Capítulo IX

1466 Words
A sensação do ar entrando em seus pulmões, o perfume da praia, o calor dos raios de sol lhe tocando o rosto, a sensação da areia debaixo dos pés e o barulho das ondas... Aquela bela praia era uma visão quase tão perfeita quanto ela... Eduardo se sentia energizado sempre que tinha contato com o mar. Ele fechou os olhos ao sentir a água fria trazida pela onda tocando seus pés, e sem mais demora, um mergulho permitiu que seu corpo entrasse em contato direto com o mar que tanto adorava. Mal havia chegado na praia e correu para a água, deixando para Val e Alex a tarefa de montarem as três barracas que trouxeram. As caixas com bebidas e comidas já estavam na areia e tudo o que ele precisava era se acalmar e esperar... esperar até que ela chegasse e finalmente ele pudesse vê-la . Finalmente... Depois de tanto tempo... " Para, Lu! Você sabe que eu não sei nadar e tenho medo do mar! Me solta, não tem graça!" " Você nunca vai perder o medo se não entrar na água! Sente como está uma delícia!" Eduardo estacou, as mãos fechadas em punhos ... aquela voz... Aquela voz vinha de trás dele, há poucos passos de onde estava, mas ao mesmo tempo mundos distante. Ele fechou os olhos e respirou fundo, enchendo os pulmões o máximo que pôde. Era ela, bastaria virar e ele a veria, mas o repentino medo o paralisou. As vozes continuavam, algumas risadinhas e gritinhos, e ele imóvel. Ele não saberia dizer quanto tempo ficou parado com os olhos fechados sem soltar o ar dos pulmões, mas quando finalmente abriu os olhos, teve o corpo encoberto e empurrado para a beira da praia. A água salgada invadiu suas narinas e boca, e a ardência salgada despertou todos os seus sentidos. Um turbilhão o carregou descontroladamente e quando finalmente conseguiu se reerguer, foi com a ajuda de mãos estranhas e delicadas. Seus olhos se depararam com olhos castanhos brilhantes e amendoados. Olhos que ele conhecia tão bem, que havia passado tempos admirando... aparentemente não tempo suficiente, pois encarava a dona daqueles olhos, boquiaberto e encantado. — Gente, esse caixote foi hilário demais! As palavras de Luíza o fizeram despertar do transe. — Não fale assim, Lu! Ele pode ter se machucado! — Ela disse se esforçando para prender o riso. As mãos ainda segurando os braços dele, sobre os pulsos. Mesmo com o riso contido, as covinhas se formaram nas bochechas dela, fazendo com que o coração dele batesse descompassado. Ele sorriu para ela na tentativa de fazê-la sorrir de volta, para que ele pudesse admirar o sorriso mais belo de todos, mesmo que fosse achando graça dele. — Está tudo bem, princesa, pode rir! Eduardo exibia um sorriso aberto e sincero que refletiam a alegria que sentia com o toque das mãos de Bianca, cujos olhos se direcionaram para a boca de Eduardo. Embora ele não tivesse como saber, ela intimamente admirou o belo sorriso e dentes perfeitos do rapaz. Aos poucos ela notou os lábios dele se moverem lentamente, tomando a forma do típico sorriso cínico que os amigos dele tão bem conheciam. Só então ela se deu conta que continuava a tocá-lo e afastou rapidamente às mãos, suas bochechas avermelhadas pelo constrangimento. Eduardo chegou a suspirar diante daquela visão. Era uma música inédita, um som além de qualquer escala conhecida, capaz de controlar os batimentos do coração dele, em uma mistura impossível de alívio e desespero. Ele queria poder tocá-la, se desculpar, dizer tudo o que sentia, mas... — Eu não te conheço de algum lugar? Eduardo a olhou esperançoso, não se atrevendo a sonhar mas desejando que ela estivesse se lembrando dele. — Vocês já devem ter se esbarrado por aí, maninha, não se deixe derreter por esse sorriso conquistador, ele é um dos badboys da U.C.C, amigo do Rafa e do Alex! Aliás, cadê aquele grandão que mais parece tua sombra. Não o trouxe à tiracolo? Eduardo riu sabendo que Luíza se referiu a Val, mas não desgrudou os olhos de Bianca, o sorriso de ambos continuava. — Deve ser isso então, mas.. Tenho uma sensação estranha como se- — Como se nos conhecêssemos em outra vida, ou outro universo? — Não caia na lábia dele, maninha, esses rapazes são conhecidos como mulherengos, especialmente esse daí! Minha amiga já namorou