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1532 Palavras
Gabrielli Hugo me olhava de um jeito estranho como se não me reconhecesse, me senti totalmente exposta depois de acordar e perceber seu olhar analisando cada detalhe meu e ainda por estar presa como uma criminosa, ele sabe que algo em mim mudou drasticamente, posso ver como isso o surpreendeu. Não reagi às correntes que mantinham meus tornozelos e pulsos presos na cabeceira da cama, como dominadora aprendi a dominar a ansiedade, o medo e possível pânico que essa situação poderia gerar para mim, fiquei em silêncio desde o momento que acordei, observando Hugo como ele fazia comigo. Ele está com a barba muito grande, está mais magro e até parece um pouco abatido, bem diferente do homem poderoso de antes. — Vim saber se precisa de algo, meu amor. Sei que ficar presa pode assustar, só que preciso esclarecer alguns pontos com você antes que a libere para ver Marcele e as crianças. Primeiro: por que fugiu? Segundo, quem é o pai daquela bastardinha? Terceiro: quem ajudou você a fugir? Meu amor? Hugo só pode estar louco ou querendo representar uma cena para mim, não respondi nenhuma das perguntas absurdas dele, apenas sorri não dando nenhuma importância para essas perguntas idiotas, me deitei na cama fechando os olhos, ainda estou sob o efeito do maldito sonífero que injetou em mim, foi quando senti a mão dele puxando meus cabelos para trás com força. — Não vai me ignorar, vagabunda, responda as minhas perguntas. Ou posso entregar a sua filha para alguém que possa se interessar por uma bastarda imunda. Colabore comigo pois será bem melhor para todos. — Hugo, não sei por que esse teatro todo. Entrar na minha casa com vários homens armados no meio da madrugada, xingando minha família e assustando meus filhos, confesso que foi uma cena digna de novela mexicana. Tinha alguém gravando? Ou trouxe Maurílio para servir de testemunha do homem traído e enganado? Você já foi mais talentoso, lembro como entrou na sala de jantar da nossa casa aquela noite que retornou dos mortos, estava sorrindo como um vitorioso, mas hoje mais cedo parecia menos poderoso. Algum problema no seu reinado, majestade? Recebo um tapa no rosto em resposta, mas isso não me abala, começo a gargalhar como se não tivesse sentido nada mesmo que o tapa tenha doído bastante, Hugo continua com a mão pesada. Só que não vou apanhar calada nem permitir que faça algo com minha menininha. — Vou simplificar o que você realmente veio fazer aqui, primeiro, acompanhar Maurílio nessa empreitada ridícula de ter Irma de volta mesmo sabendo que nunca vai conseguir já que minha amiga agora está oficialmente com meu pai. Segundo, quer mostrar para sua família como se importa com Davi e Rute, que os herdeiros da família Assis não podem ser criados por duas vagabundas fujonas ou, melhor, a terceira, mas acredito ser pouco provável já que sei que não se importa com a opinião dos outros, algum m****o deve ter descoberto do seu caso com Tina e que logo irão se casar, e você quer me colocar como a adúltera que merece morrer por trair você assim terá a******a suficiente para se casar com sua amante. Lógico que está cogitando o fato de Amália ser bastarda para usar contra mim e assim conseguir aprovação das cinco para se casar com a outra, ele é muito traiçoeiro. — Não me olhe desse jeito confuso, Hugo. Não é possível que atue tão bem assim, talvez tenha esquecido o roteiro, mas vou lhe lembrar: Estamos divorciados, não tem o direito nem de estar aqui, devo admitir que sua atuação está ótima, o tapa no meu rosto de agora a pouco foi fantástico. Por um acaso, ensaiou tudo isso ou foi improviso? Hugo continua com a expressão confusa como se não soubesse do que estou falando. — Procurei você por todos esses anos, meu amor, não tem noção do que enfrentei e passei apenas para ter você e nosso filho de volta. Nunca daria o divórcio a você, porque a amo, apesar de ter me traído com outro homem e por conta disso tenha tido uma bastarda, estou disposto a esquecer tudo como foi com Teodoro e seguir em frente com você, só não vou criar a filha de outro. Tenho tudo planejado para voltarmos a ser como antes, vou dar um jeito naquela menina, e ficamos só eu, você e Davi como antes. Ele tentou tocar no meu rosto, mas recuei sentindo nojo dele e da ideia maldita de