Capítulo 4 - 2

1279 Words
Quando ela saiu de vista, me acomodei na minha mesa, que estava configurada para uma recepcionista do outro lado do corredor do escritório do Sr. Anderson. Eu estava em um ambiente parecido com o de um saguão, havia alguns sofás chiques fora do escritório dele, embora tenham me dito que poucas pessoas passam por aqui. O piso tinha azulejos pretos com um grande tapete entre a minha mesa e o escritório do Sr. Anderson. Minha mesa, que mais parecia uma ilha, tinha uma tampa de mármore. Eu tinha um computador que ficava no nível inferior da enorme mesa, além de gavetas com fechaduras e um telefone. Imediatamente soube que precisaria procurar papel e canetas no depósito, pelo menos, essa mesa não tinha nada. O escritório do Sr. Anderson era feito de grandes janelas de vidro do chão ao teto. Parecia que ele tinha persianas para ter privacidade, mas elas estavam recolhidas no momento. Eu conseguia ver uma grande mesa de conferência de um lado, cheia de cadeiras de couro com rodinhas e do outro uma mesa solitária. Também havia algumas plantas mortas. Nada muito emocionante. Ainda não acreditava que era assistente do próprio Sr. Anderson. Eu pensei que seria para alguém mais importante na hierarquia, mas o próprio dono? Precisava garantir que não perdesse essa oportunidade. Não importa quem ele era ou como me trataram aqui. Eu teria sucesso, mesmo que fosse a última coisa que eu fizesse. Ok. Primeiro as coisas importantes. Vamos ver o que a cozinha tem para comer. Trish disse que o Sr. Anderson toma café preto e precisa de café da manhã. Eu percorri os corredores do terceiro andar em busca da cozinha, eventualmente encontrando-a logo ao virar da esquina da minha mesa. Claro, comecei procurando na direção oposta primeiro. Típico. Procurei em cima e embaixo, e não havia nada comestível. Será que havia outra cozinha que a Trish estava mencionando? "Ei, Trish?" Eu disse, batendo na porta do escritório dela. Ela estava cochichando algo para a recepcionista que me guiou até o andar de cima esta manhã. "O que foi?" Ela respondeu rispidamente. "Eu não vejo comida na cozinha para o Sr. Anderson. Estou perdendo alguma coisa?" Perguntei. A recepcionista resmungou e revirou os olhos, começando a sair do escritório de Trish. "Se não tiver nada na cozinha, saia e pegue algo." Trish disse, muito objetivamente, antes de ignorar minha presença. "Bebidas depois, Liz?" "Claro!" A recepcionista gritou do corredor. "É melhor você se apressar, ele estará aqui nos próximos vinte minutos." Ela acrescentou antes de um cara bater à porta dela. "Ei, entre Jeff! O Alfa está vindo hoje?" Ouvi ela perguntar em tom sussurrado. Alfa? Que nome estranho para alguém. Enfim. "Obrigado..." Murmurei antes de voltar para a minha mesa para pegar minhas chaves. Felizmente, havia um pequeno supermercado a apenas dois minutos do nosso prédio. Fui de carro e corri pelos corredores como se estivesse em uma daquelas competições de programas de culinária, tentando pegar todos os ingredientes antes que o tempo acabasse. A pior parte era que eu não cozinhava muito bem. Mas a cozinha do escritório tinha apenas um micro-ondas e uma torradeira, então não dava para fazer muita coisa mesmo. As expectativas tinham que ser baixas, o que funcionaria a meu favor. Eu aprendi sozinha, sabendo como ferver água e aquecer refeições congeladas prontas. Acabei por pegar bagels e cream cheese, café moído e filtros, dois subs de presunto e peru embalados e várias garrafas de bebidas diferentes. Eu não sabia do que o cara gostava. Deus me ajude se ele fosse sem glúten, sem lactose ou vegetariano ou algo assim. Eu estaria completamente perdida. Eu deveria ter perguntado se ele tinha alguma alergia alimentar! Droga! Sem tempo agora. Eu rapidamente coloquei minhas coisas na esteira onde um cara bonito da minha idade começou a escaneá-las no final. "Encontrou