CAPÍTULO 02

1405 Words
GABRIELE De longe a visto a rodoviária e o arrependimento bate. Não que já não estivesse antes, porque sim eu to apavorada com o que fiz. Quem em sã consciência vai pra outra cidade visitar alguém que nunca viu na vida?! E ei, não é qualquer cidade, é Rio de Janeiro conhecida como a cidade maravilhosa, mas também muito conhecida pelo perigo, pelas grandes favelas e os traficantes perversos. Euzinha aqui vou justamente pra uma dessa favelas perigosas, Vila Cruzeiro para ser mais exata. Ainda me pergunto: Que p***a você fez Gabriele?! Mas agora não tem mais jeito né? Ou tem sim, claro que tem! Vou dar no pé, se der volto no mesmo ônibus que vim. Moro em Miracema, no cu do Rio de Janeiro, eu particularmente acho. Nunquinha na vida fui pra cidade grande, só arredores, sempre tive um pouco de medo de me afastar de casa, e se alguma coisa me acontece?! p**a merda, eu faço o que? Corro para onde? Pra quem? Como diz minha avó, melhor o prevenir do que o remediar, mas nessa aí tô enfurnada no mesmo fim de mundo a vida toda. Conheci Gláucia pelo f*******:, em uma manhã postei um “bom dia” ela comentou e depois disso passou a curtir minhas fotos e publicações, claro que eu fazia o mesmo. Mas era só isso até o dia que ela postou algo sobre não estar muito bem, chamei ela no pv e começamos a bater papo, viramos grandes amigas desde aquele dia. Mas nunca nos vimos fora as chamadas de vídeo, isso já tem dois anos, eu havia feito meus 17 a pouco dias antes, sempre quis vir e logo me interessei ainda mais em conhecer o Rio, tudo o que ela conta me faz sonhar alto. Mas o medo sempre me prendeu, e claro era muito nova meu pai nunca me deixariam sair de casa pra ir encontrar alguém que não conheço. Fui demitida o mês passado e depois de dois anos sendo convidada a conhecer o Rio resolvi aceitar. Emprego tá difícil pra p**a, quando vou encontrar outro?! Do jeito que tá talvez nunca, e o sonho de viajar com isso fica cada vez mais longe. Então resolvi pegar uma parte da grana e viajar, conhecer algum lugar legal. E vim logo pro Rio, se é pra fazer coisas novas vamos com tudo. É óbvio que morri de medo, peguei a estrada super cedo e inventei várias tragédias pelo caminho. Minha mente só pensa bosta! ****: Minha jovem - olhei assustada para o cobrador - Você precisa descer, só tá faltando você - sorri sem graça e olhei em volta, realmente só falta minha pessoa mesmo Assim que peguei minhas malas tive certeza que não ficaria aqui. Não vou arriscar minha vida não mesmo, bora pro mato de volta que lá é mais seguro. Segui pro balcão e fiquei apavorada com a imensa fila, respirei fundo e parei atrás de um senhor bem apessoado. Não estava certa se realmente queria voltar sem realizar meu grande sonho, mas o medo estava me apavorando. A cada segundo só aumentava e meu psicológico já começava imaginar mortes, e tudo mais. Sempre fui muito medrosa, tenho medo até da minha sombra, o que me faz ser motivo de chacota várias vezes, Gláucia mesmo já tirou muito sarro da minha cara Gláucia: Mulher?! Onde você vai?! - agora fudeu, nunca que ela me deixa voltar - Tu fumo o que?! Gabriele: Ah, eu ia pedir informação - sorri sem graça e ela me olhou com a cara fechada - Juro Gláucia: Uhumm te conheço vaca, tu queria era voltar pra casa - saí me arrastando - Bora conhecer o Rio, hoje o dia vai ser cheio! - sorri entusiasmada e eu sorrio sem graça Seguimos para o táxi que pelo jeito estava à nossa espera, dei bom dia e o senhor sorriu simpático e deu partida assim saindo da rodoviária No caminho olhei no celular marcava 7:45 da manhã, o busão saiu super cedo. Já tinha uma mensagem da minha mãe, e respondi avisando que tava tudo bem. Normal seria se ela me prendesse por medo e eu quisesse curtir, mas é o contrário, ela me