Preciso de alguém para me levar ao baile

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Angel Acordo com o sol nascendo, ainda é muito cedo e eu tenho pelo menos mais uma hora de sono até ter que me levantar para ir à escola. Mas a presença dele está muito forte, eu posso sentir o seu cheiro com mais intensidade que antes, não sei dizer o que é, mas há alguma coisa diferente em mim. Ainda assim, não posso vê-lo e isso tem me frustrado cada vez mais. Por que ele se esconde? Quer dizer, eu não sou mais uma garotinha, tenho dezoito anos agora, sei o que quero. E eu quero ele, o meu protetor, seja ele quem for. Sinto o meu rosto molhado, nem percebi que estava chorando, não sei por quê, mas hoje estou me sentindo no limite, acho que é porque sempre pensei que, quando finalmente tivesse a idade certa, ele se revelaria para mim, mas isso não aconteceu. As coisas continuaram iguais, tudo que tive dele foi a primeira letra do seu nome. Isso não me basta, eu quero mais, eu preciso de mais. Angel_ Preciso saber qual a cor dos seus olhos, preciso saber como é você, preciso de mais do que uma letra. Digo com a voz embargada pelo choro sabendo que ele me ouve. Mesmo assim, não tenho nenhuma resposta de volta, é como se eu estivesse falando sozinha, somente o som da minha voz ecoa pelo meu quarto. Angel_ Quer saber? Vá embora e não volte mais! Eu falo alto arrancando o colar que ele me deu de aniversário e jogando sob a cama. Nem assim ele se manifesta. Angel_ Vou esquecer que você existe e levar uma vida normal, talvez eu até arrume um namorado. Dessa vez, eu tenho resposta, um rosnado alto como estrondo que me causa arrepios por todo o corpo. Angel_ Não adianta rosnar para mim, preciso de mais do que isso, preciso de alguém para me levar ao baile de formatura e, se você pode ser esse cara, vou arrumar alguém que pode. Um vento forte sopra pelo quarto e ouço a janela do meu quarto bater. Ele se foi, fugiu da nossa conversa, ou melhor, do meu monólogo, já que somente eu falava. Mas sua reação me deu uma ideia que já devia ter tido há tempos. Vou deixá-lo em seu limite até que ele não seja mais capaz de se controlar. Sim, é isso que vou fazer. Estou cansada desse joguinho de mistério. Sento-me na cama, olhando ao meu redor, esse quarto parece tão vazio sem ele, o rastro do seu cheiro permanece aqui, mas a sensação de solidão me dói profundamente. Sabendo que não há nenhuma maneira de votar a dormir e decido ir tomar um banho e começa a me arrumar para a escola. Hoje eu começo a minha missão, estou decidida, vou arrumar um encontro. Dessa vez, não vou ceder, se aquele bilhete for verdade, seu eu pertenço a ele assim como ele me pertence, então meu protetor não vai permitir que eu beije outro garoto. Só espero estar certa porque não quero que o meu primeiro beijo seja com outro cara se não ele. Após tomar um banho e estar devidamente vestida, eu desço para o café da manhã já com a minha mochila no ombro. Desde que meu pai morreu somos só minha mãe, a vovó e eu. A vovó veio para cá há uns dois anos quando o vovô faleceu também, assim ela não ficaria sozinha, mesmo que antes morasse na casa ao lado da nossa, não faria sentido ela ficar separada de nós. Eleanor_ Acordou cedo, Angel, caiu da cama, foi? Estragou a minha surpresa. Ela diz colocando um lindo bolo de aniversário sob a mesa de café da manhã arrancando um sorriso de mim. Angel_ A vovó obrigada! Digo a abraçando. Angel_ Eu perdi o sono hoje, acho que estou ansiosa com o baile de formatura Claire_ Pensei que tinha dito que não ia ao baile. A mamãe diz descendo as escadas com um embrulho nas mãos. Angel_ E eu disse, mas mudei de ideia e esse presente é para mim? Claire_ Sim sua vó e eu compramos para você, espero que goste. Mas me diz, mudou de ideia? Por quê? Apareceu algum convite especial? Algum garoto? Minha mãe me enche de perguntas com um tom de preocupação na voz que me deixa confusa. Qual seria o problema se eu gostasse de alguém? Bem, acho que isso tem a ver com o fato de minha vó e minha mãe sempre terem sido superprotetoras comigo. Abro o pequeno embrulho e me deparo com o celular que eu queria. Dessa vez abro um enorme sorriso e abraço a mamãe e depois a vovó. Angel_ Obrigada, eu