7. MEL DECIDE IR AJUDAR O TIO

1283 Words
Thiago apesar da ajuda de muita gente e das filhas andarem mais calmas está a passar um mau bocado, a esposa morreu à quatro meses e ele todos os dias chora por ela, os filhos todos os dias falam da mãe e as filhas mais velhas têm dias que são muito difíceis de controlar. - Karol, vem cedo filha – diz Thiago ao ver que mais uma vez ela vai sair e ele sabe que ela anda a sair com um rapaz da milícia e ele tem muito receio que algo lhe aconteça - Ah, pai, tenho vinte anos, não sou nenhum bebé – diz ela ao sair de casa - Para mim vais ser sempre o meu bebé – diz ele depois de ela sair e relembra o dia que descobriu que ia ser pai de Karol e do parto que ele mesmo fez e acaba por chorar, ele chora e já não sabe porquê, chora – Para juntar a toda a saudade de Amparo ele começa a sentir-se carente e sensível ao nível s****l, uma mulher mais despida, uma pose mais sensual e ele começa a ter desejos e vontades de voltar a envolver-se sexualmente com uma mulher e até pondera contratar um serviço s****l com alguma prostituta para se satisfazer e acalmar esse assunto. Nessa noite os filhos mais novos dormem muito m*l por conta dos pesadelos que têm com várias situações que ocorrem frequentemente na favela e que acaba por assustar os mais novos e por não ter a ajuda de mais ninguém, Thiago m*l dorme e quando Karol chega quase de manhã ele está acordado com o filho mais novo nos braços. - O que ele tem? – pergunta ela com preocupação a olhar para o pai - Se estivesses em casa sabias, mas as festas e o namoradinho são mais importantes que a família – diz Thiago visivelmente irritado com a filha e despoletando mais uma discussão entres eles o que tem sido uma constante quase diária. Depois de muito pensar e de muitas horas a falar com a prima, Mel toma uma decisão muito importante que poderá mudar completamente o rumo da sua vida e ela prepara-se para falar hoje com os pais durante o jantar. - Pai, mãe – começa Mel por dizer - Fala filha – diz Jair ao ver que a filha está meio estranha - Eu decidi ir apoiar o tio – diz Mel e os pais ficam em silêncio - Estás a brinca Mel – diz Jair com uma cara muito séria - Não pai, eu estou a falar muito a sério – começa Mel por dizer – Ele está sozinho, sem apoio de ninguém, e eu sinto essa necessidade – diz ela e a mãe bate na mesa - Ele é que quis a vida dele assim, Mel aquilo não é sítio para nem passar perto quanto mais viver, não vais Mel – diz Agnes irritada - Mãe, os meus primos precisam de mim – diz Mel com as lágrimas nos olhos - Seus primos ou a tua priminha querida que é mais irresponsável que Marabá inteira? – diz Agnes muito irritada – Ela tem o sangue daquela mãe dela de passado duvidoso – diz e Jair bate na mesa - Chega – diz Jair visivelmente irritado com a conversa – Mel, o rio das pedras não é local para ti filha, é perigoso, muito perigoso, olha o que aconteceu com a tua tia – fala Jair tentando convencer a filha do seu ponto de vista. - Pai eu pensei muito, muito mesmo, investiguei, procurei e me informei – diz Mel muito calmamente – Eu sei que tem pessoas perigosas lá, como em qualquer lugar no mundo, eu sei que a vida lá é diferente de tudo o que eu já vivi na minha vida – diz ela e olha para a mãe que está com uma expressão de raiva – Eu preciso e quero viver esta experiência, eu sei que quando terminar a minha missão lá virei mais preparada para a vida, mais adulta, mais madura e mais rica de conhecimento – diz ela e não continua porque a mãe a interrompe - Vens, ou dentro de um caixão, ou para uma clínica de desintoxicação de drogas, ou cheia de doenças ou pior, grávida de algum bandido – diz Agnes e levanta-se da mesa - Como é possível tanto preconceito, mãe, meu tio é médico ele vive lá porque lá deve haver alguma coisa que valha a pena, ele cria lá os filhos dele, nem tudo e droga, sexo e doenças – diz Mel muito triste com a atitude da mãe – Eu vou quer vocês queiram ou não – diz e depois de levantar o prato dela da mesa ela vai para o quarto dela e começa a planear a viagem dela, que não é de imediato porque ela ainda não tem o diploma da licenciatura dela e ela quer ir embora com ele na mão porque ela pretende se candidatar a escolas no rio das pedras ou perto de lá. Mel já sabe que só irá dentro de dois meses para o rio das pedras e já comunicou a sua decisão ao tio e as primas com quem ela fala diariamente, ela quer resolver tudo com calma, vai buscar o diploma e a carteira profissional, ter todos os documentos que precisa para depois não ter de pedir nada aos pais que estão muito chateados e tristes com a decisão dela. - Como estão os seus pais? – pergunta Thiago – Ainda estão muito chateados por vires para o rio? – pergunta ele sem aguardar a resposta da sobrinha - Estão como sempre, bem, e sim, ainda estão desiludidos com a minha escolha, mas eu sou adulta tio, e chegou a hora de eu sair debaixo da asa deles e deixar de ser a filha do Jair e da Agnes, ninguém quer saber do meu nome, ser filha deles é o que interessa e eu estou cansada tio – diz Mel em tom de desabafo - Eu entendo e estou cá para te apoiar em tudo aqui – diz Thiago – Vais fazer por mim o que mais ninguém quis fazer com a morte de Amparo, e eu serei eternamente grão grato por isso minha sobrinha – diz Thiago visivelmente emocionado com a maturidade da filha que os pais dela desconheciam. Os dias foram passando a correr e Mel foi tratando das coisas com muita calma, escolheu todas as coisas que queria levar, ela sabia que não poderia levar tudo, mas ela com a sua calma ela foi fazendo as suas duas malas e mais uma enorme mochila e colocou lá tudo o que ela queria e o que iria precisar, mas qualquer coisa ela compraria no rio das pedras, ela sabia que lá havia de tudo, e perto. Era uma comunidade pequena comparando com outras favelas que sim eram muito maiores, mais perigosas e aí sim ela iria ter muito mais medo. Mel iria fazer a viagem de autocarro porque os seus pais tiram-lhe o carro que lhe tinham dado quando ela estava na faculdade, e que não a ajudariam financeiramente, mas o bom de ter sido muito protegida mimada pelos pais foi que ela sempre guardou o dinheiro que lhe davam e neste momento ela tinha uma boa poupança que daria para ela se manter alguns bons meses sem trabalhar no rio das pedras embora ela quisesse iniciar a sua vida profissional já no início do próximo ano letivo que seria umas semanas depois de ela chegar ao Rio. Sigam as novidades na minha conta do INSTA, conteúdos exclusivos, antecipação de conteúdo e muito mais. @brunamarques_autora
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