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1610 Palavras
Gabrielli Não tinha condições de falar com ninguém, pedi para Edgar me esperar pois iria tomar um banho e ver como estão as crianças, minha cabeça está prestes a explodir só que não tenho direito de ficar louca e sair xingando a todos. De banho tomado, fui até a sala recreativa, as crianças estão assistindo desenho com Marcele, assim que me viram sorriram e abaixaram o volume da TV. — Amores, vamos conversar sobre um assunto muito sério. Primeiro: mamãe não fez nada de errado, aqueles homens não são da polícia, antes de viver aqui, eu e sua tia morávamos em outro país, Davi e Rute nasceram lá como também Jorginho. Sei que sempre dissemos que os pais de vocês não estavam vivos e que o único parente de vocês era o vovô Jorge, mas não é verdade, mamãe mentiu, na época estava muito ferida e machucada com coisas que aconteceram que não tem nada a ver com vocês. Vou tentar manter as coisas como são, mas não posso garantir que irei conseguir. Em tudo relacionado a criação dos meus filhos tentei ser verdadeira, apenas menti sobre o pai por pensar ser o melhor para eles. Marcele fez o mesmo com Rute, e vejo que foi o melhor. Afinal, Gregório não tem condição alguma de ser pai da minha sobrinha, inclusive nem sequer olhou para ela como Hugo também não se preocupou com os filhos. Davi se aproximou com a irmã ao seu lado sorrindo como se estivesse compreendendo tudo e sendo o garotinho bom e gentil de sempre. — Tudo bem, mamãe! Ele não gostou de mim e nem de Amália, mas eu sei que sempre teremos você e a titia, a Rute também sabe, não é, Rute? — Eu sei! Mamãe explicou tudinho, tia, vai dar tudo certo. Nos abraçamos como fazemos quando temos nossas reuniões familiares, queria dar às crianças uma experiência diferente das que eu e Marcele tivemos, perguntas nunca respondidas e obediência sem questionamentos fizeram m*l a nós. — Hoje não vão à aula, podem ir dormir e descansar, por enquanto não se preocupem com nada. Eu e Marcele levamos as crianças para os quartos e logo todas já estavam dormindo. Agora é hora de me resolver com Edgard, ele ficou pacientemente sentado no sofá falando pelo celular, me sentia m*l por ter escondido a verdade dele, mas foi uma idiotice minha já que ele provavelmente sempre soube. — Quando descobriu? — Há mais ou menos três anos, Hugo pediu para investigar no Rio de Janeiro, um amigo de negócio me disse que logo iria pedir minha permissão, então resolvi eu mesmo investigar. Foi uma surpresa descobrir que você era a esposa dele que fugiu, não podia deixá-lo entrar aqui por isso quando quis investigar no meu território eu não permiti, quando insistiu procurei seu sogro, contei a ele o que havia descoberto e o senhor Assis simplesmente impediu o filho de vir atrás de você. — Espere um pouco: o senhor Assis sempre soube onde eu estava? Edgard confirmou com um aceno de cabeça, meu sogro percebeu o que estava acontecendo a cinco anos atrás, diferente do filho que até hoje não entendeu o motivo de eu ter ido embora. — Eu preciso descansar, essa madrugada foi horrível, estou realmente exausta. Vou para cama, imagino que Gregório e Hugo darão sossego pelo menos até irem embora. — Não está chateada comigo? Bom, pensei que estaria depois de não ter dito que sabia da sua verdadeira origem. Preciso concentrar minhas atenções em outras questões mais importantes, ficar brigando pelo passado é inútil, Edgard foi meu amigo e isso que importa no final. — Não, você é meu amigo, se errou, sei que foi com a intenção de acertar. Edgard, vou dormir, depois conversamos, estou realmente cansada. Muito obrigada pela ajuda, ficaremos bem. Hugo Sinto-me como um garoto de 15 anos esperando a repreensão do pai junto com o irmão depois de ter exagerado no treinamento ou trepado com a filha do jardineiro atrás da casa, meu pai sempre exigiu que fôssemos homens exemplares mesmo que ele não fosse tanto. Uma mesa de café da manhã na casa de Edgar Cunha foi o local escolhido para que eu e Gregório fôssemos repreendidos, a jovem empregada nos serviu e como se sentisse que o clima iria mudar rapidamente saiu apressada. — Primeiramente, bom-dia, meus filhos. Antes de me interromperem tentando justificar as ações estúpidas dessa madrugada, aviso que a palavra agora é minha. O que vocês estavam pensando? Acharam mesmo que iriam invadir um território de um dos nossos melhores parceiros comerciais e levar quatro crianças e duas mulheres sem chamar a atenção de ninguém? É de um amadorismo inexplicável, nem sei como são meus filhos agindo feito iniciantes, sem comprometimento e mais uma vez fico envergonhado na frente de bons amigos. Um é um drogado inconsequente que acredita