com ele! Eduardo ignorou as palavras de Luíza e se dirigiu a Bianca. — Meu nome é Eduardo, você não imagina o enorme prazer que sinto em te conhecer, Bianca. — Como sabe o meu nome? — Hm... Embora não me conheça, eu sinto como se soubesse tudo a seu respeito... Antes que ela pudesse responder um onda um pouco mais atrevida os atingiu, Bianca deu um gritinho nervoso e Eduardo instintivamente passou os braços em torno da cintura de Bianca levantando por sobre a água. Ele deu alguns passos em direção a areia com ela em seus braços, sentindo cada contorno do corpo que ele considerava perfeito, e que havia decorado cada centímetro. Ele a colocou de volta sobre os próprio pés lenta e deliberadamente deslizando- sobre o próprio corpo. O sorriso cínico se formou em seus lábios mais uma vez, satisfeito pelo efeito que causara quando ela evitou o olhar dele com as bochechas avermelhadas. Ela mordia o lábio inferior, tímida, e tudo o que ele desejava era sentir o gosto daquela boca, cujo sabor estava tatuado na memória. Estavam de frente um para o outro, os braços dele em torno da cintura dela, o coração acelerado e a mente confusa pelo intenso d****o. Tão íntimos e alheios ao resto do mundo ,que nem perceberam Luíza se afastar. Ele conhecia aquele brilho no olhar dela, não importa em qual universo ou realidade se encontravam, o d****o era mútuo. Embora ela não tivesse se lembrado dele, o reconhecimento da atração naquele olhar era mais do que suficiente para que ele voltasse a ter esperança. Eram jovens e aquela era uma segunda chance para que ele a conquistasse, e dessa vez sem cometer tantos erros! — Eu sei que pode parecer loucura pois a gente nem se conhece direito, mas o que você acha de ir ao clube na minha próxima apresentação com Os Andarilhos? Bianca abriu a boca para responder, as bochechas ainda mais avermelhadas e Eduardo temeu que ela o rejeitasse. — Eduardo, eu não sei se- Ele apressou-se em manter a fala para impedi-la dar uma desculpa. — E'... Tua irmã também pode ir, aliás, vou chamar todos os nossos amigos, vai ser divertido... Você pode me pedir a música que quiser, eu prometo que não canto tão m*l assim! — Ele sorriu tentando esconder o nervosismo. — Hum... bem...— Bianca o encarou encantada e surpresa com aquela conversa. Ela sabia que não deveria estar se sentindo do jeito que estava, tão atraída por um mero desconhecido, além de estar se sentindo à v*****e e segura. Aquele belo rapaz diante dela tinha cara a aura de pura encrenca! Uma deliciosa e atraente encrenca... As tatuagens que ele tinha pelo corpo eram um algo a mais irresistível, especialmente a imagem de um anjo caído que ela notou nas costas dele. Ela não sabia explicar o porquê, mas aquela imagem a impressionou de uma maneira que ela desejou tocá-la antes mesmo de ter visto o rosto dele momentos antes da onda o derrubar. Desejando provocá-lo, ela ergueu uma sobrancelha e disse: — Tocaria One Direction? Um sorriso cínico se formou nos lábios dele, sua mente revivendo imagens de um passado feliz que parecia tão distante, um replay do dia em que a chamou de namorada pela primeira vez. Ele faria tudo perfeito, sabia do que ela gostava de ouvir, de falar, de fazer, de como gostava de ser tocada... Ela seria dele novamente, tanto quanto ele nunca deixou de pertencer a ela e então- — Hey! Estou vendo que finalmente se conheceram! — Disse Rafael se aproximando do casal. Com o encanto quebrado Bianca e Eduardo se afastaram um pouco. — É, mano, finalmente... como você está? Chegou agora?— Eduardo e Rafael se abraçaram com o cumprimento típico dos Bad Boys da U.C.C. — Sim sim, fui comprar o sorvete de flocos que prometi para minha gata aqui! E assim uma garra c***l e gelada envolveu o coração de Eduardo fazendo-o quase parar de bater, enquanto ele conteve a respiração esperando que os movimentos do amigo não indicassem o que ele estava começando a identificar como posse. Eduardo desejou que uma cratera se abrisse no chão e o engolisse, quando Rafael continuou a falar depois de beijar Bianca na bochecha. — Edu, é com um imenso prazer e orgulho que te apresento Bianca, minha primeira namorada, que espero seja única. 
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