tirar minha filhinha de mim. Hugo puxa meu cabelo de novo segurando meu rosto com firmeza. — Não se afaste de mim, Gabrielli, sou seu marido. Já tem tanto tempo que não a tenho, e não quero machucá-la. Só que está complicando a sua situação, querida. — Hugo, o que você quer de mim? Assinou o divórcio e abriu mão da guarda do meu filho. É sexo que quer? Se for isso, podemos ter sem compromisso, com a condição de que vai embora e nunca mais vai vir atrás de mim ou da minha família. Sempre fui um depósito de p***a para ele, sei que ainda me deseja, seus olhos percorreram meu corpo várias vezes, talvez apenas tenha vindo aqui para isso. — Não está em posição de barganhar comigo, por que está insistindo nessa merda de divórcio, sou seu marido, ainda é minha como Davi me pertence. Deve estar louca se pensa que vai se livrar de mim. De repente ouço o choro da minha filha, olhou para Hugo suplicando para me soltar, Amália deve estar assustada pois ainda não fui até ela como sempre faço à noite para contar uma historinha. — Hugo, Amália é pequena, deixe que ela venha ficar comigo, somos muito apegadas, traga Davi também, ela não fica sem o irmão. Por favor, não pode ferir as crianças por algo que apenas envolve a mim e você, não entendo por que de tudo isso, imaginei que não me queria mais quando mandou os papéis, eu assinei e enviei de volta, por que está me torturando? Você escreveu no e-mail dizendo que não queria saber nada de nós, nunca mais, por que disso tudo agora? De repente, Maurílio aparece na porta do quarto, faz um sinal chamando por Hugo, algo aconteceu, pois seu semblante parece preocupado. Ele saiu me deixando sozinha no quarto, o maldito trancou a porta, tento me soltar, mas sem sucesso, vou acabar me machucando. Alguns minutos depois Hugo volta com o semblante desolado, depois de tudo ainda consigo sentir empatia por esse bosta. — Por que assinou, meu amor? — Hugo, acredito que essa resposta é óbvia. É duro ter que admitir isso, mas o nosso casamento foi um engano como tudo entre nós dois, não queria mantê-lo preso a mim como um condenado a pagar por um crime pelo resto da vida. Eu e você merecemos mais que uma vida cheia de traições, conformismo humilhante e desamor, pelo que parece você assinou o divórcio sem saber o que estava fazendo, não é? Hugo jamais me daria o divórcio e olhando para ele percebo como isso foi uma armação da sua queridinha, uma obsessão como a dele não iria acabar assim do nada, deveria ter desconfiado desde o início. — Vivemos tempo suficiente para que você saiba que jamais abriria mão do que tínhamos nem tampouco do nosso filho. Mas isso não muda o fato de que me traiu com outro homem. — Hugo, ou você é muito i****a ou muito burro, faça as contas, Amália tem quarto anos, ela vai fazer cinco no mês que vem. Apesar de você merecer muitíssimo levar um par de chifres na cabeça e minha filha com certeza merecia um pai melhor que você, Amália é sua. Agora, pode por favor, me soltar? Não é como se fosse fugir para algum lugar já que você cercou minha casa de homens armados. Ele respirou fundo passando as mãos na cabeça, parecia aliviado com a informação, não sei como ele pode cogitar que tivesse o traído com outro homem enquanto vivia o maior inferno da minha vida pensando que estava morto. — Não queria atrapalhar esse momento tão lindo de reconhecimento da sua grande burrice masculina, mas gostaria de ficar com os meus filhos, ao contrário de você, estou preocupada com eles. Percebendo enfim que não tinha motivos para me manter presa, Hugo me soltou, ainda estava tonta por conta do efeito do sonífero, porém isso não me impediu de devolver o tapa que Hugo me deu, acredito que ele não esperava essa reação e muito menos o tapa no rosto que levou. — Desgraçado, nunca mais bata em mim! Não sou mais sua para me bater a hora que quer e do jeito que bem entender. ESTAMOS DIVORCIADOS! Quanto mais rápido entender isso será melhor para todo mundo. Saí do quarto sentindo meu corpo ferver de dentro para fora, havia me esqueci de como era satisfatório bater em Hugo, a situação é totalmente adversa, mas confesso que estou toda molhada apenas com um tapa que dei nele. Preciso manter o foco para não sucumbir ao desejo de trepar com Hugo, não posso deixá-lo perceber como me afeta.
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