cap 01 eu apenas sinto isso
Jade . .
Sonho . . .
O papai estava muito zangado como
trânsito, pois como sempre, ele tinha
que chegar em casa para partir para o
seu tão amado trabalho. Ele tinha um
amor fora do comum pelo o que fazia,
contabilidada sem sombra de dúvidas
era o seu primeiro amor.
- olha mamãe.. - Eu disse mostrando
minha boneca favorita.
- Que linda, minha princesa. - Aperta
minha bochecha. - Agora senta que é
muito perigoso ficar de pé no carro. -
Disse e logo a obedeci.
- Droga de trânsito. - Papai grita
irritado me assustando.
disse segurando em sua mão.
- Fernanda, está me deixando irritado,
fique quieta. - disse sem um pingo de
paciência.
Algumas lágrimas brotaram em meus
olhos. Eu não gostava de ver meu pais
brigando, de alguma forma eu sabia que
isso poderia afastar eles de mim.
- Felipe! - Mamãe grita.
Arregalei os olhos e senti o impacto
contra 0 meu corpo, apenas fechei os
olhos perdendo todos os meus sentidos.
Abro meus olhos vagarosamente e
sinto uma luz muito forte. Fechei eles
e os abri novamente me acostumando
com a luz branca. Olhei ao meu redor
e eu estava em uma sala, para ser mais
exata, uma sala de hospital.
- Mamãe?- suSSurro Com medo.
- Tudo bem, minha querida. - Ouço uma
vOz. Era Rosa, minha babá.
- Rosa... Cadê minha mamãe?- Sorri e
ela se manteve séria.
-Ó querida. - Funga. - Seus papais
partiram... Viraram uma estrelinha lá
no céu.
Rosa me envolveu em seus braços e
eu me alinhei nos mesmos, ela beijou
minha testa com amor.
- Uma estrelinha? Quem vai cuidar de
mim? Como eu Vou falar com eles de
novo?- Choro desesperadamente. - Eu
nunca mais vOU ver eles?
- Eles estão bem aqui. - toca em meu
coraçã0. - Eles sempre vão estar com
VOCe, para o que você precisar minha
princesinha.
- Eu quero eles de volta. - Murmuro
deixando um soluço alto escapar.
***
Acordo assustada e me sento na cama.
-O que foi, querida? Ouvi seu grito de
lá de baixo... - Rosa disse com a mão
sobre o peito.
- Só mais pesadelos daquela tarde. -
Digo entristecida.
- Estou aqui contigo. - Ela me abraça
carinhosamente.
- Eu sei, muito obrigada por tudo. -
Beijo seu rosto com amor.
- Agora vamos levantar, já está na
hora de você ir para o colégio. - Dá um
tapinha de leve na minha coxa.
- Já vou. - Sorri amarelo.
Levanto e caminho até o banheiro,
faço minha higiene. Visto a blusa da
escola, minha calça jeans e calço meu
vans preto. Faço um r**o de cavalo
alto e passo apenas uma camada de
rímel.
Tomei café da manhã, forçando muito,
pois a Rosa sempre me obriga. Eu não
sentia nenhum pingo de fome pela
manhã, me causava um certo enjoo
Comer a esse horário.
Me despedi de Rosa e saí de casa. Olhei
a rua e sorri abertamente por conta
da vista. Nós morávamos na Rocinha
desde que meus pais vieram a falecer.
Eu amava aquela favela e amava mais
ainda a forma que me acolheram.
Tirando o tráfico, sempre foi
maravilhoso. As pessoas são felizes
aqui. Era tudo muito harmônico, todo
mundo se ajudava de uma forma linda.
Eu conheço muitas pesSoas aqui, sou
querida por muitos, por conta dos
meus pais, que realizavam muitos
serviços comunitários e ajudavam a
todos que podiam.
Mas diferente de muitas meninas da
minha idade, eu sou bastante fechada
e tímida, diz Rosa que puxei a minha
mãe nesse sentido. As meninas daqui
vivem se exibindo e querendo ser
mulher de traficante, coisa que é muito
diferente da minha realidade.
Os traficantes daqui, vivem andando
para cima e para baixo, exibindo a
postura e suas armas gigantes, nas
quais eu nem sei diferenciar. O único
que eu conheço éo Caio Lucas que
cresceu comigo e eu o considero um
irmão, Rosa tem um amor imenso por
ele e acreditamos que um dia ele ainda
sairá dessa vida. . .
Gabriel. . .
- Os armamentos chegaram? -
Pergunto com uma certa preocupação.
Sim, tudo em ordem. - Disse e saiu da
minha sala.
Acendi um beck e analisei aquela
lista de devedores que já estava me
deixando muito puto. Me dispercei
assim que ouvi alguém bater a porta.
- Chefe, tem uma mina aí fora
querendo falar contigo. - Capivara diz.
-É gostosa? - Pergunto maliciosamente.
- Com certeza.- Lambe os lábios e
balança a cabeça.
- Manda entrar. - Sorrio.
Alguns segundos depois, Larissa
chegou sorrindo maliciosa. Sentou no
meu colo e beijou o meu rosto.
- Oi lindo. - Disse com sua voz
enjoativa.
O que tinha de gostosa, tinha de chata
e irritante. Fazia tudo que eu queria e
da forma que eu queria, mas quando
abria boca, tinha um poder fora do
comum de fazer eu ficar fora de mim.