que pode viver como um alucinado gastando meu dinheiro e o outro possui um jeito todo especial de ser burro, assinou o próprio divórcio sem saber o que estava fazendo, só Deus sabe o que mais aquela p**a fez você assinar. Deveria ter assumido a Organização quando meu câncer regrediu, acreditei que havia preparado vocês, mas estava enganado. Não poderia discutir. Meu pai tem toda razão, agindo sem pensar, meu desespero em ter Gabrielli de volta me fez perder totalmente a razão. — O senhor está do lado daquelas vagabundas? — Em algum momento falei que poderia se defender? Gregório, não tem condições nem mesmo de ficar em pé de tão drogado que está. Estou sim do lado delas, sempre soube do paradeiro delas, decidi não contar pois vocês dois não entenderam nada, continuam agindo como garotos de 15 anos inconsequentes e idiotas. Não posso acreditar que estou cercado de traidores, primeiro, Tina e agora meu pai que sempre soube onde minha família estava e resolveu se calar. — Pedi para Magalhães Filho inspecionar todos os documentos assinados por você, Hugo, preciso saber o estrago que aquela infeliz fez se aproveitando da sua imbecilidade para enganá-lo, se você tiver feito alguma merda além das já feitas, vou, apesar de muita tristeza, entregar a liderança da família para outro que tenha qualificações para assumir com responsabilidade. Tem pessoas, meu filho, que mesmo tendo a melhor oportunidade do mundo continuam podres por dentro, Tina é uma dessas pessoas, tinha tudo para ter uma vida diferente, mas preferiu passar para trás o único homem que viu potencial nela além de abrir as pernas por dinheiro. Confiei em Tina pensando que merecia uma segunda chance, mas na primeira oportunidade me apunhalou da forma mais c***l. Ela sabia como sofria por Gabrielli, de como sentia falta da minha mulher e do meu filho e durante todo esse tempo sempre soube onde estava e mesmo assim preferiu agir pelas minhas costas se aproveitando da minha vulnerabilidade. — Hugo, você, Gregório e Maurílio voltam hoje para o nosso país, não quero mais indisposições com os Cunha por culpa de vocês. Para garantir que não vão fazer nenhuma gracinha, Gusmão está indo junto. A minha situação não é das melhores em todos os sentidos, mesmo não tendo permissão para falar, preciso arriscar. — Pai, reconheço o meu erro e entenderei se quiser colocar outro no meu lugar, mas sobre Gabrielli, preciso resolver a minha situação com ela. Ela teve uma menina, Amália é o nome dela, e quero criá-la, o senhor sabe que sempre o respeitei acima de tudo, porém não posso simplesmente esquecer a minha família. — A situação está resolvida. Você pediu o divórcio, minha ex-nora assinou, e agora é um homem divorciado. Gregório, os papéis do seu divórcio já estão prontos, não preciso dizer que deve assinar, não é? É visível que não tem condições de assumir uma família nesse estado deplorável, chegando em casa, já marquei um médico que fará uma bateria de exames e vai se internar, essa vida descontrolada acaba hoje. De repente, Gusmão trouxe os papéis do divórcio, Gregório foi na direção dele tentando socá-lo, só que acabou levando uma rasteira de Jorge, ajudei meu irmão a se levantar do chão, Gusmão está amando essa situação, não esconde sua expressão de satisfação. — Assine logo, Gregório. Não prolongue o seu sofrimento, de verdade, meu filho, não quero ter que torturá-lo até que assine esse divórcio. A contragosto, Gregório assinou todas as folhas, mas parou na última. — Não. Rute é minha filha, não vou abrir mão da menina. — Não deixei opção de escolha para você, Gregório. ASSINA ESSA MERDA DE PAPEL, SEU i****a! Meu irmão se viu sem opções, assinando todos os papéis enquanto Gusmão sorria com a nossa desgraça. Maurílio está mais afastado, no entanto, sei que a qualquer momento vai avançar em Jorge por conta do repentino romance com Irma. — Maurílio, não pense que me esqueci de você, resolva sua situação com a filha da família Magalhães e pare de correr atrás de Irma. Entenda de uma vez por todas, ELA NÃO PODE SER SUA, agora mais do que nunca, já que Gusmão pretende se casar com ela. Meu primo esperava alguma ação minha, o problema é que estou de mãos e pés atados, meu pai é respeitado apesar do que houve a cinco anos atrás e não consigo ir contra ele nesse momento. — Agora vão se desculpar com o Cunha e seu filho por invadirem o território deles feito selvagens sem educação. Não quero e não vou aceitar mais nenhuma decisão tomada seguindo forças infantis e imaturas, se vocês respirarem, vão reportar para mim, até se forem cagar em um banheiro diferente eu quero saber. Se querem ser tratados como crianças, assim será!
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