encoraja a sair e praticamente me forçou a conhecer o Rio, ela diz que preciso viver. Gláucia: Chegamos! - bate palmas e dá pulinhos - sorri mulher! - me sacode e sorrio sem mostrar os dentes Gabriele: Você é doida criatura Gláucia: Eu sei - entrega o dinheiro pro moço e pegamos as malas - Valeu tio, até a próxima, fé aí Gabriele: Então isso é uma favela? Normal - dou de ombros Gláucia: E tu pensou que ia encontrar o que? Alienígenas? - gargalhamos Gabriele: Não, mas, drogas, armas, e muito bandido Gláucia: Calma você vai ver tudo isso! - tava achando tão legal - Mas fica sussa, ja disse que aqui é mais seguro que muito bairro chique. O pão com ovo?! - que isso?! Sorrio - Vem ajuda nós meu! Cadê o arrombado do Tito?! Pão com ovo: Vixxi - me olha coçando o saco e meu estômago revira - Ta ajudando o patrão num baguio ali. Quem é essa?! - sorri com malícia Gláucia: Tira o olho! Te olha no espelho! Bora leva a gente Pão com ovo: ai meu, só até um pedaço - abre as mãos e da de ombros Gláucia: Tá, já tá bom. Bora lá Entramos no carro do menino que fedia a maconha, eu suponho que seja ou sei lá. Mas acho que era alguma droga. Fui no banco de trás a Gláucia na frente, olhei pro pés garoto e perto do acelerador tinha duas camisinhas jogadas, e usadas. Que horror! Ele deu partida e foi adentrando a comunidade devagar, realmente havia muitos bandidos, com armas grandes e m*l encarados. Eu olhava com curiosidade tudo, casas, mercados, pessoas, absolutamente tudo. Era tudo meio surreal, mas não tão apavorante quanto imaginei. Gláucia: Que tá pegando? - olhei pra onde ela olhava e tinha muita gente Pão com ovo: É o bagulho do patrão. - ela encara ele curiosa - Tá, desce logo antes que o Ramon ou o Tamarin me veja aqui Descemos e seguimos pra aquela multidão, assim que saímos do carro podíamos ouvir a voz de um homem que vinha do meio do povo. Não dava pra entender direito, mas era uma voz máscula sem dúvidas. Grosa, rouca, uma voz grave aquela que deixa qualquer mulher molhada. Logo ele se cala e a fumaça começa a subir, algumas pessoas sai da roda e passam por nós falando que não ficariam pra ver aquela coisa horrorosa. Fiquei curiosa, mas com medo. Fomos chegando mais perto e logo pude ver um amontoado de algo que parecia pneus, a fumaça era muito densa e escura e o fedor de borracha queimada era insuportável, mas parecia algo a mais não só a borracha. Ficamos paradas olhando aquilo sem piscar, muita gente havia ido embora mas ainda tinha um total de umas cinquenta pessoas talvez. Tito: Daí tiriça - ela dá o dedo pra ele - Oi - sorri simpático e sorrio de volta Gláucia: Que merda é essa? Tito: Estuprador, patrão mando queima Gabriele: Vivo? - tive medo de perguntar mas saiu, ja ouvi falar disso e quis saber se realmente acontece mesmo Tito: Uhum - e o cu ficou como? Passa nem vento Gabriele: Eu vou querer ir embora ainda hoje tá? - olho para Gláucia que me devolveu um olhar mortal Gláucia: Nem vem! Vamo papa cu, bora levar a gente pra casa! O menino sai dali e vou atrás já que a louca me arrasta. Meu Deus, onde eu vim parar! Saímos dali com o cara dirigindo rápido, mas logo a frente fomos parado por um moreno alto, ele era lindo mas muito m*l encarado. Ele tinha uma arma enorme pendurada nas costas e parecia estar furioso. Ramon: Vai onde?! - ele põe a mão na porta do carro e olha pra dentro. Assim que seus olhos param nos meus meu corpo arrepia, ele fica sério me encarando Tito: Vou só levar as meninas ali patrão Ramon: Te dou dois minutos! Desviei o olhar assim que peguei ele me encarando mas percebi que ele não parou de me olhar até que saiu dali. Quando Tito deu partida novamente olhei para trás e o cara continuava parado olhando pra nós. Cruzes, sai pra lá!
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