Era uma manhã calma no rio das pedras, uma favela no Rio de Janeiro que já tinha sido muito calma, apenas vivam lá gente de trabalho que vinham dos mais variados pontos do Brasil à procura e uma vida melhor, mas, com o crescimento da favela nos últimos anos, várias milícias começaram a surgir para fazer frente aos G1 a milícia mais antiga da favela, que tinha como seu objetivo principal manter a ordem e a segurança, apesar dos seus negócios de armas e drogas. Hoje era o dia de mais uma entrega e Thor andava muito ocupado com os seus homens a preparar a chegada de todo o material e o dia estava demasiado calma para um dia que ia chegar mais um carregamento e como sempre os fogos iriam ser lançados ao início da tarde. Como Suéli não gostava nada dos fogos ela resolve alterar o horário do cabeleireiro para antes do almoço, Suéli é a esposa de Edivaldo, o chefe dos G1 e o pai de Gustavo, mais conhecido por Thor, e de Murilo.
- Uau, minha mulher linda – diz Edivaldo ao entrar dentro do cabeleireiro de Amparo e vendo a sua esposa de cabelo arranjado e pronta para ir embora – Estás pronta? – pergunta Edivaldo a olhar para a esposa a sorrir
- Pronta e com a melhor cabeleireira do Rio, não tem como não ficar bonita – diz Suéli a sorri para a amiga
- Cuidado – grita um dos homens de Edivaldo ao entrar de rompante no cabeleireiro e começam a ouvir-se muitos tiros e apanhando todos desprevenidos
Sem que se prevê-se, Edivaldo é atacado pelos seus rivais dentro do cabeleireiro de Amparo, após serem aviados pelo homem de Edivaldo, eles não tiveram tempo de reação, começaram a chover tiros de várias direções, Amparo é atingida na cabeça e cai no chão, logo depois Suéli é atingida e Edivaldo também, os três levam com vários tiros e mesmo depois de estrem no chão cada um numa enorme poça de sangue, os rivais não param, os tiros não param, o salão de cabeleireiro de Amparo fica completamente destruído, não há nada dentro dele que tenha ficado em condições.
Foi um ataque muito c***l e nada e ninguém conseguiram evitar, prever, ou defender, Edivaldo, Suéli e Amparo, morrem ali, os três, num ataque c***l e sem hipótese para as vítimas, depois de os tiros pararem começam as motas a subir e descer ruas para procurarem por Gustavo, mais conhecido por Thor, o filho mais velho de Edivaldo.
- Thor – grita Alan – Vem rápido, deu r**m lá em baixo – diz Alan que também desconhecia o que tinha acontecido e eles sobem os dois nas motas deles e vão até ao local
- Quem fez esta merda? – berra Gustavo ao ver que os pais estavam mortos e havia mais outra vítima, a mulher do Doutor – Chamem o Doutor aqui – diz Gustavo de joelhos junto ao corpo dos pais já sem vida – Eu vou matar o filho da p**a que fez esta merda comigo – diz ele cerrando os punhos e dando um murro na poça de sangue da mãe.
Poucos minutos depois, chega Thiago o marido de Amparo que assim que entra no estabelecimento da esposa e a vê começa a chorar agarrado ao corpo dela.
- Porquê? – diz Thiago a chorar
- Doutor, eu vou descobrir que fez esta merda, eu os matarei com as minhas mãos – diz Gustavo sabendo bem a dor que Thiago estava a sentir pois ele também tinha acabado de perder os pais dele naquele ataque c***l e Thiago olha para ele
- Nada vai trazer a minha mulher de volta – diz Thiago a chorar
- Eu sei, mas eu vou vingar os meus pais e a sua esposa também – diz Gustavo com muita raiva na voz – Nada, mas nada lhes deu o direito de fazer isto, seja ele quem for – diz Gustavo e olha para Thiago e de seguida levanta-se e vai para fora do estabelecimento e vai ter com os homens dele – Virem todas as casas, pedras da calçada, tudo, eu quero saber quem foi o filho da p**a que fez isto – diz Gustavo e os seus homens começam a dispersar nas suas motas indo cada um por uma rua do rio das pedras.
A notícia do ataque rapidamente chega a todos os pontos do rio das pedras, Edivaldo e Suéli, no geral eram muito queridos por todos, eles ajudaram e ajudavam muitas famílias. Thiago também era muito conhecido, ele era o dono da maior clínica de saúde do rio das pedras e também era muito querido e ajudava muitas pessoas, assim como a sua esposa Suéli que era uma cabeleireira muito boa e que nada lhe havia a apontar. Muitos se deslocaram ao local do crime para prestas a sua homenagem às vítimas.
Enquanto uns choravam e prestavam as suas homenagens às vítimas, outros viravam todas as ruas, à procura de pistas, de informações que os levassem até aos culpados, Edivaldo tinha três inimigos principais, que eram os chefes das novas milícias do rio das pedras, com o crescimento galopante do aglomerado de casas, a favela cresceu e nas zonas mais recentes havia outras milícias e todas queriam o mesmo, o território dos G1, que para além de ser o maior era também o mais rentável. Agora restava descobrir se tuinha sido algum deles e qual tinha sido.
- Alguma coisa? – pergunta Gustavo a um dos seus homens
- Nada Thor – diz Felipe que anda rua a baixo rua acima à procura de alguma coisa para ele seguir o rasto até ao culpado
- Felipe, vou tratar das cerimónias, alguma coisa me liga – diz Gustavo e desliga a chamada e vai tratar das cerimónias fúnebres dos pais junto com o seu irmão Murilo que parecia ainda não ter recuperado do choque da morte dos pais e estava muito apático e mesmo depois de Gustavo lhe pedir para ele tratar das cerimónias, Murilo continuava sentado com as mãos na cabeça e não reagia – Murilo, vem comigo – diz Gustavo e puxa o irmão pelo braço.
Os pais de Gustavo foram os primeiros a serem sepultados, foi no dia seguinte pela manhã numa cerimónia íntima e muito reservada, e simples. Gustavo não podia perder tempo com coisas, ele tinha de levar a vida para a frente. A cerimónia de Suéli demorou mais porque Thiago tinha familiares fora, e estava á espera de saber se eles viriam ao funeral para poder marcar a data.
Na casa de Thiago o ambiente era de muita tristeza, os quatro filhos que ela deixou estavam inconformados com a situação, iria ser uma adaptação difícil a esta nova realidade, e Thiago estava perdido no rumo que a vida dele estava a levar. Depois de todas as confirmações para funeral de Amparo, Thiago marca o funeral.
O funeral de Amparo foi muito difícil, os filhos estavam inconsoláveis, e foi muito difícil para todos, mas para os que lhe eram mais próximos foi algo completamente doloroso e inexplicável. Os filhos mais novos dela, Levi e Iago, tinham dez e cinco anos respetivamente, e eles estavam muito abalados com a morte da mãe embora não percebessem muito bem o que isso representava, principalmente Iago. As mais velhas Karol e Flor, de vinte e catorze anos e essas estavam realmente muito mais abaladas, devido à idade delas elas sabiam bem o que era a morte e que tinham perdido a mãe para sempre, pelo menos fisicamente, e de uma forma c***l e inesperada.
- Karol, eu preciso da tua ajuda – diz Thiago à sua filha mais velha que estava muito revoltada com a morte da mãe
- E a mim quem ajuda? – pergunta ela a olhar para o pai
- Temos de nos ajudar mutuamente – diz Thiago sem desviar o olhar da filha.
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@brunamarques_autora