queria muito esse celular, mas deve ter sido muito caro, achei que não podíamos pagar por ele. Eleanor_ A gente deu um jeito meu amor, você merece o mundo. Agora sente-se aqui e continue nos falando sobre o baile. Ela diz, puxando uma cadeira para mim e me servindo uma generosa fatia do bolo. Elas sabem que não gosto de cantar parabéns, não depois que o papai se foi. Angel_ Respondendo à sua pergunta, mamãe, na verdade, eu só decidi que quero viver a experiência, portanto, acho que vou aceitar um convite se eu receber um, é claro. Claire_ Tenho certeza de que qualquer garoto ficaria feliz em te levar ao baile, você é linda, minha filha, só... Não se sinta pressionada a ter que ir com alguém que não gosta apenas para não aparecer sozinha no baile. Eleonor_ É, não há nada de errado em ir sozinha ou com um grupo de amigas. Angel_ Eu sei, mas já decidi que quero ir com um garoto, sei que está em cima da hora e já recusei alguns convites, mas se ainda der tempo de voltar atrás e aceitar algum, então eu vou. As duas se olham em uma comunicação silenciosa, mas nada dizem e eu até prefiro assim. Sei que elas estão estranhando o fato de eu querer um encontro quando nunca me viram interessada em ninguém e, a única vez que tive um encontro, disse a elas que isso não era para mim. Na verdade, era porque um certo protetor misterioso ficou enciumado e eu não queria que ele sumisse mais. Mas agora é diferente, ou ele aparece, ou vou beijar outro. E espero realmente que ele dê as caras. O resto do café da manhã ocorre tranquilo, e o assunto do baile não é mais abordado, eu fico grata por isso. De alguma maneira, eu sei que elas não estão muito a favor de eu querer sair com um garoto, só queria saber por quê. Afinal, eu já tenho dezoito anos, garotas mais novas que eu namoram há muito tempo e eu nunca nem ao menos beijei. Claire_ Estou saindo para o trabalho, querida, quer uma carona? Angel_ Não, mamãe, a Chloé vai me dar uma carona, ela já deve estar chegando. Assim que acabo de falar, o carro buzina lá fora. Angel _ Ela chegou, tenho que ir. Dou um beijo na vovó e outro na mamãe e saio encontrando a Chloé berrando alto uma música da Ariana Grande que toca no rádio do seu carro, digo berrando porque aquilo não me parece de maneira nenhuma um canto. Chloé_ E aí, Anjinha, pronta para nosso último dia de aula? Angel_ Mais do que pronta, nem acredito que a escola acabou. Chloé_ Só mais algumas horas e já era, um adeus ao colégio e um olá para a faculdade. Angel_ Chloé acha que eu consigo um acompanhante para o baile? Quer dizer, eu sei que estamos em cima da hora e que rejeitei todos os convites que me foram feitos anteriormente, mas... Chloe_ A meu Deus! Você mudou de ideia e vai ao baile? Laila_ Se encontrar um acompanhante sim. Chloé _ Isso é fácil de resolver, o Joshua não convidou mais ninguém, ele disse que só queria ir ao baile por sua causa e, como você negou o convite dele, então ele estava fora de usar smoking. Angel _ Acha que se eu falar com ele... Chloé_ Ele muda de ideia na hora, o cara é super na sua desde o primeiro ano. Angel_ Não sei não, soube que ele estava saindo com uma líder de torcida alguns dias atrás. Chloé _ Aquilo não foi nada sério. Ela diz com um abano de mão e continua a falar sem tirar os olhos da estrada enquanto dirige. Chloé_ Sabe que nunca entendi por que não dá uma chance para ele, o Joshua é um gato, super gente boa e popular, todas as meninas são doidinhas para ficar com ele. Angel_ Eu sei lá, acho que só o vejo como amigo mesmo. Chloé _ Sabe às vezes eu desconfio que você tem uma paixão secreta que não conta para ninguém? Angel_ Talvez você esteja certa. Chloe_ Sua vaca! Por que nunca me contou nada? Angel_ Olha só, chegamos! Digo sorrindo do desespero dela para saber mais detalhes do que eu disse, mas vou deixar ela só na curiosidade. Abro a porta do carro e saio sem esperar por ela. Chloé_ Ei, anjinha! A Chloé me chama de volta e eu olha para trás, me deparando com ela carregando um presente. Chloé_ Feliz aniversário! Ela diz, me entregando um embrulho e me dando um grande abraço. Angel_ Obrigada! Achei que havia se esquecido! Falo emocionada. Chloé_ É claro que não...
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