- Cala a boca, só faz o que tem que
fazer, sem cutcharra. - Ela revira os
olhos. Abusada. . .
Jade. . .
Cheguei na escola rápido. Eu sempre
ia de ônibus e o trânsito não era uma
das melhores coisas, mas dessa vez,
por incrível que pareça, a pista estava
completamente livre.
- Abram o livro na página quarenta
e três. -0 professor pediu e assim
fizemos.
***
Quando a aula acabou, fui até o
refeitório, estava morrendo de fome.
Comprei uma cOxinha que com a
promoção vinha com um suco de
abacaxi com hortelã. Assim que acabei
de lanchar, caminhei até a frente da
escola e esperei minhas amigas que
estudavam no turno da tarde.
- Oi meu amor. - Digo e Malu sorri
correndo até mim.
Que saudades. - Abro um sorriso e
abraço a minha morena favorita.
Eramos amigas desde muito pequenas.
Nós nos conhecemos no Colégio,
maternal II. Ela desde pequena sempre
me ajudou no que precisei e vice-versa.
Ela foi é a irmã que nunca tive na
vida. Devo muito a ela, me apoiou e
cuidou de mim na pior fase da minha
vida, quando meus pais faleceram.
- Fala aí, sumida. - Júlia diz e beija a
minha bochecha.
Jülia sempre foi a mais malandra
do trio. Ela mora na Rocinha, mas a
vejo muito pouco pois ela trabalha
de segunda a sexta como babá na
casa de sua vizinha. Conheci ela
através de Maria Luiza, o que foi uma
coincidência já que morávamos no
mesmo lugar e nunca havíamoS nos
visto.
- Oi amiga. - Sorri.
- Sextooou bebê, hoje tem. - disse
fazendo uma dancinha esquisita.
O baile acontece praticamente toda
semana, a Júlia sempre vai e acaba
arrastando Malu para esse meio.
Nunca nem se quer fui, sim, por falta
de vontade e p0r não saber como me
comportar. Lá não é ambiente para
mim e isso está estampado na minha
testa.
- To dentro. - Malu pula batendo
palminhas. - Você vại né Jade?
- Claro que não, vou maratonar netflix.
- Digo e elas reviram os olhos. - Bom...
eu vou indo, só fiquei para dar um
beijo em vocês mesmo. - Sorri e me
despedi delas.
O ponto de ônibus era muito perto da
minha escola, em menos cinco minutos
eu chegava lá. E graças a Deus, para
a minha alegria, hoje ele chegou mais
rápido do que o normal, o que foi
ótimo, já que estava um calor absurdo.
Eu fazia o percurso de subir a Rocinha,
era um exercício e tanto.
Que isso, - Um vapor disse mordendo
Os lábios.
Continuei andando, o ignorando
completamente, fingi que nem estava
olhando! Eu estava nervosa mas
minhas pernas agiam por si mesmas.
-Qual foi? - Puxou meu braço e me
imprenssou na parede.
- Me larga.. - Eu disse entre dentes. Ele
sorriu malicioso e beijou o meu queixo.
- Deixa a mina, não é as putas que tu
come não. - Ouço uma vOZ masculina e
viro para o lado.
- Qual foi Caio?A princesa está Só se
fazendo de dificil, deixa ela comigo.
Quem que tu pensa que é para falar
assim comigo filho da p**a? - Grita o
peitando.
- Foi m*l aí cara, não sabia que a mina
era tua, - Rende as mãos e sai do nosso
campo de visão.
- Nossa Caio, muito obrigada mesmo,
não sei o que poderia ter acontecido. -
Sorri timidamente.
- Que nada, você é minha irmäzinha.
- Ele envolveu seu braço no meu
pescoço.
Subimos juntos, provavelmente Caio
almoçaria lá em casa. Nossos pais
sempre foram muito amigos e Caio
vivia na minha casa quando éramos
pequenos, então ter sua presença
na minha casa era mais que normal.
Confesso que eu amo isso, pois sei que
posso Contar com ele para O que eu
quiser.
- To com uma larica danada. - Ele disse
fazendo cara de dor e passou a mão
sobre a barriga exposta.
-Vou por a comida. - Rosa sorriu
abertamente e caminhou até a cozinha.
- Jade, toma cuidado com alguns
vapores, se eu não estivesse lá, sabe lá
deus o que ia acontecer. - Sussurrou.
- Pode deixar, vou passar a vir pela
principal. - Caio apenas concorda.
Subo as escadas e vou direto para o
meu quarto. Tomo um banho quente
e relaxante, saio enrolada na toalha
e caminho até meu quarto. Abro o
guarda-roupa, visto um short jeans e
uma blusinha solta listrada, calço meus
chinelos e prendo meu cabelo em um
rabo de cavalo.
- Ué... O Caio não me esperou porque?!
- Faço beicinho.
- Ele foi para aquilo que ele chama de
serviço. - Murmura.
Pelo o pouco que eu sabia, o Caio
era o braço direito do comandante
da Rocinha. Ele não gostava de falar
comigo sobre essas coisas, então
eu ouvia da boca do povo. Eu vi o
comandante apenas duas vezes na
rua, para nunca mais querer lembrar
do mesmo. Homem tenebroso, só de
andar perto dele dá um certo arrepio
na espinha, ao contrário do que muita
gente pensa, ele não é bom, eu apenas
sinto isso. . .