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972 Palavras
Gabrielli Não sabia ao certo do porquê de estar aqui. Meu sogro está sorrindo para mim e Marcele como se fôssemos suas filhas, entregou o papel do divórcio assinado para minha irmã como se não fosse nada importante, ficou o jantar inteiro perguntando sobre as crianças como também sobre nós. Quando Edgard me ligou dizendo que o senhor Assis queria jantar conosco para falar de negócios fiquei bem preocupada. O que meu ex-sogro quer conosco? — O jantar estava maravilhoso, Edgard, agradeça seus empregados por mim, fui tratado como um rei. — Claro, senhor Assis, é um prazer recebê-lo aqui, venha sempre que quiser. Acredito que queira conversar com as meninas em particular, fiquem à vontade na minha casa. Edgard saiu nos deixando sozinhas com meu ex-sogro, depois de tudo que houve não tenho mágoas dele, senhor Assis me ajudou muito no passado e até agora tem sido maravilhoso conosco. — Lamento, primeiramente, tudo que houve. Meus filhos tiveram dificuldade de seguir a vida sem vocês, imagino que ao contrário dos inconsequentes, se mantiveram bem ocupadas com investimentos e cursos acadêmicos. Fico extremamente contente de ter visto os currículos acadêmicos de cada uma, Marcele fez alguns cursos técnicos para ingressar na universidade, já você, Gabrielli, é formada em administração de empresas e cuida muito bem dos bens que meu sobrinho deixou a você. Estou realmente orgulhoso do que se tornaram, cometi muitos erros que acabaram respingando nos meus filhos, consequentemente, em vocês, eu e Margarida não somos mais jovens como gostaríamos, nós queremos viver os poucos anos que nos restam com os nossos netos e claro com Jorginho que se tornou nosso neto também. Não sou merecedor de pedir nada e entendo se recusarem, mas tenho uma proposta para fazer. Proposta? Sei que não seria para voltar com seus filhos, meu pai me ligou contando que senhor Assis os mandou embora e que provavelmente estão chegando no nosso país, o que não faz sentido é o pai deles permanecer aqui. — Meu filho não tem capacidade para arcar com uma Organização do tamanho da nossa, isso ficou claro quando colocou uma v***a para ser sua assistente por gratidão ou, seja lá, o que ele pensou quando incluiu aquela infeliz no nosso meio. Enfim, ficar recordando as merdas dos meus filhos não vai resolver o problema que causaram, Magalhães Filho analisou alguns documentos importantes e graças a Deus Tina não fez estragos maiores do que fazer meu filho abrir mão da esposa e do seu primogênito, no entanto não acredito que ela não tenha feito algo para benefício próprio, preciso de alguém que possa revisar tudo que meu filho fez durante o tempo que Tina esteve como sua assistente. Não posso confiar nas outras famílias e nem quero que mais membros saibam da cagada que meu filho fez, mas em vocês eu confio de olhos fechados. — O que o senhor quer realmente? — Quero que vocês cuidem dos negócios da Organização, gerenciando tudo que meus filhos fizerem, serão uma espécie de CEO’s como nas grandes empresas. Amo meus filhos, mas sei que eles não têm condições de cuidar de nada. Olhei para Marcele, que como eu, não estava entendendo nada. O que o senhor Assis está planejando? Com certeza Hugo não tem condição de liderar a Organização, pois foi enganado quando deveria estar atento. Gregório também não tem capacidade para cuidar de nada, como também Maurílio que seria a possível escolha. — Isso não vai dar certo, somos mulheres, não vão aceitar essa ideia. — Marcele, minha querida nora, eles não vão opinar não depois do que aconteceu com Rossio, e para todos os efeitos, meus filhos permanecem no lugar que sempre foi deles, no entanto, com o apoio de vocês sei que não terei que me preocupar com o legado Assis. Além disso, quero tê-las em minha casa com as crianças recebendo todo o carinho e amor que merecem, sei que viver longe foi uma escolha dura movida por motivos justos, mas agora não precisam mais fugir. — E se não aceitarmos? Eu sabia dos riscos de falar não para o grande Assis, hoje vivo a vida que sempre quis, ainda assim sou presa a tradição que fui criada, entendia bem como a vida longe do lugar que nasci é difícil mesmo que já tenha me acostumado, aqui não é meu lugar. — Vou entender e pensar em quem poderia assumir, só que quero que pensem com carinho. Um dia, Gabrielli, você foi em minha casa para pedir minha ajuda e orientação referente a um jantar para descobrir quem havia matado meu filho, vi em você o fogo no olhar em fazer justiça pelo meu menino, e soube naquele dia a mulher de fibra que é. Não será humilhada e nem mesmo injuriada, e o mesmo se estende a Marcele, só voltem e me ajudem. Não sou mais um jovem para lutar pela Organização, por isso, aceitem sem medo. Existia muitos prós e muitos contras, claro que o senhor Assis não iria nos obrigar, sua postura não demostrava isso. Só que até quando ele ficará vivo para evitar que Hugo e Gregório nos persiga? Depois que ele se for não teríamos a proteção de ninguém, nosso pai seria facilmente morto e Hugo, como também seu irmão, viriam com todo ódio e sede de vingança para nossa direção. Nenhum papel de divórcio seria capaz de segurá-los, a forma como ficou desnorteado ao saber que não era mais meu marido me fez ver que se pode passar trinta anos, mas Hugo virá atrás de mim. Não quero fugir a vida inteira nem mesmo submeter meus filhos a uma vida de fuga e medo. Antes que possa responder, Marcele é mais rápida como se soubesse minha resposta. — Nós aceitamos, senhor Assis, mas teremos condições para irmos. — Claro! Tudo que quiserem, minha querida!
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