tudo bem hoje?" Ele perguntou. Caramba, ele soava familiar. "Acho que sim." Eu resmunguei, cavando minha carteira em busca de um cartão que não estivesse no limite. "Você quer esses em uma sacola?" Ele perguntou. "Sim, por favor". Eu assenti. Normalmente eu trago minhas próprias sacolas reutilizáveis, mas obviamente não estava preparada para isso hoje. "Valerie?" Ele perguntou. "É você mesmo?" Olhei para cima para ter uma melhor visão do meu caixa. "Carter?!" Eu perguntei, sorrindo. "Uau! Quanto tempo faz? Seis, sete anos agora? Como você está?" Ele perguntou, vindo por trás do balcão para me abraçar. "Estou bem! Faz muito tempo!" Eu disse, abraçando meu melhor amigo de infância. Nós morávamos algumas portas uma da outra, até eu sair de casa quando tinha dezoito anos. "Você trabalha aqui agora?" "Sim, seis semanas amanhã." Ele sorriu orgulhosamente. "Tenho que pagar minha faculdade de alguma forma, e ainda não quero ser um stripper masculino." Ele riu. Eu ri junto com ele antes de lembrar que estava com pressa. "Desculpe mesmo fazer isso, mas eu realmente preciso ir. Comecei um novo emprego hoje e já estou bagunçando tudo." "Claro, vá. Vamos colocar o papo em dia em breve, com certeza." "Com certeza! Te vejo depois!" Acenei adeus, pegando minhas sacolas pelo caminho. Rapidamente voltei ao meu carro e acelerei de volta para o escritório. Esse lugar pagava semanalmente, o que era bom porque eu praticamente esvaziei o que restava da minha conta bancária para alimentar meu novo chefe. Pensei na última vez que vi Carter no caminho de volta. Estava saindo furtivamente pela janela do meu quarto com uma mala na madrugada. Carter estava vindo verificar se eu estava bem depois do incidente que aconteceu mais cedo naquele dia. Ele me implorou para ficar, até me disse que me amava. Mas eu não podia mais viver lá. Embora eu provavelmente pudesse sair de uma maneira melhor, não me arrependo de ter saído de casa. Estacionei de qualquer jeito no estacionamento e corri para dentro, torcendo para voltar antes do Sr. Anderson chegar. "Melhor se apressar..." Disse Liz enquanto lixava as unhas em sua mesa. Merda! Peguei o elevador e joguei minhas coisas na minha mesa. Eu podia ver que a porta do Sr. Anderson estava aberta agora, o que me dizia que ele estava em algum lugar. Peguei minhas sacolas de comida e segui para a cozinha, descarregando os perecíveis e os itens refrigerados na geladeira. Peguei o café moído e os filtros, pronta para preparar a cafeteira, apenas para descobrir que havia mofo crescendo dentro do reservatório de água. Lavei-o o melhor que pude e, então, felizmente, consegui encontrar um pouco de vinagre e passei pela cafeteira com água. De forma alguma eu poderia servir café para o meu novo chefe de uma máquina mofada. Ok, enquanto isso rodava, eu poderia pelo menos começar a torrar os bagels. Minhas mãos estavam praticamente tremendo com os acontecimentos de hoje. E eu ainda nem tinha comido hoje. Isso, somado a ser contratada na hora, começar a trabalhar imediatamente, estar despreparada, ver o Carter e ter colegas de trabalho rudes, completamente me desequilibrou. Pelo menos nada mais poderia dar errado, certo? Peguei uma faca que estava incrivelmente cega, mas ainda tinha alguma vida, e comecei a cortar o primeiro bagel ao meio. "Valerie?" Outra voz familiar me chamou. Virei para ver quem estava me chamando, prendendo a respiração quando vi o rosto dele. Seu rosto perfeito, lindo. O rosto com o qual passei muitas noites pensando enquanto estava na minha cama sozinha. Aquele que fazia meu interior se contrair e chorar só de lembrar da nossa única noite apaixonada juntos. "Derek?! Ai!" Eu gritei, deixando cair a faca e o bagel no chão. Segurei minha mão, tentando evitar que o sangue se espalhasse por todo lugar. Eu só tinha que dizer algo.
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