Capítulo 23

2105 Palavras
CAPÍTULO 23 – P.O.V LILY Eu não sabia o que Anne faria contra mim, mas com certeza não era exatamente uma boa coisa, eu só estava torcendo que não fosse um terrível sermão sobre o sentido da humanidade. - Por que tantos livros Anne? droga... - Porque acho que você não notou, mas nosso pai arrancou nossas asas e não é tão fácil assim conseguir algum conhecimento humano... então estamos fadados a sermos insuportavelmente humanos. Nada de novo... - É uma ótima perspectiva... - eu tentei um sorriso, mas ela estava irritada, não ia me dar algum tipo de crédito, isso estava mais do que óbvio. - Me ajuda a levar tudo para o escritório, cadê o imprestável do Damon? - Eu juro, e eu não sei. Eu deveria saber onde aquele verme anda? eu só sei que nossos problemas depois que ele apareceu não são exatamente coincidência! - Não Lucio, ele é um desastre..., mas os problemas começaram quando você resolveu infernizar a sua ex-namorada milenar na porta da casa dele! Por isso tudo começou a ficar r**m e obscuro... - Eu concordo! - disse Damon aparecendo do mais completo nada como uma assombração. - Por onde você andou? eu não mandei você pegar a chave no apartamento? isso não levou uma semana! - disse Anne - Como assim? que chave? - eu disse não sabendo de nada, eu precisava tirar aquela ideia da cabeça da Anne, eu sabia exatamente o que ela queria fazer, e não ia dar certo - Você vai tentar abrir o livro? - Essa chave caiu comigo na terra por algum motivo Lucio, então acho que eu posso sim abrir o livro... eu só preciso saber onde ele está ao que parece... a Lily apenas sonhou com o livro, pelo menos foi o que ela disse para mim. - E desde quando você quebra regras? você não disse que você era algum tipo de guardiã da droga da chave, agora você é a quebradora de regras... eu não estou gostando do rumo da história. E desde quando acreditamos na Lily? - Sério Lucio? você está tentando me fazer engolir isso? eu tenho que falar ou você mesmo quer dizer alguma coisa? - Ah vocês estão falando em códigos... deixa eu adivinhar o Lucio finalmente foi até a casa da Lily e deu um jeito nela? - Damon ria tanto que eu quase o acompanhei, se não fosse a cara feia da Anne assim que eu dei o primeiro sinal de que estava gostando do assunto. - Vamos voltar ao assunto principal agora? os dois idiotas já se divertiram? - Tá bom... eu parei..., mas só por agora viu Anne? eu mesmo estou pensando em te visitar hoje à noite! - disse Damon provocando uma ira desconhecida até então. - Desisto... eu faço isso sozinha, sumam da minha vista! - ela entrou no quarto tão rápido e fechou a porta que eu nem consegui reagir e impedir, bom de qualquer jeito, foi demais mesmo... tínhamos pegado pesado. - p***a Damon não dá pra ficar com a boca calada... a essa hora da madrugada e vamos ter que convencer a Anne a abrir a p***a da porta! Droga! Eu bati na porta calmamente, tentando apelar para o bom senso que eu sabia que ela não tinha, e quem poderia culpá-la por não ter na realidade? Eu não tinha nenhum bom senso. - Anne... abre a porta... eu quero saber o que você descobriu e eu quero ajudar... desculpa pelas idiotices que o Damon falou... e também as idiotices que eu fiz hoje! Ela não abriu logo de cara, era orgulhosa... assim como fora criada para ser. Mas depois de eu implorar bastante ela finalmente abriu. - Entrem vocês dois... e por favor, tentem não quebrar nada, ou abrir a boca enquanto eu falo... - era uma ordem, eu tinha mesmo que ficar calado, porque quanto mais eu falava, mais eu estragava uma situação que já estava muito r**m. - Eu prometo... vou dar toda a atenção a você, aliás, vamos dar toda a atenção... não é Damon? - Claro... claro... toda a atenção a Anne! - era mentira, e ele cheirava a cerveja, pecado e dissimulação..., mas