09 - Serena

1036 Words
Serena Narrando Parei e encarei o Tony, ultimamente Ele parece ter muitos assuntos, para falar comigo. — O que você quer falar, Tony? — perguntei, sem rodeios, fixando meus olhos nos dele. Ele coçou a cabeça, claramente desconfortável, e olhou ao redor. Os vapores estavam ali, ocupados com suas próprias coisas, mas a tensão no ar era inegável. Entendi o que ele queria e, com um movimento de cabeça, indiquei que ele me seguisse para minha sala. Se íamos ter essa conversa, seria melhor que fosse em um lugar mais reservado. Assim que fechei a porta atrás de mim, me virei para ele. — Agora que estamos a sós, o que você quer falar? — perguntei mais uma vez, cruzando os braços e esperando uma resposta que parecia difícil para ele de articular. Ele ficou em silêncio por um momento, os olhos fixos no chão, antes de finalmente levantar a cabeça para me encarar. — Seu pai… ele está desconfiado de mim. — A voz dele saiu baixa, quase um sussurro. — Mas eu juro, Serena, eu não tenho nenhuma mä intenção com você. O jeito como ele evita meu olhar direto. Isso só me deixa mais intrigada. Me aproximei devagar, querendo tirar a verdade dele, ficando cara a cara, tão perto que eu podia sentir a respiração dele, ver o brilho nos seus olhos azuis, que ele tentava esconder. Ele se mexeu um pouco, inquieto, mas não se afastou. Eu conseguia sentir o perfume que ele exalava, algo amadeirado, e por um breve momento, o silêncio se fez presente entre nós, os meus olhos fixos nos dele, sem dizer uma palavra. Apenas o observando, tentando entender o que se passava por trás daqueles olhos que pareciam esconder um turbilhão de coisas, entre ela a verdade. A verdade é que ele estava nervoso. Podia ver isso claramente agora. Eu podia quase ouvir o coração dele batendo forte, a incerteza pesando no ar. Mas eu não ia facilitar as coisas para ele. Tony vai ter que falar a verdade, pode demorar, mas eu vou ser paciente, para descobrir toda a verdade. Finalmente, dei um passo para trás, me afastando só o suficiente para escorar na mesa atrás de mim. Cruzei os braços de novo, mas dessa vez de uma forma mais relaxada, tentando parecer menos intimidante. — Qual é a sua real intenção, Tony? — perguntei, minha voz saindo um pouco mais suave. — Por que você quer estar perto de mim? Ele hesitou, como se estivesse ponderando cada palavra antes de falar. Eu já conheço esse jeito dele, sempre tão cauteloso, como se andar sobre uma corda bamba fosse parte do dia a dia. Mas eu preciso saber, preciso de uma resposta que fosse além do óbvio. Algo que explicasse essa aproximação recente, o motivo pelo qual ele quer estar tão próximo. — Serena, eu… — Ele parou de novo, olhando para o chão como se as palavras estivessem lá, escritas em algum lugar invisível. — Não é simples assim. Eu gosto de você, mas… o que eu sinto vai além do que eu mesmo consigo entender. Levantei uma sobrancelha, cética. Ele estava começando a entrar em um terreno perigoso, um que ele mesmo parecia não saber como navegar. Mas continuei em silêncio, esperando que ele continuasse. — Eu sei que seu pai tem suas razões para desconfiar de mim, e talvez ele esteja certo em parte. Mas eu nunca faria nada para te machucar, Serena. — Ele finalmente ergueu os olhos, e dessa vez, ele me encarou diretamente. Eu fiquei ali, quieta, processando cada palavra. Eu sei que ele não está falando sério, dá para sentir isso. Tony tem segredos, e não são poucos. — E por que você acha que eu devo acreditar em você? — perguntei, minha voz firme, mas sem a dureza de antes. Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, deu um passo em minha direção, hesitante, como se estivesse testando os limites. — Porque eu nunca menti para você. Nunca te dei motivos para duvidar de mim. — A voz dele saiu firme dessa vez, sem hesitação. — Serena, eu só quero estar perto de você, Eu acho você föda, centrada, sabe o que quer. — Eu não me deixo levar por elogios, espero que você esteja falando a verdade, quando diz que não está mentindo Tony. Porque se não estiver, eu te garanto que te mando para o inferno com passagem só de ida — Meu tom foi definitivo, sem espaço para questionamentos. Ele assentiu, e eu mandei ele vazar da minha sala, me sentindo novamente na cadeira, Fechei os olhos e respirei fundo. Vou conversar com meu pai, já passou da hora de investigar esse garoto de verdade. Vou mandar um investigador na cidade onde ele disse que nasceu, vou puxar a ficha dele da hora do seu nascimento até a hora que ele cruzou a barreira do meu morro. E se esse moleque, tiver apontando para cima de mim. A chapa vai esquentar para o lado dele. Tranquei a sala com calma, como sempre fazia. Quando a porta fechou, suspirei e saí, subindo na minha moto sem pensar duas vezes. O ronco do motor preencheu o silêncio ao meu redor, e segui direto para casa, sem olhar para trás. Assim que parei na frente da minha casa, dispensei Tony e o Black. Levantei a mão, dispensando os dois. Eles entenderam o recado e sumiram na escuridão. Depois do jantar, sentei com meu pai na sala. A conversa estava leve, mas logo fui direto ao ponto que martelava na minha cabeça. — Pai, tô pensando em botar um detetive atrás do Tony. Quero saber quem ele é, de onde veio, e o que ele tá fazendo no meu morro. Meu pai me olhou, ponderando minhas palavras, mas não disse nada de imediato. Ele sabe que quando eu encasqueto com alguma coisa, não é à toa. — Tem algo nele que não me cheira bem — continuei, mais firme. — Não confio em ninguém que não conheço direito. E o Tony... Ele é um mistério que eu quero desvendar. Ele deu um leve aceno com a cabeça, indicando que me ouviu. Eu não ia descansar até ter respostas.
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