Capítulo XIII

1183 Words
— Grande Eduardo! Estamos quase terminando de arrumar tudo! — Gritou Will de cima do palco do clube assim que o avistou chegar. Eduardo acenou para o amigo sem dizer palavra alguma, ainda afetado pela sensação de déjà vu. Não importava quantas vezes algo semelhante acontecesse, o frio na barriga era o mesmo. — Fala, Will! Acha que vai ter movimento hoje? — Perguntou olhando em volta. — Teu fã clube já confirmou presença. Mano, tem noção que mais de cinquenta gatas se reúnem só para falar de você, com gritinhos histéricos e sonhando em dar pra você?—Eduardo apenas deu de ombros, o que causou gargalhadas em Will. — Teus Amigos também confirmaram presença, aquele grandão ligou reservando mesa, o gerente me disse ainda há pouco quando estava juntando essas mesas aí na frente do palco. Vem um b***e só por tua causa! — Eu sei, ele me disse que viria, só não imaginei que viria tanta gente com ele. — Eduardo contou mentalmente o número de cadeiras reservadas na mesa de Val. Pelo menos oito... — Eu sei que você recusou várias vezes minha proposta, mas a qualquer momento que venha a mudar de ideia e queira fazer parte dos Andarilhos, o microfone é teu! — Estou ligado, mas meu destino é outro, mano!! Se Deus quiser, vamos dividir grandes palcos no futuro, mas não como colegas de banda. — Você que sabe... Vou subir no palco e terminar de arrumar o som, coloca teu violão lá me cima e se arruma, tem que ficar bunitin para as fãs!— Will disse enquanto apertava a bochecha de Eduardo, fazendo um biquinho como se estivesse prestes a beijá-lo de brincadeira. Eduardo o afastou com um safanão, resmungando algo que Will interpretou como: " Tira a mão de mim seu filho da p**a!" mais por conhecer Eduardo do que por entender o resmungo. Com isso, Will gargalhou alto seguindo para o palco.  Eduardo tirou a jaqueta de couro marrom que vestia e pendurou em uma cadeira, sentando em seguida. Ele estava vestido com as mesmas roupas do primeiro encontro dele com Bianca de propósito, na tentativa de provocar o destino. Como uma simples roupa poderia fazer alguma diferença era algo que ele mesmo não fazia ideia, mas àquela altura a lógica não era lá muito confiável. Um garçom passou por Eduardo com uma bandeja de copos vazios. O clube tinha apenas alguns clientes sentados no balcão principal e dois casais em mesas mais afastadas. O Garçom respondeu ao aceno de Eduardo e parou diante dele. — Vai querer alguma coisa, Eduardo? — Sim, Marcos, me traz uma vodka com suco de laranja. — Nada de Tequila hoje? — Perguntou o garçom surpreso, visto que Eduardo normalmente bebia tequila ou cerveja. — As vezes é bom variar um pouco, Marcos, e laranja faz bem à minha voz. — Sem problemas, já já eu trago. Assim que o garçom se afastou, três jovens chegaram por trás deles, uma delas colocou a mão no ombro de Eduardo e deslizou o dedo indicador, desenhando círculos sobre o braço dele. — Oi, Eduardo, vai se apresentar com Os Andarilhos hoje? — Perguntou a jovem parecendo não notar a presença de Bianca. — Vou sim, me chamaram mais uma vez... — Respondeu Eduardo, sentindo-se desconfortável com a proximidade da jovem. — Uma pena que você não faça parte da banda, afinal, você é o melhor deles! — É verdade! — As outras duas completaram em uníssono. Eduardo gentilmente afastou a mão da jovem do braço dele. — Que isso, meninas... — Ele negou com modéstia. — Eu não sou melhor do que ninguém e os caras são bons! — Ainda acho que quando você canta a noite fica muito mais interessante. Sou sua fã número um, não é, meninas?— Ela se virou para as amigas que estavam, uma de cada lado dela, observando a interação e concordavam com tudo que ela dizia. — Trouxemos cartazes em sua homenagem e olha nossas camisetas! Eduardo finalmente baixou os olhos e todas vestiam camisetas com o rosto dele estampado na frente. A da mais falante tinha um decote em V profundo, evidenciando os s***s grandes e arredondados. Os olhos dele passearam sobre o volume atraente que ela exibia com tanto orgulho, então os olhos se voltaram mais uma vez para seu rosto estampado na camisa que ela vestia. Quando olhou para o rosto dela, ela passou a língua pelos lábios de maneira sedutora. Eduardo não era cego, aquela jovem era extremamente atraente e parecia querer muito mais do que um simples autógrafo. Em um outro momento, em outra vida, antes de conhecer Bianca, ele estaria propondo que fossem até o quartinho que servia como camarim improvisado para aliviar a ansiedade pré-apresentação, porém, ele se surpreendeu não desejando tal escapada. Mesmo que Bianca não fosse mais sua namorada, ele ainda se sentia comprometido com ela e se imaginar com outra fazia seu coração gelar. Pensar em ir para cama com outra mulher, ou mulheres, se a maneira em que as três o olhavam e sorriam entre si significava algo, era um choque de realidade que ele não estava pronto para enfrentar. Se relacionar com qualquer uma que não fosse Bianca era o mesmo que aceitar o fim do amor que cultivaram, ele não estava pronto para isso, nem desejava estar.  — Estou lisonjeado, meninas, nem sei o que dizer. — Pode tirar uma foto conosco para o mural do fã clube, já temos mais de sessenta meninas e alguns meninos, todos loucos por você. Ficaríamos muito agradecidas e prontas para demonstrar gratidão, não é meninas? As duas concordaram em coro mais um vez, as três com o mesmo olhar, mordendo seus lábios. Ele se levantou, chamou Marcos mais uma vez para b*******a foto, que acabou se tornando mais de uma dezena de fotos em posições diferentes, com Eduardo sempre no meio e as jovens espremidas para que o tocassem o máximo que pudessem a pretexto de uma pose. — Obrigado, meninas! Escolham uma mesa especial para vocês, eu vou para o palco, aproveitem o show! — Sugeriu com uma piscadela, tentando educadamente se livrar delas. Antes que pudessem responder, ele escapuliu para o palco.  Eduardo Pegou o violão, se sentou em uma cadeira que já havia sido arranjada previamente por Will e dedilhou as cordas. A sensação dos dedos provocando vibrações, extraindo o som ritmado de notas e acordes que estudou desde criança, era como estar em casa. O conforto da música que produzia tocava sua alma, como se fizesse parte dela. De olhos fechados, ele permitiu que seus dedos passeassem livremente, rebeldes e seguros, sem as amarras das escalas ou acordes. Apenas o som cru do violão e toda a i********e que o toque de seus dedos conquistaram. Eduardo foi extirpado de seu momento de delusão pelo barulho da tosse f*****a de Will. Ao abrir os olhos, com suas sobrancelhas franzidas em desagrado, se deparou com Will bem na frente dele. — Hey, mano, desculpa interromper tua meditação aí, mas aquela mina disse que veio te ver. "Bianca?"
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