ela aceitou e já era o bastante! Entramos no quarto de Anne e era tão estranho estar ali, parecia que estava mergulhando em suas doenças mentais. Caixas de donut espalhadas por todos os lados, livros e mais livros, uma cama com lençóis velhos e puídos, eu tenho tanto dinheiro... por que ela não comprou alguma porcaria que desse para dormir em cima? Bom, não era hora de questionar as escolhas dela... talvez depois dela repassar as informações eu pudesse dar um jeito em tudo. - Eu encontrei esses livros todos... falam da codificação e das palavras que podemos usar para abrir o livro... achei importante ter isso por perto! - Mas você não tem a maldita chave?! - questionou o Damon - A chave abre a primeira metade, mas só se chega ao que precisamos com a decodificação desse código... - E o que tem no final Anne? - eu perguntei curioso - Um modo de evitar a droga do apocalipse, o que mais seria tão bem guardado? - Então nós temos uma solução afinal... porra... essa é uma ótima notícia! Mas... temos que ler todos esses livros para começar de algum lugar? - Infelizmente não dá pra pesquisar no google Lucio, e tem mais, precisamos achar o livro. A sua preciosa Lily não está com o livro, ela só sonhou com ele... como uma espécie de aviso. Mas quem roubou tem a intenção de entregar a ela... afinal de contas, ela era a guardiã do livro, a única capaz de saber a codificação sem ajuda de um maldito livro. Eu não gostava de pensar nessa história de guardiã. Eu odiava se quer pensar na vida de antes, tudo voltava à tona, toda a traição, ser jogado na terra como um animal... o sorriso de Lily com minha condenação, a forma como ela abraçava aquele maldito livro brilhantes em seus braços como um bebê recém-nascido, me causava repulsa, minha cabeça explodia de tanto ódio. - Ok, isso nós já sabemos... mas como você sabe que ela não está mentindo? - disse Damon interrompendo para o que realmente importava de fato. - Ela veio até aqui... e antes de tudo... - eu vi o olhar de Anne, o olhar de reprovação - ela estava bem desesperada, chorava muito e pedia para mim ou você - apontei para Anne - ajudarmos ela a entender o que tinha na cabeça dela. - Espera, como? para mim ela só disse que estava tendo sonhos estranhos... e eu tratei logo de apagar ela e colocá-la para dormir, ela não parecia assim tão abalada! - É foi uma boa mesmo Anne, você deu além de tudo um colar para ela não foi? para se proteger... achou que ela não ligaria os pontos? - p***a, o colar... dei em um rompante, nem me lembrei disso! - ela colocou a mão na cabeça - enfim, ela estava assim tão abalada? - Estava, chorava muito mesmo, quase me convenceu de que não era a v***a que nós sabemos que ela sempre foi, disse que a cabeça dela doía e parecia confusa de qualquer modo, que estava tendo sonhos horríveis e que sabia que você sabia de alguma coisa... e que você deu a ela o colar, ela reconheceu o símbolo. - Droga, eu vacilei nessa! Mas olha, ela não está com o livro com certeza... e não tem a mínima ideia de quem nós somos, e muito melhor, de quem ela é... é um AS para a gente. Mas eu só não sei o que vou fazer com esse lance que vocês têm de ficar se atraindo que nem dois imãs. - Eu dou um jeito nisso, eu só vou me afastar dela... acho que está bom demais... não é? - Não é tão simples assim i****a, por que você acha que foi de choro de soluçar até sexo em cima do piano? - Nossa, o negócio foi bom assim? posso responder... será que não tem a ver só com t***o? - disse Damon dando um sorriso e mais um gole em sua cerveja. - Calado... você não deveria se meter quando alguém inteligente está falando - Ah qual é Anne, nosso pai e todo mundo sabe que você precisa beber um pouco e relaxar, quem sabe até tirar essa teia de aranha desse quarto... e de você! - Lucio, não foi você que bateu