Gregório
Sem drogas e sem bebidas!
Esse cara deve ser um velho chato de 70 anos, só isso explica o fato de não querer permitir a entrada de bebidas e drogas, eu e os outros caras que acompanhávamos as meninas tentamos entrar com bebidas e cigarros de maconha escondidos no carro, mas os seguranças da portaria revistaram os carros e encontraram.
Ligaram para o dono da casa, o cara não é um velho babaca, pelo contrário, é alguém jovem, por volta de uns 35 anos, ele está com uma impressão de poucos amigos, isso não me importa, esse i*****l não vai atrapalhar a festa. O tal Edgard chamou as modelos incluindo Marie que foi sorrindo na direção do homem enquanto segurava uma garrafa de cerveja na mão.
— Queridas, acredito que fui claro com o agente de vocês, sem bebidas ou drogas na minha casa. Se vocês têm esses hábitos, tudo bem, não tenho nada a ver com as vidas pessoais de vocês, só que na minha casa não. Querem entrar? Perfeito. Sem drogas, sem bebidas e também não quero seus namorados na minha casa, afinal eles tentaram entrar com bebidas escondidas nos carros.
— Edgard, não seja careta. Os meninos fizeram sem pensar, os deixem entrar, por favor.
Marie terminou de beber a cerveja colocando a garrafa no cesto de lixo próximo sorrindo para Edgard que permanecia sério.
— Linda, minha palavra não tem meio-termo ou volta. Meu não é sempre não, como meus seguranças revistaram vocês, podem entrar, mas os “acessórios” masculinos ficam do lado de fora.
Fui na direção do i****a para confrontá-lo, quem ele pensa que é para proibir alguma coisa?
— Sabe quem eu sou, seu babaca?
— Não. E também isso não me interessa. Aprenda uma regra, rapaz, na casa de um homem é ele quem dita as regras, se não quer cumprir com elas na minha casa é muito fácil resolver o seu problema: ENTRE NESSA MERDA DE CARRO, E SUMA DA PORTA DA MINHA CASA, SEU DROGADO DE BOSTA.
Tentei dar um soco nele, mas os outros caras me seguraram. Marie veio em minha direção beijando minha boca e acariciando meu rosto para me acalmar.
— Não insista, Greg. Essa marca é muito importante, e Franco já chamou minha atenção por conta das nossas festas, ao contrário de você, não sou herdeira e preciso trabalhar. Depois você vem me buscar, mas por favor não insista.
Quando os rapazes perceberam que fiquei mais calmo me soltaram, esse Edgard não sabe com quem está mexendo, no entanto vou deixar passar. Ele entra sem olhar para trás enquanto as outras modelos entram atrás dele, volto para o meu carro indo para o hotel acompanhado pelos outros caras, vou direto para o meu quarto pegando a primeira garrafa que vejo na minha frente.
Pego meu celular discando o número do meu irmão, como sempre Tina atende, essa mulher cerca Hugo como se fosse uma louca obcecada por controle. Até o celular dele a mulher atende como se fosse dela.
— Onde está meu irmão?
— Trabalhando. Diferente de você que com certeza está em alguma festa com aquela viciada metida a modelo.
— Fazendo hora extra, Tina? Espero não ter atrapalhado você e suas tentativas frustradas de f***r com meu irmão. Atrapalhei, não é?
Comecei a gargalhar, desde que Gabrielli fugiu, Tina tenta sem sucesso t*****r com meu irmão, Hugo é apaixonado por minha cunhada mesmo depois de todos esses anos, e nunca cedeu ao charme da ex-amante.
— Quero falar com meu irmão, passe o telefone para ele.
— Hugo está muito ocupado para conversar com um bêbado drogado como você, Gregório. Se quiser aviso que você ligou.
Claro que essa v***a não vai avisar nada. Mas isso é culpa do meu irmão que colocou toda a sua vida e até os nossos negócios na mão dessa mulher apenas por gratidão, desligo sem deixar recado, não vai adiantar mesmo. Termino de beber da minha garrafa logo acendendo um cigarro de maconha, nesses momentos de solidão sem festas e sexo, penso em Marcele, recordando da nossa última conversa.
Anos antes
— Gregório, por que não podemos continuar amigos?
— PORQUE VOCÊ É MINHA ESPOSA, c*****o.
Meu grito assustou Marcele que recuou como se estivesse com medo de mim. Ela tem que entender o lugar dela na minha vida, somos casados e o natural é que tenhamos relação como qualquer casal.
— O médico receitou as vitaminas e você vai tomar sem reclamar. Quero você bem para o que pretendo.
Seu olhar está carregado de tristeza e ódio, ela precisa aceitar de uma vez por todas que não é uma menina mais, é uma mulher e tem obrigações comigo.
— Vou tomar os remédios não por causa de sexo e sim pela minha saúde. Você mentiu para mim, disse que era meu amigo, mas vejo que era um plano para me enganar. Poderia ter falado a verdade desde o começo, me enganei totalmente com você, não é meu amigo e sim meu inimigo.
— Não me importo com o que pensa a meu respeito, Marcele, é minha esposa e tem que me obedecer. Sua mãe não ensinou nada a você?
Ela sai do quarto sem me responder vou e atrás dela. Não pode virar as costas para mim desse jeito, Marcele não pode me desrespeitar, a vejo entrando no quarto da nossa filha a pegando no colo.
— RESPONDA!
— Gregório, não fale da minha mãe. Não tem direito de falar dela já que por causa da sua família minha mãe está morta, vou ser sua esposa na cama como deseja, só não espere de mim, amor e paixão, pois não terá. Não confio em você e em nada do que disse, é um mentiroso e enganador, minha irmã sempre teve razão ao seu respeito, fui burra em dar uma oportunidade quando você nunca mereceu nada. Agora vamos logo para o casamento, Irma precisa de mim ao seu lado.
Dias atuais
Marcele fugiu no mesmo dia levando nossa filha. Os primeiros dias pensei que tivesse sido um sequestro depois percebi que não, pois não recebemos ligações cobrando resgate por ela, Gabrielli e as crianças, meu pai me culpou dizendo que minha insistência em ter Marcele no sexo a afastou de mim.
Não suportei os olhares de piedade como também o julgamento no olhar do meu pai, me afastei das minhas responsabilidades na Organização, resolvi sair do país viajando com Marie, vivendo em desfiles e festas regradas a muitas drogas e bebidas, escolhi viver nessa vida, mas ainda sinto falta da minha família e principalmente de Marcele e Rute, reconheço meu erro só que não consigo aceitar sua fuga ou lutar para encontrá-las.
Fiz escolhas erradas e confesso que minhas abordagens não foram corretas, deixei meu desejo se sobressair ao meu amor por Marcele, por isso mereço essa vida destrutível que tenho. A verdade é que queria estar morto todos os dias pela saudade que sinto delas, se pudesse faria tudo diferente, o problema é que joguei fora a oportunidade que a vida me deu e sei que não mereço outra.