todo o dinheiro que me sobrou, o que consiste no pouco que ganhei hoje mais a quantia necessária para pegar um transporte no caso de alguma emergência, eu não conseguiria pagar tudo isso.     - Mas eu sempre paguei esse valor pela lasanha.     - Olha, garoto, a tabela de preços está bem atrás de mim. - Ela informa, apontando para a grande placa onde estão listados todos os produtos que eles vendem junto aos respectivos preços extremamente abusivos e é aí que eu entendo o que está acontecendo, é só um m*l entendido.     - É que eu...     - Mônica! É só eu te deixar sozinha no caixa por alguns minutos que você já sai cometendo erros?! - A dona Lindalva, a velhinha que trabalha aqui desde que eu era criança e que normalmente cuida do caixa, sai de dentro da cozinha quase aos berros com a novata.     - O que?! Eu não fiz nada! Só estou corrigindo esse aluno que me deu o valor errado!     - Esse aluno é o Lacedêmon Salarini, Mônica! Lacedêmon Salarini! - A senhora afirma aos berros e meus ouvidos doem, não pela altura, mas por ouvir meu terrível nome completo. Por mais que as vezes me incomode ser chamado de Salarini pra cá e pra lá, ainda é muito melhor que meu nome completo, qualquer coisa é melhor que Lacedêmon.     - Salarini? Como... - A jovem tenta elaborar o questionamento, agora de olhos arregalados como se tivesse constatado que fez uma enorme besteira.     - Sim! Como o Colégio Santa Madalena Salarini! Ele é sobrinho dos donos dessa escola, os seus patrões!     - Perdão... - Ela tenta desculpar-se, tão pálida que sua pele até muda de cor e com os olhos tão saltados que parecem que vão pular para fora. A moça parecia prestes a ter um troço, mas, por sorte, ela é puxada pela dona Lindalva para os fundos da cantina.     Volto a esperar pacientemente, gosto muito de ter a virtude da paciência, pois ela é útil em muitos momentos. Até que não demora quase nada para voltarem, quer dizer, só a velha Lindalva é quem assume o caixa e aceita a pequena quantia sem fazer perguntas, como de costume.     - Uma lasanha de quatro queijos, por favor. - Repito o pedido, tratando de mostrar toda minha tranquilidade para evitar que a novata leve outro esporro. Não foi a melhor das situações, mas foi só um m*l entendido, então não quero que ninguém crucifique a jovem Mônica por aquilo.     - Aqui, sua senha. Fique de olho no monitor e venha pegar seu prato quando o número aparecer.     - Obrigado. - Agradeço, pegando o papelzinho e o guardando no bolso da minha blusa antes de voltar para a minha mesa.     Eu podia sentar e esperar, entretanto vou precisar de algo para beber e é melhor eu ir buscar agora. Tiro minha garrafa vazia de dentro da mochila e começo o longo percurso até o bebedouro, num primeiro momento acho completamente sem sentido não ter um bebedouro dentro do refeitório, mas com o passar dos anos percebi que essa foi uma estratégia do meu tio para fazer os alunos comprarem as bebidas, inclusive água, na cantina. O pior é que isso funciona, funciona muito bem.     Encho a garrafa de água em poucos segundos e volto para o refeitório, conseguiria contar nos dedos os alunos que encontrei pelo caminho e a maioria deles são do turno da tarde. É comum alguns alunos da manhã, como eu, ficar na escola até umas duas e meia da tarde, porém, ao passar disso, gradativamente eles começam a ir embora até que agora, quase quatro da tarde, já não sobrou quase ninguém. Eu sou uma das exceções dessa regra, normalmente fico sempre o máximo possível.     - Salarini!     Novamente sou tirado do mundo da lua pelo chamamento, só então notando que meu número está sendo exibido no monitor e minha lasanha já me espera numa bandeja sobre a bancada. Levanto-me e vou até lá, não precisando devolver-lhe aquele papelzinho, o que agiliza meu retorno a mesa e, consequentemente, o início do meu almoço tardio. Como tudo, deixando-o tão limpo ao ponto de não sobrar nem o molho branco, pois jamais cometeria tamanho desperdício.     Devolvo a bandeja com o prato e talheres sujos para a cantina, sendo recepcionado, novamente, pela Mônica que nem se atreve a falar comigo. Eu não sou a pessoa mais sociável do mundo, nem sou muito bom com as palavras, entretanto resolvo tentar consertar esse clima estranho.     - Não precisa ficar preocupada, você não me ofendeu nem nada do tipo, foi só um m*l entendido. - Digo, dando um pequeno sorriso sincero ao pensar em algo engraçado. - Não é como se eu fosse contar pros meus tios o que aconteceu e pedir pra eles te demitirem.     - É claro. - Ela concorda, empurrando na minha direção um pequeno tablete de chocolate.     - Eu não pedi isso. - Comento, devolvendo o doce para ela devido a minha confusão, porém ela não o aceita de volta.     - É por minha conta. - Ela insiste, mas eu não posso aceitar, ainda mais quando sei que ela está fazendo isso por medo. Esse é o lado r**m de ser sobrinho dos donos da escola, embora eu tenha muitas vantagens e seja respeitado, algumas pessoas ficam com medo de mim, principalmente os funcionários e alguns alunos mais novos.     - Não precisa, eu já disse que está tudo bem.     - Por favor, aceite. - Ela pede e, infelizmente, persistência não é uma de minhas virtudes, então eu sei que, cedo ou tarde, ela me venceria pelo cansaço.     - Só dessa vez. - Murmuro, levando comigo o chocolate que, sendo honesto, é um presente incrível. Não o ganhei de uma forma muito legal, mas, agora que já o tenho, é melhor aproveitar.     Sento na cadeira ao lado da minha mochila e desembrulho a maravilhosa combinação de açúcar, leite e cacau. Eu deveria guardar para comer mais tarde, no entanto não quero correr o risco de perdê-lo, então é melhor comê-lo de uma vez. Tento não demonstrar minha felicidade em comer um pedaço de chocolate depois de tanto tempo, só que essa é uma tarefa muito difícil e meus pés acabam por me entregar, balançando pra frente e pra trás de forma compassada e involuntária. Isso vai me dar energia para continuar resolvendo os milhares de exercícios.     Falando nesses meus trabalhos, eu pego meu celular quando o sinto vibrar e vejo que o André mandou as fotos. Começo a contar: uma foto, duas fotos, três fotos, quatro votos, cinco fotos... Vinte e sete fotos no total, pelo visto eu realmente terei muito trabalho e talvez eu devesse ter cobrado mais caro porque, embora eu não vá precisar pensar, vai ser cansativo para minhas mãos e vai tomar muito do meu tempo. Ainda bem que eu não tenho nada melhor para fazer nesse final de sexta-feira.

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