aqui na porta e prometeu decoro? - Damon... pega leve... - eu implorei, porque Anne poderia se fechar em sua concha a qualquer momento, mas eu não conseguia parar de pensar que ele estava certo. Ela deveria mesmo se divertir um pouco, mesmo que só por alguns momentos... deixar de carregar o peso do fim do mundo nas costas. - Ok, eu vou pegar outra rodada de cerveja... alguém quer uma? - Eu quero... - eu implorei - só assim para eu aguentar esse papo de livro e fim do mundo na minha cabeça a noite toda, e traz uma para a Anne também... vamos trabalhar até tarde. - Eu... - Calada, acho que nisso você não tem muita escolha. Trabalhamos incessantes em cima daquela linguagem e códigos que era estranhos para todos nós, aquela linguagem foi criada apenas para Lily. Só ela poderia entender, e para ser sincero, sem o maldito livro tudo ficava um pouco mais insuportável. Estávamos tentando interpretar o código de leitura de um material que não tínhamos, eu esperava que Anne tivesse ao menos uma boa explicação para aquele circo todo. - ACHEI! - ela gritou, mas não estava com um livro nas mãos, ela estava com o celular. - Achou o que? algum viral no t****k? - Disse Damon mais chapado do que antes. - O que foi Anne? - eu falei interessado, qualquer coisa seria melhor do que continuar lendo o livro. - A pessoa que entrou no meu apartamento... eu nem me lembrava que eu sabia invadir a câmera de segurança do prédio! só pensei nisso hoje voltando da biblioteca... - Espera, por que você tentava invadir as câmeras, consegue explicar? - Esquece isso Lucio, vamos ficar no que interessa? - falou constrangida - mas aqui está... essa pessoa entrou... - ela apontou o celular na minha cara, o brilha da tela me incomodou no início, mas logo a vista foi se acostumando... e lá estava, uma moça loira e esquisita, parecia uma civil normal. - Mas você a conhece? definitivamente não é uma de nós... olha só, os olhos não brilham quando ela olha para as câmeras. - Isso quer dizer uma coisa... - disse Damon ressuscitado do seu coma alcoólico. - O que? você consegue ajudar aqui? conhece essa moça? - disse Anne. - Não é a moça... é quem está possuindo a moça, usem a cabeça! Se trata de uma possessão... um de nós roubou o livro, eu aposto no Kevin, quem tem a chance de recomeçar e escolhe um nome r**m como esse! - disse Damon não perdendo a oportunidade da piada. - Faz sentido Anne - Ser o Kevin? - disse ela com um olhar de desdém. - Não caralho... ser uma possessão! já aconteceu não aconteceu? - Isso não acontece desde a idade antiga, sabe, guerras... muita morte, alguns de nós... eu até fico com a garganta seca de falar... pegaram pesado em lugares como o Brasil ou Alemanha... mas isso foi a muito tempo, nunca mais teve um precedente. - Mas é impossível que aconteça? seja clara. - Não... me ouve Lucio! Eu sei que Anne vive nessa bolha onde todo mundo segue as regras, mas nós sabemos que não é bem assim que funciona! A terra é uma selva, e nós somos os predadores mais perigosos... há quem desperdice isso com óculos fundo de garrafa e nada de sexo, e há quem tente ainda se vingar da queda... e uma boa vingança seria causar o apocalipse... vocês não acham? Nada do que ele disse perdeu o sentido, e tudo parecia se encaixar perfeitamente. - Precisamos achar essa moça... descobrir se ela está... enfeitiçada. - Possuída... fala a palavra Anne você já foi condenada meu bem! - disse Damon ainda nesse flerte esquisito com ela - Eu vou indo, preciso fechar os olhos... vão dormir também, vocês dois... preciso remoer isso tudo - disse ela tentando pensar friamente, enquanto eu já estava surtando. Mas eu não protestei, de qualquer forma, o amanhecer se aproximava... e as coisas ainda iriam piorar um pouquinho mais.
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